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CAPÍTULO 09

César Medeiros

Toda minha atenção estava direcionada para tela do meu celular. Meus batimentos ficaram alterados no momento que meu olhar caiu sobre o e-mail que tinha acabado de receber. Senti como a raiva penetrava por cada poro da minha pele, assim que o nome da infeliz surgiu entre as diversas palavras escritas no documento. Mas, antes que chegasse a ler o final, ouvi som de passos se aproximando, imediatamente, coloquei o objeto em meu bolso e me levantei.

O rangido da porta ressoou no ambiente e quando ela foi aberta, o anjo surgiu em minha frente. Dei uma olhada de cima abaixo, varrendo o seu corpo com o olhar, até que finalmente meus olhos se concentraram no seu belo rosto. Embora ela estivesse usando um vestido horroroso, que era tão largo quanto a vestimenta de uma freira, mergulhei num tensão que se tornava insuportável ao imaginar o que estava escondido por debaixo daquele monte de panos em volta do seu corpo. Uma minúscula calcinha de renda preta, sem sutiã, deixando visíveis os seios, durinhos, e macios, que eu chuparia com avidez.

Deixei os devaneios de lado e então foquei minha atenção na garota, que estava com uma expressão temerosa e parecia perdida em meio aos pensamentos, que certamente estavam direcionados a mim. Minutos depois, quando ela já estava sentada, era o momento de fazer o anjo senti as primeiras sensações do desejo carnal, porém, ouvir suas palavras em negativa ao assunto que estava dando, fez novamente com que a raiva apoderasse-se de mim. Tive que me controlar, pois, sentia um calor intenso emanado pelo meu corpo e, sabendo que esse sentimento nocivo é capaz de fazer mal, não só aquele que o sente, como a quem é alvo dele. Respirei profundamente e era hora de agir com a razão e não por impulso. Depois dos argumentos ditos por mim, a atrevida não teve outra opção a não ser ficar no lugar onde estava.

Ao contrário das outras que cruzaram o meu caminho, que no primeiro contato já estavam dando indício que aceitariam ser minha submissa. Ângela parecia um bloco de gelo, mas que por alguns segundos, senti estremecer quando as imagens surgiram no telão a sua frente, lógico que se fosse dentro da instituição, usaria vetores em vez de imagens reais. Ciente da inteligência da garota e sendo um assunto que vem sendo explorado principalmente nessa última etapa, antes que chegue a faculdade, ela não teria como alegar que estava indo contra os conteúdos abordados pela sociologia. Os olhos azuis acinzentados ficaram cravados na imagem obscena a sua frente, com a tecnologia a minha disposição, bastou alguns minutos para modificar alguns traços do meu rosto, cabelo e olhos, já que o único pau que ela viria enquanto despertasse o meu interesse seria o meu. Desta forma, o homem exposto na tela, era nada menos, que César Medeiros, com uma das submissas que tive na Alemanha.

Pela sua expressão, eu sabia que sua respiração estava ofegante e nem mesmo a bombinha de ar, foi capaz de impedir que novamente seus pulmões funcionasse aos espasmos e, seu rosto ficou vermelho como um tomate maduro e também esquentou quando ouviu minhas últimas palavras. Dei a aula por encerrada, pois o dia que ela desfalecer, será em meio ao prazer enquanto tomo posse de cada centímetro do seu corpo intocável e perfeito.

Depois que ela deixou a mansão, já estava ansioso para próxima aula, enquanto isso não acontecia, voltei minha atenção novamente para o e-mail que havia recebido, logo as lembranças que eu evitara, surgiram nitidamente em minha mente, sem conseguir ignorá-las, fechei os olhos, pois, tudo era sofrimento, angústia e desespero, um tempo que somente a dor fez parte da minha vida.

No dia seguinte...

Passei boa parte da manhã, ocupado em meu escritório, já que só teria aulas amanhã na instituição. Em poucas horas, Ângela estará sob meus domínios e veremos quais serão suas reações com a aula que terá hoje.

— Chefe!

Meus pensamentos são interrompidos, assim que ouço a voz de Santiago, entoando dentro do cômodo. Ganhando minha atenção, ele voltou a se manifestar.

— A governanta dos Johnson, acabou de ligar informando que a senhorita Ângela, não virá hoje.

Naquele instante, a fúria cresceu dentro de mim, se tornando algo duro, feroz e quente. Se ela pensa que vai fugir de mim, está completamente enganada. Ângela é diferente das outras, além de pura, é muito inteligente e isso pode ser um grande obstáculo, entretanto, um bom caçador sempre está um passo a frente, pois, se a presa perceber que o predador faminto esta observando-a, o bote não dará certo.

Ângela Souza

Com um movimento brusco, puxei o edredom. Meu corpo estava quente, suando sem parar, pois depois do remédio que Nina havia me dado, à febre começou a baixar. Desde ontem, quando deixei aquele lugar, me senti estranha. Minha mente estava tomada por um turbilhão de pensamentos irrefreáveis. Meu coração batia de maneira desesperada, em sinal de que algo de errado estava acontecendo comigo. Nunca havia me sentido dessa forma e eu estava tão atordoada, que de início não percebi as intenções daquele homem, eu tinha a sensação de que ele estava querendo muito mais de mim. Assim que cheguei em casa, não quis jantar e hoje quando acordei, estava ardendo em febre.

— Ângela!

O som da voz de Nina, me trouxe de volta a realidade, afastando para bem longe as recordações do dia anterior.

— Como você está se sentindo?

— Já estou melhor.

— Não sei como, de repente, você ficou doente. A não ser pelo problema respiratório. Você sempre teve uma saúde de ferro. Vou pegar um prato de sopa para você comer.

Ela começou a caminhar em direção a porta e segundos depois desapareceu. Eu preciso me livrar das aulas com aquele homem e se provar que ele está com segundas intenções, os meus pais certamente não deixarão que eu continue perto dele. Fiquei pensando, remoendo essa ideia em minha cabeça, até que algo surgiu em minha mente e será desta forma que essas aulas particulares chegarão ao fim.

Quarta feira...

Meus olhos estão fixos no homem que estava com sua atenção na estrada. Eu estou nervosa e acabei saindo de casa muito antes do horário, o quanto antes chegasse naquele lugar, logo isso chegaria ao fim. Hoje na escola, ele me perguntou se estava me sentindo melhor, mas acabei por dizer que era somente uma dor na garganta. O homem ficou me observando por alguns minutos, parecia que somente o seu corpo estava presente, enquanto sua alma estava vagando.

Afasto as lembranças assim que o carro chega ao meu destino, olhei para o meu celular e faltava ainda meia hora para começar as minhas aulas. O portão foi aberto, e, instantes depois, estava passando instruções para Alberto vir no horário combinado.

O senhor Santiago, assim como da primeira vez, veio me receber e ao seu lado, comecei a caminhar em direção à entrada principal, porém, quando me aproximei da piscina, fiquei petrificada com a imagem que surgiu em minha frente. Meu coração acelerou, minha respiração se tornou mais ofegante e comecei a ser tomada por sensações muito estranhas. Ele estava ali parado em minha frente, usando somente uma sunga que revelava seu abdômen perfeitamente definido, ele tinha braços fortes, ombros largos e espadaúdos, peitoral robusto, com pelos espessos na medida certa. Uma esplêndida lição de anatomia.

— Ângela!

Soltei um longo suspiro e por fim, consegui expelir o ar que estava preso em minha garganta, saindo do estado de estupor.

— Você chegou antes do horário.

— E... Eu quis vim mais cedo, já que faltei ontem.

— Então vamos. Você pode me aguardar no escritório.

Sem hesitar, comecei a me mover com a certeza que essa será a última vez que irei colocar os meus pés nesse lugar.

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