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CAPÍTULO 5 - LORENZO

LORENZO

Encaro a figura pequena a minha frente, totalmente entregue ao mais profundo e sereno sono. Ela parece um anjo perdido entre nós, pobres criaturas terrenas. Doce engano. Descobri da forma mais torturante, que Melissa, minha Mel, não é nenhum pouco angelical. Caminho em sua direção e acaricio de leve seu rosto, afasto a mecha de cabelo que me impede de admirá-la por completo e fico paralisado, apenas a olhando com um maldito psicopata. Eu não quero reparar no seu pequeno nariz arrebitado, nos lábios carnudos ou nos cílios grossos. Só que é tarde demais. Decorei cada centímetro dela que meus olhos já registraram. O melhor dos perfumes chega às minhas narinas quando seu corpo responde a minha presença e ela se mexe.

Inalo de forma desesperada, desejando tocá-la de outras maneiras.

Atenho meu olhar sobre seu corpo de forma minuciosa, a parte superior está descoberta e revela o baby doll rosa claro, coberto por corações, fofo pra caralho. A parte do busto, no entanto, é coberto por uma renda da mesma cor do tecido e faz o sangue correr em minhas veias com mais fervor. Ela parece tão inocente, pura e indefesa desse ângulo que me faz questionar sobre o que vi mais cedo.

Mas eu vi, não foi criação da minha imaginação ferrada.

Trago o ar mais forte, afasto meu corpo do dela. É loucura mantê-la tão perto nesse momento, cada parte do meu corpo começou a reagir de forma diferente perante sua presença desde aquele beijo e a merda dos meus pensamentos não estão contribuindo em nada. Aquele beijo estragou o belo laço que tínhamos, afastando a possibilidade de tudo ser como antes.

Droga.

Droga.

Esmurro a parede em explosão, estou com tanta raiva de tudo que vem acontecendo que nem penso se vou acordá-la, apenas um resmungo vindo de sua garganta me traz de volta e passo a vigiar seu sono, por incontáveis minutos até perceber o quão ruim essa ideia é.

Sua respiração regular acalma meu coração, no entanto, só me basta um olhar para seus lábios carnudos que a merda dos pensamentos começam a borbulhar novamente, em uma dimensão bem pior que os anteriores.

Eu sou um homem adulto que passou por muitas coisas quando era jovem, tive problemas para me relacionar com as pessoas e colocar minha timidez de lado, passei por muita coisa e sei o que é não ter alguém pra se apoiar e abraçar quando se está com medo, triste ou apenas desabafar e reconheço o quão tive de ser forte para superar tudo e ser quem sou hoje. Porém, o que essa garota passou é bem pior, merda, ela perdeu os pais e depois a tia, sou a única família que lhe restara. Solange foi tão egoísta mergulhando na merda daquelas drogas, nós já tínhamos passados por isso quando namorávamos e ela tinha me prometido parar.

Sou um completo estúpido.

Minha mulher precisava da minha ajuda, mas meu trabalho consumiu meu tempo. Eu a amava, mas a paixão tinha se esvaído alguns anos atrás com o comodismo e a falta de comprometimento de ambos com o casamento, eu ainda faria de tudo por ela e me sinto a droga do culpado por sua morte precoce.

Deixo o quarto de Mel após encarar por mais algum tempo seu belo rosto, saber que ela está segura me traz paz. A grande questão é se conseguirei defendê-la de mim, não estou me reconhecendo,pensando o tempo todo nela. Nunca fiquei tão obcecado por uma mulher quanto estou por ela. Massageio minha testa com as pontas dos dedos, minha cabeça demonstra sinais que irá explodir a qualquer momento. Relaxo sobre minha cama, capturo a foto de cabeceira, algo tirado no dia mais feliz da minha vida anos atrás quando Mel tinha cinco anos e estava no meu colo, entretida com o arranjo de flores que a tia segurava, foi no dia do meu casamento. Quando só existiam pensamentos e sensações boas. Nenhuma sensação de perda, nada de pensamentos errados.

Pensamentos errados.

Pensamentos.

Errados.

Eu não consigo parar, não depois do que presenciei no quarto dela. Foi tão surreal que me neguei a acreditar que era real, que meu anjinho era capaz daquilo. Estou tão ferrado.

Eu ferrei com ela. Ela me ferrou logo em seguida, uma vingança não planejada, mas tão eficaz quanto.

Ter aquelas imagens e sons gravados. Porra. Seria mais fácil não enlouquecer, no entanto, agora nem preciso fechar os olhos para conseguir visualizar.

O meu psicológico estava prejudicado o suficiente antes disso, o beijo foi a primeira facada. O troféu de merda do ano já tem meu nome. Eu só consigo sentir raiva e repulsa, mas toda vez que tento afastar os pensamentos pra longe dela existe uma pequena parte minha que quer ver mais uma vez os seus lábios gemendo o meu nome, a merda dos seus quadris rebolando e sua calcinha molhada.

Merda.

Eu não devia ter visto, mas a porta estava aberta e eu tinha ido tentar uma reconciliação. Eu tinha decidido após pensar muito que a melhor escolha era fingir que nada tinha acontecido, eu ia resolver a situação por nós dois. Só que a droga da porta estava aberta e ela estava lá, montada em cima de um travesseiro rebolando sem vergonha alguma, nem parecia a minha boa menina recatada.

Merda.

Eu vi minha sobrinha rebolar na droga de um travesseiro fingindo que rebolava no meu pau e isso me excitou pra caralho. Muita mais do que qualquer filme erótico que eu já tenha assistido. Arremesso longe o travesseiro que acomodava minha cabeça e descanso agora na forma plana da cama.

A bunda dela empinada enquanto ela se esfregava com agilidade, a forma como sua a cabeça tombou pra trás, me tirou a racionalidade por breves segundos e quase fiz besteira. Ela estava de blusa e mantinha o sutiã por baixo, mas em um determinado momento desejei que ela estivesse completamente nua, montada em mim. Estava tão hipnotizado na forma como seus quadris se movimentavam que não sai do lugar, quando ela gemeu o meu nome pela primeira meu pau cresceu, fui ao inferno e voltei. Quase tive um infarto com a raiva que me invadiu. Por pouco não entrei em seu quarto. Estava pronto para deixá-la de castigo, mas eu não podia confrontá-la de pau duro.

Merda. Quando ela gozou, quase morri. Eu queria tanto ir lá e exigir que repetisse o feito, dessa vez, sem nada e sentada no meu rosto.

Abandonei a pequena frecha da porta de seu quarto e corri para o meu, merda, não foi o medo de ser descoberto que me fez sair apressado, foi porque eu precisava de um banho frio.

–– Ela só está confusa. –– repito para mim,tentando e falhando em exorcizar a imagem perfeita dela na minha mente. Estou com tanto ódio que evitei sua presença nos últimos dias, sinceramente não sei se posso me controlar e fingir que nada aconteceu.

Batidas na porta me tiram da minha miséria.

Se for ela..

— Lorenzo,querido? — respiro aliviado. É Olga.

— Estou indo.

— Se apresse querido, o almoço está pronto. A menina me ajudou hoje e está empolgada para sua aprovação. — diz de forma conspiratória, rindo entre as palavras.

Gemo alto.

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