O homem errado é meu par perfeito (Livro 4 da série Príncipes que amamos)
Resumo
Aimê D’Auvergne Bretonne não nasceu a primeira na linha de sucessão ao trono. Mas todos sabiam, desde sempre, que ela tinha vocação para ser a rainha. Dentre suas certezas na vida, sabia que: - Não poderia casar com seu namorado por ele não ser da realeza, embora o tivesse colocado num cargo em que estariam sempre juntos. - Que as obrigações com o povo vinham antes de qualquer coisa, inclusive de si mesma. - Que o povo de Alpemburg amava os D’Auvergne Bretonne e que ela precisava ser uma monarca tão boa quanto ou melhor que seu pai e sua irmã. O que nossa futura Majestade não esperava era que: - Todas as suas certezas virariam incertas, depois de um fatídico acidente, onde a princesa blogueira agora era chamada de irresponsável, ocupando a primeira página dos principais noticiários do mundo. Concomitantemente, um escândalo num pequeno reino vem à tona mundialmente, com um príncipe nu estampando os principais veículos de comunicação. Um futuro rei com a pior das famas, levando seu país a ser alvo de especulações sobre uma possível queda do governo monárquico. Uma proposta é feita para amenizar os noticiários negativos. Uma princesa é rejeitada. Um rei é desmascarado. Uma revelação muda tudo que o povo sempre acreditou. Aimê estava preparada para absolutamente tudo. Menos para aceitar que poderia ter qualquer coisa na vida, mas tudo que desejava era ser dele, o homem mais errado que já tinha conhecido até aquele momento. Com diálogos espirituosos, personagens carismáticos e uma dose saudável de reviravoltas inesperadas, "O Homem Errado é Meu Par Perfeito" é uma história de amor hilariante que explora a jornada de Aimê em busca do amor verdadeiro, enquanto ela lida com suas próprias inseguranças e dúvidas. Uma leitura divertida e encantadora que nos lembra que, às vezes, o amor pode ser encontrado nos lugares mais inesperados. Capa: Larissa Matos
UM HOMEM DE COROA
Alpemburg
Desde que eu era criança, sempre desejei ser a rainha de Alpemburg, embora fosse a terceira na linha de sucessão. Pauline, a futura monarca, que se preparou praticamente a vida inteira para assumir o país, desistiu, deixando nas mãos da nossa irmã do meio, Alexia, a responsabilidade de carregar a coroa.
Sempre ouvi das minhas irmãs que ser a futura rainha era um fardo a carregar. Nunca vi desta forma. Sempre me senti privilegiada por ser da monarquia e ter nascido princesa de um reino
aís tão maravilhoso quanto Alpemburg, que foi governado por meu pai, meu avô, certamente o bisavô e toda a linhagem D’Auvergne Bretonne.
Eu gostava daquela vida cheia de luxo. Era feliz por ser amada e idolatrada pelo povo do meu país, assim como meu pai havia sido um dia. Alexia, apesar de séria e sempre bem amparada politicamente pelo nosso avô, fechara seu reinado com chave de ouro, considerada uma rainha responsável e de boas alianças políticas. Resumindo: um reinado de paz.
Eu deveria ter assumido o trono quando completasse 18 anos, mas por conta de uma lei feita por minha irmã e infelizmente aceita e assinada por todos os membros da corte, tomaria a coroa quando fizesse 19 anos. Segundo Alexia, eu era muito jovem para ser rainha com aquela idade e o ano que antecederia a coroação seria de estudos sobre Alpemburg.
Alexia também não ficou no poder. Meu pai assumiu interinamente até que eu enfim pudesse ser a rainha. Minha irmã, por sua vez, no dia seguinte que deixou o trono voou diretamente com o marido e os dois filhos para o país onde estava ocorrendo o GP de corridas, que sempre foi seu amor: a velocidade, também partilhada por seu marido, Andy.
Eu já começava a me apropriar das questões políticas, da forma como Alexia desejava. Meu pai assumira Alpemburg, mas por trás eu o auxiliava e estudava feito louca sobre economia, administração, ciências sociais e tudo sobre os países próximos ao nosso, especialmente os que faziam divisa territorial.
Ouvi uma batida na porta e gritei que entrasse. Era Odette. Trazia na mão um celular e o olhar já dizia que era trabalho para mim.
Revirei os olhos, enfadada.
— Não adianta me olhar com estes olhos, “Alteza”! — Foi irônica.
— Vou mandar cortarem sua cabeça — ameacei, segurando o riso.
— Como ainda não é a rainha, minha cabeça está garantida. — Piscou os olhos, debochada.
— O que quer? — Deitei-me de bruços sobre a cama, jogando o livro para trás.
— Donatello Durand já ligou inúmeras vezes, encheu minha caixa de e-mails e acho que você deveria conceder uma exclusiva para ele.
— Nem pensar!
— Isso é profissional, Aimê. Ele só está fazendo seu trabalho. Por que não lhe dá uma chance?
— Porque eu não gosto dele.
— Isso não justifica.
— Posso escolher para quem dou entrevistas e ele eu não quero.
— Amiga, ele só te deu um fora na adolescência. Precisa superar isso.
— Eu já superei.
— Superou? — Ela riu. — Se já superou, dê-lhe a entrevista.
— Não! Ele não ficará famoso às minhas custas.
— Como se você não gostasse de dar entrevistas a qualquer um. — Foi sarcástica novamente. — Dê a exclusiva para ele e acabe de vez com a perseguição deste homem.
— Se depender disto, ele me perseguirá para o resto da vida. — Ri.
— Ele foi nosso colega por tantos anos.
— Não éramos íntimas dele.
— Não? Eu cheguei a mandar seus recados, pelo que me lembro. Só não fomos mais íntimas porque “ele” não quis.
— Porra, ele sempre foi tão feio! O que deu na minha cabeça querer ficar com Donatello?
— Adolescência? — Riu. — Hormônios à flor da pele? Vagina coçando?
Puxei-a com força, fazendo-a sentar na cama:
— Talvez eu pense sobre isso mais tarde. Por hora, não.
— Prometa que pensará com carinho? Não aguento mais este homem fissurado em uma entrevista exclusiva com a princesa.
— E qual assunto ele quer abordar?
— Relacionamento amoroso e outro que não quis mencionar.
Eu ri:
— Aposto que arrisca ele dizer que me rejeitou no passado, quando eu era uma adolescente cheia de espinhas. E se fizer isso, virará um repórter famoso do dia para a noite. Não vou deixá-lo fazer sucesso às minhas custas. Além do mais, não tenho um relacionamento amoroso.
— Não? — Odette arqueou a sobrancelha. — E o que Max significa?
— Max é... Bem...
— Demorou a responder. Ou seja, ele significa alguma coisa?
Respirei fundo e virei-me, olhando para o teto, o rosto “dele” vindo à minha mente:
— Imagine se eu decidisse contar a Donatello Durand a verdade? Que a vida toda eu só gostei de um homem... E que ele é marido da minha irmã?
— Babado! Agora com Andrew longe, você vai se libertar deste amor de infância.
Suspirei:
— Eu sempre contei a verdade: que o amava. Nunca acreditaram em mim.
— Ele tem idade para ser seu pai.
— Não tanto! — Virei o rosto da direção dela. — Mas ele fez o Arthurzinho... Que salvou a minha vida.
— Ok, depois deste seu amor platônico por Andrew, que já está longe por estas horas e é loucamente apaixonado por sua irmã, irá assumir Max?
— Não! — Fui sincera, pois Odette era uma das poucas pessoas que eu não escondia absolutamente nada, nem meus pensamentos mais loucos e profundos.
— Não? — Ela pareceu surpresa. — Achei que agora que está com a data para assumir o trono já estipulada e com Andrew longe, finalmente revelaria a todos sobre você e Max.
Sentei-me na cama gigantesca e bem-posta, embora eu já tivesse me mexido inúmeras vezes sobre ela. Encarei Odette no fundo dos seus belos olhos escuros, parecendo bolas de gude, de tão arredondados e bem maquiados, com o preto do rímel e lápis em traços grossos ressaltando ainda mais sua beleza.
— Eu gosto de Max — confessei. — E curto os beijos e as pegadas quentes dele. Admito que ele me faz molhar a calcinha. Mas jamais assumiria algo com ele.
— Mas... Achei que se gostavam.
— E nos gostamos. Nunca lhe menti isso. E nem menti a ele. Mas gostar de Max e curtir ficarmos escondido não significa que eu casaria com ele.
— Não estou falando de casamento. Mas... Um namoro.
— Max é o meu segurança.
— E? — Odette mostrou as palmas das mãos, em sinal de dúvida. — Qual o problema? Seus pais jamais se importariam com isso. E o povo a ama de qualquer jeito.
— Eu serei rainha de Alpemburg.
— E ele pode ser seu marido.
— Odette, esperei a vida inteira para assumir o trono. Sempre sonhei com o momento da coroação. Eu amo a minha vida e sei que sou uma privilegiada depois de tudo que passei quando criança. Sempre pus na minha cabeça que eu casaria com um príncipe, alguém da realeza.
— Andrew Chevalier? — Ela riu.
— Andrew já arranjou sua princesa. E além do mais, ele não tem uma coroa ou título.
— Então você recusaria Andrew Chevalier?
— Por mais que o tenha amado durante toda a minha vida... — exagerei. — Eu diria não pelo fato de ele não ter uma coroa.
— Isso quer dizer que irá caçar um futuro rei ou alguém da realeza para casar?
— Não sou obrigada a casar. Não diz em lugar nenhum que para assumir o trono eu precise ter uma aliança no dedo direito.
— Ok, neste ponto eu concordo com você.
— Mas sim, se eu decidir um dia casar-me, será com alguém que tenha um título no mínimo, mas a preferência é por um homem que tenha uma coroa.
— Isso está bem escasso no “mercado de casamentos”. — Ela riu.
— Príncipes encantados?
— Exatamente. É mais fácil encontrar sapos.
— Sabe que os sapos depois de um bom beijo de língua podem se transformar em príncipes, não é mesmo?
— Que porra, Aimê!
— Max é um príncipe de tão lindo. Mas não tem uma coroa. Ou mesmo um título.
— Mas ele é rico.
— Um rico sem um título.
— Você está sendo cruel.
— Estou sendo realista. Idealizei a vida toda casar-me com um príncipe. Hoje evoluí um pouco... Pode ser um rei viúvo. Ou mesmo divorciado.
— Existem reis divorciados no mundo?
Dei de ombros, pensativa:
— Não... Ainda não. Mas há monarquia em vários países pequenos pelo mundo.
— Irá procurar de país em país?
— Eu poderia fazer um baile... Daqueles como se fazia antigamente, todos vestidos com trajes de gala... — Meus olhos brilharam. — E convidar os reis e rainhas existentes no mundo, com seus respectivos filhos.
— E cada um deveria trazer um presente para oferecer a princesa? — Ela balançou a cabeça, gargalhando. — Ou quem sabe conquistá-la através de uma música?
— Ou um prato típico... Quem sabe um suco! — A palavra suco saiu quase num grito, de tão afoita que fiquei.
Odette levantou-se:
— Devo dizer a Donatello Durand que ele poderá cobrir o futuro baile que vossa Alteza dará para a realeza mundial? Seria uma exclusiva?
Suspirei:
— Não... O baile não vai rolar. Tampouco Donatello como repórter. São só as divagações de uma princesa entediada trancada na torre enquanto lê a história da política de Alpemburg — divaguei.
— Você sofre de síndrome de princesa de contos de fadas.
— Não mesmo! E sabe por qual motivo?
— Estou curiosa.
— Porque elas casam virgem.
— E por acaso você não é mais? — Odette arregalou os olhos.
— Por pouco tempo. Hoje vou perder a minha virgindade.
Odette sentou-se novamente, o corpo praticamente caindo no colchão:
— Por acaso o príncipe chegará no cavalo branco exatamente hoje?
— Não. Mas já faz um tempo que decidi que não quero ser tão tradicional em tudo. Já basta a questão do meu futuro marido ter que ser herdeiro de uma coroa.
— Então... Do nada, você decidiu entregar sua virgindade ao Max?
Assenti, sorrindo.
Odette levantou, furiosa:
— Max não é um objeto, Aimê.
— Neste caso, eu seria o objeto dele. — Enruguei a testa. — Quem não quer ter o prazer de desvirginar uma menina inocente?
— Você, uma menina inocente? — Riu de forma irônica.
— Como eu já confessei, “gosto” dele. E sei o quanto ele é bom. Tenho certeza de que seria gentil e me faria gostar muito da experiência. E assim meu futuro marido não me acharia uma tonta, idiota. E eu teria mais experiência na hora do sexo.
— Pague alguém, porra!
— Para depois o mundo inteiro saber que eu “dei” para um homem que tive que pagar, tendo a disposição o gostosão do Max? Acha que sou louca? Além do mais é a minha virgindade. Não posso presentear qualquer um com ela.
— Max é um bom homem.
— Bons homens não têm lugar na minha vida.
— Então não transa com ele, porra! Sem contar o fato de Andrew Chevalier ser um bom homem. Ou seja, você não curte “badboys”, Vossa Alteza. — Curvou-se.
— Mandarei cortar sua cabeça! — Comecei a rir.
— Só lhe faço um pedido.
— Qual?
— Não brinque com Max. Ele é importante...
— Você... Gosta de Max? — perguntei, em dúvida.
— Eu? Claro que não.
— Prepare-se para hoje à noite. Papai e mamãe tem um jantar importante e eu, você e Max iremos para o parque do lago.
— O quê? No Parque do Lago à noite? Você bebeu?
— Não. Mas irei beber. Quero que organize tudo: bebidas de qualidade, taças, água, providencie algo para comermos também. E avise Max que ele irá dirigir.
— Outro carro nos acompanhará?
— Sim, pode ser. — Dei de ombros.
Eu sabia o quanto a segurança era importante entre os membros da realeza e claro que não abria mão daquilo em momento algum.
Mas eu queria mesmo aproveitar a noite. E não havia decidido de uma hora para outra. Era de tempos que queria sair um pouco e me divertir com meus verdadeiros e únicos amigos: Max e Odette.