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Nova York – Cinco dias depois...
Dylan Carter
Meu nome é Dylan Carter. Há mais de dez anos, entrei em uma das organizações criminosa mais temida de todos os tempos. Fazer parte do grupo Vozdovac, sempre foi o meu maior sonho. Além de cuidar para que as novatas passem pelos devidos treinamentos, eu sou o responsável em receber os novos carregamentos relacionados ao tráfico humano e de informar ao "CHEFE" sobre os malditos devedores que estão em atraso.
Deixamos Nova York nas primeiras horas da manhã, para ir buscar o novo carregamento que o chefe havia solicitado. E esse, em poucas horas já estaria chegando ao local combinado.
Notei que o fluxo de veículos estava intenso. Os taxistas desta cidade eram criaturas singulares, destemidos ao extremo, indo à alta velocidade pelas ruas abarrotadas com uma tranquilidade excepcional.
Para preservar a minha sanidade mental, me concentrei na tela do notebook a minha frente, em vez de ficar vendo os carros passarem ao lado, a milímetros de distância. Fiquei em total alerta, quando meus olhos foram ao encontro do arquivo com o nome de Bryan Scott. Atentamente, meu olhar fixou ali e observei todo relatório que me foi enviado há algumas semanas. Por uma fração de segundos, quase deixei passar o nome do desgraçado do Antony Ymist, a quem Bryan Scott emprestou um alto valor há um ano e hoje vence o prazo estipulado.
O barulho do meu telefone desviou minha atenção e ao olhar para tela, o nome de quem eu menos esperava apareceu no meu campo de visão. No mesmo instante, um calafrio atravessou todo o meu corpo, e, imediatamente atendi a ligação.
— A sua disposição chefe. Já estamos indo para o local combinado.
— Quero que antes passem em outro lugar. Pois, chegou o momento do infeliz do Antony Ymist, pagar o que me deve.
Fiquei completamente atordoado com as palavras que foram proferidas. Ele é como se estivesse presente em todos os lugares e nada escapasse de seu domínio. O som da sua voz me tirou dos meus devaneios.
— Ele pagará de outra maneira, se caso maldito não tiver o valor que foi estipulado no contrato. Segundo as informações de Bryan, ele possui duas filhas. Traga a mais nova como pagamento da dívida.
— Assim será feito, senhor.
— Estarei aguardando no The Brothel Empire®. Você já sabe que todas devem começar o treinamento ainda hoje, já que não temos tempo a perder.
Segundos depois, após ele ter encerrado a ligação, passei ao motorista as instruções do nosso próximo destino. O infeliz do Antony vai se arrepender profundamente por não ter pagado o que nos deve.
“Espero que a filha do desgraçado seja bem novinha. Assim, terei todo o prazer em me deliciar do seu corpo, enquanto o treinamento não chegue ao fim”.
Enquanto isso em Nebraska...
LUNA
Minha cabeça ainda estava a mil, em razão do grande fluxo de pessoas no estabelecimento. Estava grudenta de suor. Contudo, assim que o movimento foi se dissipando, restando somente os funcionários, um sorriso surgiu entre meus lábios e mais ainda por receber o meu primeiro salário.
Nos minutos seguintes, depois de deixar tudo organizado. Caminhei até o setor dos funcionários, tomei um banho rápido e vesti minha roupa. Despedi-me de todos e deixei o ambiente.
Sempre venho e volto andando de casa para a lanchonete. Assim economizo o dinheiro que recebo para o meu deslocamento, dando-o a minha irmã para garantir o seu lanche na escola.
Assim que paro na direção da faixa de pedestre, um barulho de um apito me traz ao presente. Um guarda de trânsito corpulento, vestido um colete fluorescente, apareceu e mandou que o ônibus voltasse para faixa, fazendo um gesto autoritário com a mão coberta pela luva branca e, um grito, o que não deixou dúvidas de que estava falando sério. Fez um sinal para que atravessássemos o cruzamento pouco antes do semáforo fechar.
O trajeto entre a lanchonete e a minha casa, era bem curto, mas, dessa vez, pareceu ter durado uma eternidade. Minutos depois, dei alguns passos, virei à cabeça e vi vários veículos de cor escura, parados próximos à minha casa. Senti uma dor forte em meu peito e um calafrio percorrer por todo o meu corpo. Pois, havia alguns homens de preto em frente aos carros. E isso me deixou desconfiada.
Apesar do abatimento que sentia e provavelmente aparentava, endireitei os ombros e aumentei o ritmo das passadas. Quando levei minha mão de encontro à maçaneta, ouvi o som dos gritos da minha irmã. Desesperada, abri a porta e ao ver a cena a minha frente, a dor em meu peito se intensificou.
Minha respiração estava irregular, um nó se formou em minha garganta ao assistir o meu pai, com o rosto ensanguentado. Enquanto minha mãe segurava o braço da minha irmã, puxando-a das garras do homem todo vestido de preto, que segurava o outro braço da Camila.
Respiro fundo para acalmar meus batimentos e em seguida minha voz se faz presente.
— Solte minha irmã, seu infeliz — as órbitas negras logo ficaram fixas em minha direção. E, uma voz potente ecoou no ambiente.
— Ela vem conosco ou irei agora mesmo enviar o seu pai direto para o inferno. Esse infeliz, há um ano pegou um alto valor emprestado e chegou o momento de a dívida ser paga. Como não tem o dinheiro, o chefe exigiu sua filha mais nova como pagamento.
Olhei para o meu pai arriado em um canto, que mantinha sua cabeça abaixada. Levantei o olhar e as lágrimas grossas desciam pelo rosto da minha mãe e da minha princesinha. As palavras do homem martelavam em minha cabeça e tudo começou a fazer sentido. Saio do estado em que me encontrava quando, mesmo com a voz entrecortada, meu pai sussurrou.
— Perdoe-me, eu não poderia deixar a Mila passar por tanto sofrimento sem fazer nada.
O pânico me dominou quando ouvi uma voz quase sem vida ecoando no ambiente.
— Luna, me ajuda... Luna, e-e-eu não consigo respirar.
Pela sua expressão, tudo indicava que estava por um fio de ter uma crise. O homem desconhecido, vendo que ela não parava de se debater, soltou bruscamente o seu braço, fazendo-a cair feito uma boneca no chão. Enquanto minha mãe ajudava minha irmã, a minha cabeça parecia um vulcão prestes a entrar em erupção. E, diante de tudo isso, precisava fazer o que era o certo. Pelo bem da minha família, eu não poderia deixar que um ato do meu pai, mesmo que tenha sido movido pelo desespero, acabasse com a vida da pessoa que mais amo na vida.
— Eu irei com você. A minha irmã tem sérios problemas de saúde e como viu, ela dará bastante trabalho. Farei tudo o que quiserem, mas, deixem a minha família em paz.
O homem me analisou de cima a baixo e ficou em silêncio. Ver a desolação nos olhos da minha mãe era de cortar o meu coração. Voltei minha atenção novamente para o homem, que continuava me encarando. Notei como o seu olhar era malicioso. Seus lábios se mexeram e assim que abriu a boca o silêncio foi quebrado novamente no ambiente.
— Quantos anos você tem?
— Farei dezessete daqui a um mês.
Ao ouvir minha resposta, uma expressão de agrado surgiu em sua face e, antes que fizesse algo, levantou a mão e em seguida senti algo úmido de encontro ao meu nariz. Comecei a me debater, mas logo fui envolvida por uma escuridão sem fim.