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Capítulo 4: O que foi isso?

— Okay, tchau!   — Ele volta a dizer.

— Tchau!   — Digo fechando a porta na cara dele, apoio as minhas costas na porta... esse foi o momento mais constrangedor da minha vida, o que ele deve estar pensando nesse momento? Ou talvez nem deve ter ligado isso! Foi como quase ter beijado a Natanny... porque ele me vê como uma filha e... ela é filha dele então... o quê que você está pensando, Elli? Já passou.... vai dormir e amanhã já nem se lembra disso!

Estava quase indo pro quarto quando alguém toca a campainha...

― Sim?— Abro e lá estava ele com um ar preocupado.

— Você fica bem?

— Sim!

— Tem certeza?

— Sim, não é a minha primeira vez sozinha em casa!

— E não é perigoso?

— Não a casa está cheia de câmaras de segurança. Eu tenho de acordar cedo portanto...

― Está me despachando? — Pergunta ele.

— O Sr. tem uma casa... então já pode ir pra lá! Amanhã eu tenho coisas para fazer...

— Tipo o quê? É sábado! — Ele diz num tom de desinteresse.

— Tipo cuidar da minha vida... — Digo no mesmo tom, ele levanta uma sobrancelha e faz um leve sorriso.

— O que foi?

— Eu já percebi, tem uma saída amanhã mas não avisou aos seus pais e não quer me contar com medo que eu... — Não é nada disso, eu vou trabalhar!

— Como assim?

— Não me ouviu?   ― Perguntei seriamente.

— É claro mas fiquei admirado!

— Por quê?

— Porque é estranho uma menina da sua idade querer trabalhar... eu conheci você pequenina e hoje já quer ser independente!

— Pois... as pessoas crescem e eu já não tenho 9 anos! — Digo tentando fechar a porta mas ele continuava com a sua retrospectiva sobre o meu passado...

— Nota-se... o tempo passou correndo, era uma criança tão sorridente que passava o dia andando de bicicleta pela rua e hoje já vai pra faculdade!

— O Sr. está tentando me dar conversa para eu deixar de empurrar a porta para não entrar, né?   — Pergunto indignada.

— Talvez...  A onde você trabalha? 

— Com todo o respeito, se eu lhe disser o Sr. vai embora?

— Eu só estou preocupado por deixar você aqui sozinha... e pare de me chamar Sr., me faz parecer velho!

— Okay... eu trabalho em um lar de idosos!

— Uau, fazendo o quê?

— Fazendo o meu trabalho... — Digo ironicamente.

— Você é bem debochada! — Diz sorrindo.

— Não sou nada! — Digo sorrindo também!

— Okay já vi que consegue ficar sozinha... até um dia... ou pode ser que amanhã caia novamente na frente da minha casa!

— E a debochada sou eu?

— Me desculpe foi uma piada maléfica!

— Adeus Sr. James! — Digo fechando a porta educadamente.

Fecho a porta e vou finalmente dormir...

"Dia seguinte"

Acordo e vou me preparar, depois saio do quarto e vou até à cozinha.

— Bom dia Rose!    

— Bom dia menina Elli, quer comer alguma coisa?

— Não, eu estou bem!

Onde estão os meus pais?

— A Sra. Leonora chegou a pouco tempo e já saiu, o Sr. Hélio está...   — Eu não quero saber se houve um problema, a gente tinha marcado isso para hoje, a inauguração está quase a acontecer e eu não quero perder mais tempo...    — Meu pai interrompe a Rose enquanto vinha até a cozinha super raivoso falando no celular.     — Estamos falando de um contrato que vale milhões e o seu salário está incluído nele... não quero saber como mas você tem até o final dessa tarde para resolver isso tudo!   — Ele desliga o celular e toma o café que estava na mesa a espera dele...

— Algum problema, pai?

— Consequências de trabalhar com gente incompetente...

Tenham um dia melhor do que o meu! — Ele responde indo embora...

Poderia achar estranho ele nem ter perguntado como eu estou, como foi o meu dia ontem na escola mas estes momentos estão sempre a acontecer cá em casa.

— Tchau, Rose! — Digo indo cuidar da minha vida...

Chego e vou direto pra sala de finanças e encontro a minha chefe com uns papéis, parecia exausta.

— Algum problema?

— Elli ainda bem que você chegou, toma porque eu não estou percebendo nada destas contas! — Arrumo as minhas coisas e vou analisar os papéis.

— Alguns estudantes estão fazendo pesquisas para um trabalho da universidade, parece que eles têm lugares específicos para pesquisarem e falarem sobre ele ou desenharem alguma coisa…, qualquer coisa sobre a estrutura do estabelecimento e como eles vêm aos sábados que é o dia de visitas, eu indiquei você para ajudar na apresentação e se precisarem de alguma coisa, não se preocupe que terão outras pessoas trabalhando com você, tudo bem pra você?

— Resumindo serei baby-sitter de pessoas mais velhas que eu...

— Não é isso que fazemos aqui? Cuidar de gente mais velha?

Eu sei que consegue, vai ajudar no seu currículo para entrar na universidade... e é um aluno para cada trabalhador então só estará encarregue de cuidar de um aluno durante 1 mês.

— Tomara que seja um universitário super gato!

— Só se você for Bi-sexual…— Oi? Como assim?— Pergunto confusa.

— Você calhou com uma menina do terceiro ano... é só torcer para que seja atraente.

— Eu não sou Bi!— Comento rindo.

— O nome dela é Natanny, se não estou errada!   — Ela diz analisando uns papéis.

— Quem? Eu espero que esteja bem errada… Que não seja quem eu estou pensando meu Deus, por favor!

— Sim, está aqui escrito: Natanny Morris, terceiro ano, universidade de artes, cursando arquitetura.

— Escolhe outra pessoa no meu lugar por favor!

— Não tem como, estão todos ocupados e os sábados são os seus únicos dias de trabalho!

— ...okay!   — Digo completamente desiludida.

— Ótimo, ela deve estar a chegando então eu me apresento e você cuida do resto, okay?

— Já que insiste...   — Respondo indo com ela até à entrada...

Esperamos uns 10 minutos e depois vejo uma garota com óculos e um caderno na mão.

— Deve ser ela!

— É ela... só que numa versão mais escolar!    — Digo tentando perceber essa outra versão da Natanny.

— De onde você conhece ela?— Ela pergunta.

— É uma longa história...

— Olá!   — Ela diz sorridente e o seu semblante muda assim que nota a minha presença.

— Oi, você deve ser a Natanny!

Eu sou a Bárbara, a responsável por este asilo, muito obrigada por terem nos escolhido para o trabalho!

— Eu é que tenho de agradecer por terem aceite!    — Ela responde como se fosse uma garota educada.

— Esta é a Ellionora, ela vai ajudar você no que precisar... agora eu tenho de ir mas qualquer coisa é só chamar a Elli!   — Bárbara explica e depois vai embora me deixando sozinha com o monstro...

— Por onde quer começar a visita?  — Pergunto num tom de desinteresse total.

— Primeiro quero perceber como veio aqui parar... isso é algum tipo de castigo dos seus pais?

— Eu trabalho aqui!

— Inventa outra desculpa, ninguém acredita nisso!

— Então não tenho mais nada para lhe dizer... Vamos começar pela sala de convivência!

Primeira regra: não vá pra lado nenhum sem mim e se quiser falar com alguém é só me avisar que eu levo você até lá, segunda regra: …— Peraí, terei de seguir suas instruções como se mandasse em mim?— Ele pergunta, dou um suspiro profundo e olho para ela num jeito sério.— É o seguinte, eu sou a pessoa responsável por você aqui então convém fazer o que eu digo, a não ser que queira outra pessoa para lhe acompanhar e para isso terá de escrever uma carta e entrar na lista de espera!

Segunda regra: Aqui é sobre manter o profissionalismo, nossos desentendimentos ficam lá fora, então temos de nos respeitar, estamos entendidas?— …como queira!— Ótimo, vamos começar com a nossa visita guiada— Rodamos todo o asilo e eu explicava algumas coisas e ela só anotava e fazia perguntas, minutos depois olho atrás e ela já não estava perto de mim…

— Natanny? Natanny?

— Ahhh! — Ouço um grito agudo vindo de uma das salas...

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