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01

ETHAN BORISLAV.

Música e risos se misturavam e ecoavam por todos os cantos da casa. Além da minha família, alguns membros da organização e os Demisovski, estariam presentes. Dessa forma todos poderiam conhecer a minha prometida.

Suspiro fundo, olhando para o meu reflexo no espelho e em seguida começo a caminhar em direção a porta e assim que ela é aberta por mim, Luccas aparece em minha frente.

— Sua mãe mandou chamá-lo.

— Então vamos.

Seguimos pelo corredor, mas paro quando ele volta a se manifestar.

— Você não está curioso para conhecê-la?

— Claro que não. Ela será só a mulher com quem vou dividir a cama.

Retomo a caminhada e depois de alguns passos, chegamos à escada e logo depois descemos os degraus. Meus avós e a minha tia Mila são os primeiros a virem ao meu encontro. Dentre as diversas manifestações melodramáticas como abraços, apertos de bochechas e felicitações, eu sobrevivi e, não demorou muito para os meus pais surgirem ao lado do casal ao qual já sabia de quem se tratava.

— Ethan! — meu olhar fica cravado em Enzzo. — Essa é a minha esposa Helena.

Seguro a mão da mulher a minha frente que é dona de uma beleza estonteante, posso ser jovem, mas sei reconhecer a beleza de uma pessoa, ela só não é mais linda do que Luna Borislav, que sempre será vista por mim como a mais bonita, inteligente e o melhor exemplo de mulher que vai muito além da beleza exterior. Deixo os devaneios de lado quando ouço o som da voz da minha mãe.

— Vocês dois podem ir lá ao jardim. Além das suas irmãs, Ana e Cecília estão lá, brincando — informa.

Luccas parecia empolgado, porque saiu me puxando para fora de toda aquela multidão. Com os passos apressados, não demorou muito para avistar as quatro, porém, todas estavam de costas e pareciam estar conversando.

— Vamos Ethan.

— Silêncio!

Com passos cautelosos, me aproximo e assim que ouço as palavras que são ditas, meu coração dispara e uma força descomunal me envolve, fazendo o ódio inflamar em minhas veias.

— Você está empolgada para conhecer o meu irmão? — Ayla perguntou.

— Não! E, se eu pudesse escolher não me casaria com ele.

**"**

Meus olhos estavam ardendo, a sensação que eu tinha era de que estavam faiscando.

— Vem irmão, conhecer a Cecília — disse Clara.

Luccas foi o primeiro a chegar onde elas estavam, depois de mais alguns passos, acabei com a distância e uma voz melosa ecoou no espaço.

— Prazer, meu nome é Ana — disse a garotinha sorrindo, enquanto eu fiquei calado, já a outra que estava com a cabeça abaixada, se levantou.

— Então essa é a pirralha que é a minha prometida?

— E você é o velho com quem vou me casar?

A garota, ao contrário da irmã que ostentava um sorriso contagiante de orelha a orelha, tinha um olhar desafiador, o que fez meu corpo vibrar com tanta intensidade, que eu jamais havia sentido antes. Os olhos esverdeados ganharam uma tonalidade azulada e minha única vontade era apagar aquele brilho intenso que vinha deles.

— Ethan!

O som da voz de Ayla me arrancou dos meus pensamentos, rompendo o silêncio que pairava a nossa volta.

— Você não vai abraçá-la? Cecília vai fazer parte da nossa família.

— Não tenho porque abraçá-la — digo num tom rude, porém, se antes eu já estava queimando de raiva, um sentimento muito maior me envolveu. A garota não se manteve quieta e num tom de voz suave, mas firme, proferiu.

— Quem disse que quero seu abraço.

— Eu quero! Você é tão bonito — falou o clone da garota e a resposta veio logo em seguida, dada pela própria irmã.

— Se você quiser podemos dizer para o papai que em vez de mim, você seja a prometida dele — essa menina está achando que sou algum brinquedo. Minha boca se tornou seca, no mesmo instante em que minha garganta se fechou por alguns segundos, respiro fundo e novamente o som da minha voz ecoa no ar.

— É você, fedelha, quem vai se casar comigo e não ela.

— Você me chama de fedelha, mas saiba que daqui a alguns dias vou fazer cinco anos e quando chegar o dia do nosso casamento, você já vai ser um velho.

Aquelas palavras me atingiram com mais força do que os golpes que levava durante o treinamento e antes que eu tivesse qualquer reação, ela saiu puxando a irmã para dentro da casa. No entanto, um pensamento se formou em minha cabeça; Eu só espero que os anos passem bem rápidos e quando chegar a hora, eu a farei pagar por cada palavra dita hoje.

NO dia seguinte....

CECÍLIA DEMISOVSKI

Os meus pais sempre conversaram comigo de que haviam feito um acordo para o bem da nossa família, eu sei que sou só uma criança, mais sempre observei tudo ao meu redor e embora o meu papai seja mafioso, ele jamais fez nada de ruim com quem era inocente.

Ele sempre diz que não podiam ter escolhido um nome melhor para mim do que Cecília, que significa sábia, e por isso sou tão inteligente para minha pouca idade.

Minha mãe disse que quando chegasse à idade certa, eu terei que deixar a nossa casa e viver com o homem que foi escolhido para ser o meu esposo. No começo eu chorava muito, mas depois comecei a entender que era para o bem de todos e para não ser tão difícil, eles resolveram me trazer para New York, para que eu pudesse conviver um pouco com ele. Só não esperava encontrar um menino tão chato, muito diferente das irmãs, que são gentis e doces.

Desde ontem que a minha irmã vive falando daquele menino mal educado, achei estranho, pois, hoje não quis brincar comigo e quando resolveu se aproximar de mim, foi para perguntar se o papai mudasse de ideia, se eu ficaria zangada por ela se casar com Ethan. Disse que não, afinal, eu já não gostei daquele garoto e duvido que isso vai mudar algum dia. Deixei de pensar quando a porta foi aberta.

— Pai!

Corri na direção do meu papai assim que ele passou pela porta. Levantei os braços para que ele me carregasse, enquanto Ana permaneceu no mesmo lugar ao lado da minha mamãe, que estava sentada no sofá.

— O pai está suado, princesa.

— Eu não ligo, me carrega paizinho.

O homem mais bonito do mundo e que mais amo na vida, me pegou com seus braços musculosos, me tirando do chão. Movi meus bracinhos agarrando o seu pescoço e o abracei com bastante força, ele logo encheu o meu rosto de beijo e em seguida começou caminhar comigo até o centro da sala.

— Amor, você demorou muito — disse minha mãezinha.

Assim que se sentou, me colocando no colo e começou a falar.

— Hoje fizemos uma emboscada contra o pessoal de Dusan. Como parte do treinamento de Ethan e Luccas, o garoto sem dúvida comandará com punhos de ferro as duas organizações.

— Ele é tão novo.

— Sim, ele é. Mas, tem muito potencial. Não hesitou em atirar em um dos meus homens quando foi preciso. E, aproveitando nossa estádia em New York, será bom acompanhar de perto o treinamento daquele que um dia será o esposo da minha pequena.

Senti uma raiva me queimando por dentro ao ouvir aquilo. Meu coração começou a bater forte, tanto que até doeu no meu peito. Ana que antes estava concentrada no celular, se manifestou.

— Ele é muito lindo — disse exibindo um sorriso bobo no rosto.

— Então você pode ficar com aquele garoto chato. Sempre tivemos gostos diferentes mesmo. Eu só quero é ficar para sempre ao lado do meu papai — falei firme.

— Filha, o pai já explicou ontem que você foi a escolhida e o acordo não será desfeito.

— Eu queria ter nascido um menino, assim não casaria e você poderia me ensinar a defender a nossa família.

— Por que eu não fui escolhida papai, eu gosto dele?— retrucou a minha irmã.

— Ana, você vai esquecer isso, ele será o esposo da sua irmã. Vocês duas são irmãs e isso é mais forte que tudo — disse minha mãe com uma expressão séria no rosto e Ana começou a chorar.

Será que ela realmente gosta tanto dele assim ou é só porque sabe que eu fui escolhida. Sempre fazia isso quando o papai trazia algum brinquedo diferente para mim, chorava tanto que eu acabava dando para ela e no outro dia, já estava jogado pelo canto da casa.

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