– NINGUÉM COMPREENDERIA, ALTEZA! II
— Saia daí, Aimê — Max gritou. — Que porra você está fazendo?
— Nada demais... Bebi além da conta... Agora quero dirigir...
— Não pode fazer isto. Não sabe dirigir... E está bêbada.
Ele tentou puxar a porta e pisei no acelerador, fazendo o carro dar um solavanco para frente, andando alguns metros. Olhei-o assustada:
— Como paro esta coisa? — Pisei em dois pedais, deixando o carro parecer desgovernado, andando de metro em metro e parando, jogando meu corpo para frente e para trás.
— Tire o pé do acelerador e ponha no neutro a alavanca ao seu lado.
Tentei apertar o botão e desligar tudo, mas não resolveu.
— Precisa pôr no neutro e tirar o pé ou não vai desligar... — Max tentava me acompanhar, atordoado.
Vi um flash na nossa direção, que cegou meus olhos. Instintivamente pisei sem querer no fundo de um dos pedais, e o carro saiu em alta velocidade. Peguei a direção e tirei os dois pés, o carro dando uma guinada levemente para o lado e ouvindo o estouro na lataria, sem entender o que estava acontecendo.
O carro finalmente parou. Abri a porta e vi o corpo de um homem jogado, o sangue escorrendo da sua testa e as pernas abertas, enquanto a máquina que tinha na mão estava há metros de distância, caída.
— Donatello! — gritei, dando-me em conta de quem era.
Max pegou-me e foi empurrando-me para dentro do carro.
— É Donatello, Max! Eu o matei — gritei novamente, em desespero.
— Entre no carro, agora! — ele pediu, nervosamente.
— Não... Temos que chamar uma ambulância. Ele precisa de socorro! — Senti as lágrimas invadirem meus olhos. — Eu matei Donatello...
— Foi sem querer, Aimê! Entre no carro! — Max gritou, me empurrando a contragosto, completamente apavorado.
— Não... Não podemos deixá-lo aqui... Não podemos... — Segurei-me na porta, tentando impedir que Max me pusesse para dentro do automóvel.
Max era muito mais forte do que eu. De forma agressiva me pôs sentada no banco do carona e passou o cinto violentamente sobre meu corpo, arrancando o carro em alta velocidade.
— Max... Não... — gritei, completamente apavorada.
— Ninguém compreenderia que foi um acidente, Alteza! — ele disse, a voz trêmula.