Perigosa Tentação
Mariana
Demorei bastante a conciliar o sono na noite anterior, pois os pensamentos giravam e giravam de modo desordenado na minha mente, várias coisas me impedindo que eu conseguisse ter o sono dos justos.
O fato é que por mais que eu considerasse Ethan Constantino um grande cretino vingativo, o meu corpo não seguia na mesma direção e contra a minha vontade, ele conseguiu me deixar em chamas e pingando de desejo por ele.
Por uma questão de sorte, ele não tentou ir além, pois caso tivesse feito isso, teria constatado que a minha frieza era apenas aparente, pois a verdade é que eu estava louca para ter mais dos seus beijos indecentemente deliciosos.
Ele sabia como agradar uma mulher e tocar nos pontos certos, e até mesmo o timbre da sua voz era capaz de despertar os impulsos sexuais de uma garota como eu, sem nenhuma experiência e que não sabia nem mesmo onde colocar a mão, enquanto ele me fazia tremer por dentro.
Mas eu consegui disfarçar as sensações que ele conseguiu despertar em mim e, sendo Ethan um homem que se considerava a última bolacha do pacote, não aceitou que uma mulher não estivesse implorando por mais e mais daquelas carícias abrasadoras.
Mas em algum momento eu dormi, e quando, durante a noite, senti uma mão me segurar firme pela cintura, e me puxar de encontro a um corpo firme e quente, eu não tive reação alguma além de apenas fingir que estava profundamente adormecida e me aproveitar daquele corpo gostoso e másculo coladinho ao meu.
Uma garota podia aproveitar um pouco as oportunidades, e eu não era de ferro!
Logo eu estava realmente caindo no sono novamente, aconchegada ao agora não tão frio Constantino, e quando despertei mais uma vez, pela claridade que percebi estar no ambiente, deduzi que já era dia.
Sendo assim, é chegado o momento de ser forte e resistir a todo custo a tentação em forma de homem arrogante, que estava deitado ao meu lado.
Mais correto seria dizer que ele estava deitado atrás de mim, na famosa posição de "conchinha" e por sua respiração tranquila, pude deduzir que ainda estava dormindo, o que é excelente, pois assim posso sair da cama sem que ele perceba e entrar no banheiro antes dele, tudo para fugir dos problemas e continuar a ser fiel aos meus propósitos.
— Onde pensa que vai? — Ethan pergunta, sua voz repercutindo em meu pescoço e provocando arrepios não apenas naquela região.
— Preciso ir ao banheiro. — explico.
Eu não estava mentindo, pois eu realmente queria ir para o banheiro, mas não era por nenhuma outra necessidade básica além da manutenção da minha sanidade mental.
— Sei. — ele concorda, seu tom transparecendo dúvida, sem tampouco me soltar do seu abraço também.
Ao invés disso, Ethan começa a beijar o meu ombro de maneira delicada, causando arrepios espontâneos e incontroláveis, e foi difícil se manter inerte diante do assalto de sensações.
— Você precisa realmente ir ao banheiro? — ele sopra a pergunta, sua boca agora descendo pelo meu pescoço novamente.
Como ele podia gostar tanto de beijar justamente no pescoço? Era a minha região mais sensível e eu não poderia me controlar por muito mais tempo!
Tampouco poderia responder a sua pergunta sem me entregar, pois não tinha certeza da firmeza da minha voz é por isso apenas balancei a cabeça sem um aceno afirmativo, confirmando que precisa mesmo ir ao banheiro.
— Então diz… fala o que você quer… — ele provoca.
Imaginei que ele deveria estar me testando mais uma vez, e me senti prestes a perder a batalha, justamente depois de ter desistido por toda a longa noite que passamos juntos e isso é muita covardia da parte dele.
Usei todo o meu autocontrole e disse novamente:
— Preciso levantar. — a voz saiu um pouco esganiçada, mas me parabenizei por ter conseguido falar algo coerente, mesmo com todo o corpo formigando de desejo.
Ethan então suspira com visível desagrado e solta a minha cintura, me liberando dessa forma a sair da cama, o que faço com extrema rapidez, e o banheiro se torna o meu refúgio, uma forma de conseguir me manter o mais distante possível daquela tentação.
— Corpo traidor! — reclamei baixinho, para mim mesma. — Como você pode deixar que o inimigo tenha tanto poder assim, hein?
Claramente eu não tive resposta para a minha pergunta e após uma higiene matinal básica, voltei para o quarto, bem mais segura e disposta a me manter firme aos meus propósitos.
O que é bem difícil, ao ver o Ethan encostado ao espaldar da cama, o lençol até a cintura e o seu peito exposto aos meus olhos curiosos, que foi diretamente para a barriga bem definida, tentando não engolir em seco, pois o inimigo era muito lindo, com aqueles olhos verdes e uma boca que prometia coisas que era melhor não pensar agora.
— Será que agora eu estou livre para voltar ao meu próprio quarto, senhor Constantino? — pergunto, a voz o mais dura possível.
— Melhor não me tratar assim, pois eu não vou responder por meus atos. — ele responde.
— Não entendo o que quer dizer com isso e acho melhor não perguntar. — falo, já olhando para a porta do quarto, prestes a fugir logo de uma vez.
Ele solta uma gargalhada barulhenta e cheia de cinismo, e surpreendentemente levanta da cama em um pulo, e só então eu percebo que ele está usando apenas uma cueca Boxer branca, o que é um completo atentado ao meu pudor.
— Você não perguntou, mas eu vou responder assim mesmo. — fala, parando de frente para mim. — Quanto mais você me trata com esse jeito grosseiro, mais disposto a te conquistar eu fico, entende?
Tentei manter a minha linha de visão em seu rosto, e puxei a memória sobre o que ele já tinha aprontado com o Murilo, assim como a sua chantagem absurda, pois assim eu me manteria firme.
— Posso ir embora agora? — pergunto novamente.
— Arruma as suas coisas, vamos voltar para São Paulo juntos. — ele me "informa".
Agora é a minha vez de soltar uma sonora gargalhada, diante da presunção daquele cretino.
— Eu não vou voltar para São Paulo com você.
— Você quem sabe. — Ele demostra pouco caso. — Amanhã os jornais ficarão sabendo de um leilão bem interessante.
Ele ameaça e me vira as costas, caminhando em direção ao banheiro.
— Eu estou indo arrumar a mala. — Acabo por concordar com a sua imposição. — Idiota…
— Eu ouvi hein! — fala sem olhar na minha direção, já segurando a porta do banheiro.
— Falei para você ouvir mesmo!