Capítulo 6 – Reconhecimento
Pov Celine
Benjamin me encarava tão sereno naquele momento, que me senti poderosa. De alguma forma ele queria me dizer que tudo ficaria bem.
Assim que ouvi a voz poderosa de Jordan, eu me virei e o vi conversando com um homem que eu nunca tinha visto antes.
A partir daquele momento eu tive certeza que as coisas ficariam bem.
"O papai chegou, meu amor." falei para o Ben enquanto tentava segurar as lágrimas vendo a pose dura de Jordan do outro lado do vidro.
"Senhora, quem é aquele homem?" uma enfermeira chamou minha atenção. Tinha certeza que ela tinha ouvido o que eu tinha dito para o bebê, mas precisava da confirmação.
"É o pai do Ben, vá. Faça-o ser esterilizado e o deixe entrar." a mulher concordou com a cabeça e saiu apressada conversando rápido com o homem que não tirava seus olhos de nós.
Ele a seguiu e por alguns minutos agradeci mentalmente a qualquer divindade que estivesse disposta a me ajudar a salvar meu filho.
"A dor vai parar querido, agora tudo ficará bem." falei embalando meu pequeno bebê e vendo seus olhos começarem a se fechar se entregando ao cansaço.
Quando Jordan entrou no quarto, sua aura de dominância me impactou. Eu não podia negar que ele era uma força, e sua presença marcava qualquer lugar que ele estivesse. Observei a pequena enfermeira medir o homem de cima a baixo e me olhar curiosa.
"Precisa de alguma coisa?" falei para ela quando seus olhos percorreram o corpo dele pela terceira vez e ela pareceu sair do torpor.
"Ah, não senhora. Eu vou buscar a medicação do bebê e já volto." concordei vendo Jordan parado na porta.
"Pode entrar." falei em voz baixa.
"Estou tentando achar algo." ele falou e não entendi. Seus passos eram lentos pelo quarto e ele não veio diretamente a mim e ao Ben, como eu imaginava.
"Esse quarto é esterilizado. Ben está sem imunidade e qualquer bactéria ou vírus comum pode ser fatal." Olhei para o bebê que agora dormia tranquilo em meus braços e beijei sua testa, mesmo que a máscara me impedisse de sentir sua pele contra a minha.
Por fim, Jordan andou em nossa direção, sem fazer barulho algum, e achei engraçado como um homem daquele tamanho conseguia ser tão silencioso.
Seus olhos me encararam por poucos segundos, antes de olhar para o bebê. Ele aproximou seu rosto dele olhando cada detalhe do meu filho, como se tentasse achar alguma semelhança entre eles.
"Se quiser, posso pedir o teste de DNA ainda hoje." ele se afastou e me encarou.
"Não precisa, eu sei que ele é meu. Mesmo que seu cheiro esteja envenenado pelas drogas que estão dando para ele, eu consigo reconhecer seu cheiro." ele passou um dedo pelos poucos cabelos que ainda existiam na cabeça do bebê. "Essa medicação está o matando." olhei feio para ele e levei o bebê até o berço, o colocando com cuidado, evitando que a sonda nasal e o soro saíssem.
"Vamos conversar em outro lugar." Ele concordou com a cabeça, chegando novamente perto do bebê e enrugando o nariz.
Minha paciência, que parecia estar intacta pela manhã, começou a se dissipar com os gestos brutos do pai do meu filho.
Retiramos a roupa de proteção e a jogamos na lata de lixo e saímos do quarto isolado. Assim que chegamos ao corredor, vi o homem que estava com ele mais cedo, conversando com outros dois perto do elevador e um outro homem parado ao lado da porta do quarto de Benjamin.
"Quem são esses?" perguntei sem entender.
"Minha equipe de segurança. Esse hospital mantêm uma segurança ridícula para acesso aos quartos."
"Acho desnecessário, nunca tive qualquer problema com relação a isso." falei o encarando.
"Você precisou me autorizar a subir?" pensei em suas palavras e me assustei com a resposta. "Eu só precisei falar que era pai dele e me autorizaram. Qualquer um poderia ter feito isso. Deveria ser mais cuidadosa, com a posição que possui, acredito que tenha alguns inimigos e assim que souberem que ele é meu filho, arranjara mais alguns." suas palavras me assustaram. Não tinha como eu debater com ele sobre aquilo. A falha do hospital foi esfregada em meu rosto.
"Posso contratar uma equipe." falei apertando uma mão na outra.
"Não precisa, a minha fará o trabalho, até que o filhote saia daqui." Cruzei os braços irritada por sua fala.
"Se não quer o DNA, o que veio fazer aqui?" sabia que tinha que manter a calma, ou ele se afastaria novamente, mas esse seu jeito era irritante.
"Vim salvar meu filho, não é isso que quer. Se bem que acho que esses seus médicos só estão acelerando o processo de sua morte." meus olhos se arregalaram com sua constatação. "Ele cheira química. Tudo nele está frágil... ele..." levantei minha mão e o fiz para de falar.
"Seu filho tem um tipo raro de leucemia. Os médicos estão fazendo o que é possível, mas a doença continua a avançar e..."
"Eu sei, eu li o prontuário." ele falou rápido ignorando meus protestos.
"Leu? Como assim leu o prontuário?"
"Como disse, a segurança deste hospital não é a melhor." fiquei chocada com mais essa revelação.
Quão poderoso esse homem era para ter acesso a tantas coisas? Ele parecia um simples lenhador quando o vi no bar e agora ele estava ali na minha frente, dominando toda a situação.
"Quem é você?" falei novamente e ele me encarou por um minuto.
"Achei que já estivesse claro para você." ele foi sarcástico e sorriu me desafiando.
"Não, não está. Você disse que meu filho é filho de uma Alpha. O que isso quer dizer?" o puxei para mais longe do quarto de Benjamin, onde a enfermeira retornava e nos olhava com curiosidade.
"Eu sou o Alpha da alcateia Lua Negra." coloquei a mão na boca querendo rir, mas seus olhos se estreitaram me fazendo parar.
"Quer mesmo que eu acredite que você é um lobo?" minha mão cobriu o meu lábio. "Se for assim, meu filho é da raça canina, ou algo do tipo?" seu olhar ficou ainda mais irritado e vi seu lábio inferior tremer.
"Lupino. Meu filhote é lupino. Não me teste com a sua falta de inteligência, humana." Não consegui me segurar e comecei a rir.
"Não sei se percebeu, mas meu bebê é uma criança normal. Ele não tem rabo, nem orelhas pontudas." ele se aproximou me deixando prensada contra a parede. Sua mão se estendeu em minha direção e seu dedo correu pelo meu rosto, me deixando alarmada. Assim que ele começou a descer pelo pescoço senti algo afiado cortar minha pele e quando ele a afastou, vi uma garra enorme em seu dedo indicador, o mesmo que a poucos minutos era um dedo humano normal.