Capítulo 33
Época de Natal [PARTE 1]
Algumas pessoas vivem no passado, outras no futuro, mas poucas vivem realmente no presente. Apenas uma pequena parte deste mundo dedica tempo para aproveitar cada minuto que lhe é concedido. O tempo é um fenômeno estranho. Alguns não prestam atenção nisso, outros prestam muita atenção nisso. Alguns se preocupam tanto com o que o futuro reserva que se esquecem do presente. Mas o tempo tem muitos poderes, como fazer você perceber que um momento só é precioso quando se torna uma lembrança.
Muitas pessoas também vivem no passado. Muitas vezes, trata-se de pessoas que passaram por um acontecimento traumático e não conseguem seguir em frente, ou não, quando o presente é menos agradável que o passado. É assim que se forja uma pessoa, dependendo de onde está o espírito.
Depois, há aqueles que vivem no presente. Eles não confiam nem no passado nem no futuro, mas sim no momento presente. Eles sabem apreciar coisas simples, como uma forte tempestade no alto ou uma simples caminhada ao nascer do sol. São as pessoas mais felizes porque não se arrependem do passado ou incertezas quanto ao futuro.
A moral de tudo isso é que o tempo é precioso. Cada segundo, cada minuto e hora são importantes.
Nunca superestime o tempo.
"Oh vovó, você não deveria!" Ellie exclama, abrindo o pacotinho vermelho debaixo da árvore.
Sob seus olhos está um magnífico globo de neve. Abaixo dos microflocos está a pequena cidade de Edgartown, entronizada na bolha de vidro. A garota sacode levemente, fazendo com que os flocos de neve dancem pela cidade em miniatura.
Um grande sorriso se forma em seus lábios ao ver seu presente. Pode não parecer muito para mais ninguém, mas não para Ellie. As coisas simples são as que ela prefere, porque ela é daquelas pessoas que vive o momento.
"Pensei que você gostaria de ganhar uma lembrança quando voltar para Boston no ano que vem," Marguerite sorriu calorosamente.
Ellie abaixa ligeiramente a cabeça e franze a testa com o pensamento. Ela sabe que terá que voltar para Boston em algum momento, mas por enquanto, só de pensar em sua antiga vida monótona é o suficiente para estragar a véspera de Natal. Ela se sente bem aqui e pretende fazer com que o momento dure.
"Obrigada", disse ela timidamente, colocando delicadamente o globo de neve na beira da lareira.
Então ela vai até a árvore e pega um pacote embrulhado em um lindo laço dourado.
"Você abre sua avó atual", disse Ellie, ajoelhando-se no tapete na frente de sua avó.
Marguerite pega o pacote com delicadeza e o coloca no colo, com um sorriso ancorado nos lábios ao ver o presente.
“Eu me pergunto o que poderia ser”, admite a senhora.
Ellie puxa uma mecha de cabelo atrás da orelha e menciona o presente para Marguerite.
“Abra e você verá”, disse ela, ansiosa para ver a reação da avó.
A velhinha começa a desfazer a fita, tomando cuidado para não danificar muito o papel.
“Ah, meu querido, que ótimo, gostei muito”, exclama Marguerite quando a embalagem revela uma série de livros de receitas e um avental novo.
Marguerite pega Ellie nos braços e agradece centenas de vezes. Os olhos da velha senhora brilham com uma luz que Ellie viu raramente em sua vida. Por um momento, Marguerite parece uma menininha sob o olhar de admiração da jovem.
Ellie o observa com atenção, feliz porque seu presente o agrada. Marguerite tem um sorriso dançante nos lábios, de modo que até seus olhos sorriem. Já foi dito que está tudo nos olhos. Um sorriso não é sincero se os olhos não sorriem também. As palavras não significam nada até que os olhos também as expressem.
•••
"Vá em frente, abra", disse Charlie, mencionando o pequeno pacote que estava na frente de Annie.
A menina analisa o pacote por um momento, deixando a imaginação adivinhar o que pode estar escondido sob esse papel vermelho e essa linda fita verde.
Ela finalmente acaba colocando os dedinhos na caixa e puxando a fita. Charlie, sentado em frente à menina, observa em silêncio.
Os olhos de Annie brilham quando ela descobre um par de patins. Ela levanta a cabeça para o irmão, os olhos cheios de excitação e um enorme sorriso que aquece o coração de Charlie.
“Obrigado Harlie! a loirinha pula nos braços do irmão para agradecer.
Poucas crianças da sua idade estão cientes dos fatos duros sobre o Papai Noel. Poucos sabem que se trata de pura invenção. Annie aprendeu isso logo, quando Samuel ficou bravo com ela um dia, contando-lhe a verdade sobre todos os mitos da infância. O menino obviamente se arrependeu, mas o problema com o tempo é que ele não pode se recuperar.
“Achei que antes de aprender a patinar talvez você devesse aprender a andar de patins”, disse o jovem com voz calma e serena.
— Mal posso esperar para experimentá-los! Ela pula com os dois pés na frente do moreno alto, o que o faz sorrir.
"Você gosta disso?" ele pergunta.
Annie balança a cabeça.
- Simii, ela sorri e seu rosto se ilumina. Poderíamos ir testá-los agora! ela exclama.
Charlie acena negativamente.
— Tenho que ir trabalhar, Annie, ele suspira sob o olhar triste da garotinha.
Os bracinhos de Annie agora estão soltos ao longo de seu corpo. Ela parece triste com esta notícia.
“Mas é dia de Natal, você não pode trabalhar”, ela comenta com uma voz baixa e fraca.
Charlie passa a mão no rosto e suspira.
“Eu sei, mas precisamos do dinheiro. Joe concorda que eu administre a loja durante as férias de Natal”, diz ele.
A menina não diz nada e abaixa a cabeça, desapontada. Seus novos patins estão agora no chão.
O menino segura a mãozinha de Annie.
"Annie," Charlie começa com uma voz suave. Estarei de volta esta noite. Prometo que vamos dar um passeio de patins em direção ao porto do acordo? »
Sua voz é tranquilizadora para a loirinha. Annie balança a cabeça, sem dizer uma palavra.
O menino se senta, pega seu cardigã preto e abre a porta. Só que não é tão fácil quanto parece, pois ao mesmo tempo Victor aparece no pátio.
Charlie imediatamente fica tenso ao ver seu tio nojento. Este bebeu, não é difícil adivinhar. Como todas as manhãs, Victor tinha que passar todo o tempo no bar local, onde todos os seus amigos alcoólatras frequentavam. Seu cabelo castanho grisalho é oleoso e sua pele é opaca.
“Onde você vai assim? ele pergunta quase perdendo o equilíbrio.
Assim que o velho se aproxima, um forte cheiro de uísque invade Charlie. Isso o repele.
“Vou trabalhar no Joey's”, murmura o jovem sem olhar nos olhos de Victor, correndo o risco de ficar mais chateado do que já está.
Victor limpa a garganta alto e dá um passo em direção a Charlie.
“Você não vai a lugar nenhum, tem que cuidar do pequenino, tenho a galera voltando para casa hoje à noite”, informa.
Charlie, que agora está no pátio, vira-se lentamente, tentando de alguma forma manter a calma.
"Alguém precisa trazer algum dinheiro para a casa deste Victor", disse Charlie secamente.
Ele desafia o tio com um olhar desafiador e ameaçador.
Sua mandíbula está cerrada e suas mãos firmemente fechadas sobre as chaves.
Victor franze a testa e dá um passo ameaçador em direção ao menino.
“Cuidado com o tom comigo, Charlie”, o velho quase cospe seu primeiro nome.
Charlie apoia o olhar vidrado de Victor com ódio profundo. O velho sorriu levemente sabendo que estava machucando Charlie de alguma forma com seu comportamento.
O homem alto e moreno volta o olhar para a garotinha que está parada na escada, com o rosto preocupado e os patins na mão. A loirinha fica assustada com a situação, como todas as outras vezes que Charlie e Victor se encontraram na mesma sala.
"Vejo você hoje à noite", diz ele antes de virar-se e ir para a casa de Joey.
Victor grita seu nome e ordena que ele volte, mas o homem alto e de cabelos escuros permanece calado e impassível diante da grande voz do velho.