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Capítulo 6

A cidade passou rapidamente diante de seus olhos, com prédios modernos alternando com parques e pequenas lojas típicas. O veículo estava quase vazio, exceto por uma senhora idosa, vestida como se ainda estivesse na casa dos quarenta anos.

Ela segurava uma sacola de compras entre as pernas, cheia de flores lilases que ele nunca tinha visto antes. Ela olhava pela janela, curiosa como Damien, para tudo o que podia ser visto além do vidro.

O professor teve sorte, pois naquela manhã não havia muito trânsito nas ruas do vilarejo. Assim, em apenas oito minutos, o ônibus parou a poucos metros do campus.

À sua frente, estendia-se o enorme prédio que abrigava a Universidade de Harvard. Aquelas paredes vermelhas características, o telhado cinza e a torre central branca, tudo era muito diferente de Oxford.

Nada parecia lembrar o estilo de um internato inglês, mas Ronaldo, surpreendentemente, gostava disso. Ele sempre dissera a si mesmo que nada seria tão bonito quanto sua Londres, sua universidade. Em vez disso, quando chegou lá, foi forçado a mudar de ideia.

Ele cruzou a soleira daqueles portões, caminhou rapidamente pelo gramado perfeitamente bem cuidado e subiu os poucos degraus que o levariam à entrada.

Alguns alunos estavam sentados na parede de mármore sob os pórticos, concentrados em conversar. Enquanto outros caminhavam com livros ou copos para viagem nas mãos.

Mas Ronaldo não tinha tempo para observar adequadamente tudo ao seu redor, não naquela manhã. Por isso, teve que deixar a curiosidade de lado e entrar no prédio.

- Com licença", ele chamou a atenção de uma mulher, que estava sentada atrás de uma divisória de plexiglass. - Por onde devo ir para o complexo Lewis? - ele perguntou, aproximando-se.

Ela lhe deu um sorriso e rapidamente olhou para baixo, para sua roupa. - Você tem que pegar o corredor à sua esquerda e segui-lo até o fim, quando então você terá que ir para a direita e então chegará ao seu destino", explicou ela minuciosamente.

- Muito obrigado", respondeu ele, virando-se rapidamente para começar a andar. Mas a voz da mulher o deteve antes que ele pudesse dar um único passo.

- Você é um novo professor? - ela perguntou, começando a digitar algo no teclado do computador à sua frente.

- Sim, meu nome é Ronaldo Turner", informou ela, com os olhos escuros fixos na tela. Alguns segundos depois, a mulher olhou de volta para ele, sorrindo educadamente.

Bem-vindo a Harvard, então. Presumo que você já tenha verificado a programação semanal e as várias salas de aula na página do seu professor", disse ela, depois voltou a mexer no teclado.

- Sim, já cuidei de tudo, obrigado", ele se despediu rapidamente dela, observando que já deveria estar na aula há mais de cinco minutos.

- Primeiro dia atrasado, parabéns Damien! -

Ele se repreendeu mentalmente, tentando acelerar o ritmo. Por ser um homem muito detalhista, chegar atrasado a qualquer evento o deixava louco.

Esse era o seu ponto forte, mas também o seu grande defeito, o de ser um maníaco por controle. Isso sempre o fazia atingir seus objetivos, mas muitas vezes lhe causava um estresse incalculável.

Ele parou em frente a uma porta dupla de madeira, olhou para a maçaneta prateada e respirou fundo. Ele leu a placa pendurada acima dela: Quarto G- .

Estava gravado nela, sem nomes ou comemorações, como em Oxford, apenas uma simples letra e um número.

Depois de mais alguns segundos de hesitação, nos quais ele tomou seu tempo para dar o passo que definitivamente lhe permitiria começar sua nova vida, ele finalmente decidiu entrar na sala de aula.

- Bom dia, desculpe a demora - anunciou ele, pondo fim ao murmúrio que estava presente naquela sala. Ele colocou sua pasta de couro sobre a escrivaninha polida e olhou para cima.

Diante de seus olhos havia uma grande sala de aula com assentos em estilo anfiteatro grego. O formato era semelhante ao da sala em que ele costumava lecionar em Oxford, mas o mobiliário era totalmente diferente. Tinha um ar muito moderno, com um teto inclinado e aquelas luzes frias.

As carteiras grandes e juntas acomodavam cerca de setenta alunos. Cada um se sentava ordenadamente em seu lugar, alguns com folhas de anotações na frente, outros com computadores e outros ainda com tablets.

Ele deixou um sorriso se formar em seus lábios finos enquanto olhava em volta para todos os novos rostos e se preparava para começar sua primeira aula na prestigiosa Universidade de Harvard.

E enquanto seus olhos claros examinavam aqueles rostos, um em particular chamou sua atenção. Emoldurado por cabelos pretos cortados em um bob, levemente desgrenhados e com franjas caindo suavemente sobre a testa. Inequívoca.

Inconfundível.

Era a garota que eu tinha visto na noite anterior naquele bar.

Naquela manhã, porém, não havia uma camada grossa de batom vermelho cobrindo seus lábios cheios, eles eram naturais. E apenas um pouco de rímel adornava seus cílios já longos.

Seus olhos escuros olhavam para o monitor do laptop, enquanto suas mãos digitavam algo no teclado. Em seu nariz ligeiramente arrebitado, havia óculos de aro fino e dourado.

Ela estava muito diferente de como eu a tinha visto na boate. Nada de roupas reveladoras, joias ou maquiagem pesada. Ali, naquele contexto, ela tinha toda a aparência de uma estudante modelo. Uma daquelas que passam o dia inteiro com o nariz enfiado nos livros e sempre tiram as melhores notas.

Então, por que, apesar de sua simplicidade, ela ainda parecia extremamente sexy aos olhos dele?

Ronaldo balançou a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos irracionais, que agora pareciam ter tomado conta dele.

- Meu nome é Ronaldo Turner e serei o novo professor de literatura de vocês", anunciou ele, voltando-se para o quadro branco e começando a escrever seu nome nele.

Foi nesse momento que a garota também decidiu prestar atenção no homem que havia entrado na sala de aula.

Naquele momento, ela só conseguia ver as costas dele, cobertas pela camiseta azul. Ele era alto, com um físico magro e esguio. Seus cabelos castanhos, levemente ondulados, cobriam parte de seu pescoço. Os olhos de Ember desceram então para o traseiro dele, enfiado naquela calça bem cortada.

- Mmm... nada mal. -

Ela pensou, ainda examinando a forma dele.

Era uma obsessão dela, uma das coisas que ela sempre observava em todos os homens à sua frente.

Ela soltou um meio sorriso, que foi substituído por um olhar fascinado, no exato momento em que o professor parou de dar as costas para a classe.

Uma barba bem feita cobria o maxilar inferior e parte da linha da mandíbula. As características faciais eram pronunciadas, o suficiente para lhe dar formas harmoniosas e simplesmente bonitas.

Mas uma coisa chamou mais a atenção dela.

Apesar da distância entre eles, os olhos do homem se destacavam como faróis de carro em uma noite mais escura do que o normal.

Duas íris de um azul claro, quase como cacos de gelo, com um olhar tão profundo que conseguiu fazê-la hesitar por alguns segundos.

E então ela se lembrou das palavras que Jodi, sua colega de quarto, havia lhe dirigido no dia anterior: - Há um novo professor na sua classe e ouvi dizer que ele é muito legal! -

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