Capítulo 2 Pode Ficar?
Antes que eu percebesse, vi a porta do quarto ser aberta. Ele estava todo molhado e foi direto para o banheiro sem olhar para mim. Depois ouvi o som da água.
Uma vez que ele voltou, não havia como eu voltar a dormir, então me levantei e me vesti de novo. Tirei seu pijama do guarda-roupa e o deixei junto à porta do banheiro, depois fui para a varanda.
Chegou a estação das chuvas e estava chuviscando lá fora. Pode-se ouvir o tique-taque da chuva sobre o azulejo.
Quando ouvi um movimento atrás de mim, me virei e vi que Guilherme já havia saído do banheiro, com uma toalha dobrada e seu cabelo úmido, com gotas de água pingando pelo seu corpo tonificado.
Sentindo que eu estava olhando para ele, ele olhou para mim e franziu um pouco o sobrolho:
- Venha cá! - O tom de voz era sem emoção.
Obedeci e caminhei para seu lado, ele jogou a toalha para mim e disse em voz baixa:
- Seque meus cabelos.
Ele sempre fazia isso, e eu já estava acostumada. Ele se sentou na beira da cama e eu subi na cama, meio ajoelhada atrás dele e esfregando o seu cabelo.
- Amanhã é o funeral do vovô, por isso tenho que ir cedo para a Mansão de Aguiar. - Eu disse. Eu não queria arrastá-lo para a conversa, mas ele estava tão preocupado com Lúcia que, se eu não o tivesse mencionado, temo que ele já teria esquecido.
- Está bem. - Ele me respondeu, e nada mais.
Sabendo que ele não queria muito interagir comigo, não falei muito. Sequei seu cabelo e depois me deitei novamente na cama para dormir.
Talvez por causa da gravidez, sempre me sentia sonolenta. Normalmente Guilherme ia ao escritório depois do banho e ficava lá até a meia-noite, mas por alguma razão, esta noite ele vestiu seu pijama e se deitou também.
Foi estranho, mas não disse nada. Mas, de repente, ele me puxou para dentro de seu abraço e me beijou gentilmente.
Olhei para ele, não entendendo porque estava assim:
- Guilherme, eu...
- Não quer? - Ele perguntou, com seus olhos escuros como a noite, flamejantes e selvagens.
Abaixei meus olhos, relutantemente, mas não pude evitar.
- Pode ser mais suave?
O bebê tinha apenas seis semanas e poderia ser perigoso se ele não tivesse cuidado.
Ele franziu as sobrancelhas e não disse nada.
A chuva estava cada vez mais forte, e por um tempo houve trovões e relâmpagos. As luzes e sombras subiam e caíam, depois de um longo tempo, ele se levantou e entrou no banheiro.
Ele me fez suar de dor. Eu queria tomar alguns analgésicos, mas não o fiz por medo de ferir o bebê.
- Humm...
Na mesa de cabeceira, o celular de Guilherme tocou, levantei a cabeça e olhei para o relógio na parede, já eram onze horas.
A única pessoa que ligaria para Guilherme aquela hora era Lúcia.
O som da água no banheiro parou e Guilherme saiu enrolado em uma toalha, secou as mãos e pegou o celular. Não sei o que ela disse do outro lado da linha.
Ao ver Guilherme franzir as sobrancelhas, ele disse:
- Lúcia, não faça disparates!
Depois, ele desligou o celular e se preparou para sair. Se fosse no passado, eu teria fingido ignorá-lo, mas nesse momento eu o puxei e lhe implorei com voz suave:
- Pode ficar essa noite?
Guilherme franziu as sobrancelhas, a frieza e o desagrado surgiram em seu rosto bonito:
- Assim que você ganha alguns benefícios, começa a ser desenfreado?
As palavras foram frias e sarcásticas.
Estava perplexa. Me sentia engraçada e olhei para ele:
- Amanhã é o funeral do vovô, mesmo que você queira ir até ela, não deveria ser capaz de dizer o que é mais importante?
- Ameaças? - Ele estreitou seus olhos escuros e agarrou ferozmente minha mandíbula, disse com sua voz baixa e fria:
- Kaira, você se tornou tão desobediente.