CAPÍTULO 6 - O Caninho até você.
Não, não Catarina!Catarina,
Elizabeth?Me dê sua mão, vem, respira, respira
Não, Catarina!Não, meu filho não! Não, Elizabeth, Não, Nãoooo!!!
Acordei suado aos berros dentro do meu quarto escuro, minha mãe logo entra apavorada acendendo o abajur,
―O que foi meu filho, o que aconteceu?
―Não foi nada mãe, eu estou bem, digo me levantando indo até o banheiro para lavar o rosto, ela vem atrás de mim,
―Não! Não está. Você não está nada bem meu filho. Você precisa consultar um psicólogo, um analista, alguém que possa te ajudar meu amor. Foi aquele pesadelo de novo não foi?
―Foi foi sim, mas já passou eu estou bem pode ir dormir, eu vou ficar bem, foi só um susto, respondo ofegante secando meu rosto após lavá-lo,
―Não quer que eu durma aqui com você? ela pergunta com um sorriso,
―Mãe por favor né,
―Porque o espanto? Para uma mãe o filho vai ser sempre seu bebê, não importa a idade que tenha. Você é meu único filho, não sabes a dor que me causa vendo você assim querido.
―Não se preocupe comigo, eu estou bem seguro suas mãos seguido de um beijo.
―Está bem meu filho, se você diz que está bem, então vou tentar voltar a dormir, qualquer coisa me chama viu.
Ela me abraça e beija a testa saindo logo em seguida.
Volto a cama e me sento na beirada dela, alcanço meu celular no criado mudo, são duas e meia da manhã. Vou até a sacada respirar um pouco. Olho para o céu estrelado, na tentativa de entender o que está acontecendo comigo.
A brisa da madrugada bate em meus cabelos, me fazendo lembrar de Elizabeth novamente. Como no dia em que ficamos a sós em meio aos girassóis,onde eu vi seu olhar assustado e seu cabelo castanho balançando com o vento que ali soprava.
Não quero pensar nela, mas seu rosto insiste em invadir meus pensamentos e agora meus sonhos e pesadelos...
Fecho fortemente meus olhos e coloco meus punhos sobre o corrimão da sacada, quase que sinto sua pele tocar a minha, me fazendo querer tê-la em meus braços novamente, mas lembro em seguida de minha vingança pendente e acordo de meus devaneios.
Saio dali, pego meu notebook e procuro a rede social de uma certa pessoa, procuro por seu nome, até encontrar. Salvo uma foto do perfil, pego meu celular e ligo para um velho conhecido, sem ao menos me importar com as horas, que no terceiro toque ele atende,
―Alô? uma voz feminina e sonolenta do outro lado da linha me atende,
―Alô, perguntei surpreso,_ esse número é do Diego?
―Sim é dele, quem quer falar com ele?
―Sou um amigo dele, Gonçalez
―Só um momento ... amor, amor, acorda tem alguém que quer falar com você, acho que é um tal de Gonçalez, escuto a mulher com a voz rouca e sonolenta dizer do outro lado da linha
―Cara, você já viu que horas são?
―Sim Diego, eu sei mas preciso da tua ajuda.
―E pra que é dessa vez? ele diz bocejando,
―Quero que investigue um cara pra mim
―Não é fria não né?
―Faça o seu preço que eu te pago.
―Okay, qual o nome do cara?
―Oliver, Oliver Thomas Smith, preciso saber tudo a respeito dele. Tudo entendeu? onde mora,nome do pai, da mãe, irmãos,empresa, empregados,tudo,conta bancária, tudo você me ouviu? Te enviei a foto dele.
―Okay, deixa comigo, logo mais eu te retorno.
Desligo o telefone, preciso esfriar a cabeça, desço as escadas da mansão e vou para um lugar onde eu nem percebo passar a hora. Meu refúgio de dor...
…
Ao amanhecer...
―Eu sabia que você estava aqui...
―Mãe!
―Filho,isso tem que acabar. Não aguento mais ver você assim querido, um trapo. Um trapo humano! Veja como você está e o que se tornou.Não come,não dorme,se isola.
Quando não está na estufa, está enfiado aqui nesse mausoléu. Até quando isso meu amor?
―Toda causa da minha dor e sofrimento é deles mãe. Eu não posso sossegar, não vou ter paz enquanto não destruir todos.
―Meu filho, isso não se trata só do seu pai, não é mesmo?
―Você sabe que não!
―A morte dela não tem nada haver com eles, foi uma fatalidade meu amor,
―Não foi e eu tenho certeza disso, só não tenho como provar pois quem poderia provar está morto, e a única testemunha, sumiu.
―Todos nós sentimos falta de Catarina, eu sofri muito com a perda do meu neto, mas não creio que seriam capazes de tanto,
―Pois um dia, eu juro...eu não sei quando nem como, mas eu vou provar o que estou falando
―Está bem meu filho, ao menos coma algo, trouxe uma cesta com algumas coisas pra você comer. Também seu celular, estava tocando um tempão no quarto.
Minha mãe me fala colocando o aparelho em cima de uma mesinha próxima a janela,
―Obrigado mãe, digo pegando um sanduíche
―Isso aqui tá um lixo hein,meu Deus, e o cheiro de mofo tá horrível, como você consegue ficar aqui dentro. Você tem que deixar a Berenice limpar esse lugar meu filho.
―Não! Não quero que ninguém entre aqui, eu já falei isso.
―E esse quadro novo? Não tinha visto ainda, ela diz se aproximando da tela
―Não é nada de especial, alguns rabiscos, algo inacabado, cubro a tela por inteiro para que ela não perceba quem é.
―Está bem, vou indo então, me fala desconfiada―Você vem almoçar?
―Não, eu vou ficar um pouco aqui, depois vou para a estufa. O que a senhora me trouxe já é o suficiente. Não tenho muita fome,
―Okay, vou indo então.
Minha mãe me dá um abraço caloroso e sai
…
Pego o telefone
―Diego? Alguma novidade ?
―González, então eu consegui algumas informações sim.
Oliver Thomas Smith, 31 anos Empresário
dono de umas das maiores frotas de táxi em Nova York, e outras empresas,como construtora, imobiliária, mineradora,é noivo de Elizabeth Williams , 24 anos há pelo menos 2 anos
―Isso eu sei Diego, o que você tem mais?
―Bom, o cara está com algumas dívidas com o governo. Imposto de renda, sonegação fiscal. Até mesmo 12 de suas 18 empresas foram vendidas para pagar dívidas , processos trabalhistas e tudo mais. Fora algumas dívidas que ele possui com gastos supérfluos,como sapato de 50 mil dólares, champanhe de 90 mil dólares, e por aí vai...
―Humm, interessante...
―Tem algo estranho, digo diz
―Fala, o que é?
―Ele tem uma irmã, certo?
―Não sei , vi ele só umas duas vezes, mas sempre o vejo sozinho ,respondo
―Sim, pelo que pesquisei sim. Porém, a mulher não tem o mesmo sobrenome que ele, achei um pouco estranho , visto que todos conhecem como os irmãos Smith.
―Nome dela? Pesquise mais a respeito e me mande por email .
―Okay, o nome dela é Clarissa Jones, tem 29 anos, muito gata, mas não ter o mesmo nome pode não significar nada, eles podem ser irmãos adotivos ou não são filhos dos mesmos pais. Vou investigar mais a respeito e te enviar por email .
―Certo, sua conta bancária é a mesma?
―Sim
―Vou transferir hoje um pagamento, metade...depois que você terminar o próximo passo ,eu envio o restante.
―Eduardo, Eduardo, não vai me meter numa fria não né? Que passo é esse?
―Quero que encontre os dois e siga-os, quero fotos, para cada canto que eles estiverem eu quero imagens, gravações
―Porque você quer tanto saber deles?
― Até mais Diego, logo eu faço a transferência.
Desligo o telefone, em seguida vou até a cesta de lanches e pego mais um sanduíche. Me direciono ao quadro que pintei essa manhã e o observo, olhando cada detalhe, tocando na tela
Elizabeth...Elizabeth...Tão linda, tão inocente, mau sabe o pai que têm...a família que possui. Se essa cidade não fez justiça por tudo o que aconteceu, eu vou fazer destruindo um por um...
Eu vou descobrir o caminho até você querida, ou simplesmente vou desenhar esse caminho...