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Capítulo 8

Capítulo 8

Sara Espinosa

Ouço o som do despertador tocando ao longe, como se estivesse tocando no fundo do meu cérebro, e que vai aumentando pouco a pouco o volume até me acordar por completo. Então eu me assusto de repente. A luz do sol, clara e forte invade pelas grandes janelas duplas do quarto que estão escancaradas ao máximo, do lado direito da cama, e chega até o meu rosto de modo que simplesmente não consigo ignorar a luminosidade que irrita um pouco minha visão embaçada de sono. Já amanheceu, é dia e talvez até algumas horas mais tarde, do que eu deveria me prolongar da mesma forma pela manhã.

Dessa forma percebo que está na hora de me levantar, lavar o meu rosto e fazer a higiene matinal para enfim despertar da longa noite de sono que tive. Ah, e como eu dormi feito uma pedra, isso é um fato inegável! Contudo, apesar de considerar que tive um bom descanso durante a madrugada, ainda assim, me sinto bastante sonolenta e um tanto cansada, como se meu corpo estivesse pesando uma tonelada pois estou sem ânimo algum para conseguir ao menos me levantar da cama, e zero de vontade ou disposição para realizar qualquer atividade que seja necessária que eu faça pelas próximas horas.

Meu único desejo neste instante, enquanto giro minhas pernas para o lado de fora da cama para me levantar, é de continuar deitada e dormir por pelo menos mais algumas horinhas. Entretanto, sei que como isso não é possível, que muito provavelmente eu terei diversas obrigações para cumprir pela frente, uma vez que não sou uma simples hospede que está nessa casa para curtir um breve período de férias, mas sim alguém que precisa trabalhar para compensar meus gastos e eventuais despesas que causar ao meu sogro, eu sei que não posso permanecer da mesma maneira. Tenho que deixar de ser preguiçosa e colocar as mãos na massa.

Então, eu me sento vagarosamente sobre a cama e empurro para longe de mim as cobertas que me cobrem, para logo em seguida me colocar de pé, pronta para seguir até banheiro, que eu ao menos tenho a mínima noção de onde fica nessa casa enorme e de aparência chique, para me preparar pelo dia trabalhoso que terei pela frente. Que Deus me ajude nessa missão árdua que enfrentarei neste lugar totalmente desconhecido para mim, ainda mais estando sozinha e sem algum conhecido por perto para me orientar como as coisas devem funcionar por aqui.

E por falar nisso, para começar a me adaptar as coisas eu deveria saber algumas informações básicas e essenciais, certo? Mas... Pelos céus, onde em que eu estou? É o que me pergunto mentalmente, dando um passo após outro cheio de cautela e cuidado para não fazer nenhum tipo de barulho que incomode as pessoas daqui, principalmente o dono da mansão, enquanto sigo em direção a uma porta branca e alta contendo uma maçaneta dourada. Bem, atrás daquela porta que está a uns metros de onde estou, deve ser o que suponho o banheiro, bem típico de uma suíte residencial de alto nível, assim como o alto padrão do imóvel exige, não é mesmo?

Que raios, eu devo estar parecendo uma garota muito burra e tonta por sequer ter pensado na ideia de ter perguntado coisas bobas, mas que são informações importantes como esta por exemplo, a meu sogro na noite de ontem quando chegamos. Agora estou aqui assim, perdida e morrendo de medo de estar indo pelo caminho errado, ou mexendo em coisas que não deveria e que não me são permitidas.

-Você não tem outra opção, Sara. Apenas faça e seja o que deus quiser.

Eu sussurro em tom de voz bem baixinho e finalmente ergo a mão, depositando-a com os dedos tremendo sobre a maçaneta dourada, e então giro o objeto no sentido anti-horário com um único movimento rápido. A porta se abre imediatamente, porém eu quase caio desmaiada de bunda no chão, feito uma jaca madura, tamanho o susto que levo na hora, devido ao fato que não é a minha ação de girar a maçaneta que faz abrir a porta, mas sim, devido a pessoa que aparece do outro lado dela puxando a porta para o interior do recinto para abri-la.

É questão de poucos segundos entre o misto de confusão, surpresa e distração que me pegam de súbito e me levam a perder o equilíbrio, embaraçar minhas pernas uma na outra, e pender para a frente feito uma pessoa sem a menor condição mínima de coordenação motora. Um gritinho fino e quase impossível de se escutar escapa da minha boca ao mesmo tempo em que eu, sem pensar na besteira que estou fazendo apenas lanço meus braços para frente no ímpeto de me segurar em qualquer coisa para não cair, mas acabo fazendo algo totalmente ridículo e impensável, eu agarro a primeira coisa que está a minha frente, a cintura da última pessoa que espera encontrar nesse momento: meu sogro. Mas que droga! Eu arregalo os olhos já entrando em pânico quando vejo que minhas mãos estão espalmadas em suas costas rijas, nuas e molhadas, porque ele acaba de sair do banho.

Cada célula do meu corpo se congela neste exato instante e eu não sei como reagir diante disso. Eu não tenho ação, simplesmente petrifico ao notar seu olhar sério e contido, sem expressar nenhum tipo de emoção ou reação ali, colidindo com meu rosto que neste segundo se encontra mais quente do que uma fogueira em brasas ardentes.

-Me... me... me desculpe, senhor Espinosa. Eu não... não queria ter feito isso. Eu juro que só estava procurando onde ficava o banheiro e...

Eu mal consigo controlar minha língua que me faz gaguejar repetidamente as mesmas palavras, me atrapalhando a dar uma explicação a Donatello sobre qual era realmente a minha intenção, contudo, estou tão nervosa e desnorteada diante desse homem, que me atrapalho toda entre ter que formular uma frase coerente e me afastar dele, que não percebo o momento quando retiro minha mão esquerda de suas costas, ela acaba esbarrando na toalha que está rodeando sua cintura fazendo com que ela caia no chão.

-Meu deus, não... não... não!

Pânico e desespero imediatamente inundam meu peito e eu sinto que acabo de pular com as próprias pernas no poço mais fundo de toda a minha vida. O que foi que eu fiz? A pergunta me acerta como um tapa na cara quando dois pares de olhos, os meus e os verdes de Donatello acompanham quase em câmera lenta o movimento do tecido branco e felpudo indo parar nos pés dele. Oh, não, não, não! E o pior. Não há nada em baixo... o senhor Espinosa está exatamente como veio ao mundo, completamente nu.

Pelos céus, eu acabo de despir o meu sogro bem na minha frente! Mas que grande gafe! Se antes já estava lascada com ele, depois dessa terrível falha e desaforo, a qual tenho certeza que ele jamais me perdoará, eu estou totalmente destruída, arruína e acabada para sempre. Esse é o meu fim! É o que penso morrendo de medo ao mesmo tempo em que uso as duas mãos para cobrir meus olhos da visão escandalosa e imoral que disposta diante de mim. Meu deus, eu não devia ter feito isso com um homem como ele, como sou idiota.

-Por favor me... me perdoe, senhor Espinosa. Eu não... eu não sei o que dizer diante disso. Estou muito envergonhada pelo que fiz. Se o senhor puder me perdoar... eu farei qualquer coisa para tentar compensar o meu erro. O senhor...

-É mesmo, passione? Está certa disso?

Ouço sua risada rouca rebater minha frase, talvez ele esteja rindo de pura raiva, eu não sei ao certo, pois ainda permaneço com os olhos cobertos pelas minhas mãos, entretanto, eu logo me apresso em respondê-lo balançando a cabeça positivamente.

-É claro, senhor.

-Então por que não começa reparando o que fez agora mesmo?

-Como?

-Foi você quem derrubou minha toalha, então é você quem deve colocá-la de volta no mesmo lugar, não acha? É sua responsabilidade arrumar as coisas que bagunça ou deixa fora do lugar, não concorda comigo?

-Sim... sim, o senhor está certo. Eu irei fazer isso.

Espinosa questiona ao que concordo com o que ele diz, sabendo que o que ele diz é inteiramente verdade. Se eu erro, devo ser a única pessoa a corrigir o que fiz de errado.

-Mas é claro que estou. E então, pretende demorar mais quanto tempo para fazer isso, Sara? Não podemos ficar nesse banheiro o dia todo.

E mais uma vez percebo como estou agindo de forma boa e tola diante dele, e com isso lhe torrando o restinho de paciência que está tendo comigo. Meu deus, e olha que esse é o primeiro dia de muitos que ainda virão pela frente, é o que penso comigo mesma, mas já me prontificando consertar o mal-entendido que cometi.

-Como pretende achar qualquer coisa se não enxerga um palmo diante do próprio nariz, Sara?

A pergunta de Donatello atinge meus ouvidos de surpresa quando ele se inclina para murmurar ao pé da minha orelha, no instante em que estou tateando o ar com as mãos, de olhos fechados, feito uma barata tonta, a procura do objeto perdido.

-Deveria estar com a visão aberta para encontrar a toalha, não acha? Mas, já que acredita que dessa maneira também pode funcionar, acho que preciso te dar uma mãozinha.

Donatello diz, e antes que eu entenda o que está acontecendo de fato, na mesma hora suas mãos capturam meus pulsos, trazendo-me para frente, e em seguida, ele coloca minhas mãos sobre uma superfície altamente quente, pulsante e dura. Espera aí, isso são músculos? Donatello acaba de colocar minhas mãos sobre seu peitoral nu! Pelos céus! Sinto meu rosto esquentar em duzentos graus, quase aponto de me fazer explodir de tensão.

-Você precisa procurar pela minha toalha, então eu vou te ajudar a chegar até ela através do tato, já que se recusa a usar a visão.

Ele diz baixo e sério, ao mesmo tempo em pressiona suas mãos sobre as minhas, espalmando-as sobre sua carne, fazendo com que meus dedos deslizem sobre sua pele fervente e escorregadia da água do banho. A partir do seu peitoral, ele me faz caminhar por todo o trajeto de seu abdômen definido, cheio de gominhos, e seguir pelo percurso mais abaixo, sem parar ou hesitar por um segundo sequer, e sem que eu me dê conta do que de repente ocorre, eu simplesmente sinto meus dedos tocando a sua bunda.

MAS O QUE?!

Meu coração acelera tanto, como se estivesse em uma corrida de cavalos, que por pouco acho que ele poderia sair pela minha garganta e pular para fora da minha boca, de tão surpresa e em choque que fico com a ação. Mas meu sogro não para por aí. Ele continua de forma mais ousada e me faz prosseguir com o toque ousado por toda a extensão de sua bunda, força seus dedos sobre os meus de modo que eu acabo apertando um pouco mais e massageando levemente seus glúteos com movimentos de vai e vem durante alguns segundos, mas que parecem uma eternidade.

Um suspiro abafado escapa dos meus lábios sem que eu note, devido ao ritmo frenético e ofegante da minha respiração, então eu sequer me atrevo a abrir os olhos neste momento. Não tenho um pingo de coragem dentro de mim para isso. O que raios esse homem está fazendo comigo? É o que penso abalada, tensa e um tanto curiosa, enquanto sinto um intenso mar de sentimentos, emoções e sensações bastante estranhas, as quais eu nunca havia sentido antes, esmagando parte do meu peito e apertando minha garganta.

Em toda a minha vida eu jamais tive a oportunidade de tocar um homem dessa maneira... de forma tão íntima com as minhas próprias mãos ao vivo e a cores. Nem mesmo Kael e eu quando éramos casados chegamos a um nível tão alto como esse no passado. A gente sequer viu um ao outro sem roupas, muito menos nos tocamos assim antes, pois não nos sentíamos a vontade para fazer isso, e porque também, acho que ele nunca me enxergou como uma mulher de verdade, muito menos sentia algum tipo de atração física por mim, se me comparasse com as demais belezas com as quais ele estava acostumado a estar cercado no dia a dia. Kael e eu éramos somente amigos, e acredito que talvez um dia, se nós chegássemos a nos envolver além disso, seria em nome da amizade e carinho que tínhamos um pelo outro, ou seja, ele faria isso apenas para me dar aquilo que sempre desejei durante toda minha vida e nunca tive: uma família completa.

Mas agora... eu já nem sei mais como reagir, enquanto Donatello obriga meus dedos trêmulos e vacilantes a percorrerem pelo interior de suas coxas firmes e grossas feito dois enormes troncos de árvores. Algo incomum que eu não tenho como colocar em palavras, acontece quando meu toque segue por essa região de seu corpo, eu simplesmente... eu simplesmente noto que além de um calor inusitado e intenso se espalha por todos os meus membros, também percebo que pela primeira vez minha calcinha começa a ficar molhada em determinado ponto, e nem é por causa do suor, mesmo que faça um calor absurdo neste momento ainda assim não razão ou explicação para o que está acontecendo comigo. Eu não tenho a menor ideia do que é, mas tenho certeza de que nunca experimentei algo assim antes, não que eu me lembre. E preciso confessar para mim mesma, apenas mentalmente, é claro: isso é... é tão bom e me faz querer um pouco mais. Me faz querer descobrir o que é isso e continuar com a experiência até sabe aonde vai.

Minha mente parece se perder em algum momento durante a minha divagação sobre o que estou sentindo e experimentando nesses poucos minutos de insanidade, que só vejo que atingi o objetivo que tinha inicialmente, e que alcancei a toalha de Donatello que havia caído no chão, depois de já ter passado pela altura das panturrilhas e dos calcanhares dele, sem ao menos ter prestado a devida atenção quando fiz isso.

E então finalmente toco o tecido de algodão que está ali bem a frente de seus pés, primeiramente com a mão esquerda e depois com a outra e na mesma hora eu a pego. Um tanto hesitante, começo a refazer todo o caminho de volta para cima, percorrendo as laterais do corpo do meu sogro até enfim chegar na altura de seus quadris, onde paro, espero que ele a pegue para colocá-la sobre si e então cubras as partes proibidas as quais eu não deveria ver ou ter acesso.

-Agora a amarre em mim.

-Tu-tudo bem.

E eu tento fazer como ele manda, com as mãos nada firmes passo os braços ao redor de seu tronco enorme e circulo seu corpo com a toalha de algodão e em seguida a fecho na frente de seu corpo dando um nó na ponta para que não se solte outra vez e piore a situação num mesmo dia.

-Boa garota! Essa é a minha menina esperta e obediente.

Donatello diz com um tom de voz cheio de satisfação e orgulho por eu ter completado a tarefa que me foi designada por ele, e no instante em finalmente consigo abrir os olhos novamente, meu sogro faz algo que me pega totalmente de surpresa: ele cola seus lábios nos meus de repente, sem nenhum aviso prévio ou indicação de que faria uma coisa como essa. Não é um ato demorado, dura cerca de poucos segundos, mas que me deixa com as pernas bambas e a mente em completo estado de desorientação.

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