Capítulo 2
Pierre
Faz alguns meses que voltei para Nova York, estou morando novamente com a minha família, quando fui morar em Londres tudo que queria era a liberdade, viver minha vida sem a sombra dos meus irmãos problemáticos, mas olha pra mim agora, estou novamente nessa casa que jurei nunca mais pisar os pés. Quando meu pai deixou o orgulho de lado e foi até Londres atrás de mim, fiquei surpreso, no primeiro momento pensei que ele tivesse ido para pedir perdão por ter feito da minha vida um inferno, mas logo mostrou suas verdadeiras intenções, tudo que ele queria era que a babá voltasse que no caso sou eu, sempre fui firme com Roxie e Luke já que os nossos pais nunca se importaram.
Depois que o meu pai falou dos problemas que Roxie e Luke estavam trazendo percebi que ele só estava preocupado com sua reputação e não com os meus irmãos, só voltei por eles, menos pelo James que não vale nada. Quero voltar o mais breve para Londres e levar Luke e Roxie comigo, tenho um pequeno escritório em Londres onde exerço a profissão de advogado.
Meus pais sempre foram egoístas desde sempre tentam nos comprar com o dinheiro, já fui como Roxie e Luke dependente do dinheiro deles, o dinheiro nos estragou, a mídia sempre em cima também não ajudou nenhum pouco, vê-los tão problemáticos me faz lembrar do passado e não quero que passem pelo mesmo que passei, não quero que tenham o mesmo destino do James, ele trabalha na empresa da família e não passa de uma marionete.
Se não fosse pelo Robert nunca teria aberto os meus olhos e seria mais uma marionete dos nossos pais, ele sempre foi um grande amigo e o único que sempre me diz a verdade. Agora estou aqui no meu antigo quarto e louco para ir embora, mas meus irmãos não facilitam, vou ter que ficar por um tempo até conseguir levar Roxie e Luke comigo.
Ouço batidas na porta e me levanto da poltrona, vou em direção a porta do quarto e a abro.
— Oi, Joana — Joana é a governanta.
— Senhor Pierre, seu pai pediu para que fosse até o escritório dele.
— Obrigado, Joana, estou indo. — Sinto pena da Joana, meu pai abusa muito da coitada, fazer ela subir essas escadas só para me trazer um recado, sendo que ele podia me telefonar me chamando.
Joana sorri e vai embora, fecho a porta do quarto e vou em direção as escadas, desço as escadas e vou diretamente ao escritório do meu pai, bato antes de entrar.
— Boa noite pai, o senhor queria falar comigo? — Vou me aproximando dele.
— Sente-se. — Coisa boa não é, seu rosto está indiferente mais do que o habitual, sento no sofá.
— Pai, o que aconteceu? Meus irmãos fizeram escândalo de novo? Se for isso vou agora mesmo dar uma bronca. — Geralmente ele me chama quando Luke ou a Roxie estão com problemas, como nossa vida pessoal sai muito na mídia é inevitável não ter escândalos, semana passada fotografaram o Luke saindo de uma boate embriagado, ele é titulado como o filhinho mimado dos Martinez.
— Não te chamei devido aos seus irmãos, faz alguns dias que senti falta de alguns relógios e comecei a investigar, descobri que foi uma das arrumadeiras que estava me roubando, esse tipo de gente não tem caráter algum. — Meu pai diz bravo e fica andando de um lado para o outro no escritório.
— Calma pai, não vale a pena se estressar…
— Não vale a pena? Pierre, a vagabunda roubou 8 dos meus relógios mais caros! — Não sei porque esse escândalo todo devido a uns relógios, não estou apoiando quem roubo, mas bastava demitir.
— Pai o que o senhor fez com ela?
— Coloquei a vagabunda na prisão claro! — Se ele já resolveu o problema, não entendo por qual motivo me chamou.
— O senhor já resolveu o problema é isso que importa, agora vou indo. — Digo me levantando do sofá.
— PIERRE! — Ele berra
— O que foi pai? — Pergunto já imaginando o que está por vir.
— Não terminei essa conversa ainda. — Ele diz bravo
— Mas pensei que…
— Pensou errado, Pierre sou um homem ocupado não te chamaria somente para falar de uma empregada. — Sou interrompido de continuar falando.
— Calma pai não fiz por mal, pensei que fosse só sobre a arrumadeira!
— Quero que contrate uma nova arrumadeira… — O quê? Como assim tenho que contratar alguém, esse é o trabalho da Joana.
— Pai esse é o trabalho da Joana não meu! — Digo sendo sincero, eu não entendo nada disso.
— Joana é uma ótima governanta, mas escolhe mal as empregadas… — Ele se aproxima de mim e coloca a mão no meu ombro direito me olhando nos olhos.
— Pai o senhor não pode culpar ela pelos erros dos outros, o trabalho dela é contratar os novos funcionários. — Falo sendo sincero.
— Posso culpar quem eu quiser, sou eu que pago os empregados, não estou pedindo nenhum favor, você vai contratar e essa conversa termina aqui! — Não acredito que foi para isso que voltei para Nova York.
— PORRA! — Berro irritado
— SAI DAQUI AGORA PIERRE ANTES QUE EU FAÇA UMA LOUCURA! — Ele berra irritado.
— Sempre acaba assim, o senhor não aceita a verdade. — Resmungo o encarando.
— PIERRE! — Ele berra e passa a mão no cabelo.
— Ok, não vejo a hora de ir embora daqui de novo…
— PIERRE! — Ele berra novamente e franze o cenho.
— Tudo bem, eu faço… — Ele sempre consegue o que quer na base do grito.
— Certo, agora saia daqui! — Incrível como a expressão dele muda de repente depois que consegue o que quer.
Saio do escritório furioso, sempre me senti um excluído, meus pais não demostram amor pelos próprios filhos, só sabem mandar e criticar. Começo a morder meu lábio inferior, não sei como vou contratar uma nova arrumadeira, acho que vou anunciar no jornal amanhã.
— O que houve maninho? Brigou com o papai de novo? Sua cara não está muito boa hein! — Ouço a voz do meu irmão James, e olho para ele com fúria porque ele está rindo de mim.
— Não tem mais o que fazer não? — Resmungo
— Pierre meu irmão já te falei que o seu lugar não é aqui! Volta para Londres, lá o seu lugar! — O desgraçado está me provocando.
— James a marionete, como sempre agindo como um babaca mimado. — Faço gestos com as mãos ironizando.
— Maninho, não brinque comigo, ou vai acabar se queimando! Não esqueça que eu sei daquele seu segredinho. O que vai acontecer se todos descobrirem? Nossa, já até consigo imaginar, a mídia e as muitas criticas. Você sabe como nossos pais são, com certeza não vão te dar parabéns por ser um imbecil, minha língua está coçando para contar seu segredinho… — Não acredito que ele tá me ameaçando, ele não pode provar nada, não tem como.
— Vai lá, conta, quem vai acreditar em você? James você não tem moral alguma, muito menos provas sobre aquilo, por tanto é sua palavra contra a minha e adivinha? Eu trabalho, não vivo mais as custas dos nossos pais! — Tento intimidá-lo
— Tem certeza irmão que não tenho nenhuma prova? Cuidado, se até agora fiquei em silêncio foi devido aos nossos pais, não quero que eles tenham mais uma decepção. — Ele está blefando, não pode ter provas.
— Desculpa irmão mais tenho mais o que fazer do que ficar de conversinha com você. — Olho mais uma vez para ele antes de ir em direção as escadas, começo a subir os primeiros degraus.
— Vai, foge mesmo, mas tenha muito cuidado irmão com suas palavras. — Ouço ele resmungar, mas não olho para trás.
Faz algum tempo que James descobriu o meu segredo, mas ele não pode provar nada, ele sempre fala alto quando tenta me intimidar, morro de medo que alguém ouça, não quero especulações do que venho escondendo todo esse tempo, sempre que penso naquilo fico mal, não sou um santo, mas também não posso ser julgado por um erro do passado.