CAPÍTULO 5 - Campo minado
Lyz
―Agora me explica como você veio parar aqui? O que você estava fazendo no meio do mato com esse cara?
―Como assim? No meio do mato?
―Elizabeth não seja inocente,não se faça de desentendida
―Você está me ofendendo Óliver.
―Está ofendida é? E eu?como acha que estou me sentindo,que acabei de pegar minha noiva,minha futura esposa agarrada com um cara desconhecido no meio do mato.
―Agarrada? No meio do mato?seu cretino, desgraçado. Pare esse carro, para agora Óliver, ou eu pulo com ele em movimento.
Ele freia o carro bruscamente levantando poeira na estrada deserta, dando um soco em seguida no volante .
―Merda!!! Ele diz socando o volante― Lyz me desculpe,eu eu não quis te ofender meu amor.
Saí do carro batendo a porta com força,
―Lyz espera, me escuta,perdão amor eu fiquei com ciúmes, me desculpa vai.
―Isso não te dá o direito de me ofender dessa forma. Meu Deus Óliver,você ouviu o que você acabou de falar? Você nem ao menos perguntou se estou bem, nem isso, já foi logo querendo tirar satisfação de marido traído.
―Me desculpa, eu sou um babaca eu sei, ele diz segurando meu braço com firmeza.
―Desce minha bicicleta Óliver!
―Não Lyz, não faz isso,me ouve amor.
―Desce minha bicicleta ou eu vou a pé,
―Está bem! ele diz soltando meu braço, bufando e revirando os olhos e em seguida desce minha bicicleta da camionete. Embarquei nela, deixando-o ali sem olhar para trás. Logo ele passa adiante de mim em alta velocidade.
Chegando em casa vejo sua camionete estacionada no portão.Não quero ouvi-lo, não quero conversar, não agora. Entrei em casa,e a família está toda reunida na sala junto com Óliver preparada para assistir o espetáculo.
―Filha, minha querida, o que aconteceu? Você está bem? Fiquei preocupada amor, minha mãe correu ao meu encontro
―Estou bem mãe,estou ótima. Eu vou para meu quarto.
―Lyz conversa comigo por favor, Óliver me pediu
― Eu só quero subir,tomar um banho e deitar,já fui ofendida demais por hoje, falei olhando pro meu pai―Não quero ver e nem ouvir ninguém, outro dia a gente conversa.
―Vai conversar com ele sim mocinha! Meu pai diz se levantando do sofá.
―Não vou! Seu querido futuro genro ou talvez ex genro, não merece que eu explique nada para ele, já que ele pensa coisas horríveis a meu respeito.
―Lyz não é bem assim, você se ofendeu por pouca coisa querida
―Pouca coisa? Você se expressou de uma forma nojenta, ridícula, Óliver. Aquele bom homem apenas me ajudou duas vezes por sinal.
―Tá aí, me explique isso,como "esse bom homem" te ajudou, eu quero ouvir, me explique, ele disse com tom de deboche cruzando os braços.
―Ah Óliver, por favor, me dê licença.
―De que homem vocês estão falando? meu pai perguntou,
―Daquele que mora afastado da cidade, Gonçalez,é isso?
―Você esteve com aquele homem, Lyz?
―Sim, estive. E não aconteceu nada de mais. Eu saí daqui furiosa com o senhor, que assim como Óliver não mede as consequências ao falar as coisas, que ofende as pessoas, falam coisas sem pensar ou se preocupar com o que elas sentem. Sem ao menos se preocupar com os sentimentos delas.
―Calma, minha filha, minha mãe diz me consolando. Olho para meu pai que está furioso me olhando em silêncio―Segui sem rumo, até chegar no limite da cidade sem perceber que eram as terras dele. Entrei em uma plantação de girassol logo em seguida ele apareceu e me salvou
―Como assim te salvou? Óliver perguntou
― Sim, ele chegou e matou uma víbora que estava próxima a mim sem que eu ao menos tivesse percebido ela se aproximar.
―Meu Deus Lyz, podia ter acontecido o pior minha filha,
―Sim mãe, se não fosse por ele eu nem sei o que poderia ter acontecido
―Ou se você não tivesse dado todo esse show, não tivesse ido pra lá nada disso teria acontecido, retrucou meu pai.
Olhei novamente para ambos,virei as costas e fui para meu quarto deixando todos ali na sala. Joguei o celular na cama sentando na beirada da mesma, até minha mãe entrar atrás de mim,
―Filha, minha querida, Óliver quer conversar com você,escute ele. É natural ele estar com ciúmes meu bem, devido a situação. Sim, confesso que ele se expressou mal, mas vocês estão noivos, tentem se entender.
―Não sei se estou disposta a ouvi-lo não agora,
―Por favor Lyz, Óliver entrou em meu quarto―Me desculpe,eu estou nervoso, fiquei sim com ciúmes, mas me escuta por favor ...
―Vou deixá-los a sós,minha mãe sai se retirando do quarto. Ele se aproxima de mim e segura firme em minhas mãos.
―Olha, amanhã eu vou viajar e não quero ir sem nos entender antes.
―Oli você me magoou muito,poxa vida nem se preocupou se eu estava bem,você apenas se preocupou com sua honra e não com meu bem estar. Eu posso estar exagerando, mas é o que eu sinto no momento,
―Eu sei, eu sei, fui um tolo idiota,um babaca,me perdoa vai,prometo que isso não vai mais acontecer.
Fico em silêncio por alguns instantes,olho em seus olhos que estão preocupados
―Eu não sei,estou bem confusa.
―Ah de novo Elizabeth!
Ele fala soltando minhas mãos e andando pelo quarto de um lado para o outro, se vira pra mim e completa―Eu sou homem certo? Tenho meus desejos, minhas vontades, ao ver você ali nos braços daquele cara, quase que beijando, imaginei um monte de coisas. Minha vontade era quebrar a cara dele.
―Imaginou o que? Que eu fosse me entregar a um desconhecido ali no meio do "mato" como você disse?
―Isso é você que está dizendo Lyz,
―Mas é o que você está pensando Óliver. Isso é orgulho ferido não é? Está com medo que eu me entregue a outro homem antes de você, é isso não é?Perguntei
―Para Lyz, não fala isso…
―Você vive me cobrando por eu não me entregar a você, foi isso então! Já saquei tudo. Isso te deixou revoltado imaginando a possibilidade de eu cair nos braços de outro homem.
―É, foi isso porra! Não tudo, mas boa parte-ele diz dando um soco na minha escrivaninha,uma lágrima cai do meu rosto, suas palavras são como um soco no estômago.
―Você não me conhece mesmo Óliver, não conhece meu caráter. Esses dois anos de noivado não te fizeram me desvendar e me conhecer.
―Querida ...
―Você só está piorando mais ainda com essas suas palavras, sem nenhuma consideração por mim,pelos meus sentimentos e pelo meu corpo,sai daqui Óliver, me deixa sozinha,vai embora.
Meus olhos ficam embaçados pelas lágrimas, mal consigo falar,
―Lyz...
―Sai Oliver, sai daqui!-começo a gritar, avanço nele puxando pela sua camisa dando socos em seu peito o empurrando para fora do meu quarto. Tranco a porta e me jogo na cama. Alguns minutos depois, após me acalmar, escuto o telefone tocar. Olho no visor é ele. Desligo a ligação,novamente toca.
―Que insistente!!!
Olho para tela,número desconhecido. Não atendo, desligando novamente a ligação,um bipe indica que uma mensagem acabou de chegar,
"Olá Elizabeth...
Espero que esteja bem e que nosso encontro inusitado não tenha prejudicado seu relacionamento com seu noivo,pois percebi ciúmes em seu olhar. E não é para menos eu o entendo...
Encontrei um certo lacinho caído em meio à minha plantação,se caso tiver interesse em pegá-lo de volta sabe onde me encontrar."
―Que atrevido! sussurrei e sem perceber um leve sorriso se forma em meus lábios―Acorda Elizabeth, sacudi a cabeça- Aff... Mas como ele conseguiu meu número? O que esse homem quer de mim? O que ele tem que me deixa confusa?
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...
"Nem tudo que vemos,é o que parece ser,
Nem tudo que ouvimos, é verdade.
Nem tudo que reluz é ouro,Nem tudo que brilha, é diamante.Palavras de amor as vezes são como folhas jogadas ao vento, voam sem rumo e caem em qualquer lugar.São faladas a alguém que não merece, ou são ouvidas por alguém que não nos merece...