O modelo dos meus pecados - Profissões pecaminosas - V1
Resumo
O CLICHÊ DA GAROTA INCONSEQUENTE QUE ESTRAGA A VIDA NUMA SÓ NOITE. Eva é uma garota rica, inteligente e inconsequente que terminou o ensino médio e não sabe o que quer da vida porque ela é boa em tudo. Então seus pais a expulsaram de casa em busca dela encontrar um rumo pra vida. Ela foi morar com Elliot, seu irmão mais velho. Elliot tem dois amigos. Jordan Cameron Blake, um modelo lindíssimo que só tem olhos pra sua namorada, Jenna. E William, o cara com mais cara de safado que você vai ver hoje. Tudo ficaria bem se ela não tivesse ido a uma festa na qual não lembra do que aconteceu. Só lembra que Willian e Jordan estavam lá. Será que uma noite pode mudar o resto de uma vida?
Capítulo 1 - Eva Grayson
EVA GRAYSON
— Eu sei que 18 anos é uma idade decisiva. A gente termina o ensino médio, presta vestibular e decide o que quer ser pelo resto da vida. Mas aí que tá o problema para mim. Eu não sei o que quero para minha vida. Eu nunca parei para pensar nisso. Meus pais são ricos, então para que eu quero trabalhar? Eu sou a caçula, a herdeira. Acho que isso já diz tudo. Tenho certeza que Elliot não vai me matar para ficar com toda a fortuna da nossa família, e a minha parte vai ser o suficiente para mim e para meus filhos e netos. — Me acomodo mais um pouco no divã e cruzo meus pés olhando o lustre pendurado em cima da minha cabeça.
Não acredito que aceitei essa baboseira de consulta com psicóloga. Sinceramente, acho uma perda de tempo. Até parece que meus pais não sabem ou não querem me ouvir e pagam para outra pessoa fazer isso.
— Eva... — A minha psicóloga parece pensativa, provavelmente muito assustada com meu desabafo. Acho que existem pessoas mais sonhadoras do que eu, ou não. — ... Faz alguma lógica o que você acabou de dizer, mas pelo que entendi, você está esperando que seus pais morram, é isso? — Um tom perturbado permeia sua voz.
Essa mulher é doida né?! Só pode.
— Claro que não, sua doida! Eu só estou falando que um dia o dinheiro deles vai ser nosso. E como eu vou morar com eles pro resto da vida deles, eu vou herdar alguma coisa, assim como o Elliot, já que somos os filhos. — tento explicar melhor.
— E você não vai casar?
— Quem é o maluco que vai querer casar comigo? Eu acordo 10h da manhã, só sei fazer brigadeiro e pipoca de micro-ondas, tenho umas paranoias com Shawn Mendes e assisto Harry Potter e a Saga Crepúsculo todo feriado. Isso sem falar nos meus pijamas nada sensuais de ursinhos e as xuxas de laço!
— Você se desqualifica como uma futura esposa. Você não tem namorado? — anota.
— Não, caralho, tô dizendo que ninguém conhece esse meu lado! Meus lances nunca chegam à minha casa. E aposto que os seus também não, você nem tem aliança. — reparo em seus dedos, e ela fica envergonhada. Deve ter uns 35 anos.
— Vejo que você também não pensa antes de falar. — ela anota na prancheta de novo.
Agora ela tá listando meus problemas é? Depois vai o quê? Jogar tudo na minha cara?
— Eu vou conversar com seus pais. Você pode esperar aqui. — dá um sorriso reto e sai da sala deixando a porta fechada.
O que ela acha?
Ser Eva Grayson não é fácil!
Desde pequena eu sou a princesinha do papai e Elliot, meu irmão mais velho, era o futuro CEO da empresa de cosméticos Grayson. E de repente Elliot virou a casaca e quis ser pintor, botando abaixo todos os planos que papai tinha feito, e onde a esperança da família pairou? Na princesinha aqui.
Eu não quero ser administradora. Eu sou consumidora de cosméticos, não uma fabricante. Isso não tem nada a ver comigo.
Eu ainda não sei o que eu gosto de verdade. Experimentei tudo na minha vida escolar. Música, dança, lutas, esportes... E gostei de tudo. Não é fácil se decidir, e em meio a minha indecisão, preferi não escolher nada por enquanto, melhor do que me arrepender.
Depois de um tempo a porta se abriu e a psicóloga entrou acompanhada dos meus pais. Todos com um semblante de quem está prestes a demitir alguém ou dar uma péssima notícia. Prefiro a primeira opção entre as duas, mesmo que eu nunca tenha trabalhado na vida.
— Eva, minha filha. — Papai tem a fala calma e senta perto de mim, numa das duas poltronas de camurça cinza, a outra é ocupada por mamãe e a encalhada ficou em pé. — Nós chegamos à conclusão de que você não sabe o que quer da vida.
Ó, minha nossa, descobriram o Brasil!
— Mas é isso que eu tô tentando dizer desde que vocês começaram a me perguntar! — Sentei impressionada com a grande descoberta deles.
Isso só reforça meu pensamento anterior de que psicólogo é perda de tempo para mim.
— Então, nós decidimos por você. — Mamãe completou.
Dou um suspiro aliviado.
Desde pequena eles decidem as coisas por mim, e eu não me importo. Sempre foram boas escolhas. Os melhores colégios, os melhores amigos, os lugares para onde eu deveria viajar, acampamentos... Só escolhas boas.
— Você já tem 18, não queremos mais uma filha adulta em casa. Se você não quer administrar a empresa da família e também não quer nada da vida, não vai mais morar com a gente. — Mamãe me fita severamente como uma juíza que acabou de bater o martelo, desmanchando todo aquele olhar meigo que ela sempre carrega.
Uma notícia dessas não precisa de severidade. Para mim é ótimo!
Acho que se eu tenho um sonho é de ter meu próprio apartamento, e com 18 anos posso morar sozinha, e se vier com um carro melhor ainda.
— Amei! — Salto de alegria. Já imagino as festas que vou dar lá. Vou decorar do meu jeito e vou dormir até 10 da manhã. Não vai ter minha mãe me acordando, não tem mais escola, não tem ninguém. Que vida perfeita!
— Não. Não vamos dar mais nada a você! — Papai fala friamente acabando com minha felicidade — A partir de hoje você vai se virar sozinha. E digo mais... — Apontou o dedo para mim se inclinando para frente. Só vi meu pai assim no dia que o Elliot bateu o carro dele. — ... só vai ter direito a nossa herança se você se tornar uma mulher decidida e que sabe o que quer da vida.
Sua postura rígida me assusta. Parece que a qualquer momento ele vai me nocautear.
— Não passei 45 anos da minha vida trabalhando duro para jogar meu dinheiro na mão de alguém que não sabe dar valor ao suor que derramei, ou se quer tentou ter seu próprio dinheiro!
Choquei.
Filha da puta, da minha psicóloga. Foi contar para eles meus planos!
— Eva. Você tem um longo futuro pela frente. — Ela começa a me aconselhar com essa voz docemente irritante que piora tudo. — Tenho certeza que vai encontrar algo que ame.
Reviro meus olhos tentando engolir isso e suspiro ficando em pé.
Cadê o amor? Sou eu, a princesinha da família!
— Quer dizer que eu tô expulsa da minha própria casa?! — Pergunto sendo mais direta e muito magoada.
Que pais!
— Não é expulsa, querida. — Mamãe tenta me acalmar vindo até mim e me abraçando. Não adianta depois do coice. Eu nem retribuo.
— Tecnicamente a casa é nossa. Pois nós ainda estamos vivos. — Papai cruza os braços sem se importar com minha reação. Aposto que a doida da psicóloga falou que eu quero que eles morram. Claro que eu não quero isso! Mas é o futuro de todos. — E para você não se acomodar, saia o mais rápido possível.
— Papai! Eu sempre fui sua filha favorita! Eu nunca te fiz raiva como o Elliot! — meus olhos já estão em lágrimas.
— Isso não é sobre o passado e o presente, é sobre o seu futuro, Eva! Você cresceu mimada e pensa que tudo está ao seu alcance. Acorda, filha, você acabou de entrar num treinamento de choque para realidade. E fique feliz de eu não te mandar pro Brasil.
Cacete. Tô fudida.
Contra meu pai não posso argumentar. Ele sempre dá o veredicto.
— E para onde eu vou? — Pergunto confusa e angustiada enquanto enxugo minhas lágrimas.
Eu não esperava isso para hoje. Vim numa consulta psicológica para ver se arrumava uma solução e vou sair com um grande problema. Essa daí comprou o diploma com certeza. Nem sabe guardar os segredos dos pacientes!
— Fala com seu irmão. Vocês sempre se deram bem. Quem sabe ele não te aguenta. — papai se levanta ajeitando o terno. — Duvido você não aprender a viver morando com ele.
Elliot?
Ele vai me fazer trabalhar, cobrar aluguel e se brincar vai cobrar por eu estar na presença dele!
[•••]
Nossa viagem até a casa foi um cemitério de silêncio. Papai ainda franzia o cenho e dirigia com o cotovelo encostado na janela do carro e a mão no queixo.
Com certeza ele está pensando em como seus dois filhos lhe deram tanto desgosto, ou está processando a raiva que criou de mim no consultório.
Mamãe mexe no celular. Acho que ela não tá nem aí para minha vida. Ela não aparenta se preocupar por onde vou passar essa noite.
Se Elliot não me aceitar em Boston eu nem sei onde dormir. Todas as minhas amigas viajaram para Paris, para estudar moda. Não tem ninguém para me acolher.
Logo que chego ao meu quarto, ligo pro Elliot e arrumo minhas malas. Espero que ele seja compreensivo comigo. Estou guardando tantas lágrimas que qualquer palavra de desprezo me fará desabar chorando.
Depois que ele atende, conto toda a história. Eu tenho certeza que ele vai se comover.
— É sério isso, Eva? — Elliot pergunta incrédulo do outro lado do telefone.
— Sim. Nem tiveram um pingo de remorso! — Completo minha história de amargura enquanto arrumo minha última mala. — Por favor, Elliot, deixe-me ficar aí com você por um tempo. Eu prometo que não vou atrapalhar sua vida. — imploro desesperada.
— Mas eu já moro com o Jordan!
— E quem é Jordan? Você é gay? — Me assusto. Elliot nunca fala muito sobre sua vida em Boston. Na verdade, fazia um tempinho que eu não falo com ele.
— Não sua doida! O Jordan é meu melhor amigo, e é o meio irmão da minha namorada. Não sei se ele vai querer você aqui. Você vai pagar o aluguel?
— Pergunta a ele se ele não se importa. Eu não ligo... Aluguel, Elliot?...
Desânimo.
Eu tô mais lascada do que as calçadas do Brasil naquele sol e ele me vem com aluguel! Se ele me disser que não, eu vou dormir na calçada.
Tomara que esse Jordan seja bonzinho. Que tenha uma alma caridosa.
— Tô brincando. — Ouço seu riso. Idiota, fica brincando com os sentimentos dos outros. — Vou falar com ele e te digo. Mas fica tranquila. Nosso pai e mãe não vão deixar você dormir na calçada. É só um choque de realidade — Tenta me acalmar como sempre.
— Vão sim, Elliot. Acredite, eles vão. — Afirmo com toda certeza, deitando pela última vez na minha cama.
— E se o Jordan concordar, você viria quando para cá? Só para saber...
— Hoje.
— Hoje? Já? — Parece surpreso.
— Você quer que eu durma nas calçadas?
[•••]
Desço a escada carregando minhas duas malas e encontro a mamãe e o papai no saguão. Agora parecem arrependidos.
— Vem cá minha princesinha — minha mãe me abraça chorando. — Você sabe que nós te amamos?! Isso é pro seu bem. — Acaricia meus cabelos.
— Meu bem é ficar aqui. Mas vocês não querem. — Digo um pouco triste.
Vai que eles se comovem!
— Quero que volte com muitos planos. Você nunca nos deu motivo para nos envergonhar, Eva. Só precisa se encontrar. — Papai toca meu colo com uma cara de quem acredita muito em mim.
— Tudo bem. — dou um leve sorriso e ele me abraça.
Apesar da sua postura mais cedo ter sido assustadora, meu pai é super legal, ele só leva a vida profissional muito a sério.
Saio de casa e aproveito para pegar um dos carros que usei mais cedo e deixei fora da garagem. Tenho certeza que eles não me emprestariam mesmo. E pior que só tenho 200 dólares na carteira, já que perdi meu cartão premium.
Espero que o Jordan me aceite, porque eu já tô a caminho mesmo sem ter a resposta.