Capítulo 2
Capítulo 2
Voltando a viver.
Tiago contrata o capataz e sua esposa como cozinheira, agora sim, seu quadro de funcionários está completo.
Assina as últimas papeladas que seus advogados mandaram e sai do escritório que fica dentro do casarão para ver como a cozinheira está se saindo.
No caminho o capataz o aborda para conversar.
— Patrão, preciso conversar com o senhor.
— Pode falar — diz aproximando-se do cavalo do capataz.
— Conversei com a minha filha, ela disse que não quer perder o ano da escola, que assim que terminar os estudos ela vem trabalhar se o senhor permitir.
— Sim, claro. Não tem problema, ela está certa, os estudos em primeiro lugar.
O capataz sorri feliz, assim que a filha conseguir terminar os estudos têm emprego garantido, seu sorriso é tão sincero que rugas se formam no canto dos seus olhos.
— Obrigado, senhor.
Tiago pede para ele guardar o cavalo e o acompanhar até a área gourmet, quer ver se tudo está perfeito para o primeiro dia de almoço na fazenda com todos os funcionários reunidos.
— Sua filha vai fazer faculdade?
— Ela ainda não decidiu, senhor, mas como gosta muito de cozinhar, pretende fazer curso para se aperfeiçoar. Disse que fará isso quando vir pra cá.
— Quantos anos ela tem?
— Vai fazer dezoito em dois meses, está uma mocinha. Os anos passam que nem vemos, senhor.
— É verdade — diz Tiago e suspira.
— O senhor tem filhos? — Naldo pergunta enquanto andam até a área gourmet.
— Não tive esse prazer.
— Mas o senhor ainda é jovem, não deve ter nem trinta anos. Encontrará uma pessoa boa e poderá ter filhos.
A mandíbula de Tiago dá um salto, fica calado pensando na única mulher que quis casar para formar uma família.
— Senhor, tudo bem? Disse algo errado?
— Não, está tudo bem.
Eles entram na área gourmet e tiram o chapéu. Tiago fica impressionado com a mesa farta de alimentos, nunca comeu nada com tempero baiano, vai ser a primeira vez e pelo cheiro ficou com água na boca.
— Algo me diz que vou engordar um pouco — diz sorridente olhando para a esposa do capataz.
Cristina sorri satisfeita com o comentário do patrão.
— Talvez só um pouquinho, senhor — ela diz e volta a trabalhar.
— Aprendi muito com a Cristina hoje, meu filho — diz Mariza secando as mãos. — O jeito como ela faz o alimento, os cortes de cada legume ou carne são novidades para mim, pena que vou voltar para casa no fim da semana, gostaria de ficar e aprender mais com ela.
— Poderá vir sempre que quiser, mãe.
— Sim, vou vir o mais breve possível, meu querido — Mariza diz olhando em seus olhos e passando a mão em seu rosto. — Eu andei reparando em você nesses dias, tente virar a página do seu livro, agora sua vida é aqui.
Tiago suspira, sabe que a mãe está referindo-se ao que ainda sente pela Luciana Durant.
— Eu sei, mamãe. Eu estou tentando, é difícil, amei ela demais.
— Logo você voltará a amar. Nem tudo na vida é flores. Sei que comigo e o seu pai foi diferente do que você passou, mas acredito que não irá demorar em aceitar essa situação e se entregar ao amor novamente, e dessa vez ser correspondido.
— Mãe eu não sei o que tem de errado comigo, nunca chamei muito a atenção das mulheres. Diferente do meu irmão que todas caem aos seus pés e ele não fica com nenhuma.
Mariza sorri para o filho, passa novamente a mão em seu rosto.
— Seu irmão é incorrigível com as mulheres, mas creio que o dia dele também vai chegar. Venha, vamos almoçar com os demais. Estou curiosa para provar o tempero da Cristina.
Sentam na imensa mesa com os demais. Alexandre aparece tirando o chapéu e senta do lado da esposa lhe dando um beijo no rosto.
— Você ajudou a moça a cozinhar querida? — perguntou Alexandre.
— Sim, e aprendi muitas coisas. A arte da culinária baiana é incrível, precisamos voltar em breve, pois quero aprender muito com a Cristina — responde Mariza.
— Nas férias da faculdade das crianças voltaremos.
— Ficarei ansiosa aguardando.
***
No fim do dia, Tiago cuida do seu próprio cavalo e observa a maioria dos funcionários indo para o alojamento e suas casas, noventa por cento deles moram na fazenda.
— Até mais tarde patrão — diz um funcionário passando por ele.
— Até mais, te vejo no jantar.
— Sem dúvidas, a cozinheira tem mãos de anjo.
Tiago sorri e deixa o cavalo no estábulo, vai direto para seu quarto, não vê a hora de tomar um banho, o calor foi tanto que suou muito mais que o normal.
Após o jantar vai dar uma volta de carro na cidade, está trancado na fazenda a mais de um mês, passou dias e dias trabalhando para deixar tudo em ordem para começar a contratação de todos os funcionários e agora vem o plantio.
É tudo muito cansativo no início, mas assim que começar a colher os frutos do seu esforço será recompensado.
Pensativo tira as roupas e toma um banho morno, está tentando deixar todos os seus pensamentos negativos irem por ralo abaixo.
Trocado e perfumado vai até a área gourmet jantar com todos, a mãe é a primeira a perceber sua mudança, Natália também fica observando ele.
— Está tão cheiroso, meu filho.
— E muito arrumado, um verdadeiro gatinho — diz Natália piscando pra ele. — Aposto e ganho, que esse gatinho vai sair para paquerar.
— Acertou tia, vou sair um pouco.
— Procure não beber muito — diz Mariza preocupada.
— Pode deixar mãe, nunca fui de ficar bebendo.
Após o jantar ele pega as chaves do carro e sai deixando a porteira aberta.
Tiago coloca o braço esquerdo na porta do veículo enquanto dirige devagar prestando atenção nas luzes da cidade.
Um pouco mais a frente observa uma chácara com luzes coloridas, não é longe de onde está deve ser pouco mais de um quilômetro, algo lhe diz que hoje vai se divertir mesmo que tenha que pagar.
Para ele é melhor assim, sem compromisso e não terá trabalho de paquerar alguém até conseguir o que quer.
— O que estou pensando? Credo, pareço o meu irmão — diz para si mesmo enquanto passa pela porteira que está aberta.
Tem uma placa de bem-vindo, estaciona do lado do imenso casarão de dois andares. Ao entrar é recebido por uma bela loira quase nua.
— Bem-vindo, bonitão. Entre, pode se divertir comigo se quiser ou com todas nós — fala apontando para as mulheres que andam pelo cômodo.
Continua…