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Capítulo 8 Disputa por uma safira

Apesar de ter registrado o casamento, Rafaela e Davi, de ponto de vista moral, continuavam sendo noivos. Esse homem nobre, em sentido estrito, ainda um terceiro envolvido...

Rafaela deixou escapar um leve sorriso nos lábios, mantendo a elegância diante do homem.

- Não vou deixar que nenhum problema te incomode.

Raro era encontrar alguém que, sem se importar com sua reputação, aceitasse casar-se com ela. Claro, ela não permitiria que, por falhas próprias, ele sofresse as consequências.

Ouvindo sua declaração assertiva, Leopoldo teve um leve sobressalto nos dedos, mas rapidamente disfaeçou o brilho perigoso em seus olhos. Obviamente, sua nova esposinha levou esse casamento como uma transação comercial com preço definido. Ou talvez como uma ferramenta para se vingar da família Oliveira e da família Rodrigues. Ele observava Rafaela com uma mistura de curiosidade e cautela, seu olhar intenso capturando cada nuance de suas expressões.

Mas... Será que as coisas realmente aconteceriam como ela desejava?

...

À noite.

No local do maior leilão de caridade da Maravia.

As luzes brilhantes se refletiam em espelhos dourados e lustres de cristal, criando um ambiente de opulência e sofisticação. As paredes eram decoradas com obras de arte valiosas, e o ar estava perfumado com uma mistura sutil de flores exóticas e incenso caro.

Sentada na sala VIP do primeiro piso, Rafaela observava a cena lá embaixo curiosamente. Sua vida dos 20 anos passados era boa em geral, mas havia também desafios. A maior deles era sua condição física, sempre frágil.

Se não fosse por sua saúde precária, com seu temperamento implacável, Rafaela já teria se tornado uma comandante em campo, liderando pessoalmente as batalhas. Por causa de sua saúde e identidade, Rafaela raramente compareceu em ocasiões sociais com tantas pessoas. Esse leilão de caridade era seu primeiro. Ela respirou fundo, sentindo a mistura de animação e nervosismo que essa nova experiência lhe trazia.

Leopoldo ficou com os olhos ligeiramente escurecidos ao vê-la apoiada na janela com muito relaxo. Ele se aproximou silenciosamente, a presença dele tão natural e imperceptível quanto uma sombra, mas carregada de uma intensidade palpável.

Em breve, Rafaela descobriu algo que despertou seu interesse. Na multidão lá embaixo, ela viu Lara e Davi. Esses dois, que antes se continham em público para manter as aparências, após o incidente do noivado rompido, não se preocupavam mais em serem vistos juntos. Não só não eram xingados de canalha e puta, mas também recebiam muitos elogios e benções. A raiva e o desprezo de Rafaela começaram a borbulhar sob sua calma exterior.

Rafaela tomava o chá, com uma luz fria passando pelos olhos. Parecia que, depois da lição que ela deu a Lara naquela manhã, de tal forma que Davi a levou para se distrair. Seus olhos se estreitaram ao observar os gestos afetuosos de Lara, a forma como ela se inclinava para sussurrar algo no ouvido de Davi, o sorriso conivente que ele lhe devolvia.

De repente, Rafaela teve uma ideia, virou a cabeça e se deparou com os olhos de Leopoldo. Ele também estava a observando, com o olhar tão profundo que parecia querer sondar a alma dela. A intensidade desse olhar fez o coração de Rafaela acelerar por um momento, mas ela manteve a compostura.

Rafaela olhou diretamente para ele e disse devagar:

- Quero castigar a família Oliveira e Rodrigues, até que essas duas famílias forem destruídas.

Suas palavras eram como lâminas afiadas, carregadas de uma determinação fria que não deixava espaço para dúvidas.

Leopoldo era um enigma. Mas tal como visto por Rafaela, cada palavra e ato dele era marcada por uma indiferença e dignidade de um verdadeiro superior. Ele não hesitou em oferecer a ela o imenso Grupo Emperor como dote. Uma figura com uma aura tão poderosa absolutamente não se importava com os conceitos tradicionais de certo e errado. Leopoldo inclinou a cabeça ligeiramente, absorvendo suas palavras, seus olhos nunca deixando os dela.

Ainda assim, algumas coisas precisavam ser esclarecidas.

Afinal, ninguém sabia que a verdadeira Rafaela já havia morrido e Davi lhe devia uma vida. E a família Oliveira era composta por seus parentes.

Sua vingança, aos olhos dos outros, seria vista como cruel e desrespeitosa. Rafaela sabia que precisava deixar isso claro para Leopoldo, para que ele entendesse a profundidade de seu ressentimento e o motivo de suas ações.

Leopoldo franziu as sobrancelhas e disse com um tom sério:

- Faça o que quiser à vontade. Na Maravia você não precisa de temer nada.

Suas palavras eram um juramento de apoio incondicional.

Rafaela sorriu imediatamente. Embora pensasse desnecessário, ela explicou com seriedade:

- Não tenho nenhuma relação com Davi.

Aquela Rafaela relacionada a Davi já estava morta pelas mãos dele. Essa verdade sombria pesava em seu coração, mas também lhe dava uma nova força.

Leopoldo olhou para ela, a seriedade em seu olhar desaparecendo em um instante. Ele se inclinou ligeiramente para mais perto, com uma voz suave e encorajadora, disse:

- Eu sei.

Mesmo que ela tivesse algum relacionamento com Davi, Leopoldo cortaria os laços deles radicalmente.

O olhar de Rafaela ficou congelado ligeiramente. Parecia estar surpreendida pelo facto de que Leopoldo confiava tanto nela. Em qualquer outro homem, tal confiança seria impensável, especialmente considerando as loucuras que a antiga Rafaela havia feito por amor a Davi. Ela sentiu uma nova admiração por Leopoldo, um homem que não apenas aceitava seu passado, mas também a incentivava a superar suas sombras.

Rafaela lamentou muito por aquela moça, pensando que seu sacrifício não valeu a pena.

Leopoldo levantou a mão e afagou seu cabelo, puxando-a para mais perto pela cintura fina de forma natural, fitando diretamente os olhos dela. Com uma voz cheia de encanto e encorajamento, disse:

- Daqui a cinco dias, vista-se da forma mais deslumbrante para o banquete e mostre para aqueles dois canalhas que você viverá melhor do que qualquer um sem eles.

Rafaela ficou surpresa de novo. A proximidade de Leopoldo, o calor de seu corpo próximo ao dela, a intensidade de seu olhar, tudo conspirava para desarmá-la. Ela se permitiu um momento de vulnerabilidade, deixando que a força de Leopoldo a envolvesse.

De repente, ela sorriu com gratidão, passando os dedos pelos traços refinados do rosto dele.

- Eu farei isoo. - Sua voz estava cheia de gratidão e determinação.

Naquele exato momento, o último item do leilão daquela noite foi colocado no palco. As luzes se focaram em uma única mesa de exposição, revelando uma safira extremamente rara, perfeita como uma estrela.

No momento em que o diamante apareceu, a atmosfera ficou bem mais tensa. Todo mundo sabia que as safiras eram raras, especialmente uma tão grande. Entre as pedras preciosas coloridas, o rosa era fofa e vibrante, o vermelho majestoso e imponente, mas o azul era o mais discreto e nobre. A safira, sob as luzes do palco, cintilava com uma profundidade hipnotizante, suas facetas refletindo o brilho como se contivessem o próprio oceano.

Acima de tudo, era uma peça única, sem chance de outra igual. Mulheres de todos os lados lançavam olhares ávidos para a joia, suas mãos apertando os braços de seus acompanhantes, sussurrando pedidos e promessas.

As mulheres puxavam as mangas dos acompanhantes ao seu lado, com olhares ansiosos e ardentes, colado na safira e relutante em afastar. O brilho da safira refletia em seus olhos, criando um espetáculo de desejo e ambição.

- Esta pedra preciosa foi extraída há três anos, é tipo raramente encontrado durante centenas de anos, nunca teve um dono e é inestimável. Para este tesouro inestimável, o lance inicial é de 8 milhões! - Apresentou o anfitrião, sua voz ecoando pelo salão, carregada de animação e antecipação.

Oito milhões não eram nada para os mais ricos da Maravia. Especialmente os homens que trouxeram acompanhantes estavam também dispostos a se ostentar. O burburinho no salão aumentou, enquanto os primeiros lances eram dados.

- Dez milhões! - A voz firme de um homem ecoou pelo salão, seguido por um burburinho de murmúrios e sussurros.

- Doze milhões! - Outro lance foi dado, a tensão no ar crescendo.

- Quinze milhões! - Um terceiro estava indisposto a perder.

Quando o preço alcançou 30 milhões, poucas pessoas estavam insistindo ainda. Afinal, nem todos estavam dispostos a gastar dezenas de milhões em uma joia e nem todas as mulheres mereciam um gesto tão extravagante.

Em meio às reclamações e suspiros das mulheres ao redor, Davi, com um semblante altivo, anunciou em tom de determinação:

- Cinquenta milhões!

A multidão olhou para ele, reconhecendo-o imediatamente como o CEO do Grupo Rodrigues. Aqueles poucos que ainda estavam na disputa desistiram, resignando-se à supremacia de Davi.

As mulheres lançavam olhares de inveja e admiração para Lara, que estava ao lado de Davi, com uma expressão de doce alegria e vulnerabilidade, mas por dentro saboreava a vitória e o orgulho. Lara sentia os olhares sobre ela como um manto de adulação, cada sussurro de inveja alimentando seu ego.

- Lara tem muita sorte. É uma bastarda mas valorizada muito pelo Sr. Davi...

- Não é à toa. Rafaela é absurda demais, tendo noivo mas se envolvendo com tantos homens...

- Pois é, se eu fosse Davi e tivesse uma noiva desavergonhada, escolheria Lara também, que é tão talentosa.

Lara ficou muito satisfeita quando sentiu inúmeros olhares ciumentos. Segurando o braço de Davi, ela estava cheia de alegria enquanto mantinha uma expressão vulnerável.

Era uma bastarda e tomou o noivo de Rafaela, mas o que estava errado?

Tudo o que ela recebeu agora foi inveja e benções.

Rafaela estava longe de conseguir lutar contra ela!

- 50 milhões por uma vez! 50 milhões por duas vezes! 50 milhões por três... - O anfitrião repetiu o lance de Davi, prestes a encerrar a venda da safira.

Quando todos pensavam que o ponto final seria marcado, uma voz aveludada caiu do céu repentinamente.

- 500 milhões!

O salão ficou em silêncio absoluto. A multidão se surpreendeu, pensando ter ouvido errado. 500 milhões para comprar um diamante?

Após alguns segundos de silêncio, o salão explodiu em murmúrios e exclamações. As pessoas levantaram a cabeça simultaneamente, disparando um olhar chocado para o primeiro piso onde a voz havia surgido. Viam uma mão esbelta w branca apoiada na grade da sala VIP, uma mão maculina, nobre e dominante.

Através da grade, se vislumbrava uma sombra sentada no sofá. Embora não tivesse como enxergar seu rosto, a aura poderosa e nobre era tão avassaladora mesmo a uma distância tão longa a ponto de dificultar a respiração das pessoas.

Ao lado do assento do homem, havia uma figura delicada e bonita...

Mulheres olhavam fascinadas, com os corações batendo forte, tentando adivinhar quem era aquele homem. Sabiam que, ao chegarem, tinham sido informados de que a sala VIP do primeiro piso estava fechada e não permitia a entrada. Agora, entendiam o porquê.

Para que as maiores figuras da Maravia abrissem caminho e dessem exclusividade a alguém, aquele homem devia ter uma posição extremamente elevada.

Lara, que até então exibia um ar triunfante, sentiu-se subitamente diminuída, a segurança em seus olhos dando lugar à dúvida.

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