Capítulo 5
O que você esperava que eu fizesse? Que ele iria beijar você e declarar seus sentimentos insistentes por você?
Claro que não! Foi tão estranho...
Caminhei em direção ao meu prédio quando vi o carro dele desaparecer na esquina. Peguei o elevador e cheguei em frente à porta de madeira do meu apartamento.
Entrei e o que vi me deixou paralisado no local.
O ponto de vista de Heitor
Não. Não. Não. Não. Isso não poderia ter acontecido, certo? Eles não poderiam ser livres, poderiam?
Provavelmente foi apenas um maldito pesadelo. Sim, isso mesmo, foi apenas um maldito pesadelo. Na verdade, eles ainda estavam na prisão, certo?
Sim. Sim. Sim. Sim. Certamente aquele artigo de jornal tinha que ser falso ou eu li errado, certo?
Agora vou olhar para trás e descobrir que tudo isso é uma maldita piada. Sim. Será assim!
Reabri o computador, que já havia forçado o fechamento antes, e li o artigo novamente e não. Eu não li errado. Na verdade, havia até imagens deles no momento da publicação. Ver aqueles rostos novamente, aqueles rostos depois de anos me deixaram petrificado e me senti mal pensando no meu passado com eles.
Na minha mente eu vi as imagens de mim mesmo diante do espelho naquele momento: todos aqueles hematomas, aqueles cortes, aqueles arranhões e todo o sangue escorrendo por todo o meu corpo das múltiplas feridas.
Como essas pessoas ousam libertar monstros que destruíram a vida de dois adolescentes que não fizeram nada de errado em suas vidas?
Como as pessoas libertaram aqueles que estupraram adolescentes porque eram muito loucos e queriam arruinar nossas vidas?
Mas não foi suficiente termos tirado nossos pais de nós!
Não bastava tê-los matado a sangue frio diante dos olhos de uma garota ingênua!
Imagens daquela noite vieram à mente. A noite de novembro. A noite em que minha vida mudou.
Na noite em que me mataram lá dentro.
A noite em que meu pesadelo começou. Meu pesadelo que durou um ano. Um ano de violência.
Um ano de insultos. Um ano de inferno.
Ainda me lembrava do dia da audiência, onde seria decidido o futuro dele e o meu. Ainda me lembrava dos rostos deles e dos meus quando se soube que ficariam muito tempo atrás das grades. Os deles cheios de raiva, os meus cheios de alegria, que eu não sentia há muito tempo. Ainda me lembrava das palavras deles quando passaram por mim na saída, algemados: — Queima no inferno, vadia! — — E da determinação, que me faltava há muito tempo, com a qual respondi: — Não se preocupe, Eu já estava lá! Agora é a sua vez! -
No entanto, lamento muito que ele não tenha aparecido. A certa altura cheguei a pensar que ele não tinha sido salvo, que estava morto.
Com a declaração deles eles provavelmente teriam ficado atrás das grades por mais anos, tempo suficiente para eu me acostumar com meu passado e para eles se acalmarem, ou talvez não. Ainda me lembrava que ninguém acreditou em mim, que todos os policiais ficaram em silêncio ao ver com os próprios olhos como me encontraram, como eu estava arruinado quando chegaram à floresta.
Enquanto pensava em tudo isso, lágrimas quentes corriam pelo meu rosto sem parar.
A certa altura, ele ouviu o clique da fechadura da porta. Virei-me para a porta com medo, pensando que eram ladrões ou pior, eles, mas quando vi a cabecinha loira de Elisabeth espiando pela porta me acalmei instantaneamente.
Ela provavelmente tinha acabado de voltar do encontro com Richard. Você poderia dizer pelo sorriso deslumbrante que ele tinha nos lábios. ¿
Quem sabe como você se sente quando gosta de alguém?
Nunca tive namorado ou pelo menos nunca gostei de ninguém e acho que isso nunca vai acontecer, isso é por causa do meu passado que sempre vai ocupar minha mente.
- Hector!!!! Tenho uma surpresa maravilhosa para você!!! Elisabeth disse, gritando como se não estivéssemos na mesma sala. O fato de ele ter dito essa frase já me preocupava. A última vez que ele voltou para casa e disse isso, eu me encontrei em um clube de strip-tease com homens seminus dançando provocativamente diante dos meus olhos.
Esse foi o presente dele quando completei vinte e um anos, que foi o último.
—Será uma surpresa como meu último aniversário? Não, porque se for esse o caso desta vez não me engane dizendo que é um simples bar chamado Strip Boy's. — falei, lembrando-me de suas palavras naquela noite famosa, em que vira de perto a anatomia de muitos homens.
Você quase viu esta manhã também, aquele lindo pedaço de carne!
Sssshhh!! Eu tinha conseguido tirar da cabeça a manhã que passei com Karla seminua, e agora que ele me fez pensar nisso, nele e em seu corpo tonificado, naquela minha consciência pervertida, meu rosto parecia estar em chamas.
Tudo o que aconteceu esta manhã e ontem à noite, pelo que ele me contou, me pareceu incomum. Seu comportamento comigo foi muito estranho. Ele não parecia o cara violento e sem escrúpulos que todos diziam que ele era.
-Hector ! Está me escutando? — A voz sonora de Elisabeth me tirou dos meus pensamentos.
- Sim!? - Minha resposta
Parecia mais uma pergunta do que uma resposta.
—Você está, como sempre, com a cabeça nas nuvens! —Ela disse chateada com meu comportamento que muitas vezes adotei. - De qualquer forma! — Ela continuou, ficando alegre novamente. — Comece a se preparar porque hoje à noite às , Richard vai nos levar para sair! — Tentei responder mas ele me interrompeu assim que abriu a boca.
— Sim, você também vem! E não, não temos que ir trabalhar hoje, pedi à Teresa e à Jéssica que nos substituíssem pelo menos esta noite, e elas ficaram emocionadas porque precisam de um dinheiro extra! — Ele disse tudo rapidamente, já sabendo as perguntas que eu lhe faria. Tentei pedir-lhe informações sobre esta suposta noite, esperando que não fosse como a anterior, mas desta vez ele também não me deixou falar.
—Coloque aquele vestido de renda vermelho escuro que eu tanto amo e use salto! Para mulheres: quero vocês vestidas e maquiadas! -
Ele gritou comigo enquanto caminhava pelo corredor e depois se trancou em seu quarto.
Levantei-me da cadeira, desliguei o computador e decidi que desta vez quebraria a regra e seguiria as orientações de Elisabeth, para esquecer por um tempo toda essa situação absurda.
Foi, então resolvi jantar com um simples sanduíche de presunto, sabendo que Elisabeth provavelmente já havia comido com o amante.
Então fui para o meu quarto e decidi começar a me arrumar imediatamente. Tomei um banho rápido, decidindo não lavar o cabelo já que só o havia lavado no dia anterior. Coloquei o vestido justo de renda vermelha que Elisabeth havia recomendado, com salto preto de 18cm. Resolvi soltar meu cabelo e enrolá-lo. Depois passei para a maquiagem: um batom vermelho fosco simples e muito rímel para realçar meus olhos escuros. Coloquei alguns anéis e estava pronto!
Me olhei pela última vez no espelho, quando Elisabeth veio me ligar.
- Uau você é linda! — Ele me disse com olhos em formato de coração, que eram apenas para o meu querido vestido vermelho.
- Você também! - eu disse olhando para ela. E era verdade, ela era linda!
Ela usava um vestido preto justo, o dela também todo forrado de renda, com mangas três quartos.
Ao contrário de mim, ela também passou um pouco de delineador e um pouco de blush vermelho e alisou o cabelo loiro. O que posso dizer, Richard foi um homem de sorte por ter conhecido uma garota como minha amiga.
— Heitor, olha... eu não contei nada para o Richard sobre aquele suposto erro e o teste de gravidez e prefiro que você não fale sobre essas coisas na frente dele. — Elisabeth me disse com um tom de incerteza na voz.
- Claro, não se preocupe com isso! Eu não vou te contar nada. — Eu a acalmei colocando a mão em seu ombro. Ela me abraçou rapidamente e disse no meu ouvido: Obrigada por estar aí. -
De repente a campainha tocou e Elisabeth se separou do abraço para abrir a porta para Richard.
Cheguei até eles e o vi num momento de paixão. Eles estavam mordendo a língua um do outro.
Canudo!
— Hum... vamos então? —Eu arruinei o doce momento deles ao separá-los com um aperto. Eli ficou vermelho e Richard sorriu para mim e pegando a mão do meu amigo caminhou em direção às escadas do prédio sem nem se despedir.
Ok, não somos amigos, mas você perdeu sua educação no caminho?
Fui até a porta depois de vestir minha jaqueta, peguei as chaves de casa e as coloquei na bolsa. Desci as escadas e do lado de fora do condomínio notei uma linda Ferrari vermelha brilhante e os dois pombinhos que já haviam tomado seus lugares nos assentos e estavam me esperando.
Assim que entrei no carro, Richard ligou e saiu em disparada.
Sim, eu realmente acho que ele perdeu a educação ao longo do caminho.
Depois de alguns minutos chegamos na periferia, em frente a um lugar que eu nem sabia que existia, o Smokey's pub. Já vendo toda aquela gente fazendo fila para entrar, dava para perceber que era um lugar bastante conhecido e lindo da região.
Richard passou por todas aquelas pessoas, segurando a mão de Elisabeth, falou com o guarda-costas e nos deixou passar.
Assim que entrei perdi imediatamente os pombinhos de vista. O lugar era enorme, cheio de gente dançando e bebendo.
Tentei passar por aquela multidão para chegar ao balcão e pegar algo para beber.
Muitos tocaram minha bunda, alguns sussurraram convites rudes em meu ouvido e outros reclamaram dos empurrões que lhes dei.
Com bastante dificuldade cheguei ao balcão e imediatamente percebi que Elisabeth e Richard estavam conversando com um cara todo tatuado.
Pedi sexo na praia e enquanto bebia minha bebida notei Elisabeth acenando para mim e o cara misterioso se virou para me olhar nos olhos.
Foi ele.
Foi Karla.
*****
O ponto de vista de Karla
Depois de muito pensar, decidi desabafar durante a noite. Hoje ia ter uma corrida lá fora perto do Smokey Pub e eu mal podia esperar para participar e ganhar uma boa quantia em dinheiro.
Eu estava vestida com uma camiseta branca simples que exibia minhas lindas tatuagens e uma calça jeans preta que abraçava divinamente minhas pernas. Esta tarde eu ia correr com meu filho. Minha linda Lamborghini.
Peguei as chaves do carro e fui em direção ao local onde Richard também estaria com sua nova conquista e amigo, como eu disse, gostoso, dessa garota.
Eu só esperava que fosse muito sexy como ele disse, pelo menos eu teria um belo troféu no final da corrida.
Cheguei na frente do local e, como sempre, passei por toda a fila de pessoas e cheguei na frente do guarda-costas que me deixou passar sem dizer uma palavra.
Assim que entrei, comecei a empurrar todos à minha frente para chegar ao balcão, onde Richard e eu geralmente nos encontrávamos.
Imediatamente o vi sentado em um dos bancos, ladeado por uma linda loira, mas ele não fazia meu tipo.
Eu preferia amoras.
- Olá amigo! —Richard disse assim que me viu, me dando um tapinha no ombro.
- Ei, como vai você? — respondi, pedindo uma vodca de pêssego para a garota atrás do balcão.
Belos peitos!
Assim que a garota me viu olhando para os peitos dela, ela me lançou um olhar safado.
Previsível! Eu sou um cara legal pra caralho!
— Ok, mas cara, você sabe que não deve beber antes de uma corrida! — Eu não dei ouvidos a ele e tomei minha bebida.
—Tudo bem, faça o que quiser! — Como sempre, afinal. — Enfim, essa é a Elisabeth! —Ele disse apontando para a garota que estava ao lado dele.
Eu dei a ele um aceno de cabeça.
— Elisabeth, essa é Karla, também conhecida como a idiota! — Fiquei olhando para ele por causa do nome que ele havia me dado.
Elisabeth me contou um prazer tímido.