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André - Amor e Algo mais

Depois de me formar comecei a trabalhar em um escritório de contabilidade. Era um grande escritório, com vários setores que atendiam grandes empresas e pessoas físicas também.

Era uma oportunidade de ouro, não só por finalmente estar trabalhando na minha área mas por ter chance promissora de crescer dentro da empresa. E talvez, porque não, ter meu próprio escritório um dia. 

Ao auge dos meus 21 anos, era quase independente. Mas ainda morava com meus pais e minha irmã caçula 5 anos mais nova que eu. Minha irmãzinha adolescente começou a dor de cabeça aos meus pais por querer ir pra balada sozinha e ficar com vários garotos. Minha mãe veio me pedir auxílio. Porque afinal de contas sempre fui mais comportada, detestava balada, era mais de barzinhos e sempre com amigos íntimos. Então resolvi ter uma conversa com minha irmã.

—Jéssica, o que acha de ir a um barzinho comigo na sexta?

—Â? Oi? Você me convidando pra sair? Com você?

Idadezinha irritante, fico me perguntando se eu era tão irritante quanto ela.

— Sim, resolvi te apresentar ao meu mundo.— Digo me esforçando para ser simpática.

—Seu mundo é muito sem graça maninha.— Ela diz sarcástica.

—Como assim? — Pergunto perplexa com tanta sinceridade de sua parte.

—Você não tem vida social. Barzinho é pra quem não quer se envolver e afundar suas mágoas em bebida pra velho.

—Você nem vai a barzinhos pra saber!—Falo tentando me defender.

—Aff, não preciso ir pra saber. Olha só pra você. Tão bonita e nenhum homem aos teus pés.

— Eu to muito bem assim. Estou muito bem.— Repito cruzando os braços.

— Fala sério. Seu último namorado foi seu melhor amigo. Isso não te dá vontade de chorar?

Não acredito que eu estava me preparando para dar uma lição de moral na pirralha e ela é quem assume o papel. 

—E o que você me propõe?— Pergunto já me rendendo.

—Venha pra balada comigo. —Vem curtir a vida maninha.

Eu não podia ficar por baixo, afinal de contas eu era mais velha e eu que deveria estar ditando regras.

—Vamos fazer um acordo então. Você vai sexta num barzinho comigo e te apresento uns amigos e no sábado vamos na sua balada.

—Fechado! — Ela estende a mão em cumprimento. E logo vai para o seu quarto.

Pra resumir a história, minha irmã e eu passamos a ser grandes amigas desde o combinado, ela amou meus amigos e passou a amar os barzinhos porque lá ela encontrou seu namorado e acredite, eles estão juntos até hoje. Marcelo trabalhava junto comigo no escritório, e hoje é meu cunhado. Acho que ainda vai dar casamento. 

Já eu, tive que mudar meu conceito também por baladas, e principalmente porque pensava que era frequentada apenas por gente fútil, ledo engano, minha irmã não é fútil e o homem que conheci lá também não era. André.

—Jéssica, por favor não me deixe sozinha.— Eu gritei tamanho barulho.

—Relaxa irmã, quer dançar com a gente? — Ela se referia a dançar com ela e Marcelo.

— Não, né? Sou branca mas não sou vela. — Ela riu e se retirou para a pista de dança.

Que legal, minha irmã se dá bem no barzinho e eu me dou mal nos dois lugares. Pensei. Mas rapidamente desvencilho os pensamentos quando alguém se aproxima.

—E aí gatinha topa dançar. — Ele pergunta com cheiro forte de álcool.

—Não, obrigada to de boa. — Respondo tentando me afastar.

—Vem, vamos lá. Prometo que não vai se arrepender.— Ele coloca suas mãos em minha cintura  e eu tento sair porém ele é forte demais.Era justamente isto que eu não gostava nas baladas. As pessoas bebem demais, é escuro demais, barulhento demais e se você grita socorro, ninguém escuta.

—Não to afim, quer fazer o favor de me largar? — Tento olhar por cima de seus ombros em direção a minha irmã na pista, mas o cara era uma montanha.

—Pra que você veio aqui afinal?— Ele pergunta irritado, e se aproximando de mim.

—Se você não me soltar, eu vou gritar. — Digo entrando em pânico.

—Antes eu te beijo. — Ele tentou, mas foi puxando pelo ombro.

—Você tá bêbado, deixa ela em paz.— A voz era firme e forte.

—Ô estraga prazeres, vai procurar um rabo de saia pra ti, que essa já é minha.

—Cara, não estou afim de briga, é melhor você ir embora. — Ele continuava firme.

O montanha foi pra cima do "meu salvador" e pensei que ele iria matá-lo mais não, o meu salvador foi bem mais rápido talvez porque estivesse menos bêbado, deu uma rasteira e o fez cair no chão. Ele caiu e ficou por ali mesmo. Ele se aproximou e a pergunta foi clichê:

—Você está bem? 

—Sim, obrigada...— Fiz menção em saber seu nome.

—André.— Ele me cumprimenta com a mão.

—Oi André. Sou Michele. — Aperto sua mão.

—Michele, quer dançar?

—Claro!

Dançamos a noite toda. Ele me perguntou se eu saía sempre. Contei a história, e ele me disse que ele também não era de sair, que uns amigos insistiram muito e por fim ele foi. E disse olhando nos meus olhos profundamente que não tinha arrependido da decisão de sair naquela noite. Nos beijamos finalmente quando a noite já estava quase virando dia. E que beijo. Sabe aquela vontade de não parar e além disso prosseguir? Pois então.

Nós saímos mais algumas vezes, e num dia André me levou em um restaurante. Me pediu em namoro. E brindamos fazendo amor. Minha primeira vez. Sim, com 21 anos, não me arrependo de ter esperado tanto, porque eu sabia o que estava fazendo tanto antes como naquele momento e com quem o que era mais importante, certamente não me arrependeria, independente do que pudesse acontecer. E aconteceu. 

André, era um excelente namorado, eu o amava muito, e conseguia sentir que era recíproco, mas resolvemos dar um tempo, pra saber se o que sentíamos era verdadeiro, e a falta que o outro faria seria o novo start para nossa relação continuar. Por vezes nos encontrávamos e acabávamos na cama pra matar a saudade. E não se engane, não era apenas sexo. Nós fazíamos amor. Mas faltava algo, porque sexo não é amor, faz parte dele. E decidimos continuar com o tal tempo, pra ver se descobríamos. Porém 3 anos se passaram e nada.

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