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Capítulo 7

** Hannah Galaretto **

Demorei um pouco para dormir, não sou de estranhar os lugares, mas esse quarto me passa tanta melancolia que invadiu meus pensamentos e me deixou triste.

Quase todas as noites, tenho o mesmo sonho, ele me perturba de um jeito que não consigo dormir bem, sempre acordo cansada e com olheiras, meu corpo suado de tanto pavor.

Esse foi o único erro que cometi, o único erro que me atormenta, a única coisa que me arrependo de ter feito e que me persegue todas as noites.

Olhei no relógio e vi que já eram 7:30h, me levantei e fui fazer minhas higienes, prendi o cabelo em um coque alto, coloquei um short jeans e uma camiseta regata, nos pés apenas uma sandália de dedo e baixa. Estava calor, e como eu sei que não faria nada e nem podia ir a lugar nenhum, optei por esse look simples.

Passei um batom rosa pink, eu gostava de usar batom, e fiz um delineado simples, não era muito de maquiar os olhos, preferia focar em minha boca que era um pouco grande.

Depois de passar o perfume desci as escadas, Antônia quando me viu na sala de jantar abriu um grande sorriso, até fiquei assustada com aquele sorriso tão largo. Me sentei na outra ponta da mesa de oito lugares, não queria me aproximar muito do Corvus, como ele disse apenas naquele quarto teríamos certas intimidades, mas fora, ele poderia ser um estranho. Mesmo que a minha curiosidade estava aguçada pelos seus toques.

Tomo meu café em silêncio, sentido o olhar dele queimar a minha pele, eu sabia que ele me observava e não tinha coragem de levantar o olhar, e o encarar. Me sentia constrangida com o que aconteceu, ainda não acredito que fui capaz de chegar no ponto mais alto do prazer em apenas alguns segundos, e isso foi vergonhoso.

Vi quando ele se levantou e seguiu para o escritório, não trocamos nenhuma palavra e foi melhor assim. Antônia apareceu com um pote de geleia e eu agradeci, a passei em uma fatia de pão torrado, e era muito saborosa.

— Está uma delícia Antônia.

— Que bom que a Senhorita gostou. Tem um pé de amarena (cereja negra), no fundo do jardim.

— Jardim. Que jardim? — perguntei com um sorriso, pois se ali tivesse um jardim eu ficaria muito feliz. Passaria a manhã toda cuidando das flores.

— Desculpe Senhorita. Falei errado, não existe jardim... Bom, na verdade, até existia, mas com o tempo as plantas perderam a vida e não tem ninguém que olhe para elas com carinho. O chefe não gosta que toquemos em nada, aqui é tudo tristeza e solidão. Mas a Senhorita pode mudar isso. — A olho em confusão, será que ela pensava que eu era alguma milagreira, porque com toda certeza eu não era.

— A casa é dele, não posso mudar nada.

— Durante um ano a casa também é sua Senhorita. E ela precisa de vida, ela precisa voltar a viver, existe um coração ali... Só precisa o ajudar a encontrar. — Agora eu não sabia se ela falava da casa ou do dono, porque o dono não tinha coração isso eu já sabia. Ela se cala e abaixa a cabeça, sinto a presença dele, o perfume dele invadir o ambiente.

— Seu remédio, Senhorita Galaretto. — Sua voz é calma, mesmo assim me arrepia, ele coloca uma sacola sobre a mesa e me olha de novo. Quando levo minha mão para pegar a sacola, uma das moças que trabalha na casa, estava entrando para pegar as louças sobre a mesa, e me olhou com espanto.

— Por Dio, seu pulso, Senhorita... — Ela para de falar quando percebe que ele está perto de mim e abaixa a cabeça. Ele me olha e suspira pesado.

— Venha, Senhorita Galaretto, me acompanhe. — Me levantei e entreguei a sacola para Antônia levar até meu quarto. Acompanhei o Corvus até o quarto das brincadeiras, um apelido que dei á aquele lugar, pois não sabia como o chamar. Assim que entrei ele fechou a porta. — Senta na cama. — Seu tom de voz era calmo e eu obedeci, me sentei e vi ele abrir uma gaveta pegando um pote redondo de cor marrom.

— O que é isso?

— Uma pomada. Não pensei que ficaria marcas em seus pulsos. Você é muito branca, e teimosa. Não era para puxar com força eu avisei. — Ele veio em minha direção falando de modo calmo, se ajoelhou em apenas uma perna e colocou meu braço sobre a sua perna passando a pomada devagar.

Fechei meus olhos sentindo o gel gelado se tornar quente enquanto ele passava os dedos sobre a minha pele.

Foi impossível não lembrar do que aconteceu ontem, seus dedos me massageado, sua pele em contato com a minha, o calor que emanava do meu corpo. Ele tinha mexido com os meus pensamentos, agora uma simples massagem não era mais tão simples assim, pois me fazia pensar em tudo que aconteceu.

Abri minha boca buscando o ar que já era pouco naquele quarto, e os movimentos dos seus dedos foram ficando cada vez mais fortes, abri meus olhos vendo o olhar dele sobre mim.

Ele me encarava de forma firme, seus olhos estavam mais escuros mostrando que também estava ficando excitado com aquilo, e como era possível uma coisa tão simples causar esse desejo.

Fechei minha boca engolindo seco, ele soltou minhas mãos e se levantou, meu olhar foi para a saliência dentro da sua roupa, e o desejo de pegar, de ver, de sentir me tomou. Tomei impulso para tocar, mas ele se afastou de forma tão rápida que eu parecia ter uma doença contagiosa. Olhei para ele ainda confusa, atômica, ele mexia comigo e depois me deixava apenas na vontade, isso não era justo.

— Eu quero. — Digo firme me levantando.

— Você só vai ter, quando eu quiser que você tenha. — Aquilo foi um tiro no meu ego que já estava ferido, ele iria brincar comigo, me deixar na vontade e não iria fazer nada, eu já estava pensando isso, e se fosse verdade e ele fizesse isso o ano todo, acho que morreria de raiva, pois ele me faz o desejar de um jeito que nem eu mesma entendo. Como posso desejar alguém que não conheço o rosto? Como posso desejar alguém que usa uma máscara horrível e que é apavorante, mas falando a verdade, já não tenho medo da máscara, tenho curiosidade para conhecer quem está por trás dela.

Vi ele sair do quarto em passos duros e rápidos, "maledetto, filho do diavolo", minha vontade era ir atrás dele e o pegar pela camisa, jogá-lo nessa cama e brincar assim como ele brincou comigo, mas eu brincaria pulando em cima dele, e o deixaria amarrado a noite toda só para ver o que é bom.

Isso é um castigo, ele deve estar me punindo.

Mas se ele pensa que vai conseguir está enganado, na primeira oportunidade eu mostro para ele que quem manda sou eu, e ele que vai desejar ter a mim.

Se prepare Corvus porque se me der uma brechinha e me deixar comandar, sou eu que vou dominar a situação nessa cama, pode anotar isso.

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