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O convite

Capítulo 3: O convite

Os dias seguintes à minha reunião com Brett foram marcados por um sentimento de vertigem. Não consegui mais encontrar meus rolamentos. As paredes da livraria, anteriormente reconfortantes e familiares, agora pareciam pesar muito em mim. Cada cliente, todo livro que tocava me lembrava a súbita irrupção desse homem em minha vida. Por que ele? Por que eu? Essas perguntas estavam constantemente correndo na minha cabeça, sem resposta clara.

Eu tentei retomar minha rotina. Continuei a guardar as prateleiras, para ajudar os clientes, mas minha mente estava em outro lugar. Cada movimento parecia mecânico, destacado para mim. E a cada sino da porta, cada vez que alguém entrava na livraria, meu coração estava batendo um pouco mais rápido, na esperança de que não fosse ele. Mas eu sabia, no fundo, que mais cedo ou mais tarde Brett voltaria.

No terceiro dia após nossa última troca, a campainha soa novamente. Eu olhei para cima e meu estômago se aperta instantaneamente reconhecendo a silhueta que cruzou a porta. Brett. Seu olhar intenso e determinado já olhou para o balcão, como se nenhuma outra presença na sala fosse importante. Ele andou devagar, como se tivesse desfrutado a cada passo que dera para mim.

Quando ele chegou ao meu auge, ele parou, consertando -me com a mesma intensidade que ele teve pela primeira vez. Eu tive problemas para engolir minha saliva. Eu sabia o que ia seguir, mas não sabia se estava pronto para enfrentá -lo.

- "Vejo que você ainda está aqui."

Sua voz calma e fria foi ouvida. Tentei não deixar meu nervosismo passar.

- "Sim, como sempre." Tentei parecer indiferente, mas não conseguia mascarar a agitação que se levantou em mim. "Você ainda vem buscar alguma coisa?"

Brett sorriu um pouco, mas ele não parecia um homem que estava procurando um livro simples. Ele levantou a cabeça um pouco, como se ele digitalizasse um futuro que estava sozinho para saber.

- "Eu vim falar com você, espero. Não é mais uma questão de livros."

Senti um arrepio navegar na minha espinha. O tom de sua voz era diferente. Mais sério, mais determinado, como se algo maior estivesse tocando.

- "Eu disse a você que não entendi o que você espera de mim." Minha voz estava tremendo um pouco, apesar dos meus esforços para mantê -la firme.

Ele olhou para mim, seu olhar perfurando como um raio de luz que me perfurou. Então, com um movimento silencioso, ele pegou um pequeno papel do bolso e o colocou na minha frente no balcão.

- "Eu reservei um lugar para você para esta noite."

Eu olhei para ele, surpreso. "Um lugar para o quê?" Eu perguntei, um arrepio cobrindo meus braços.

Ele trouxe levemente seus ombros, como se esperasse essa reação.

- "Para um jantar. Um jantar que teremos juntos hoje à noite."

Eu olhei para ele, incrédulo. Um jantar? Com ele? Foi absurdo. Como ele poderia ser tão direto, tão certo de si mesmo? E, no entanto, parecia não haver violência em sua proposta, apenas uma certeza, como se o convite fosse um passo óbvio em um plano que ele já havia desenhado.

-"Eu ... eu não posso aceitar isso", eu disse, fazendo backup um pouco, meu coração batendo tudo.

Brett permaneceu calmo, mas ele não era do tipo que aceita uma recusa. Ele colocou a mão no canto do balcão, seu olhar sempre consertado em mim.

- "Você vai aceitar, esperança." Sua voz era suave, mas havia um poder em suas palavras que me forçaram a ouvir. "Não estou pedindo que você venha, eu convido você. Mas você estará lá hoje à noite. Não há lugar para dúvida."

Senti uma pressão que apertou meu peito. Eu engoli. Desta vez, a atração irresistível que me senti a princípio se transformou em algo mais preocupante. Eu me perguntei se o recusamento poderia ser uma opção, mas a idéia de fugir dessa reunião parecia mais difícil do que aceitá -la. Não era apenas um jantar. Esse jantar parecia ser o prelúdio de algo muito maior, muito mais complexo e, de uma maneira ou de outra, eu sabia que não podia evitá -lo.

Eu olhei para o papel no balcão. Um simples pedaço de papel com endereço e uma hora. Eu ainda podia recusar, deixar tudo, esquecer tudo. Mas no fundo, eu sabia que esse jantar, neste momento, mudaria tudo.

Brett estava esperando pacientemente, como se o tempo não tivesse aderência a ele. Ele nem parecia ter pressa, apenas com certeza de si mesmo. Eu me vi preso em seus olhos, incapaz de me afastar dele.

-"Hoje à noite, às oito horas", disse ele, como se fosse um Fait Realizado.

Sem esperar minha resposta, ele virou os calcanhares e foi para a porta. Mas antes de sair, ele virou uma última vez. Ele olhou para mim intensamente, um leve sorriso nos lábios.

- "Eu estarei lá, esperança. Você não vai me escapar."

E ele desapareceu na rua, tão de repente quanto chegou.

Fiquei lá, o papel em minhas mãos, meu coração pesado. Eu sabia que esta noite marcaria o começo de algo maior, algo que eu não havia pedido, mas para o qual parecia pretendido. Eu ainda podia recusar, deixar tudo, esquecer tudo. Mas no fundo, eu sabia que esse jantar, neste momento, mudaria tudo.

O dilema rasgava minha mente, mas uma coisa era certa: essa reunião foi apenas o começo.

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