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06

ETHAN BORISLAV

Deixei o meu quarto e quando cheguei ao corredor, já dava para ouvir o som das vozes vindo do andar de baixo. No instante que comecei a descer a escada, o primeiro rosto que vi era de uma beleza estonteante, o que fez algo vibrar dentro de mim, porém, pelos trajes e toda maquiagem em sua face, eu sabia que só podia ser a pirralha que mais parecia um chiclete de tão grudenta, o que não mudou muito depois de tantos anos.

Uma sensação semelhante a que senti anos atrás, no entanto, muito mais poderosa percorreu cada fibra do meu corpo, como um fogo líquido me incendiando por dentro me dominou quando direcionei meus olhos para o corpo da mulher que estava de costas para mim.

Fiquei totalmente imóvel no momento que ela se virou e os meus órgãos internos dispararam, funcionando a todo vapor, meu corpo estava tão quente, parecendo uma fornalha, fazendo todos os meus demônios se manifestarem de um jeito que eu nunca tinha sentido antes. Pareciam estar em festa ao se deparar com a imagem de um anjo em forma humana, um anjo capaz de deixá-los descontrolados e ao mesmo tempo, acalmá-los. Entretanto, ela continua ainda mais atrevida e ao ouvir suas palavras e ver em suas órbitas esverdeadas aquele brilho intenso e desafiador, o calor em volta da minha pele se intensificou. Algo dentro de mim era semelhante a um vulcão em erupção, senti um desejo enorme em apagar aquela luz refletida em seus olhos. Contudo, quanto mais ela se mostra insolente, só fazia aumentar a minha vontade em domá-la. Os meus pensamentos foram quebrados pelo barulho da voz de Clara.

— Primeiro será eu e Ana contra Ayla e Luccas.

Os quatros começam a jogar, enquanto Cecília sentou-se no estofado. Dei alguns passos e ao me acomodar ao seu lado, o som da minha voz se fez presente.

— Você já arrumou as suas malas?

— Algumas já estão prontas e trouxe de Durrês, porém, achei que só íamos para New York daqui a três dias.

— Não! Vamos viajar amanhã logo após a cerimônia.

— Mas, eu quero ficar mais um tempo com a minha família — sua voz soou com aspereza.

— Você já passou 19 anos ao lado deles e como minha esposa, irá aonde eu determinar.

Sua expressão endureceu com uma ruga vertical na testa. Sua respiração ficou pesada e assim que seus lábios se moveram, nem dei tempo de ela dizer mais nada ou acabaria perdendo a minha paciência.

— Ficaremos três dias em Florença, depois iremos para New York.

— Droga! — resmungou o clone assim que Luccas e Ayla ganharam a partida.

— Irmão é a vez de vocês — falou Ayla.

Com algumas passadas, ficamos em frente à mesa e ao pegar os tacos, notei que Cecília estava inquieta. Dei mais alguns passos e praticamente colei o meu corpo ao dela, o seu cheiro alcançando minhas narinas. Dos seus cabelos emanavam um perfume delicioso e inebriante.

— Não me diga que você não sabe jogar? — falei próximo ao seu ouvido, colocando as minhas mãos em sua cintura. Dava para sentir o quanto o seu corpo ficou trêmulo.

— Claro que ela sabe e, é até melhor que todos vocês — a voz da Barbie ressoou a nossa volta, fazendo com que sua irmã achasse o momento propício para se esquivar do meu toque.

— Vamos começar — disse ela, com um tom de voz ofegante e as maçãs do rosto vermelhas igual tomate.

Nos instantes seguintes, fiquei impressionado com o ponto de mira dela, pois, a cada tacada, a bola em alvo era encaçapada. Pelo visto, além de inteligente e atrevida, a minha futura esposa tem algumas habilidades que certamente acredita que pode passar despercebida por mim. Vamos ver o quanto ela pode suportar, caso contrário, jamais teria sido escolhida pelo meu pai.

Horas depois...

CECÍLIA DEMISOVSKI

A raiva me dominou quando ele disse que íamos viajar logo após o casamento, porém, não sei o que aconteceu com o meu corpo que ficou em chamas assim que senti o seu toque. Minhas pernas ficaram bambas novamente e era incrível o efeito devastador que ele causava em mim.

Disposta a não pensar nisso naquele momento, deixei os pensamentos de lado e nos minutos seguintes, me diverti bastante no jogo, já que foi uma das primeiras provas impostas pelo meu pai durante o meu treinamento, pois, dessa forma podia treinar a minha mira. Já o ogro, era capaz de encaçapar todas as bolas de olhos fechados.

O restante da noite foi quase perfeita, a não ser pela minha irmã, que fazia questão de ficar perto de Ethan e sempre levava um coice da forma mais grosseira possível. Depois que saímos da mansão Borislav, o tio Hulk e a minha avó resolveram dar uma volta pela cidade, enquanto nós viemos direto para casa, afinal amanhã seria o grande dia esperado por todos.

Deixo as lembranças de lado quando o carro para e Ana foi a primeira a sair do veículo, rapidamente fiz o mesmo e enquanto os meus pais ainda ficaram na garagem, nós duas já estávamos alçando a porta principal. Assim que entramos na casa e ela caminhou em direção a escada, o som da minha voz ressoou entre os quatro cantos do ambiente.

— Preciso falar contigo!

— Eu estou cansada e com sono.

— O seu sono vai ter que esperar, pois, precisamos ter uma conversa em família e o assunto não pode ser adiado.

— Eu vou para o meu quarto — falou e já estava no primeiro degrau, avancei em sua direção e antes que ela colocasse os pés no segundo, segurei firme um dos seus braços.

— Solte-me sua troglodita — disse tentando puxar o braço como se tivesse mais força do que eu.

— Você só vai sair daqui quando colocarmos as coisas no seu devido lugar.

— Filha, o que está acontecendo? — minha mãe disse assim que passou pela porta.

— Já que Ana está com pressa, então vamos logo direto ao ponto. Ao longo dos anos vocês vêm se fazendo de cegos, simplesmente porque acostumaram a minada da minha irmã a ter tudo que deseja. Mas tudo já está passando dos limites e depois de todos os ensinamentos que nos passaram, é vergonhoso que a minha própria irmã esteja se oferecendo para o homem que me foi prometido.

— Você deve está com ciúmes, porque sabe que sou tão bonita quanto você. Quem sabe ele não queira fazer uma troc..

— Ana, cale a boca agora!

Vociferou o meu pai em um tom grosseiro, como nunca tinha falado com nenhuma de nós duas antes. Ele deu algumas passadas e suas órbitas azuis estavam faiscando, estava totalmente irreconhecível. Era como se seu lado mais obscuro tivesse assumido o controle do seu corpo. Soltei de imediato o braço dela, pois, ela tremia feito, vara verde e seu coração batia tão forte, que dava para ouvir o barulho.

— Sua irmã diz que colocamos uma venda para não ver o que estava acontecendo diante dos nossos próprios olhos. Sempre fiz vista grossa por achar que você agia dessa forma por acreditar que Cecília, fosse mais favorecida por ser a mais velha, por ter sido escolhida para um casamento que nem foi à vontade dela.

— O senhor sempre gostou mais dela — Ana disse num tom alto.

— Muito pelo contrário, sempre fizemos todas as suas vontades, mas, você desde criança sempre foi a mais distante, sempre recebendo mais e dando menos afeto.

Meu pai fez uma pausa e quando olhei para Ana, seu rosto estava banhado em lágrimas, porém, meu olhar se voltou para o nosso pai quando ele voltou a falar.

— Hoje foi a gota d'água e você já passou de todos os limites. Se dentro do seu coração existir algo que herdou de ruim daquele infeliz, eu farei de tudo para exterminar.

— Eu não sou malvada e não tenho nada daquele facínora — disse aos prantos, no entanto, seus olhos ficaram arregalados. O medo tomou conta dela e lágrimas grossas desceram em abundância pelo seu rosto diante das últimas palavras ditas pelo nosso pai.

— Assim espero e já te aviso. Esqueça essa obsessão por algo que não te pertence ou assim que chegarmos a Durrês, eu te mandarei para um convento na Coréia, pois, é muito melhor que ter uma filha mau-caráter e ambiciosa.

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