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Capítulo 1

Alyssa

— Não vou desistir de você irmã. Vou descobrir toda a verdade. Sei que tivemos nossas brigas, devido às suas saídas durante a noite. Mais que irmãos não tem suas diferenças? Queria ouvir sua voz novamente, te ver sorrindo, feliz como sempre era. Sinto falta até das suas broncas chatas, Olivia, você era minha única família… — murmurei, com a sensação de vazio dentro de mim, que precisava ser preenchido com a verdade. Minha irmã não seria mais uma dessas pessoas que morreram e o caso nunca foi solucionado. Eu mesma buscaria a verdade até saber quem era o assassino ou assassina, só assim, minha irmã descansaria em paz.

Estou em frente a lápide de minha irmã novamente, sempre que posso estou aqui, não gosto de deixá-la sozinha. Sei que minha irmã não está mais entre nós, entretanto, quando a saudade aperta venho correndo visitá-la no cemitério, às vezes choro, outras vezes nem consigo mais, o que venho chorando nesses últimos meses poderia encher um oceano inteiro. Olivia era minha única irmã, sua morte foi um tanto misteriosa demais e bastante cruel, lembro-me nos mínimos detalhes ainda. Reconhecer o corpo da minha irmã foi um sofrimento muito grande, tinha esperança que não fosse ela, mas quando vi o corpo não tinha mais nenhuma dúvida. Comecei a chorar, o desespero tomou conta de mim. Toquei seu rosto e senti o quanto estava frio, lá estava ela sem vida e com muitos machucados pelo corpo, não gosto de lembrar porque começo a chorar, ela sofreu nos seus últimos momentos, foi torturada de várias formas que não posso nem imaginar.

A mesma foi encontrada em uma estrada com pouca movimentação, vestia apenas suas roupas íntimas, na autópsia a causa da morte foi sufocamento, o assassino colocou uma sacola plástica na cabeça dela e depois a estrangulou com as próprias mãos. Que tipo de monstro faria isso? Estou me perguntando: minha irmã só tinha 27 anos, amava viver intensamente, algumas vezes agia de maneira errada, como esconder o primeiro nome do homem que ela estava saindo, ela só me contou o sobrenome da família dele, falava que ele era de uma família rica e que gostava muito dela, a primeira vez que ouvi o sobrenome Martinez, não fazia ideia do quanto eles são importantes. Para mim não fazia diferença se ele tinha ou não dinheiro, o que me incomodava era ele nunca entrar em nossa casa, nunca vi o rosto dele só vi algumas vezes seu carro Audi preto de vidros escuros em frente a nossa casa, minha irmã e ele ficaram juntos por 6 meses até ela aparecer morta, me culpo todos os dias por não ter insistido em saber o primeiro nome dele…

Quando contei ao delegado sobre minhas suspeitas ele demostrou ter interesse em investigar, mas quando soube que envolvia um dos Martinez voltou atrás, ele simplesmente riu de mim e me chamou de louca, também falou que eu tinha que parar de ver filmes policiais que a realidade é muito diferente do que ficção, que jamais uma família rica como a dos Martinez estaria envolvida no assassinato da minha simples irmã, minhas palavras e suspeitas foram ignoradas, o caso acabou sendo arquivado por falta de provas. Em um momento de desespero para provar que alguém daquela família matou minha irmã acabei entregando o notebook dela para a polícia que misteriosamente sumiu dos arquivos da delegacia.

Faz 8 anos que os nossos pais faleceram em um acidente de carro, Olivia ficou responsável por mim aos 19 anos, largou a faculdade para conseguir um trabalho e manter a casa. Ela foi forte quando teve que ser, sofremos juntas e passamos por momentos difíceis, minha irmã foi uma guerreira, deixou seus sonhos de lado para cuidar de mim. Seu sonho era se tornar uma advogada. Deixou muitas vezes de lado os amigos para ficar em casa de olho em mim, eu era uma adolescente de 14 anos que assim como ela havia perdido os pais, já era difícil ser adolescente e as coisas pioraram bastante naquela época com a perda dos nossos pais, não facilitei as coisas para minha irmã, começamos a nos entender melhor quando eu tinha 17 anos, sinceramente eu não teria a força que ela teve.

Nossa família sempre foi distante desde a época que os nossos avós eram vivos, meu pai nunca conheceu a verdadeira família, foi deixado em um orfanato ainda bebê e adotado por minha falecida avó Lúcia, vó Lúcia criou o meu pai com todo amor do mundo, ela era sozinha até levar o meu pai para sua vida e encontrar um novo motivo para viver. Meus avós maternos tiveram pouca convivência quando eram vivos, vó Cecilia tinha vergonha do meu pai por ele não ser rico, nem ela e meu avô apoiavam o casamento dos meus pais, por esse motivo minha mãe acabou se distanciando por não aguentar as reclamações da minha avó.

Apesar da pouca convivência com os meus avós eles sempre ligavam enquanto estavam vivos para saber como estávamos, minha falecida mãe era a única filha mulher, tenho dois tios e quatro primos, com eles quase nunca convivi, sempre foram distantes e concordavam com tudo que os meus falecidos avós falavam sobre meu pai. A última vez que os vi foi no velório dos meus pais, não nos ofereceram nenhum tipo de ajuda financeira e ainda por cima, falaram mal do meu pai no próprio velório dele, não gosto de pensar muito sobre isso. Quando minha irmã faleceu nenhum telefonema recebi de conforto, simplesmente ignoraram minhas mensagens relatando o que havia acontecido com Olivia.

Tranquei a faculdade de Odontologia após morte da minha irmã, desde então procuro provas do envolvimento dos Martinez no assassinato dela, faz 5 dias que pedi demissão do consultório médico, trabalhava como atendente. Faz alguns dias que me aprofundei mais nas investigações, por esse motivo decidi pedir demissão e me dedicar um pouco mais, tenho pegado revistas, jornais e tudo que me informe mais sobre os Martinez, eles são bem conhecidos devido à empresa de engenharia e também por polêmicas familiares. Minha amiga Lea sempre diz que estou obcecada e que posso estar enganada sobre o envolvimento dos Martinez no assassinato da minha irmã, não posso afirmar com toda certeza que eles estão envolvidos sem provas, conseguirei todas as provas necessárias seja onde for, irei até o fim para colocar o assassino ou os assassinos na cadeia! Não existem coincidências, existem fatos e provas ocultas que faço questão em prová-las! Minha irmã pode ter sido assassinada por essa família rica, talvez alguém não aprovasse a relação dela e por esse motivo resolveram por um fim na vida dela.

O homem do carro Audi preto é o meu principal suspeito, ele nunca se revelou, nunca quis me conhecer, nunca deixou minha irmã falar seu nome, sempre saiam as escondidas, os vidros do carro dele eram totalmente escuros… Que tipo de pessoa precisa se esconder da família da "Namorada"? Com certeza as que temem algo! Talvez ele mesmo chacinou ela com as próprias mãos por algum motivo que ainda não sei. Que tipo de caráter tem um cara desses? Suas intenções desde o começo eram de brincar com os sentimentos da minha irmã, se ele fosse alguém de caráter não teria se escondido tanto. O assassinato da minha irmã passou na TV aberta na época, se ele fosse alguém que não devesse nada teria vindo correndo saber como a família dela estava, teria chorado junto comigo pela morte de Olivia, mas não apareceu, nem mandou flores, isso me fez suspeitar bastante e abrir meus olhos, agora tudo que quero é saber a verdade, levar na justiça o acusado ou os acusados!

Tantos pensamentos de ódio e vingança vem me consumindo dia após dia... Começo a sentir respingos de chuva, mas não me movo por alguns segundos.

— Olivia vou indo, mas eu volto irmã. — murmuro, enquanto estou em frente ao túmulo, dou alguns passos e toco a foto da minha irmã na lápide. Afasto-me do túmulo da minha irmã e a chuva engrossa, vou andando pelos túmulos até chegar ao portão de saída, moro um pouco próximo ao cemitério, meus pais estão sepultados nesse mesmo cemitério. Vou caminhando pela chuva, sinto frio, sempre venho visitar minha irmã finais de tarde, poucas foram às vezes que venho em outro horário, visito ela e os meus pais.

— Aqui estou de volta… — murmuro, respirando fundo, olhando para minha casa, essa casa me traz tantas recordações, meus pais, minha irmã, já fui muito feliz aqui, mas sempre que volto é como se voltasse para o vazio. Pego na maçaneta e abro a porta, vou entrando devagar.

— Oi, Lea, cheguei — anunciei minha chegada para Lea, ela mudou-se para minha casa depois do assassinato de Olivia. Tem sido menos pior as coisas por causa dela, antes de pedir demissão conversei muito com ela, tenho algum dinheiro guardado no banco e é o suficiente para pagar as despesas da casa por uns meses.

— Aly, vai trocar logo essa roupa, você tá toda molhada! — Lea faz cara de brava.

— Já vou indo... — sorri para ela, indo em seguida pro meu quarto.

Tiro minhas roupas molhadas e as jogo no cesto de roupas sujas. Caminho até o banheiro, pegando minha toalha de banho. Não sei porque levei sermão por causa de uma chuvinha, começo a secar os cabelos, não quero que a senhorita chatinha veja que não fiz o que mandou. 

— Precisa de ajuda? — minha amiga não confia mesmo em mim tanto assim, a vejo aproximando-se do quarto.

— Não precisa Lea, obrigada. — terminei de secar os meus cabelos e joguei a toalha em cima da cama. Sei que estou sendo observada por ela, por isso vou em direção ao closet, tentando fugir um pouco do seu olhar.

— Não vai tomar um banho? Aly, vai pegar uma gripe assim.  — Ela revira os olhos enquanto me fita.

— Vou tomar um banho. — respondo, segurando o riso, levanto no alto minhas roupas para depois do banho.

— Ei, toma sua toalha! — Ela se aproxima de mim me entregando uma toalha, sorrio para Lea e pego a toalha, passando pelo corredor, adentro o banheiro onde tomo o meu banho.

Saio do banheiro e respiro fundo, olho em direção a sala e me recordo da minha infância, atrás do sofá ainda tem escrito meu nome e o da Olivia, começo a sorrir ao recordar o quanto nossa mãe ficou brava porque rabisquei a parede. O quarto da minha irmã continua do mesmo jeitinho, ainda não consigo ir lá, Lea dorme comigo no meu quarto, como minha cama é de casal dormimos juntas.

— Não gosto de te ver assim Aly. — Lea diz se aproximando de mim.

— Estou bem… — Digo dando um sorriso sem mostrar os dentes.

— Toma, eu estou aqui você sabe né? Você pode contar comigo sempre! — Lea me entrega uma xícara com chá,

— Obrigada Lea, vamos ver um filme?

— Vamos! Mas põe de comédia… — Ela diz já agarrando o meu braço.

Lea é muito medrosa, odeia filmes de terror, ultimamente vejo mais filmes policiais porque me ajudam a ter uma ideia de como investigar os Martinez. Algumas vezes vou até a empresa deles só para observar de longe, não pensem que estou obcecada, juro que não estou! Apenas quero saber a verdade por trás do assassinato da Olivia.

— Tudo bem, vamos ver um filme de comédia! — Ela sorri e vamos caminhando até a sala.

Sentamos no sofá e eu ligo a TV, procuramos um filme de comédia e logo começamos assistir, Lea parece bem empolgada seus olhos brilham olhando para TV.

Ela na maioria das vezes parece tão ingênua, conheci Lea Stewart no colegial, estudávamos na mesma escola, ela sempre ficava sozinha no intervalo das aulas, eu também ficava, então um dia tomei coragem e fui falar com ela, desde então não nos separamos mais, ela é 2 anos mais nova que eu, ela é um pouco tímida e, ao mesmo tempo, bem fofa e sempre quer cuidar de todo mundo.

Gustavo o ex da Lea terminou com ela faz uns 4 meses, ela não me conta como se sente, nunca desabou na minha frente, mas algumas vezes peguei ela chorando enquanto pensava que eu estava dormindo, não sei o motivo do qual os dois terminaram, eles pareciam um casal perfeito, mas tudo nessa vida tem suas falhas disso eu entendo bem. 

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