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Capítulo 6

Eu cerrei os dentes. —E mesmo que fosse? —Às vezes eu odiava que ele me lesse assim.

— Não sei, acho que você deveria dar a ele o benefício da dúvida. Ele não acabou sendo um completo perdedor como amigo, não é? -

Revirei os olhos. Agora até encontrei meu melhor amigo torcendo por ele. Que estresse!

— Não me sinto preparada para enfrentar meu primeiro relacionamento com um garoto como ele. Ele não aceitaria isso da maneira certa.

Cal bufou, exasperado. -O que você sabe? -

Hesitei, mas seus comentários sobre o relacionamento estavam girando na minha cabeça.

— Sei que não quero me comprometer nem ter que prestar contas de minhas ações a ninguém, nem me preocupar com os sentimentos dos outros. Não gosto quando alguém confia em mim sua felicidade. Talvez seja porque sou egoísta.

Não, eu não poderia correr o risco de ter meu coração partido.

“Vai ser assim”, concluí naquele momento, irritado. —Olha, eu tenho que ir para o hospital. Falo com você amanhã, acho...

— Rema, espere! —Eu ouvi alguém gritar. Eu não queria. Eu estava cansado de falar sobre a história, mas achei rude desligá-lo e fingir que não tinha ouvido. - Que? -

- Eu te amo. Você sabe que estou do seu lado, certo? - Relaxo.

Eu esperava que sim, pelo menos. Eu sorri e mandei um beijo para ele, lembrando-o de dizer olá para seu primo.

Eu menti para meu melhor amigo. Eu não estava preparado para sofrer nenhuma perda. Não daquele jeito repentino, não naquela época da minha vida em que tudo já estava uma merda. Vicente não.

Naquela tarde já sentia mudanças na pele, senti que algo terrível devia ter acontecido. Muitas das enfermeiras, ao me verem passar, olharam para mim cheias de compaixão, como se me preparassem para o que iria descobrir quando chegasse, como sempre, ao último quarto.

Cama recém-feita.

Não há flores coloridas na mesa de cabeceira.

Não há livros de capa dura com páginas amareladas empilhados na cadeira de couro.

Sibyl se aproximou de mim e murmurou algo em meu ouvido, mas não consegui entender. O cérebro se separou do resto do corpo e minha mente vagou até a manhã em que corri para o quarto dos meus pais e, abrindo o armário, encontrei uma parte ocupada por roupas masculinas cuidadosamente dobradas e penduradas em cabides e uma parte ocupada por roupas masculinas. ..sua parte, completamente vazia.

Então percebi que minha mãe realmente havia partido.

Não Vincent, gritei em minha mente.

- Quer que eu te leve para casa? — Balancei a cabeça e olhei para Sib através do véu de lágrimas que nublava meu olhar. - Não, obrigado. Estou bem -

Talvez se continuarmos repetindo isso, isso se tornará realidade.

- Está seguro? -

Eu balancei a cabeça. — Tenho que encontrar os livros dele. Aonde foram? Ele se importava tanto com eles, que não dá para colocá-los em algum lugar e esquecê-los – você diz bobagens, enxugando as lágrimas que escorriam pelo meu rosto.

A enfermeira mais velha da enfermaria colocou a mão no meu ombro. — Não se preocupe querido, os livros foram doados para a biblioteca do hospital, conforme ele pediu. Sinto muito, Rowan...

Peguei a correspondência, meu coração batia forte só de ver o envelope do Austin College. Por precaução, candidatei-me a várias outras escolas e, durante as férias de primavera, houve inúmeras respostas positivas, mas a UT era para onde eu queria ir.

A carta informando que fui admitido, juntamente com o folheto com informações do campus, incluía o valor da bolsa concedida em meu nome.

Minhas pernas quase dobraram de alívio.

Depois, ainda vasculhando a caixa, encontrei também um envelope enviado pelo advogado Theodore Davies, que atua em Newark, que me convidou para ir ao seu escritório o mais rápido possível para discutir os desejos finais do Sr. Vincent McGarreth.

Brinquei com a ideia de ir sem meu pai, porém ele ainda não era maior de idade e era obrigatório comparecer acompanhado de um adulto, de preferência um advogado, então fui obrigado a contar tudo a ele. Papai examinou o documento várias vezes, como se esperasse que ela se autodestruísse como um Berrador de Harry Potter, enquanto eu nervosamente mudava meu peso de uma perna para a outra.

—Então, você vem comigo? Eu perguntei, já atrasado para a escola.

- Claro. Mas você não tem a menor ideia do que se trata? Esse homem nunca te contou? -

Revirei os olhos. - Não - Foi a terceira vez que ele me perguntou isso.

Ele assentiu. - Bom. Iremos lá esta tarde, se estiver tudo bem para você. Vou buscá-lo depois da aula, tenho o dia de folga de qualquer maneira.

Sorri, pensando em faltar ao ensaio de Colin no teatro e evitar Montgomery de uma vez. - Papa graças. Mais tarde -

Os cargos dos presbíteros eram mais ou menos os mesmos.

Não há linhas modernas, nem cores claras nem paredes brancas com pinturas alegres. Os móveis eram de madeira escura e fosca, as paredes pintadas de um verde garrafa que já tinha visto dias melhores, e as únicas molduras penduradas eram as de numerosos diplomas e diversas especializações.

“Se eu trabalhasse aqui, me mataria”, murmurei para mim mesmo.

"O cubículo onde trabalho não é melhor do que este lugar", comentou meu pai, colocando a mão grande na minha perna trêmula enquanto o salto do meu sapato batia no piso polido.

—Você sente falta do seu antigo escritório? -

ele gemeu. — Acho que sinto mais falta da pessoa que eu era naquela época —

Engoli em seco ao ouvir seu tom amargo. - Pai? -

- Sim? -

— Só para constar, você parece mais relaxado agora do que antes. Eu não ousaria dizer que você parece feliz, mas... —

— Estou no caminho certo — concluiu, apertando minha mão.

Quando a secretária de sessenta anos nos ligou, com os óculos caídos no nariz e vestida com um terno de tweed bem inglês, quase pulei da cadeira ao ouvir sua voz estridente.

O homenzinho careca que nos esperava do outro lado da porta, com remendos nos cotovelos do paletó, trocou algumas palavras de advogado com meu pai e depois examinaram juntos o que eu suspeitava ser o testamento de Vincent. Finalmente ele lançou a bomba: havia herdado todas as obras literárias de sua casa, também localizada em Newark, incluindo seu manuscrito ultrassecreto.

Fiquei chocado. — A-Tem certeza? Ele se preocupou muito e eu...

Ele me estudou com uma expressão séria e profissional.

—Legalmente é meu dever informar que cada um desses volumes, se vendido, poderá lhe render uma quantia considerável, sendo em sua maioria primeiras edições assinadas. Vincent queria que ela tivesse liberdade de escolha e não impôs nenhuma condição a isso. -

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