Capítulo 1
Cozinhar sempre foi sua paixão. Ela adorava fazer isso para suas melhores amigas, para suas reuniões cheias de diversão, fofocas, conversas de garotas.... Mas, mais ainda, ela adoraria cozinhar para muitas outras pessoas.
Então, por que tanta apreensão?
Porque esse refresco era... O REFRESCO do século.
A oportunidade de ouro de transformar seu sonho em uma bela realidade.
Há anos ele sonhava em montar seu próprio negócio de bufê com uma padaria-bar anexa. Mas era um projeto que precisava de um financiamento significativo, e as pessoas dessa festa eram a solução para seu problema... ou parte da solução.
E é por isso que eu estava tão nervosa...
Ok, essa não era a primeira festa para a qual ela oferecia seus serviços, mas era a que mais lhe interessava. Primeiro, porque se tratava de Matilda, sua melhor amiga, e segundo, porque hoje, aqui, em uma sala, estavam presentes as pessoas mais influentes da cidade.
Alguns meses antes, Matilda e Darrell haviam se casado. Logo depois, sua amiga descobriu que estava esperando um filho. Seu marido, para compensar algumas escolhas e decisões infelizes, comprou para ela uma pequena casa em Darien, Connecticut. Quando o trabalho ficou pronto, Matilda decidiu dar uma festa de inauguração para a nova casa e pediu a ele que se encarregasse das bebidas.
Então, se ela era sua melhor amiga, qual era o motivo de você ficar tão chateado?
Afinal de contas, Matilda não era uma pessoa muito difícil de agradar....
Bem, em primeiro lugar, ela queria que tudo estivesse perfeito para a festa, porque adorava Matilda e sabia muito bem o quanto ela havia passado para chegar a esse ponto de sua vida com Darrell. E também porque eram convidados muito importantes, todos de alto escalão com uma densa rede de conhecidos igualmente ilustres.
Ela deu uma rápida olhada ao redor e percebeu que, juntos, os bens das pessoas que estavam na festa poderiam pagar as dívidas de muitos países do terceiro mundo. E, nesse tipo de ambiente, a propaganda boca a boca era a melhor forma de publicidade, então ele realmente queria que tudo corresse bem.
Ele andou pela grande cozinha de Matilda, fazendo uma anotação mental dos pratos que estavam prontos para serem servidos.
Mas onde diabos os garçons tinham ido?
Como se fosse a deixa, a porta se abriu naquele exato momento e um rapaz de vinte e poucos anos, sem fôlego, entrou na cozinha. Natalia o olhou de cima a baixo e soltou um grunhido rouco.
- Onde está o seu uniforme? -
A resposta foi uma expressão atordoada.
- Não estou entendendo... Que uniforme? -
- Você está brincando, certo? -
- Não, não estou... Que uniforme? -
Natalia suspirou, fechou os olhos e contou até cinco, tentando se acalmar.
- O uniforme típico de um garçom... Camisa branca? calça preta? sapatos engraxados? possivelmente cabelo em ordem? - ela listou, tentando não soltar um grito histérico.
O jovem olhou para ela novamente com uma expressão pesarosa.
- Peço desculpas, senhora", ele murmurou, "no entanto, fui alertado no último momento? Imaginei que encontraria tudo o que eu poderia precisar aqui. -
Ele soltou um longo suspiro de ar.
- Presumo que você nunca tenha sido garçom na vida, não é? -
- Hum... Não, senhora", gemeu o rapaz. - Eu preciso desse dinheiro... Um amigo meu me falou de um emprego de meio período bem remunerado. Digamos que eu esteja aqui para substituí-lo. -
Ele fechou os olhos novamente e balançou a cabeça.
Fantástico!
Ele não tinha nem mesmo um garçom qualificado. Algum idiota havia decidido, no último minuto, não aparecer e havia enviado um amigo dele, sem nenhuma experiência nessa função, como substituto. Era mais do que óbvio que o jovem inexperiente não seria capaz de lidar com uma sala cheia de pessoas.
Isso significava apenas uma coisa: ele tinha que arregaçar as mangas. Além de se juntar a seus amigos e brindar à saúde de Matilda e à sua nova casa. Agarrando o jovem pelo braço, ele o arrastou em direção às escadas.
- Venha comigo lá em cima! Precisamos encontrar algo mais adequado para o que você está vestindo agora e deixá-lo mais apresentável? - disse Natalia sem desanimar.
O garoto olhou para ela com uma expressão intrigada, mas não resistiu e se deixou levar para o quarto de Matilda e Darrell. Natalia foi direto ao guarda-roupa de Darrell, abriu-o e vasculhou as roupas penduradas até encontrar uma camisa branca e uma calça preta que combinavam com o garoto.
- Tire a roupa imediatamente! - ordenou-lhe sem rodeios.
Um lampejo de calor atingiu as bochechas do pobre rapaz. Depois, uma tosse disse a Natalia que ela e o garoto não estavam sozinhos.
- Talvez seja melhor eu voltar mais tarde... -
Ela sentiu um arrepio percorrer sua nuca ao ouvir aquele tom de voz profundo e estreitou os olhos, constrangida. Agora, havia dois deles que estavam com o rosto vermelho. Ela se virou e viu Calvin Cavendish encostado no batente da porta com uma expressão indolente e um brilho de diversão nos olhos.
- Natalia... Natalia... Natalia... Você tem um novo hobby, querida? Está se divertindo com seus bebês agora? -
Ela não entendia por que, mas esse homem tinha a capacidade de sempre surpreendê-la nas situações mais embaraçosas, as mais fora de lugar para ela... Ela se considerava uma mulher inteligente, muito inteligente, e sabia o que estava fazendo. Não era ingênua e nunca deixava ninguém se meter em problemas. No entanto, toda vez que ela passava pelo amigo de Darrell, parecia uma completa idiota.
Mas, dessa vez, era uma emergência de trabalho que poderia ter consequências muito sérias para seus negócios e seus sonhos, portanto, ela não deixaria seu constrangimento transparecer.
Ela lhe lançou um olhar assassino e, ao sair, jogou a camisa e a calça nele.
- Não deixe seu emprego atual para fazer stand-up, Cavendish.... Porque você não é nem um pouco engraçado... Faça com que ele vista isso. Em dois minutos, quero que você desça, se vista e se penteie.... - ordenou Natalia em um tom categórico.
Ela viu os olhos do moreno Fabian se arregalarem de surpresa. Bem, finalmente, pela primeira vez, ela havia conseguido surpreendê-lo. Então, ele franziu a testa, movendo o olhar das roupas que estava segurando para o garoto e vice-versa.
- Mas... Essas não são as roupas de Dare? -
- Pare de desperdiçar meu tempo desnecessariamente! Preciso urgentemente de um garçom, caso contrário ninguém comerá ou beberá esta noite.... Você entendeu bem o que eu disse? - ela sibilou.
Fabian a encarou, mas não deu um único passo.
- Ouça, esse cara é meu único garçom... Não tenho nada melhor para você. Não quero estragar a festa da Matty, não quero decepcioná-la, e você também não quer isso, não é? Então, Cavendish, vá em frente e torne-se útil, não tenho mais tempo a perder. -
Com isso, ele passou por ela e foi direto para as escadas, sem esperar pela reação de Fabian ao seu pedido. Ele não podia perder mais tempo desnecessariamente, tinha que salvar a festa de Matilda!
Quando chegou à cozinha, Natalia rapidamente alinhou as bandejas e colocou as taças de vinho e champanhe sobre elas, xingando baixinho porque tinha que ajudar a servir.
Maldição! Ela havia pedido três garçons e algum tipo de preguiça chegou precisando de dinheiro para comprar cerveja em um sábado à noite. O pessoal da agência vai ficar sabendo disso amanhã.... A cidade inteira ficará sabendo disso!
Um momento depois, o rapaz entrou na cozinha e Natalia ficou surpresa ao ver que ele não estava com uma aparência muito ruim. A calça e a camisa estavam um pouco grandes, mas ele estava bem arrumado e, de modo geral, parecia aceitável.
Ela o chamou, colocou uma bandeja de caviar e canapés de caranguejo em sua mão e o empurrou para a sala de estar, onde Matilda e Darrell estavam recebendo seus convidados.
Em seguida, ela serviu o vinho em metade das taças e encheu o restante com champanhe.
- Ei, querido... Você precisa de uma mãozinha? -
Natalia ofegou e se virou abruptamente, ainda segurando a garrafa. Parte do conteúdo caiu no chão.
- Uma mãozinha? -
Fabian assentiu lentamente com a cabeça.
- Sim, uma mão... Ajuda, assistência, resgate, colaboração, assistência? O que eu faço, continuo com os sinônimos ou você pode pedir ajuda? Porque, querida, acho que você realmente precisa. -
- Eu não... -
- Vamos lá, Natalia, pare de agir como a Mulher Maravilha, você não foi feita para esse papel. Você também pode ver claramente que não pode fazer isso sozinha. O Matty deve ter enlouquecido ao pedir para você cuidar das bebidas para todas aquelas pessoas. -
Ela ficou surpresa com a oferta de ajuda de Fabian e, ao absorver o restante da frase, ficou furiosa.
- Eu não gostaria que você sujasse essas suas lindas mãos? - ele retrucou em um tom amargo. - E, para sua informação, Cavendish, embora eu não seja a Mulher Maravilha, tenho tudo sob controle. Não é minha culpa se o garçom, ou melhor, os três garçons que pedi, me deixaram na mão. E não é para me gabar, mas simplesmente para apontar um fato: a comida que preparei é perfeita, mesmo que eu não seja um chef famoso. Só preciso ser capaz de entregá-la aos belos convidados de Matty e Dare. -
- Acabei de oferecer minha ajuda e você me insultou? - perguntou Fabian, fingindo irritação.
As sobrancelhas de Natalia se ergueram para cima.
Por que aquele homem tinha de ser tão bonito? Tão delicioso? Não poderia ser um sapo? Ou talvez careca e com uma bela barriga. Mesmo que você seja careca, um homem ainda pode ser atraente?
Calvin Cavendish era incomparável quando se tratava de beleza física... Ele era praticamente perfeito... E ela não podia tornar as coisas mais simples quando o tinha por perto.
- Eu não posso aceitar... Você é convidado do Matty e do Dare... - afirmou Natalia com um tom determinado. - Além disso, isso não é para você. Você está acostumada a ser servida, não a servir os outros. -
- Você não me conhece... Como você pode dizer que não é para mim? - insistiu Fabian, enquanto se inclinava para uma das bandejas.
Natalia não sabia o que responder e o observou, espantada, enquanto ele carregava a bandeja casualmente, indo em direção à saída da cozinha. Ela se encostou na pia, com o coração batendo tão forte que quase perdeu o equilíbrio.
- Uau... - murmurou ela.