CAPÍTULO 6 EVA GRAYSON

Quando o William disse que andaria muito na casa do Elliot, ele não estava brincando. Não sei por outros dias, mas hoje ele apareceu bem cedo.

— Bom dia, Willian. — dou um sorriso simpático e ele sorri de volta se aproximando de mim e depositando um beijo em meu rosto. Não sei como ele consegue ser tão gostoso. Porra, já me conformei com o Jordan ter namorada só por ter essa presença babando em mim.

William tem um jeito confiante de ser que dá para sentir de longe. Ele olha como quem sabe o que quer e não se importa com o que os outros pensam. Gosto disso nele, é um pouco do que sou.

— Meu cunhado tá por aqui? — Ele vasculha os cantos da casa com os olhos enquanto eu seguro um sorriso fingindo que a namorada do Elliot é irmã dele e esse papo de cunhado não se refere a mim. O jeito que ele falou foi como se fosse algo normal, sabe? O que potencializa a cara de pau que ele tem.

— Como ele é rápido! — Jordan sai do quarto terminando de vestir uma camiseta branca e eu viro meu rosto para ele, notando um sorriso irônico.

— Tá com ciúmes porque já tem namorada? — William provocou sentando do sofá com seu sorriso debochado e se acomodando com os braços em cima do encosto do sofá.

Eu mereço. Dois gostosos aparentemente brigando por mim e aposto que se fosse para ficar comigo nenhum dos dois queria.

— Podem brigar. Amo uma concorrência. — incentivo voltando à cozinha.

Jordan sumiu a noite passada e nem vi a hora que ele voltou. Minha maratona de sono só foi interrompida para jantar. E posso dizer que matei o sono e o enterrei, porque acordei hoje 6 da manhã como se as baterias estivessem sobrecarregadas.

— William aqui? — Elliot entra em casa com uma sacola de pão. Acho que hoje não tem oferecimento de Jordan's tapiocas e sucos como eles costumam dizer.

— Ele veio marcar território. — Jordan dá um sorriso rápido se referindo a mim. Ele está com uma cara péssima. Parece que foi atropelado por um caminhão.

Elliot dá um tabefe na cabeça do Willian, que sorri descaradamente enquanto se levanta.

— Me explica essa cara de moribundo do Jordan. — Ele ri acompanhando o Elliot até a cozinha. Onde já estou sentada. Jordan vem logo depois de cabeça baixa e não deixo de notar sua tristeza. É quase contagiante.

— A namorada dele vai demorar mais um tempo na Europa. — Elliot ri. Coitado. Parece que ele gosta muito dela. Dá para ver a cara de decepção que ele está. Eu odeio essa Jenna por isso. O Jordan é tão legal, ele me trata tão bem e aposto que ele é assim com todo mundo. Por que ela não se conforma em posar para Avon e fica perto do Jordan?!

Eu fiquei tanto tempo já com o Jordan que parece que o conheço desde que nasci. Já conheço a Jenna também, mesmo sabendo somente que ela é namorada do Jordan. para mim ela é a Paola Bracho.

— Vai ficar mais um tempo no castigo da punheta ou vai querer sair comigo? — William cutuca seu ombro rindo. — Com todo respeito, meu amor. — Ele finaliza olhando para mim e dando uma piscadela.

Finjo que não ouvi essa idiotice e me concentro na sacola das comidas.

— Sai fora, William. — Jordan experimenta o suco. — Falta açúcar. Quem fez? — o mal humor transparece na sua voz. Ele está péssimo mesmo.

— Eu. — Levanto o dedo indicador, um pouco receosa com a cara séria dele. Não tô pronta para levar um coice logo cedo, ainda mais vindo do Jordan. Mas ele parece mudar o semblante quando digo que fui eu.

— Me passa o açúcar então, meu amor. — Ele estende a mão com um sorriso pequeno. Opa!

— Meu amor... — Elliot estreita os olhos para ele. — Não é para bater punheta pensando na minha irmã não viu! — Ele adverte em alto e bom som.

— Então eu não posso brincar que já é punheta e o William pode chamar de meu amor que não tem problemas? — ergue as sobrancelhas.

— Ah, por favor! Eu estou aqui! — reclamo ofendida. Parece que falar de sexo é um assunto rotineiro entre esses três! Desde que o William apareceu, eles só falam em pegar, ficar, namorar, transar, punheta... Credo! Não aguento mais e esse é só o terceiro dia aqui. Sinto minhas bochechas queimarem.

Eles ficam surpresos e o Willian passa a mão pelo rosto contendo o riso. Volto a tomar meu café ignorando-os.

— Desculpa Eva. — Jordan me encara sem jeito. — Tá vendo seus tolos?! Meçam o que falam.

— Eu não disse nada. A culpa foi do Elliot. — William se livra da culpa. Levanto da mesa com um prato e um copo e coloco na pia. Não aguento ficar no meio de tanta testosterona assim. Apesar de ter dois colírios aqui no momento, não faz diferença.

— Onde você vai? Desculpa maninha. — Elliot levanta passando o braço pelo meu pescoço para me abraçar enquanto lavo minhas mãos.

— Vou encontrar uma amiga. Depois eu volto. — me solto do seu abraço quando termino de secar minhas mãos e saio da cozinha sem olhar para trás.

É bem difícil ficar no meio de um monte de homens juntos, parece que eles só têm um assunto para falar. É irritante. Prefiro ficar com minhas amigas conversando merda. Faz mais sentido.

[...]

— O Jordan é lindo, afs, ele é perfeito Emma, ele é educado, todo atencioso e faz uma tapioca horrível que só fica gostosa porque ele é quem faz. Já o William é o cara com a cara mais

Sem vergonha que já vi. Ele é descarado para caramba, fica piscando o olho para mim, me chamando de amor e chamando meu irmão de cunhado. Ele é muito gostoso! — escondo meu rosto com as mãos deitando no Puff gigante do quarto da Emma. Eu nunca tinha vindo aqui, mas olha, vou vir muito, é uma casa top.

Emma ri de tudo.

— Nossa, é um dilema pior do que pensava. Triste. Troca de lugar comigo. — brinca abraçando uma almofada e rimos. — Qual dos dois tem namorada?

— O Jordan. — mordo minhas unhas. — E o pior é que ela parece não ser legal. Ela é modelo e vai ficar mais uma semana na Europa, ele tá para morrer por causa disso.

— Tinha que ser o mais perfeito né? A vida dela é difícil. Muito triste. — ela ironiza. — E ele é ciumento é?

— Não. Ele só gosta demais dela. — lamento. Queria que alguém gostasse de mim daquela forma. Ele nem me olha com maldade.

— Foda. — ela levanta abrindo a porta do quarto quando a campainha toca. — Vou buscar nossa pizza.

A deixo sair do quarto e puxo meu celular do bolso para checar as mensagens. Tem várias. Maioria do meu pai. Então ligo para ele o mais rápido possível.

— Papai?

— Eva Grayson, você pegou minha Ferrari azul??? — ele está tão bravo que sua voz sai rosnando.

Medo.

Mas, meu pai passou 3 dias para perceber que peguei o carro dele? Credo.

— Sim. Eu não tinha dinheiro para viajar. — dou um sorriso reto.

— Você não tem jeito né?! Se esse carro chegar aqui com um arranhão vou te mandar para Venezuela, ouviu?!

— Sim, sim. Vou cuidar dele como a minha vida.

— Mais do que isso, por favor. — sua voz ainda soa rígida.

— Mais do que a minha vida. — dou uma risadinha.

— Humm. Semana que vem quero vocês aqui no sábado. É aniversário de casamento meu e da sua mãe.

— Ok. Estaremos lá. — assinto quando a Emma entra no quarto e me oferece a bandeja. Pego um copo de suco e um dos pratos com pizza enquanto prendo o celular entre minha orelha e o pescoço.

— Como vão as coisas com seu irmão?

— Ele não me deixa dormir até 10. — choramingo e a Emma ri sentada na cama dela.

— Nada mais justo. Tá o ajudando? Já arranjou emprego?

— Sim. Estou ajudando ele. Estou procurando emprego também. — mordo a pizza.

Mentira da porra. Não movi um dedo atrás de emprego. Também são só há 3 dias que tô aqui.

— Humm. Que bom saber disso. Agora tenho que desligar. Sua mãe chegou. Beijo.

— Beijo. Te amo.

— Também te amo.

Desligo.

— Nossa, quem era o crush?

— Papai. Eu não sei o que fazer Emma, enquanto não arranjar um trabalho ou saber o que quero da vida papai não vai me deixar voltar para casa. — lamento um pouco aflita. Que saco tudo isso. Saudades da minha cama. O Elliot joga as pernas por cima de mim quando dorme, às vezes ronca. É triste. Não tem nem como recompensar a noite perdida, porque ele me acorda logo cedo.

— Se você quiser posso te ajudar... Te ensinar a administrar as coisas, quem sabe você não gosta? — Emma sugere.

Emma é um anjo. Só pode.

— Sim, sim. Por favor. Mas não hoje. É sexta e eu só quero descansar. — estico minhas pernas abocanhando a pizza e ela ri.

— Tudo bem. Na segunda então. — se dá por vencida avançando a segunda fatia de pizza. — Não sei como as modelos conseguem fazer dieta. Eu só consigo comer e comer.

— Eu também. E não engordo. Sou magra de boa.

— Não. É magra de ruim Eva. — tenta me corrigir.

— Oxe! Você mal me conhece já me chama de ruim?! — retruco é caímos na gargalhada.

[...]

— Cameron Blake... — Passeio pela sala o encontrando todo tristinho — Algum problema? — sento no sofá ao seu lado. Odeio ver pessoas tristes.

— Jenna vai ficar mais um tempo na Europa e a gente ia para uma festa hoje.

— Ah Jordan, sinto muito. Se eu pudesse ir lá na Europa buscar ela, eu iria, mas não inventaram o teletransporte então ia demorar um pouco.

Ele ri um pouco.

— Tudo bem Eva. Você é um amor. — Fica brincando com o celular.

— Sou mesmo. — confirmo e ele ri de novo. — Tô vendo um sorriso?! Que bom! Eu sou um ótimo remédio para tristeza!

— É sim. Você é. — concorda.

Jordan é tão legal que dá vontade de voar em cima dele e pegar nas bochechas e ficar apertando o tempo todo dizendo o quanto ele é fofo com voz de nenê. Eu faria isso.

— Você poderia ir comigo. — me encara com as sobrancelhas erguidas. Agora eu tomei um leve susto.

— Eu? Vou ser o quê? Sua namorada substituta? — brinco. Mas eu seria. E aproveitaria muito.

— Não sei se a Jenna gostaria de saber disso. Mas é quase isso. Seria minha acompanhante substituta. — aos poucos ele está deixando a cara de triste ir embora e dando espaço a um rosto mais alegre. Sinceramente, a Jenna não tem que achar nada, quem mandou largar o boy perfeito dela aqui? — Topa?

— Topo sim. Mas já é de noite e eu não tenho roupa para isso. Não dá nem para comprar. — lembro. Que merda. Sempre tem que ter um imprevisto.

— Relaxa — ele se levanta e entra no quarto. Segundos depois voltou com um vestido pendurado num cabide e coberto por uma capa de plástico. — Eu comprei para Jenna usar hoje. Você pode usá-lo.

Pego o vestido e coloco em cima do sofá, abro o zíper da embalagem e deixo meu queixo cair.

— Jordan... É lindo! — quase babo na frente do vestido. Jordan Fica todo orgulhoso. O vestido é vermelho com gola alta e mangas. É Mídi e tem um decote em U enorme nas costas. — Será que vai prestar em mim?

— Claro. Seu corpo é perfeito. Vai ficar tão lindo quanto ficaria na Jenna.

Ponto para mim porque isso prova que a Jenna não tem corpo perfeito.

— Ah, Jordan... — me derreto com esse elogio. — Você precisa de óculos urgente.

— Para, Eva! — ri voltando ao quarto. — Vai se arrumar. Eu vou logo depois.

Essa festa vai ser babado. Eu com esse vestido e um cara lindão com um nome lindão, vou arrasar.

[...]

Quando já estou arrumada, saio do quarto e encontro o Jordan todo lindão de Smoking, Elliot, e uma garota loira dando o nó na gravata do Jordan. Será que a Jenna voltou?! Merda, nem deu para brilhar com o vestido.

Se for mando ela de volta para Europa. Preciso urgente de uma festa e essa é minha grande oportunidade.

— Ficou perfeito! — Jordan não pisca encarando meu corpo. Eu sei. Esse vestido parece que foi feito para mim.

— É mesmo. Tá linda. — a loira repara em mim e o Elliot levanta do sofá vindo até mim.

— Cuidado, viu. Se aprontar é olho da rua! — adverte olhando em meus olhos e os reviro.

— Elliot! — a loira o repreende vindo até mim com a mão estendida. — Sierra. Namorada do Elliot e meia irmã do Jordan. — abre um grande sorriso que me contagia.

— Prazer, Eva. Irmã do ranzinza. — aperto sua mão e trocamos beijinhos no rosto enquanto Jordan me espera. — Aproveita que vai estar só vocês dois aqui e dá um jeito no meu irmão. Essa semana ele está insuportável. — ando até o Jordan, que concorda comigo.

— Ha. Ha. Ha. Nada de sexo. Tô de olho em vocês dois! — faz sinal com os dois dedos nos olhos deles e nos nossos.

— Sério que ele pensa isso? — rimos saindo de casa.