Capítulo 5
Mark
Me olho no espelho novamente tentando arrumar aquela maldita gravata. Estava de banho tomado, terno preto e perfume passado. Apenas deixei o nó da gravata frouxo, pois ainda não aprendi a fazer isso.
Saio de casa e caminho pela floresta até a casa dos la Barthe, havia uma grandiosa festa rolando e pela hora deveria ser a da dança. Como fiz questão de me atrasar para deixá-la uma fera e depois amansá-la todinha.
Chegando na festa pude ouvir sua mãe perguntando.
— Filha, cadê seu príncipe?
— Não sei, mas pontualidade não deve ser seu forte!
Me aproximo e noto a roupa que ela vestia, um vestido até o joelho rodado na cor branca, dando um ar angelical e sereno mesmo tendo em seus olhos o reflexo da raiva que sentia por mim.
— Eu deveria ter convidado outro! — exclama e rebato.
— Não deveria, doce Melinda, eu vim andando até aqui e peço desculpa por minha falha. — Pego sua mão e a beijo docemente.
— Está atrasado! — sussurra e a puxo ao meio da grande roda que se formou nos deixando no meio.
— Tive um problema com a gravata.
— Homens! — Revira os olhos soltando sua mão, desfaz o nó e em seguida o refaz livre de amarras.
— Bem melhor, me concede a dança, minha dama da noite?
— Não, sou sua! — Rebate em meio a um sussurro enquanto os músicos começavam a tocar.
— Ainda não, mas será em breve! Depois da dança e de todos os festejos, irá participar da colheita e após todos dormirem... — Faço uma pausa e a puxo. Nossos corpos se colam de tal maneira que podia ouvir as batidas aceleradas do seu coração. — Irá à minha casa e vai me beijar. Nada de meio-termo ou objeções, a quero de livre e espontânea vontade na minha cama!
— Nunca! — sussurra irritada.
— Então não dançaremos!
Se isso não acontecesse, não teria a iniciação de Melinda e seu orgulho e teimosia a deixariam perder para mim.
— Por favor!
Seu pedido soava quase angelical, isso se ela não fosse uma dama da noite.
— Você na minha cama, me dê sua palavra!
— Farei o que me pede, mas como pretende fazer isso?
— Após todos terem ido dormir! — Puxo-a para nossos corpos ficarem mais colados, sentindo seu corpo se arrepiar junto ao meu.
— Por que eu, Mark?
Sua voz rouca me fez perceber que chamar o meu nome era sexy.
— Não sei, me pergunto isto há dias e não sei o que responder.
Seguro firme seus dedos e logo estávamos rodopiando no salão. Notei como ela estava triste e embora estivesse tudo perfeito faltava algo. Ela segurou minha mão e após entrelaçar os dedos começamos a nos mover de um lado para o outro com graça e leveza. Eu a rodopiava de um lado para o outro e cada vez que nossos corpos se uniam, a sentia vibrar e tremer em meus braços.
Ela queria tanto quanto eu.
Nossos corpos roçavam à medida que tornávamos a dança mais íntima e sensual. Solto sua cintura e a faço ir para frente e voltar, nossa dança é sincronizada e ela ao meu lado era saboroso. Melinda possuía traços que deixariam muitos de joelhos por ela.
Sempre após a dança, o príncipe beijaria a dama nos lábios e logo ela seria conduzida a colheita stregha. A dança lentamente findava, nossos corpos ainda quentes pediam por mais e nossa respiração descompassada fizeram com que nossas testas se encostassem.
Olhávamos ao redor, ela sabia bem o que queria e mesmo que aquilo fosse errado, precisava dela urgente ou iria surtar sem seu corpo. Todos ali esperavam um beijo avassalador, mas apenas beijei sua testa e me afastei, agora era só esperá-la vir ao meu encontro mais cedo ou mais tarde.
Melinda, era acima de tudo, uma mulher decidida e com sangue nos olhos, assim como uma mulher que não aceitaria menos que a perfeição.
Saí da festa e voltei para casa.
Melinda, seria iniciada, participaria da colheita e daria sua vida para a deusa e para nossa causa.
Não demorou muito, logo ouço a porta abrir e vejo aquela miragem com um vestido negro como a noite, decidida como uma leoa.
— Papai ficou uma fera porque não houve beijo, tive que sair escondida para realizar seu desejo.
— Meu? Só meu?
— Sim, só seu desejo!
Notei-a cruzar os braços irritadinha e sorrio.
— Beba comigo esta noite! — Convido-a a relaxar comigo, ela me olha com certa insegurança e me limito a estender o copo que ela toma das minhas mãos, bebendo um gole. — Sente-se vamos conversar um pouco...
— O que quer de mim?
— Eu quero seu corpo, sua boca, seu cheiro e você de boa vontade...
— Mas eu... — Ela me interrompe, mas logo se cala.
Termino minha bebida, coloco o copo na mesinha de centro e bato na perna a chamando para o meu colo. Notei-a trêmula e ela estava nervosa me olhando.
Não a entendo, sempre fora cortejada quando mais nova. Thalia me contou que ela tinha um namorado a cada semana, mas ali a observando me fitar como se tivesse medo de mim, me fez repensar algumas coisas.
— Melinda, venha aqui! — Minha voz saiu mais rouca que o normal. Logo ela se levantou, apertava firmemente as mãos e isso não era um bom sinal. — Sente-se aqui! — Apontei para o braço da poltrona.
Melinda, era ao mesmo tempo frágil e decidida, orgulhosa e sonhadora...
Havia traços nela que não sabia ainda descrever.
— Mark? — chama com aquela voz suave.
Pela deusa Tríplice, precisei me controlar para não a pegar no colo e fazermos amor ali mesmo. Ela também queria estava estampado em seu rosto.
— Melinda, nunca farei nada contra sua vontade... Eu disse de boa vontade na minha cama...
— Eu nunca fiz isso...
— Mas vou te levar para explorar o caminho do desejo e do prazer.
Minha mão acaricia suas costas e notei que ela estava nervosa. Chego até seu cabelo macio, sedoso e possuía um cheiro de essência que me deixou maluco. Me levanto e fico na sua frente.
— Vamos explorar juntos, você me quer eu sei... Cada aproximação nossa, seu corpo revela seu desejo por mim! — confesso e noto um olhar de puro desejo a me encarar.
— Eu sinto coisas quando estamos próximos, não que queira sentir ou desejar...
Toco seus lábios com a ponta do dedo indicador e o acaricio. Contorno os lábios e depois pressiono seu queixo para que ela me encare.
— Nada aqui é pecado, Melinda, somos um homem e uma mulher que estão procurando um no outro os prazeres da carne! — Faço uma pausa, inclinando meu corpo para frente e sussurro: — Seja minha esta noite... Não sabe como a desejei nestas noites que se seguiram e olha que só provei seu beijo uma vez!
— Não é isso, Mark... Eu... Eu...
Melinda, tenta explicar, mas calei sua voz com meus lábios em seu pescoço, uma carícia doce e um chupão. Ela tremia de desejo e seu gemido suave me fez se apoderar dos seus lábios em uma sintonia demoníaca.
Pela deusa Tríplice!
Esta mulher era uma perdição, minhas mãos descem por seu pescoço, acariciam seus braços, descem até os cotovelos e a ergue à minha frente. Suas mãos delicadas acariciam meu pescoço suavemente e seu beijo é viciante. Nossos lábios se moviam de um lado para o outro, nossos corpos se encaixavam e dançavam uma dança resplandecente pelo desejo sublime. Minhas mãos pousam em sua cintura e meus dedos a acaricia até senti-la tremer em meus braços.
Elevo as mãos até suas costas e começo a acariciar lentamente, sentindo-a tremer em meus braços.
Como aquilo me deixou duro...
Como uma mulher que mal conheço mexia tanto comigo a ponto de sonhar com este momento?
Minha língua explorava sua boca, ela era exigente e buscava por uma brecha até encontrar a sua em um beijo necessitado. Minha língua começava a pedir passagem enquanto sinto suas unhas em meu pescoço.
Aperto mais nossos corpos e nos teletransporto até o quarto. Andei com ela sem desgrudar nossos lábios até a cama e quando suas coxas batem na madeira da cama, ela se solta de mim em um sobressalto.
— Não farei nada que não queira... Se quiser ir embora pode ir... Se quiser que nos beijemos a noite toda o faremos... Mas não fuja de mim de novo minha criatura da noite, maior perdição do meu corpo frágil ao seu toque e sua presença! — Sempre fui bom com as palavras e não era a minha primeira vez.
Toco seu rosto delicadamente, puxando sua cintura para mim novamente.
— Mark, quero e muito... Não vou negar a você! — Sua voz era rouca e regada a desejo. — Nunca senti isso antes, é como se algo se apoderasse de mim e me sentisse ferver por dentro...
— Meu doce pecado... Minha tentação... Ouso comparar sua beleza aos olhos da deusa Tríplice! — proferi cada palavra de forma verdadeira, há anos não era tão sincero com uma mulher prestes a levar para a cama, precisava sentir seu gosto e tudo mais para que esse desejo insano fosse findado. — Se entregue a mim, minha doce ruivinha...
Nem a deixei falar, nossos lábios se tocaram com necessidade e nossas línguas se acariciavam a tal ponto que gemíamos de prazer. A conduzo até a cama e a deito sobre ela. Sinto sua inquietação e seu corpo trêmulo a cada toque enquanto minhas mãos acariciavam sua cintura. Me deito ao seu lado da cama sem desgrudar nossos lábios, que se devoravam em uma dança sensual e resplandecente. Minha mão descia por sua perna e me inclino para tocar seu joelho. Subi minha mão pelo vão do vestido, seus gemidos me fizeram continuar e quando estava tocando sua calcinha, a mão de Melinda me parou.
— Mark, eu não sei o que fazer e nem o que estou sentindo...
— Calma docinho, farei como se fosse sua primeira vez... — Meus olhos buscam os seus e sorrio docemente. — Não que seja sua primeira vez ou algo assim, mas...
Me arrependi no momento que proferi as palavras, quando um olhar gélido tomou conta do que era somente prazer, suas mãos me empurraram e ela rapidamente saiu da cama.
— Você acha que sou uma das suas vadias que você dorme por aí? Quem você pensa que sou?
— Melinda, eu não quis te ofender... — Me levanto da cama e fico na sua frente enquanto ela tentava se afastar, elevo a mão para tocar seu braço, mas ela grita:
— NÃO TOQUE EM MIM! TENHO NOJO DE VOCÊ!
Melinda bate em minhas mãos e se afasta saindo do quarto. A segui e ela corre pela escada enquanto fico no topo e a chamo novamente.
— MELINDA! — chamo em uma tentativa falha.
Melinda apenas me olhou com fúria e vi seus olhos marejados.
— Desculpa se te ofendi de qualquer maneira... Não sou este tipo de pessoa, Melinda, não ligo se teve inúmeros homens!
— Quem te disse isso?
— Sua irmã falou para mim que teve inúmeros namorados. — Desci os primeiros degraus. — Não me interessa quantos te tocaram, desde que seja o último... Sinto algo diferente por você!
— SEU IDIOTA! — grita e olho incrédulo sem saber o que fiz. —FICA AÍ E NÃO OUSE DESCER MAIS!
— Melinda, estávamos tão bem... O que fiz!
— Me tomou como uma qualquer, uma meretriz ou pior uma puta da deusa Tríplice!
— Nunca disse isso!
— Mas pensou! Saiba você que não sou este tipo de mulher, acredito em romances e coisas do gênero. Nunca estive com outro homem a ponto de me entregar como fiz com você!
Aquela revelação me tomou de surpresa.
— Pensei que o homem que dominava meus pensamentos e sonhos mais indevidos seria aquele a quem me entregaria, mesmo tão repentino senti como se te conhecesse de outra vida!
— Você é virgem! — exclamei surpreso.
Uma mulher impetuosa daquele jeito virgem, foi uma surpresa enorme.
— Nunca mais me toque, se afaste de mim... Isso nunca ocorreu! — Gira seus calcanhares, me deixando ali sem fala e ação.
Eu percebi que ela agia diferente aos meus toques, mas ser virgem me deixou sem fala.
— Como sou idiota! — Tentei ir atrás dela, mas a escuridão havia a consumido.
Mesmo depois desta discussão e seu primeiro ano na Academia me odiando e me provocando com sua voz e seu corpo, nunca esqueci o que veio em seguida...
Dias atuais...
Foram brigas e mais brigas, discussões acaloradas até aquele baile que mudou nossa vida por completo...
— Sonhando acordado, Mark?
— Melinda! — exclamei e meus olhos encontraram os seus. — Velhos hábitos nunca mudam, sempre chegando à surdina sem que a veja!
— O que quer de mim? Já basta todo o passado?
— Ensaiei este discurso inúmeras vezes, Melinda! — confesso e me levanto bebendo o restante do líquido do copo, sentindo-o queimar na garganta.
— E o que decidiu?
— Que palavras não são realmente necessárias quando se tem desejos e anseios pendentes.
Ando até Melinda e posso afirmar que a idade a fez muito bem. Acaricio seu rosto e sinto-a tremer em meus braços. A puxo pela nuca findando a distância que existia entre nós e dou um beijo necessitado e nada gentil.
Nunca fomos gentis, nem na sua primeira vez.