Capítulo 11 A Rafaela que podia ser ferida por aqueles dois já não existia
Lara olhava para Rafaela, suas palavras carregadas de insinuações venenosas, ao mesmo tempo, alertando Murilo que ele apenas estava utilizando Rafaela para atacar a família Oliveira, deixando claro que ela ainda era insignificante.. Lara, com os olhos faiscando de desprezo, enfatizou cada palavra, esperando causar uma ferida profunda.
Rafaela, ao lado de Murilo, olhou diretamente para Lara com um sorriso ligeiro, uma calma perigosa em seus olhos.
- Lara, você consegue ser mais maldosa? - Ironizou Rafaela.
Os olhos de Lara, já avermelhados, se encheram de lágrimas em um instante, tentando disfarçar seu ódio com uma máscara de preocupação.
- Rafaela, eu disse isso para seu bem...
Rafaela interrompeu, seus olhos brilhando com frieza intensa, cada palavra saindo de sua boca como uma lâmina afiada.
- Você sabe melhor do que ninguém que não sou tola. O que foi? Tem medo? - Ela inclinou a cabeça, o canto da boca puxado em um sorriso frio e desdenhoso, a voz gotejando sarcasmo. - Eu nem comecei ainda e você já está assim? No futuro, como vamos jogar?
O rosto de Lara ficou pálido com a provocação de Rafaela, prestes a falar quando Davi, fumando e observando Rafaela sem lhe dar a mínima atenção, soltou um suspiro de irritação. Ele jogou o cigarro no chão e pisou nele com força, seus olhos fixos em Lara.
- Basta, Lara. Ela está disposta a se degradar, por que você insiste em ser a boa samaritana? Mesmo que ela morra fora de casa, ela merece esse resultado!
Lara, com um semblante frágil e injustiçado, disse com voz trêmula:
- Mas ela pode facilmente ser enganada quando está sozinha lá fora. Caso se meta em um grande problema no futuro que envolva a família Oliveira e Rodrigues, que saída tem?
Murilo fez um sorriso cheio de ironia, seus olhos brilhando com desdém.
- Srta. Lara, você superestimou vocês mesmos.
Lara, encarando o homem imponente à sua frente, mordeu os lábios de raiva, suas mãos tremendo de frustração.
Murilo, com um sorriso encantador, continuou, cada palavra impregnada de uma confiança inabalável.
- Para derrubar a família Oliveira e a família Rodrigues, basta um esforço mínimo de minha parte. Utilizar uma mulher expulsa de casa... Você acha que sou tão desavergonhado quanto você? - Ele olhou para Davi, cujas sobrancelhas estavam fortemente franzidas, com um brilho de diversão nos olhos. - Aliás, eu não sou cego como o Sr. Davi aqui. Srta. Lara, talvez guarde essa sua atuação para ele! - Depois, ele se virou e fez um gesto de convite gracioso. - Vamos, Srta. Rafaela.
Rafaela achou graça no rosto sombrio de Lara, fez um sorriso desleixado e foi embora devagarinho.
Lara observou Rafaela se afastar, seus olhos cheios de veneno, os punhos cerrados com força. Cada movimento de Rafaela parecia uma afronta direta, intensificando o ódio que queimava dentro de Lara.
Davi, com as sobrancelhas profundamente franzidas, perguntou intrigado, tentando entender o que havia mudado.
- Por que Rafaela entrou no Grupo Emperor? Por que Murilo presta tanta importância a ela?
Lara abaixou as pálpebras e, com o rosto repleto de preocupações, respondeu baixinho, tentando manipular a situação a seu favor:
- A culpa foi toda minha. A Rafa não levou nada quando abandonou a casa, nem mesmo um lugar para ficar. Se ela se deixar levar e agir como aquelas mulheres sem autovalor...
Davi de repente se lembrou da reputação de Murilo como um "playboy" e ficou de cara tão feia como se tivesse engolido uma mosca.
- Rafaela... Que vadia é! - Xingou ele.
...
De volta ao Grupo Emperor, Rafaela se aproximou do carro e sorriu para Murilo, seus olhos brilhando com uma gratidão calculada.
- Obrigada pela ajuda hoje, Sr. Murilo. Vou embora primeiro.
Murilo fez um sorriso charmoso e abriu a porta pessoalmente, seus movimentos fluindo com uma elegância natural.
- Srta. Rafaela, se precisar de algo, me avise. não ande por aí sozinha... Pela minha segurança, sabe?
Se algo acontecesse com Rafaela em seu território, Leopoldo certamente o culpabilizaria primeiro.
Notando a advertência e frieza no fundo de olhos de Murilo, Rafaela entendeu que ele estava preocupado que ela pudesse estar magoada por causa de Davi e Lara.
- As pessoas que se tornaram passado não têm mais o poder de me machucar. - Explicou ela com um tom indiferente.
A Rafaela que podia ser ferida por aqueles dois já não existia. Sua determinação era visível, como uma muralha inabalável.
Para a atual Rafaela, eles eram apenas inimigos, nada mais.
Os olhos de Murilo brilharam com admiração e sua expressão se suavizou. Ele estava satisfeito com a determinação de Rafaela. Havia uma faísca de respeito em seu olhar.
Se ela ainda nutrisse sentimentos por Davi após tudo isso, não mereceria Leopoldo.
Um homem tão nobre e único como Leopoldo nunca deveria ser um substituto para outro.
Mesmo que Leopoldo gostasse dela e não se importasse com isso, Murilo absolutamente não permitiria tal situação.
Rafaela curvou a cintura e entrou no carro, voltando para o castelo.
Logo que ela entrou na sala de estar, o mordomo, João Santos, a recebeu com um sorriso aberto e lhe entregou uma caixa de jóia custosa.
- Isso foi entregue esta manhã. Senhora, veja se gostar ou não. Se não gostar, mando o pessoal refazer.
Rafaela agradeceu e abriu a caixa com mãos delicadas, seu coração acelerando de antecipação.
Dentro, repousava um colar refinado, uma joia em forma de estrela, brilhando com um luxo discreto. Era a mesma pedra preciosa azul. A luz refletida na pedra parecia dançar, capturando a essência de sua beleza.
Os olhos brilharam de alegria, sua expressão se suavizando com uma felicidade genuína.
- Gostei muito. Obrigada, Sr. João.
Ela levou o colar para cima e o guardou em uma gaveta. Após um breve descanso, se levantou e entrou no estúdio.
Ela sabia pouco sobre o mundo do entretenimento e encontrar uma atriz que se encaixasse no perfil do roteiro de Rafaela não seria uma tarefa fácil.
...
Davi voltou para a mansão da família Rodrigues, seu rosto marcado pela frustração.
Rita perguntou imediatamente quando o filho voltou:
- Encontrou Rafaela?
Davi levantou a mão para afrouxar a gravata e bufou com um tom frio:
- Encontrei.
- Então por que não a trouxe para casa? - Rita ficou com o rosto sombrio, seu tom se tornando mais severo. - Esqueceu minhas palavras?
Davi, com uma expressão arrogante, lembrou-se da indiferença de Rafaela e disse, tentando esconder sua própria confusão:
- Mãe, ela não tem como escapar.
Durante todos esses anos, Rafaela sempre o seguiu fielmente. Ele estava acostumado a ela vir correndo ao menor sinal de atenção. Sempre que ele mostrava um pouco de carinho, Rafaela se agarrava a ele.
No ponto de vista de Davi, era inconcebível que Rafaela se rebelasse contra ele.
Muito insatisfeita com a teimosia do filho, Rita bateu a mesa com força, seus olhos brilhando com uma raiva contida.
- Realmente acha que Rafaela nunca vai ficar chateada com você? Desde que você cancelou o noivado, ela veio atrás de você uma vez sequer? Uma vez que uma mulher deixe de ter ilusões, ela pode ser mais implacável do que um homem. Continue mimando Lara e espere até que as ações da Rafaela pertençam a outra pessoa, então veremos quem vai chorar.
Vendo que Rita ficava realmente irritada, Davi franziu as sobrancelhas e disse em voz baixa:
- Tudo bem, mãe. Falo com ela amanhã.
...
Quando Leopoldo voltou para casa à noite e foi informado pelos empregados que sua esposa passou uma tarde inteira no estúdio e não havia saído nem para o jantar.
Com um tremor dos longos cílios pretos, Leopoldo subiu as escadas, empurrou a porta do estúdio gentilmente. Encontrou Rafaela adormecida no sofá diante da janela panorâmica, sua expressão tranquila contrastando com o caos recente.
Sob a luz amarela quente, o corpo esbelto e macio da jovem se encontrou apertado, suas mãos delicadas sob o rosto, a expressão tranquila e angelical. Seu rosto de pele clara estava envolto em um ar calmo e doce.
Livros estavam espalhados pelo tapete, cada um marcando a dedicação incansável de Rafaela em encontrar uma atriz adequada para o papel em seu roteiro.
Leopoldo foi ali por um momento, apenas observando-a, seu coração se aquecendo com ternura. Ela não parecia estar dormindo profundamente, como se um sonho perturbador a assolasse; seus lábios se moviam suavemente ocasionalmente, como se estivesse sussurrando palavras que apenas ela podia ouvir.
Com um gesti, suave, Leopoldo se inclinou e deu um beijo suave nos olhos dela e disse com ternura:
- Está tudo bem agora. Durma.
Não importava o que seus pesadelos lhe trouxessem, Leopoldo estava determinado a ser seu porto seguro. Com a família não a protegendo, e o pai biológico não cuidando dela, ele estaria lá, sempre.