Capítulo 7
Capítulo 7
Camily quer casar.
Odin leva a namorada para casa, no caminho olha para ela com carinho e com um sorriso de lado pergunta:
— Podemos descer e fazer amor na cachoeira. O que você acha?
— Me desculpe, hoje não estou com cabeça. O dia foi muito puxado.
— Está bem, vamos para casa descansar um pouco — diz e a beija na testa com carinho.
Na varanda o casal está balançando na rede, Camily torce os dedos uns nos outros e pergunta o que a está incomodando tanto.
— Odin...
— Pode falar — diz puxando ela para um abraço.
— Eu... Eu estive pensando... Todos os humanos que moram aqui tomam a vacina e até hoje eu não tomei...
— Não precisa se preocupar com isso, sou mestiço, meus poderes de fogo não podem te machucar, sei contê-lo.
— Não é isso.
— Então me diga o que é.
— Estamos namorando há mais de seis meses, eu envelheço a cada dia e você continuará jovem. Gostaria de continuar jovem e levar nosso relacionamento adiante.
Odin engole seco, fica mudo por um instante, não quer magoar Camily, mas também não se sente pronto para casar.
— Camily, eu preciso pensar um pouco.
— Pensar? Mas, nós nos amamos, não entendo.
— Eu sinto muito, mas preciso desse tempo.
Camily pisca algumas vezes, está muito nervosa com a resposta dele.
— Está bem, enquanto você pensa eu acho melhor eu ir. Assim que você tiver a resposta, me procure.
— Calma, não precisa ficar assim.
— Você deve estar apenas brincando comigo... — diz Camily ao se levantar da rede. — O que deu em você? Não parece o mesmo.
Ele também levanta da rede ficando do lado dela.
— Eu não sei, não foi só a minha aparência que mudou, tem algo dentro de mim que é estranho, diferente, me sinto como se tivesse vivido dez mil anos ou mais. Tem uma calma dentro de mim que não sei definir.
Camily franze a testa ao escutar tudo o que ele diz e tenta ajudá-lo.
— Eu vou indo para o laboratório, passa lá amanhã se estiver se sentindo melhor. Faremos alguns exames para saber se essa aparência é reversível.
— Está bem, posso te levar, pois fica muito longe para ir a pé.
— Eu aceito, obrigada.
Odin leva sua humana para a Estação Científica de Mercuryon. Deixa ela lá, se despedem, mas não se abraçam e nem se beijam.
Com uma sensação de culpa Odin volta pra casa, o jeito é conversar com o pai, não sabe que atitude tomar com relação a seu relacionamento, sente que tudo o que viveram em meses desmoronou em segundos.
O extraterrestre grandão coloca Bia no chão do castelo, o corpo dela fica todo arrepiado ao sentir a rajada de ar das janelas, bem que a Camily disse, esses homens são quentes, um calor gostoso que passa pelo corpo e faz tudo ficar aceso.
“Que loucura, comporte-se, Beatriz!” — reclama de si mesma em pensamento.
— Querido, Bia não tomou a vacina — diz a rainha Akyria.
— Podemos ver isso mais pra frente — diz Enrico.
— Não, meu rei. Caso ela se interesse por alguém e fiquem juntos será perigoso para ela — insiste Akyria.
— Está bem, amanhã ela poderá tomar a vacina.
Satisfeita com a resposta, Akyria fica calada e olha para a humana. Bia olha para todos os detalhes do castelo segurando os óculos com o dedo indicador, pois não quer perder um detalhe que seja.
Um dos empregados se aproxima, Enrico explica tudo o que precisa que faça para deixar sua hóspede satisfeita.
Sem querer ser indelicada, mas também sem conseguir se conter, Bia repara no rei, olha para ele dos pés a cabeça, demorando mais nas pernas e no peitoral, a roupa de couro branco o deixa inacreditavelmente lindo, em seguida olha para a rainha que veste o mesmo tipo de roupa, mas no caso dela a roupa é preta.
Presta mais atenção na beleza da rainha, pernas torneadas e grossas, quadril largo, um lindo traseiro e seios bem volumosos.
Engole seco, olha para baixo e uma lágrima se forma em seus olhos, sempre quis ser mais bonita, nada do que fez a deixou mais bela, é a mesma Bia de sempre.
Como nunca teve resultado com seus esforços, resolveu dar um basta e se aceitar como é, foi difícil, uma vez ou outra ainda fica triste, como por exemplo: agora.
— Bia da Terra, bem-vinda ao seu novo lar — diz Enrico a vendo se endireitar e empurrar os óculos.
— Obrigada, Senhor.
— Acompanhe Elize até os seus aposentos, nos vemos no jantar. Mais tarde, Akyria irá até seu quarto para a ajudar com suas vestes.
Com os olhos arregalados, Bia lembrou que se mudou para outro planeta apenas com a roupa do corpo.
Ela agradece e segue a empregada até o quarto, a mesma avisa que seu banho será preparado.
— Não tenho roupas — diz para Elize.
— Trarei um roupão para a Senhorita, até a rainha trazer suas vestes.
Ela concorda com a cabeça e agradece com um sorriso nos lábios. Momentos mais tarde uma banheira que parece ser muito antiga e de ouro é colocada no meio do imenso aposento, depois de cheia as empregadas se retiram e Bia fica no meio do aposento olhando para a água fumegante.
Ao seu lado tem um imenso espelho, olha para ele e começa a se despir, presta atenção em cada detalhe do próprio corpo, os seios miúdos, o quadril estreito... Ela suspira triste e fecha os olhos, ao abri-los novamente não se olha mais no espelho, vai direto para a banheira.
Entra, sente o calor da água aquecer os ossos, fecha os olhos, um leve sorriso forma em seus lábios.
Na sala do Trono, Enrico fica com os olhos brancos, pisca algumas vezes até voltar ao normal, franze a testa sem entender.
— Algum problema, meu rei? — perguntou um dos guardas ao entrar na sala.
— Eu ainda não sei, tem algo de errado comigo. São os meus poderes, parece que não consigo controlá-los.
— Deve estar exausto, Senhor.
— Pode ser. Diga-me, o que o trás aqui?
— O príncipe do planeta Zitiz está aqui e deseja falar com a vossa graça.
Enrico ergue a sobrancelha, Zitilianos sempre foram seus inimigos.
— Ele veio armado e com o exército?
— Não, Senhor. Está com cinco soldados apenas.
— Que estranho, sempre fomos inimigos. Peça-o para entrar.
O soldado fez uma reverência e saiu, logo em seguida voltou com seu inimigo. O coração de Enrico acelera, de uma forma que nunca sentiu antes, como se estivesse se sentindo mal, sua vista embaça, fecha e abre os olhos várias vezes antes de dizer:
— A que devo sua visita, príncipe de Zitiz?
O príncipe se aproxima sozinho e abaixa levemente a cabeça com a mão no peito. Enrico estranha a formalidade e franze a testa.
— Vim em paz, rei de Mercuryon. Pode me chamar de Ares.
Enrico pede para ele se sentar e uma bebida refrescante para todos, senta e pede para o mesmo continuar.
— Como disse, vim em paz. Meu pai está morrendo, provavelmente está em seus últimos momentos de vida. O último desejo do meu pai é me ver casado e governando em seu lugar.
— Entendo. E o que isso tem haver com Mercuryon?
— Preciso contrair matrimônio, todas as mulheres de meu planeta são casadas, algumas tem mais de um marido, mas infelizmente tem muitos anos que não nasce uma mulher, não sabemos o que aconteceu para isso acontecer.
— Você quer dizer que gostaria de se casar com uma Mercuryana?
— Sim, para ser mais franco, gostaria de juntar as espécies. Somos fisicamente muito parecidos, creio que se juntarmos nossas espécies poderemos juntar os reinos de uma forma agradável.
— Juntar os reinos? Você quer dizer...?
— Que gostaria de me casar com sua filha, sei que o rei teve gêmeos a 120 anos, e que um deles é uma fêmea Glacial.
Enrico suspira antes de responder:
— Aceitarei o casamento com uma condição.
— E qual seria? Estou disposto a cooperar.
— Se casará com minha filha se ela assim o quiser.
O príncipe fica calado olhando para Enrico e franze a testa.
— Entendo... E as demais mulheres?
— Referente a esse assunto, eu sinto, mas não posso liberar nenhuma fêmea, pois infelizmente estamos com o mesmo problema. Devo lhe dizer que não está tão grave como no planeta de vocês, mas não podemos perder nenhuma. Poderia tentar arrumar as outras mulheres em Plupton ou até na Terra.
— Vou tentar em Plupton, os humanos são muito fracos.
Enrico sorri do comentário, pois o fez lembrar das vezes em que sua irmã Edna menosprezou os humanos até conhecer seu cunhado: Jack Sullivan.
— Talvez as humanas sejam mais fortes do que pensa.
O príncipe sorri pela primeira vez desde que chegou.
— Elas são muito delicadas, sabe que nossas mulheres são mais brutas.
— Isso é verdade, mas me diga. Não te interesse uma que seja delicada?
O príncipe não entende o jogo de palavras do Rei de Mercuryon, mas por outro lado o deixou curioso.
— O Senhor gosta de humanas?
— Gosto de todas as espécies sem distinção. A minha esposa é mestiça.
— O que? — diz o príncipe pasmem. — Eu não sabia.
— A humana do major Taylon Celestion é a mãe da minha rainha. Minha filha não vem de uma linha de cem por cento Glacial. Mesmo assim ainda vai pedi-la em casamento?
O príncipe se levanta dando a reunião por encerrada e responde:
— Eu vou pensar.
— Fique à vontade. Caso queira, pode ficar no castelo e jantar conosco.
— Sua filha estará…?
— Não, ela está viajando numa missão, voltará em alguns dias. Mesmo assim, pode ficar e conhecer nossa cultura e nossos costumes.
— Me sinto honrado pelo convite e tentado a aceitar — diz o príncipe Ares.
— Então, não se fala mais nisso — diz Enrico e chama Elize para levar o príncipe para o seu aposento.
Continua…