Capítulo 03

Nicolas

- Quer dar uma volta? – Ela nega e parece que está criando coragem para falar alguma coisa. – Então vem aqui. – Seguro em sua mão a guiando até o balcão na cozinha e seguro em sua cintura a levantando até se sentar em cima dele, vou até a geladeira pegando mais um copo de suco para ela porque sei que o outro ela deve ter tomado em um só gole.

Amanda – Obrigado. – Sorrio colocando minhas mãos ao lado do seu corpo me apoiando na pedra do balcão e encaro-a bebendo metade do líquido que estava ali. – Quanto tempo sabe? – Fico confuso entre as possibilidades e para não dizer nada comprometedor decido confirmar.

- Que sente algo pelo meu tio Collin? – Ela assente olhando para o chão. – Desde que você completou dezesseis anos e começou a olhar diferente para ele, depois tive certeza que seu olhar de carinho mudou para algo a mais e agora é um de esperança que ele toma alguma atitude para seu coração, mesmo sendo para quebrar seu coração em milhões de pedacinhos ou fazê-lo bater mais rápido de alegria. – Digo a última parte com ironia por ser demais até para mim e ela sorri amarga.

Amanda – Ele nem sequer me olha e eu como boba estou esperando ele tomar uma atitude sem sentir algo por mim. – Suspiro, não posso contar a ela tudo que eu sei, mas eu posso me informar um pouco mais.

- Então por que começou a namorar outra pessoa? – Ela começa a sorri com vontade.

Amanda – Sinceramente eu achei que fosse mais esperto Nicolas, confesso que estou decepcionada. – Minha cara deve ter indo lá no chão enquanto ela ria. – Você por acaso sabe quem é esse “namorado”? Já me viu com ele? Eu já o apresentei aos meus pais? Aos meus tios? Eu nunca iria esconder ele de você SE ele realmente existisse. – Nego sorrindo. – Fiz isso para ver se ele tomava alguma atitude. – Se refere ao meu tio.

- Como se sentiu quando ele sumiu por mais de seis meses? – Ela suspira e seu sorriso some, ela nega e eu prefiro não insistir.

Amanda – É tudo tão estanho já que ele é irmão da tia. – Nego.

- Você sabe que se não fosse pelo tio Henry não seriamos primos já que tia Angel não é irmã da minha mãe e se a deusa escolheu assim deve ser por algum motivo, lembre-se que ele é filho dela e ela não escolheria qualquer uma. – Ela funga.

Amanda – Queria saber essa razão quem sabe assim não aliviasse essa dor que eu sinto em meu coração toda vez que ele me ignora. – Ainda bem que ela não notou que eu sei que os dois são companheiros, beijo o topo da sua cabeça e sorrio encarando seus olhos claros, mas quando olho por cima do seu ombro vejo tio Collin ali estático olhando para nós dois com muito cuidado e me escoro minha cintura no balcão sustentando o peso do meu corpo em uma perna ficando entre as pernas dela, Amanda acompanha meu olhar permanecendo com a face neutra mesmo seu rosto estando vermelho pelo choro.

Tio Collin – Desculpem, só vim pegar algo que Andréia pediu. – Vejo-a estremecer voltando seu olhar para mim e seus pelos se arrepiam.

Amanda – Não tem problema, nós já acabamos aqui. – Diz sem olhar para ele e segura em meus ombros na intenção de descer do balcão, pego em sua cintura a levantando para em seguida a depositar no chão. – Obrigado por tudo Nic. – Sorri beijando minha bochecha.

- De nada priminha. – Brinco com ela apertando suas bochechas e ela me bate seguindo para a porta saindo da cozinha, ele se aproxima pegando uma água gelada no filtro com um prato cheio de chocolate e um pedaço enorme de bolo, enquanto fazia tudo isso ele nada disse e então peguei um suco de caixinha que estava na geladeira colocando na bandeja, ele me olha com as sobrancelhas arqueadas. – Ela vai gostar. – Quebro o silêncio e ele suspira pondo as mãos no balcão.

Tio Collin – Ela estava chorando. – Me escoro ao seu lado.

- Parece que meu sangue chama por problemas dos outros. – Suspiro pesado. – É a primeira vez que ela falou com você desde que chegou há alguns dias atrás e eu não sei dizer que suas palavras foram as melhores, tanto as suas quanto as dela. – Ele sorri.

Tio Collin – Já tive que aguentar sua mãe por quase quatro horas sem parar ontem porque eu havia sumido, mas você é meu sobrinho e eu posso te mandar calar a boca. – Levanto as mãos em sinal de rendição. – Quando achar sua companheira vai saber, claro que espero que você não tenha que esperar anos por ela a vendo crescer estando ao lado e não podendo abraça-la, achando tudo aquilo muito louco e muito errado. – Suspira.

- Confessa que só está com medo do tio Henry. -Ele começa a rir.

Tio Collin – Eu tenho medo da minha mãe e da minha irmã quando estão com raiva, pelo Henry eu nem me arrepio. – Assinto rindo junto com ele.

- Algo que eu tenho medo é do seu pai e meu avô, já que ele é calmo e sereno com raiva ele deve tacar fogo em tudo. – Me olha confuso.

Tio Collin – E seu outro avô? – Olho como se fosse óbvio.

- Os dois me dão medo. – Ele bate em meu ombro.

Tio Collin – Sei como é. – Ele para me olhando rapidamente. – Você chegou a pensar na possibilidade de ser o Supremo no lugar da sua irmã? – Nego.

- Fui criado a minha vida toda tendo em mente que seria seu beta. – Ele sorri.

Tio Collin – Se eu fosse você começaria a pensar seriamente no assunto ainda mais agora que sua avó gosta de pregar peças em toda a família. – Suspiro cruzando os braços na frente do corpo. – Começou comigo e a Amanda. – Reviro os olhos.

- Se nossa avó fizer isso, Nicole terá a pior reação dela e suponho que minha mãe ficaria desesperada. – Ele assente.

Tio Collin – Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros, meu sobrinho eu vejo em você um líder igualzinho a sua avó e em Nicole uma pessoa doce, mas sei o conhecimento que tanto tentei colocar em seu caráter de que ela não é maior do que ninguém, o mundo não gira para ela. – Ele sempre deixou claro seu descontentamento com a educação da Nicole, mas ele só expressou isso em palavras agora.

Mãe – Nicole foi ensinada a governar e liderar Collin, a educação dela foi perfeita, pega o exemplo de Nicolas. – Ela aparece do nada atrás de nós e os dois ficam se encarando até ele aperta tanto a pedra do balcão que se parte em pedaços e seus olhos estão em um vermelho sangue, mamãe afasta alguns passos vendo que ele está muito nervoso de repente com algumas palavras e se controlando para não falar nada.