Biblioteca
Português
Capítulos
Configurações

Capítulo 8

Movido mais pela curiosidade do que pelo desejo de ouvir a voz dela, ele decidiu atender. - Você já se esqueceu de que tem uma esposa em casa? - Ao ouvir essas palavras, Ronaldo não pôde deixar de revirar os olhos.

Quanto mais tempo passava fora de casa, mais se dava conta de que não sentia falta de nada naquela cabana.

De nada, nem mesmo dela.

Ele observou o ambiente, as paredes brancas e peroladas, adornadas com algumas pinturas impressionistas. Aquelas cortinas azuis e brancas, tão longas que chegavam até o piso de madeira. E, finalmente, aquele teto, caracterizado pelo moderno lustre central, em contraste com todo o resto da mobília clássica.

- Ei, você está bem? A voz de Carter a trouxe de volta à realidade. O rapaz, deitado na macia cama de casal acima dela, havia parado de beijar seu pescoço, percebendo que sua atenção estava em outro lugar.

- Sim... não... Acho que fumei demais", admitiu ela confusa, afastando-se dele e sentando-se. Ela colocou as mãos nas têmporas, tentando aliviar a dor de cabeça que quase a impedia de pensar.

- Você só deu duas tragadas", apontou, franzindo a testa, sabendo que ela costumava fumar maconha, até mesmo em grandes quantidades. - De qualquer forma, se você não se sentir bem, eu a levarei de volta ao campus", acrescentou ele, pensativo, aproximando-se dela e colocando a mão em seu ombro exposto.

Ember imediatamente escapou do toque, deixando-o com uma expressão de dor no rosto, que ele imediatamente tentou esconder, no entanto. Assim como ela estava tentando esconder as preocupações que a consumiam por dentro e a impediam de desfrutar plenamente da companhia da noite.

Ela saiu da cama e olhou rapidamente pela janela. Observando a escuridão daquela noite tranquila e a garoa, fina, mas incessante, que batia nas janelas. Em seguida, ela olhou para o criado-mudo e viu o celular, que estava sobre a bolsa. - Meu pai me ligou hoje à tarde - era uma frase que ele só queria pensar, mas, sem perceber, pronunciou em um sussurro.

O garoto abriu a boca de surpresa. - Como? perguntou ele, querendo ter certeza de que tinha ouvido bem aquele sussurro. Ele sabia que o assunto dos pais era delicado para ela, um campo minado em que ela não gostava de mexer, porque na maioria das vezes eles sempre acabavam discutindo em voz alta.

- Ele quer que eu volte para casa no fim de semana", admitiu ela. Agora que o estrago foi feito, poderíamos tentar conversar sobre o assunto. Ele soltou um longo suspiro, ainda olhando para o celular.

A verdade é que Ember não voltava para casa desde que se formou no ensino médio e foi para a faculdade. E fazia três anos que ela não via seus pais. Ela não sentia falta deles. Não sentia falta do fato de que eles nunca estavam por perto e ainda assim conseguiam parecer opressivos e severos.

Ember sempre achou que seus pais tinham um talento natural para arruinar sua vida. Eles eram o tipo de pessoa que qualquer um teria desaconselhado a ter filhos e, na verdade, eles também não queriam ter filhos. Mas aconteceu, foi um erro cometido durante as férias em Cabo, pois o excesso de álcool a enganou e ela não se lembrou de usar camisinha.

Ao descobrirem a gravidez inesperada e indesejada, seus pais decidiram ficar com ela, porque sua avó, que morreu logo após seu nascimento, havia ameaçado privá-los de todos os fundos gerenciados por sua multinacional, que era responsável pela aquisição e revenda de pequenas empresas.

E assim ela foi trazida ao mundo. Ela nasceu em uma família ocupada demais com o trabalho e a carreira para cuidar da própria filha. Uma família que sempre exigia o melhor, que não aceitava derrotas ou segundos lugares.

Dois pais que passavam mais da metade do tempo viajando a trabalho, mas que exigiam o máximo dela. Ember tinha de ser a melhor em tudo o que fazia. A melhor da classe, a melhor nos esportes e em todas as outras atividades extracurriculares.

Isso se devia em parte à sua alta inteligência e em parte ao seu caráter forte. Então, sim, ela sempre conseguiu tudo o que queria, nada material jamais lhe falhou. Mas ela ainda vivia sem saber o que significava ter o amor genuíno de dois pais. Sem saber o que era receber um carinho ou um abraço das pessoas que deveriam amar você mais do que qualquer outra pessoa.

Não havia lugar para esse tipo de sentimento em casa e ela se tornou uma mulher com um caráter frio, distante e extremamente determinado. Ela não tinha medo de trapacear e enganar para atingir seus objetivos. Ela não tinha medo de ferir alguém ou destruir os sonhos de outra pessoa.

Entretanto, embora parecesse gelo, sempre havia um ponto fraco nela: sentimentos e falhas.

-E o que você planeja fazer? - Carter perguntou a ela, quebrando o silêncio que havia sido criado. Ember se virou ligeiramente para ele, estreitando os olhos e olhando-o com severidade. Ela odiava perguntas óbvias e odiava essas situações. Mas, acima de tudo, ela odiava a pena que o garoto lhe dava toda vez que seus pais eram mencionados.

- Você acha que, se eu soubesse o que fazer, estaria aqui me atormentando? - exclamou ela, seu tom quase ácido demais. A última coisa que ela queria era ser má com ele, com uma das poucas pessoas que se importavam com ela. Mas a raiva que ela estava tentando suprimir há muito tempo agora tendia a se apoderar dela e se espalhar, criando mal-entendidos e discussões. De repente, seu humor mudou.

- Era só uma pergunta, você não precisa ser uma vadia", apontou Carter, levantando-se também da cama e passando a mão nos cabelos curtos.

Ember ficou olhando para a figura daquele garoto, alto e com um físico esculpido, como se tivesse sido esculpido diretamente do mais fino mármore. Os ombros largos e as costas musculosas, que se destacavam perfeitamente mesmo quando cobertas pelo tecido daquela camiseta preta.

Nada parecido com o físico magro e esguio de seu novo professor.

Ela franziu a testa, perguntando-se por que acabara pensando no homem enquanto olhava para as costas de Carter. Ela nunca havia feito comparações entre ele e outros rapazes pelos quais se sentia fisicamente atraída. Também porque, até aquele momento, ele havia vencido qualquer um que estivesse diante de seus olhos.

Mas sua mente, depois daquele telefonema, estava pregando peças nela. Então, ele atribuiu esses pensamentos ao estresse que havia acumulado durante o dia.

Ele balançou a cabeça, deu alguns passos e se juntou a Carter no centro da sala. Ela passou os braços em volta da cintura dele, abraçando-o por trás e sentindo cada músculo relaxar sob seu toque inesperado.

Ela parecia tão pequena comparada a ele. E ela também se sentia pequena sempre que estava perto dele. Ela ainda não tinha entendido se realmente gostava dessa sensação ou se era fascinada por ela apenas pela natureza poética de conto de fadas de ter um garoto ao seu lado que tinha toda a aparência de ser algum tipo de herói.

- Você sabe que isso é algo sobre o qual não gosto de falar", disse ela, quando ele se virou e a encarou. Ember logo deslizou sua mão até a virilha da calça de Carter, apertando-o gentilmente e fazendo com que seus lábios se separassem.

Ela não era muito boa em arrumar e consertar coisas depois de causar danos. A única maneira que ela conhecia de consertar tudo era o sexo, e ela nunca perdia uma oportunidade de usá-lo a seu favor.

E todos, todas as vezes, caíam na armadilha.

Carter a levantou rapidamente, agarrando sua bunda firme e envolvendo as pernas dela na cintura dele. Eles começaram a se beijar apaixonadamente, enquanto as franjas de Ember faziam cócegas em sua testa.

O batom vermelho na boca da garota estava manchado, mas nenhum dos dois se importava. Eles caíram de volta na cama de casal e logo o vestido preto curto da garota foi jogado no chão e a camiseta de Carter fez o mesmo.

Ember acariciou aqueles abdominais esculpidos, distraindo-se de seus lábios por alguns segundos. - Não vamos bagunçar muito o quarto", disse ela, mexendo no cós da calça. - Não quero ouvir outro sermão do Kaden", acrescentou ela, tirando os jeans, que agora estavam demais.

Ela inverteu a situação, fazendo com que ele se deitasse de costas no colchão e o montasse. Ela gostava de ficar por cima. Porque adorava estar no controle, observando o modo como ele gemia de prazer enquanto ela ditava o ritmo. E adorava quando ele mudava de posição, tornando-se mais autoritário, mais rude. Agarrando seu cabelo ou colocando a mão em seu pescoço, fazendo com que ela fosse imediatamente domada.

Baixe o aplicativo agora para receber a recompensa
Digitalize o código QR para baixar o aplicativo Hinovel.