Exilado
DOM FILIPE DE ARAGÃO
Quando entro na sala do trono após aguardar por quase dois dias no quarto, encontro o rei sentado em seu trono ao lado do seu filho, o príncipe Arthur, o conde Thomas está em pé ao lado do príncipe, também está presente os principais conselheiros do rei, guardas reais em uma imensa quantidade, essa é uma reunião de emergência, faço uma reverência real diante das duas poderosas figuras reais.
- Alteza, se me permite falar, eu fui vitima de uma armação!
O rei me olha de um jeito que nunca me olhou antes, o olhar do soberano é duro, forte, impiedoso, mas eu continuo a falar:
- eu fui dopado, não sei como a princesa foi parar em meu quarto, provável que também tenha sido dopada!
Falo e olho para Thomas, eu sei que foi ele.
- eu tenho minhas suspeitas!
Falo olhando para Thomas deixando claro quem eu acredito que seja.
- CHEGA DUQUE!
O príncipe brada me cortando.
- vai culpar meu primo, o Duque Thomas por um erro que foi seu?
- Duque?
Pergunto perplexo.
- ele foi nomeado a pouco, ainda terá a cerimonia que tornará isso oficial, o que você fez Filipe é imperdoável e fere minha hora e a Espanha, eu estou tirando tudo de você, casa, bens, terras, joias, absolutamente tudo de você, não posso tirar seu titulo porque você tem sangue azul, é um titulo herdado por seu pai, está em sua linhagem, mas você não passa de um Duque fracassado, um duque falido, te dei minha amizade sincera e a mão da minha irmã, você me pagou com traição! Minha irmã se casara com alguém digno!
Ao falar isso o príncipe olhar para Thomas que sorrir satisfeito, então o rei decreta:
- pelo poder a mim concedido eu o exilo da Espanha!
- exilado?
É como se eu tivesse sido ferido de morte, eu não poderia deixar a Espanha, eu tenho familia aqui, tenho honra! Como se soubesse o que eu estava pensando Arthur fala:
- as mandem entrar!
Minhas mãe entra acompanhada de Fabrícia e Francisca, minhas irmãzinhas, elas estão escoltadas por soldados reais armados.
- você e toda sua familia estão sendo exilados da Espanha, sem hora, sem nada! Agradeçam por não fazer coisa pior, um Navio o está aguardando do porto, o Duque Thomas vai escoltá-los até a França e lá vai pegar outro navio até seu destino final.
- Meu filho não fez nada disso, eu sei o filho que eu tenho!
Minha mãe grita com altivez mas ninguém a escuta, somos escorraçados sem glória como uma familia de cachorros de rua da terra onde nascei, da terra que tanto amo, passamos propositalmente a mando do rei pela multidão onde eu era admirado e reverenciado, agora só recebo olhar de pena e irá, sem direito a levar nada do que me pertence, do que foi meu e é meu, isso fere profundamente meu orgulho, eu valia menos que o pior homem, presente nessa multidão, eu era um duque desonrado.
Embarco com minha mãe e irmãs no navio, minhas irmãs chora, Fabrícia de treze anos ja entende tudo que se passa, a Francisca chora por toda tensão, a maior injustiça de todos os tempos, Thomas também embarca no navio, a mando do rei, ele vai nos acompanhar até França.
Minha mãe e minhas irmãs então em um quarto no navio, a expressão de mamãe é de inconformada, revolta está em seu olhar.
- foi ele aquele invejoso do Thomas! Se seu pai estivesse vivo ele morreria de desgosto!
Minha mãe fala e eu saio do quarto, sem suportar ver todo seu desgosto, quando a noite cai estamos se aproximando da França, certamente chegaremos ao amanhecer, é quando vejo Thomas na lateral do navio, ele está descendo um dos barcos de resgate com a ajuda de alguns homens que rodam a corda descendo o barco aos poucos, me aproximo e o questiono:
- não irá até a França?
Questiono, pois lembro da ordem dada pelo rei!
- não!
Tomado pelo ódio eu o confronto.
- foi você! Eu sei, você armou essa cilada para mim, sempre teve inveja de tudo que eu possuo!
- possuía!
Ele me corrigi e eu quero mata-lo, para minha supressa ele assume tranquilamente:
- sim fui eu, o dopei e também dopei a princesa, armei para que os flagrassem na cama, você nasceu em berço de ouro, tem beleza, prestigio e poder, poderia casar com qualquer outra princesa, mas teve que se meter no meu caminho e casar com a Marla, a princesa é minha única chance de se torna príncipe!
- porque isso é tão importante para você? é apenas titulo!
- não seja medíocre! Você sabe muito bem o poder de um titulo de príncipe! Eu quero ser príncipe quem sabe rei!
- você pode até ter ganhado o titulo de duque, você pode até a chegar a ser um príncipe ou rei, mas nunca será um verdadeiramente, não tem sangue azul, é inferior, nunca teve classe nem elegância, não passa de um porco invejoso, nunca chegará aos meus pés, jamais será igual a mim!
- suas ofensas não me atingem mais!
Não resisto e defiro um soco no seu rosto que faz seu rosto tombar para trá, em seguida defiro outro e mais outro e outro, os homens que estavam descendo o barco tiveram que me segurar ou eu o mataria ali. Bufando de ódio cuspo em seu rosto ainda sendo segurado.
- seu infeliz!
Thomas grita tocando no sangue que escorre do seu rosto e eu digo:
- você ainda vai ouvir falar de mim, eu vou me vingar, não se desonra um homem e fica por isso mesmo, eu vou fazer com você cem vez pior do que você fez comigo!
- se eu fosse você conde Filipe, ficaria perto da sua familia, afinal não se sabe o que pode acontecer estando num navio desses sendo um traidor!
O que eu vejo nos olhos dele me faz gelar e eu saio em disparada, quando abro a porta do quarto onde minha mãe está com minha irmã sinto a pior dor do mundo.
- NÃOOOO!
As três estão mortas, me aproximo para confirmar o que já estou vendo, cada uma delas tem uma faca cravada na altura do coração, a quantidade de sangue no quarto é grande, eu morri naquele momento junto com elas, abraço o corpo da minha mãe e a beijo no rosto, faço o mesmo com minhas irmãs.
- para sempre minhas damas!
Sussurro despedaçados.
- minhas duquesas!
Me afasto do seu corpo e saio do quarto disposto a matar o Thomas, nada o livraria da morte por minhas mãos, quando chego onde ele estava não o encontro, então avisto seu barco já em alto mar, ainda a curta distância do navio.
Ali olhando para ele se afastando eu jurei pela alma da minha mãe que eu o mataria, eu vingaria a morte da minha familia, não importa quanto tempo passasse eu o mataria, mas antes o faria sofrer da mesma forma que ele estava me fazendo, eu o deixaria moribundo.
Escuto um estrondo alto no navio e mais outro, em seguida o navio vira uma polvorosa, o navio estava repleto de dinamites nos andares inferiores e um incêndio começou, alguns conseguiram sair nos barcos de emergência mas não caberiam todos, a chama se alastrava com uma rapidez assustadora, tentei resgatar o corpo da minha familia, afim de lhe da um enterro digno, mas era impossível passar pelo fogo, até isso o Thomas tirou de mim, eu não tinha o que fazer, nem para onde correr se não fosse para o mar, eu pulei, o abracei, mergulhei nas profundezas das águas escuras, assim como minha vida se tornaria de hoje por diante: escura e densa.