Capítulo 01
Nunca pensei em pisar fora de meu país, eu estava bem na Alemanha vivendo minha vida, entretanto era necessário que eu começasse a viver a minha vida depois que meus pais morreram e eu perdi tudo. A vida após a morte dele passou a me cobrar mais, eu tinha que arrumar uma forma de esquecer os fantasmas do passado.
— Prometa que vai me ligar todos os dias, Hunter! — Maya, minha namorada, encosta nossas testas e indaga com olhar de sofrimento. Me doía deixa-la, mas ela tinha uma vida além de nosso namoro, eu precisava de um tempo para mim.
— Vou ligar. Não esqueça de que quando puder, volto para cá. Não esqueça de mim. — Eu deposito um beijo leve demorado em seus lábios, percebo uma lágrima vacilar de seus olhos. — Ei, ei, não vamos deixar isso mais doloroso. É apenas um ano, meu amor.
— Eu sei mas vai ser difícil ficar aqui sem você. — Ela sorrir com dor no olhar. — Tudo bem, vá.
"─ voo ..., destino Manhattan, decolará daqui há 19 minutos". Uma voz feminina ecoa pelo aeroporto.
— Já vou. Tio, tia, me desejem sorte. Amo vocês. — Digo apertando as mãos de minha tia.
— Tenha uma boa viagem, meu querido. — Minha tia fala enxugando as lágrimas.
Meu tio se aproxima de mim, ele sempre estava com uma expressão fechada, eu não me surpreenderia se ele não movesse um musculo.
— Não seja idiota, aqueles americanos não são se iluda com eles. — Ele indaga seguido de dois tapinhas em minhas costas.
Dei um beijo nas mãos dos meus tios e parti para meu avião. Aquela era a primeira vez que andava em um, mas eu me mantive calmo, coloquei meus fones e deixei que a música me envolvesse para não ficar mais nervoso.
Ouvir os álbuns do Nirvana, lembrava-me da minha adolescência bem vivida, da minha mãe adentrando que eu diminuísse o volume do som. Após a morte dos meus pais me obriguei a tornar um homem mais duro e maduro. Tive que trabalhar duro durante 8 meses para juntar dinheiro e vir aos estados unidos, graças aos contatos de meu tio consegui um trabalho meio expediente que posso conciliar com a faculdade. Com o pouco dinheiro que tenho, pude pagar uma pensão. Estou ansioso para as novas conquistas que devo fazer, mas claro, não será fácil.
[...]
Assim que o avião pousou, respirei e me senti bem, era como se eu estivesse em outro planeta, o clima era diferente, até os cheiros eram.
Graças ao meu inglês arranhado, eu consegui pegar um táxi que me levaria até o meu novo "lar", mas não pude evitar de passar um grande vergonha.
Assim que cheguei em frente a pensão, tive certeza de que era bem melhor do que nas fotos, era no subúrbio de Manhattan mas era a maior casa que tinha naquele quarteirão, com três andares e um quintal extenso. Toquei a campainha, e uma mulher com sorriso doce no rosto veio me atender, já era uma forma agradável de ser recepcionado.
— Hunter Lins? — Indagou arrumando os fiapos soltos de seu cabelo com uma mão e limpando a outra em seu avental.
— Hunter, na verdade. — Eu a corrijo sorrindo.
— Ou, me desculpe. É um prazer conhecê-lo, pode entrar. — Ela abriu a porta. — Pode me chamar de Donna, sou eu que conversei com o senhor por mensagem, sou eu que gerencio o lugar. Venha, não fiquei tímido, vou lhe mostrar a casa e por último o seu quarto.
Chegamos em um corredor que dava direção a uma escada, a cozinha e a sala de jantar. A mulher não parava de falar por um segundo, eu quase não entendia nada.
— Não recebemos muitas pessoas atualmente, estamos apenas com o senhor no momento. — Ela fala gesticulando. Caminha e eu vou atrás da mesma. — Aqui é o banheiro do primeiro andar, mas o seu quarto é uma suíte, assim como combinamos. A cozinha, sala e a sala de jantar. Café às sete horas, almoço as doze horas e jantar às e dezenove horas.
Senti minha cabeça dar voltas com ela falando. Tentava prestar atenção quando batidas de sapatos no assoalho da escada me tiram do foco. Sapatilhas pretas seguidas de canelas extremamente brancas e logo um vestido florido, seguido de um rosto perfeito nos desfocaram da conversa. Seus longos cabelos loiros ondulados estavam soltos e suas bochechas rosadas possuíam uma expressão de curiosidade. Quando seus olhos encontraram os meus, um arrepio percorreu minha espinha. Ela permaneceu me encarando com o olhar tímido por longos segundos.
— Senhor Hunter, essa é minha filha Charlie. — Sua mãe me tira do devaneio. — Charlie, nada de perguntas! Cumprimente o senhor Hunter. — A mulher fala seriamente seguido de um sorriso falso.
— Eu já entendi, mamãe. — A menina revira os olhos e termina de descer os degraus. Ela estende a mão para mim e eu retribuo o aperto, suas mãos eram tão macias e delicadas. A menina fica sem compostura e solta rapidamente, cruza os braços com timidez ainda me encarando. — Vou ao jardim!
E assim saiu rapidamente, eu ainda estava balançado com aquela menina perfeita, seu cheiro doce ainda permanecia no ambiente. Eu tive que me forçar a prestar atenção no resto.
A mulher dona da pensão continuou mostrando a casa a mim, mas eu estava focado na menina de olhos azuis e pele de pêssego que acabei de ver.
Por fim, meu quarto, adentrei e aspirei o cheiro de eucalipto que exalava por todo o cômodo, olhei para a cama e me joguei naquele colchão, já podia dormir ali mesmo. Arrumei minhas coisas, liguei meu laptop e coloquei-o na mesinha de estudos que havia lá, tinha que ligar para Maya e meus tios.
— Como é a pensão? — Perguntou Maya.
— É boa, melhor do que eu esperava. O lado ruim é que aqui é mais quente. Mas vou ficar bem. — Digo enquanto analiso todo o local.
— Já estou com saudades, não sei como vou suportar sem você, sem o seu amor.
— Estou com você, Maya. Podemos nos divertir por ligação igual fazíamos quando não podíamos dormir juntos. Vá, não me faça sentir mal aqui, sabe que é importante para mim. — Falo manhoso.
— Certo, me desculpa. — Diz ela abalada. — Hunter?
— Sim?
— Prometa que não vai se interessar por uma americana peituda. — Diz ela seguido de uma risada.
— Seus seios ainda são meus preferidos, meu amor. E meus tios estão bem? — Tento mudar de assunto para não me aprofundar em desejos, ela sabia muito bem como fazer isto.
— Sim, eles resolveram sair para jantar só os dois. Sua tia não parava de se lamentar.
— Que bom que superaram rápido a minha partida. Querida, tenho que descansar, estou confuso pelo fuso horário. — Falo seguido de um bocejo, levo minha mão até em frente a meus lábios, estava exausto.
Desligo o celular e volto minha atenção para a mesa de estudos e assim começo a ver as informações sobre a faculdade que eu terminaria meu último semestre, as aulas haviam começado há pouco mais de um mês. O campus era pequeno, haviam várias oportunidades para entrar em fraternidades, mas eu estava velho demais para aquilo, encontrar um apartamento barato era um objetivo na minha lista. Provavelmente na próxima semana eu já começaria.
Minha atenção é voltada para Charlie, que estava no quintal deitada sobre a gramado lendo um livro qualquer. Mesmo sozinha ela parecia não estar muito interessada na leitura, já que tudo a desfocava a atenção do livro. Suas pernas se entrelaçavam enquanto ela estava deitada de barriga para baixo.Balanço minha cabeça e voltei a atenção ao laptop.