CAPÍTULO 10
PONTO DE VISTA DA BIANCA
Meu chefe já estava em seu escritório? Pude ouvir sons de dentro de sua sala, o que confirmou meus pensamentos. Isso era novo. Eu sempre chegava antes dele, então o que mudou hoje? Eu tinha acabado de chegar ao trabalho e fiquei surpresa ao ver que o Sr. Alexander já estava em seu escritório. Arrumando rapidamente meu cabelo e tirando alguns vincos da blusa, fui até a porta que ligava meu escritório ao dele. Bati na porta e, no segundo seguinte, ouvi ele me pedir para entrar. No momento em que entrei, tropecei para trás, provavelmente devido à intensidade de seu sorriso. Até agora, eu havia trabalhado para Alexander Russo por quase um mês, mas essa era a primeira vez que ele estava realmente sorrindo para mim. Genuinamente.
Não me entenda mal, ele nunca me criticou ou fez com que eu me sentisse inferior a mim mesmo, mas ele nunca havia sorrido para mim tão amplamente. Sem conseguir conter meu próprio sorriso, comecei a perguntar a ele o motivo de ter chegado tão cedo ao trabalho hoje.
— Bom dia, senhor. O senhor está muito adiantado hoje.
— Oh, bom dia, Bianca. Estou adiantado, de fato! Como foi o fim de semana? — Diante de sua pergunta, percebi que o fim de semana não tinha sido como eu havia planejado, mas, mesmo assim, dei-lhe a resposta esperada.
— Foi bom, senhor. Tive o descanso que merecia. — Eu não sabia como soava a segunda afirmação depois de já tê-la dito.
— Hummm. — Ele suspirou, dobrando os lábios em uma linha fina enquanto olhava para nenhum lugar em particular. — Vejo que a carga de trabalho é demais para você dar conta da Bianca. — Ele murmurou, fazendo meu coração afundar no fundo do meu estômago.
— Não... não... não! De jeito nenhum, senhor. — Oh, Jesus! Eu deveria ter segurado essa minha língua afiada. Perder o emprego em uma segunda-feira não era uma coisa tão maravilhosa! Eu ainda nem tinha recebido meu primeiro salário e já estava sendo dispensado do meu emprego.
Eu já podia sentir minhas bochechas e meu pescoço ficarem quentes, sinalizando ao meu humor aquoso que era necessário um suprimento de lágrimas.
— Está tudo bem. — Ele me deu um sorriso caloroso, lembrando-me de como era fácil para os ricos acabarem com o seu serviço. Havia mil e uma pessoas apenas esperando que você caísse, para que elas pudessem substituí-lo. As lágrimas já estavam quase turvando meus olhos quando ele disse outra coisa. — Só não se esqueça de me lembrar de avisar o diretor financeiro que ele deve acrescentar alguns bônus ao seu salário do mês. Você realmente merece. — Ouvir o que ele acabou de dizer fez com que minhas pernas ficassem fracas de repente. Rapidamente, agarrei-me à geladeira apoiada na parede para não cair. Ele apenas deu uma risadinha e balançou a cabeça.
— Obrigado, senhor. — Soltei um suspiro que havia segurado por um tempo.
— De nada, Bianca. — Ele acenou com a cabeça. — Agora, de volta ao trabalho. — Ele murmurou, usando sua cara séria característica. — Deixei alguns arquivos em sua mesa. Por favor, reorganize todos os documentos em cada arquivo de acordo com suas datas. Ligue também para o escritório de Pablo e peça para ele me ver nos próximos 5 minutos.
— Ok, senhor. — Assenti com a cabeça, antes de sair rapidamente de seu escritório. No momento em que saí pela porta, soltei mais um suspiro. Meu Deus! Eu tinha me dado um susto lá dentro. Olhei para a minha mesa, mas não consegui encontrar os arquivos sobre os quais meu chefe havia acabado de falar. Para onde eles tinham ido? Naquele momento, bateram na porta.
— Entre. — Eu disse e esperei que a pessoa que estava atrás da porta entrasse. Era Lydia, e ela tinha alguns arquivos em suas mãos.
— Bom dia, Bianca. — Ela acenou para mim com a mão livre.
— Bom dia, Lydia. — Eu dei um pequeno sorriso. — Você precisa de alguma coisa?
— Sim. — Ela foi até minha mesa e largou os arquivos que estava segurando. — O chefe me pediu para trocar os arquivos que estavam desgastados. Aqui estão eles. — Ohh... era ela que estava com os arquivos que eu estava procurando.
— Oh, obrigada. — murmurei.
— Sim, de nada. — Ela respondeu, antes de sair do meu escritório. Fui me sentar na cadeira atrás da minha mesa quando, de repente, lembrei que meu chefe havia me pedido para fazer uma ligação para Pablo. Peguei meu telefone do trabalho na primeira gaveta da minha mesa e disquei rapidamente o número do escritório dele. Depois de alguns bipes, ele atendeu.
— Bom dia, Bianca.
— Bom dia, Pablo. O chefe pediu para você falar com ele em 3 minutos. — Eu forneci. Sim, tive que reduzir o prazo porque já havia perdido algum tempo.
— Tudo bem. — Ele respondeu e desligou imediatamente. Olhei para o meu relógio de pulso e vi que eram apenas 8h12, o que significava que eu tinha cerca de 30 minutos antes de sair para pegar o café do meu chefe. Mas ele havia chegado mais cedo hoje, o que significava que também precisaria de seu café mais cedo. Sem perder mais tempo, levantei-me e fui até a cafeteria no andar térreo. Ao descer, encontrei Pablo, que estava subindo apressado para falar com o chefe.
Eu tinha conseguido pegar seu café e estava de volta ao meu escritório. Deixei o café na minha mesa, antes de pegar um guardanapo na gaveta da escrivaninha. Enrolando o guardanapo na xícara de café, fui rapidamente até a porta de entrada e bati. Como não obtive resposta, esperei alguns segundos antes de entrar e o vi sorrindo para o telefone. Ninguém precisou me dizer quem era do outro lado da linha. Provavelmente era a Madame Bella. Eu não estava aqui há muito tempo, mas seria quase impossível não saber quem era a mulher. Não apenas pelas fofocas do escritório, mas pelo meu chefe em pessoa. Era seguro dizer que o homem era obcecado por sua esposa. Só era possível pegá-lo com um sorriso tão largo quando se tratava da mulher. Assim que notou minha presença, ele literalmente revirou os olhos. Eu podia ouvir sua esposa perguntando o que estava acontecendo, e ele respondeu.
— Meu assistente pessoal acabou de interromper essa sessão maravilhosa com você. — Ele me lançou um olhar que não foi irritante de forma alguma. Na verdade, me deu vontade de rir.
— Minhas desculpas, senhor. — Murmurei baixinho, mas tenho certeza de que ele me ouviu.
— Deixe-me ligar de volta, querida. — Ele disse, antes de encerrar a chamada de vídeo. Rapidamente larguei o café em sua mesa, enquanto ele olhava para mim e acenava com a cabeça em sinal de satisfação. — Obrigado, Bianca.
— Sempre ao seu dispor, senhor.
— Isso é perfeito, então! — Ele deu um sorriso de lábios fechados. — Preciso que você envie um buquê de rosas brancas para minha Bella. — Essa não era a primeira vez que eu estava fazendo essas tarefas para ele, então simplesmente assenti com a cabeça em sinal de compreensão.
— Precisa que eu faça mais alguma coisa para o senhor?
— Isso deve ser tudo por enquanto. — Ele respondeu. Com isso, saí de seu escritório e rapidamente liguei para a floricultura, que estava se acostumando rapidamente com meus pedidos frequentes.
— Olá, senhora. A senhora precisa do pacote de sempre hoje? — A florista me perguntou, antes mesmo que eu pudesse falar.
— Sim, por favor. Peça que ele seja entregue no local de costume. Seu dinheiro será transferido para você em alguns segundos. — Com isso, desliguei a ligação e fui me acomodar na minha cadeira, quando vi um bilhete adesivo na minha mesa. Rapidamente o arranquei e examinei seu conteúdo. Era do Pablo. Ele me pediu para encontrá-lo na sala de relaxamento dos executivos. Felizmente, ficava a uma pequena distância de meu escritório, então me levantei rapidamente e fui até lá. Quando cheguei lá, vi-o sentado em um dos sofás, folheando o celular.
— Pablo? — Chamei e ele olhou para cima para me ver.
— Oi. — Ele sorriu, levantou-se e veio em minha direção. — Acho que está na hora de retribuir meu favor. — Ele disse, fazendo-me suspirar. Só Deus sabe o que ele iria me pedir agora.
— O que você quer que eu faça? — Perguntei, e ele deu de ombros.
— Nada sério. Já prometi que faria algo que não fosse tão estressante. O chefe me pediu para entregar um arquivo esta manhã. Só preciso que você faça isso em meu lugar.
— Devo fazer isso agora?
— Sim. Você deve estar de folga no próximo... — Ele fez uma pausa para olhar o relógio de pulso. . — Dez minutos.
Pensei sobre isso e não me agradou muito abandonar meu posto até terminar de fazer o recado de Pablo. E se meu chefe precisasse de mim quando eu ainda estivesse fora?
— Tudo bem. — murmurei.
— Não faça cara feia agora! — Ele retrucou, fazendo-me zombar.
— Onde e para quem eu vou entregar?
— M. RUSSO. Por favor, o arquivo deve ser entregue diretamente ao Sr. Manuel. Foi isso que o chefe instruiu. — De repente, senti meu estômago dançar de excitação. Afinal, era a empresa de Manuel Russo que eu deveria ir! Oh, como tive tanta sorte hoje?!
— Tudo bem. — Arrastei minha palavra, tentando não parecer tão entusiasmada de repente para Pablo. — Se você quer que eu chegue a tempo, preciso ir agora.
— Tudo bem! — Ele bateu palmas, antes de se virar para pegar o arquivo que estava no sofá de onde havia se levantado. — Aqui está. Este é o arquivo.
— Certo. — Peguei o arquivo de sua mão e comecei a me afastar.
— Sorria, amor! — Pablo gritou atrás de mim. — Lembre-se de que lhe fiz um favor! — Se Pablo soubesse o quanto sua tarefa me deixou feliz, ele não teria se incomodado em gritar tão alto. O único problema era que eu não sabia se deveria ou não informar ao meu chefe que eu mesmo entregaria os arquivos ao primo dele. Depois de pensar um pouco, elaborei um plano e sorri para mim mesmo.
Eu já tinha tirado minha bolsa da mochila e saído do escritório, quando enviei uma mensagem para Pablo. — Você está com o estômago muito ruim, ok? Isso foi para o caso de meu chefe chamá-lo.
Em seguida, liguei para meu chefe e ele atendeu imediatamente.
— Bianca?
— Senhor, sinto muito. Eu teria lhe informado antes de sair, mas foi uma emergência.
— O que há de errado, Bianca?
— O Pablo está com o estômago ruim. Ele queria ir entregar os arquivos que você pediu, mas como não conseguiu com o estômago doente, teve que me pedir para fazer isso por ele. Portanto, estou indo agora para o escritório do Sr. Manuel.
— Tudo bem, Bianca. Apenas seja rápida e volte ao trabalho.
— Tudo bem, senhor. — Eu disse e desliguei a chamada, feliz com minha sorte!
Entrei no prédio muito alto e grande, pensando comigo mesmo quanto dinheiro os Russos realmente tinham. Aqui estava eu, pensando que a empresa do meu chefe era muito grande, mas agora que estava vendo a do Manuel, provavelmente não sabia mais. Entrei e acenei para a recepcionista de aparência atrevida. Ela acenou de volta, mas parecia relutante em fazer isso. Deixando de lado sua atitude engraçada, concentrei-me no que eu realmente queria fazer.
— Bom dia. Por favor, onde fica o escritório do Sr. Manuel Russo?
— E quem é você? — A senhora perguntou, sem me poupar um olhar.
— Sou a assistente pessoal do Sr. Alexander Russo. Tenho um arquivo para entregar ao Sr. Manuel com urgência. Se não se importar, por favor, me informe em que andar fica o escritório dele.
— No sexto andar. — Ela respondeu, olhando rapidamente para mim e tirando os olhos. Uau. Essa era uma pessoa que eu nem conhecia. Qual era o motivo de sua atitude?
— Obrigada. — Dei um pequeno sorriso e corri para o elevador que estava quase fechando depois que dois homens entraram. Consegui chegar até ele antes que se fechasse e sorri para mim mesmo em sinal de vitória. Entrei no elevador e digitei o número do meu andar. O lugar estava silencioso há algum tempo, até que um dos homens me disse “Oi”.
— Oi.
— Olá. — Respondi.
— Você trabalha aqui? Nunca vi seu rosto por aqui.
— Não, eu não trabalho aqui. — Eu sorri. — Eu trabalho na A. RUSSO. Só estou aqui para entregar algo ao Sr. Manuel.
— Ohhh! — Ele acenou com a cabeça. — A propósito, é um prazer conhecê-lo. Eu sou o Antonio. — Ele estendeu a mão para um aperto, que eu aceitei.
— Meu nome é Bianca. Bianca Bianchi.
— Tudo bem, Bianca. Eu a veria por aí. — Ele me deu um sorriso muito bonito. Naquele momento, o elevador se abriu e ele saiu. Bem. Eu não sabia como deveria me sentir em relação a essa apresentação. Ele havia dito que me veria por aí, mas eu duvidava muito disso.
Cheguei ao andar do escritório do Sr. Manuel e pude ver uma porta com “CEO M. Russo” escrito em negrito. Devia ser essa. Rapidamente, fui até a porta e bati algumas vezes. Depois de alguns segundos, ouvi uma voz feminina me pedindo para entrar. Entrei e vi que o design de seu escritório não era muito diferente do de meu chefe. O escritório de sua assistente pessoal era conectado ao dele. Olhei para a mulher de meia-idade e a cumprimentei.
— Bom dia, senhora.
— Bom dia! — Ela sorriu. — Você tem um compromisso com o chefe?
— Uhmm... — Cocei a parte de trás de minhas orelhas, sem saber como responder à pergunta dela. — Sou a assistente pessoal do Sr. Alexander Russo. Ele disse que seu chefe está me esperando.
— Oh! — Ela acenou com a cabeça em sinal de compreensão. — Ele está atualmente com a Srta. Francesca. Apenas espere até que eles estejam..... — Ela ainda estava falando quando a porta se abriu e uma senhora de aparência irritada saiu dela. Ao perceber que não era apenas a assistente pessoal de Manuel que estava no escritório, ela soltou um suspiro e reajustou seu vestido elegante.
— Vejo você em outro momento, Julia. — Ela sorriu e se afastou.
— Tchau, mãe! — Julia respondeu com um aceno, enquanto a senhora saía do escritório. A senhora parecia ser uma herdeira rica e parecia ter tido um desentendimento durante a reunião com Manuel.
— A senhora pode entrar agora. — disse a mulher que eu havia conhecido como Julia. Levantei-me de onde estava sentado e caminhei até a porta de conexão. Bati na porta e ouvi uma voz irritada me pedindo para entrar. Uau! Foi muita sorte minha ter tido a oportunidade de ver Manuel Russo em um dia em que ele estava irritado. Aqui não vai nada! Abri a porta e entrei. Ele olhou para cima e deu um suspiro quando me viu. Dei um pequeno sorriso, mas ele não demonstrou nenhum sinal de reconhecimento, simplesmente mostrou que havia se esquecido de quem eu era. Triste. No entanto, seus olhos permaneceram em mim, claramente tentando se lembrar de quem eu era.
— Desculpe, seu rosto parece estar... — Ele começou a falar, mas não o deixei concluir sua declaração antes de falar.
— Meu chefe me mandou entregar esses arquivos para você. — Informei, levantando os arquivos que tinha em minhas mãos. De repente, ele pareceu ter se lembrado de quem eu era e deu um suspiro.
— Minhas desculpas, Brenda. Desculpe-me por não ter me lembrado de quem você era. — Hoje não foi o melhor dia? Como alguém se sente quando sua paixão esquece seu nome?
— É totalmente compreensível, senhor. Você tem muitas coisas para fazer, o que não lhe dá a oportunidade de memorizar o rosto de uma mulher qualquer. — Eu sorri, tentando não parecer que estava ofendido. Eu não tinha o direito de ficar. — E eu sou Bianca. — Finalmente corrigi, fazendo com que seus olhos se arregalassem em choque. Isso sim foi engraçado.
— Bianca. — Ele murmurou meu nome, fazendo com que os pequenos pelos na parte de trás do meu pescoço ficassem eriçados, devido ao tom masculino de sua voz. — É um prazer conhecê-la novamente. — A maneira como ele sorriu para mim fez minha barriga ficar gelatinosa.
— Aqui. — Fui até a mesa dele e larguei os arquivos, não querendo continuar de pé e olhando para seu rosto realmente bonito. Ele era tão bonito. De um jeito elegante e robusto.
— Tudo bem. — Ele acenou com a cabeça. — Muito obrigado, Bianca. E tentarei não esquecer seu nome na próxima vez que a vir. Tenha um bom dia. — Com isso, dei meia-volta e saí de seu escritório. Foi só isso? Isso era tudo?! Nada mais? Eu não podia acreditar que tinha ido ao escritório de Manuel Russo apenas para lhe entregar alguns arquivos. Simplesmente incrível.
Normalmente, eu não ficava esperando pelo horário de almoço, mas hoje foi diferente. Já sabendo que Laura não viria me chamar para almoçar hoje, continuei esperando e checando o horário do almoço. Não era porque eu estava com fome, mas porque esse era meu único tempo livre para falar com ela.
Desde que eu havia aparecido em sua casa sem avisar durante o fim de semana, não havíamos nos falado. Eu particularmente sabia que, depois do que eu descobrira, ela não gostaria de falar comigo, provavelmente porque se sentia envergonhada. Por isso, esperei até que o fim de semana terminasse, para que pudéssemos conversar fisicamente. Balancei a cabeça ao perceber que muitas coisas não eram realmente como pareciam ser. Laura era empregada doméstica na casa da família de Ricardo? Só Deus sabia tudo o que ela havia sofrido nas mãos de Ricardo. Era realmente muito triste. Assim que o despertador tocou, informando-me que era hora do almoço, rapidamente peguei meu telefone e saí do escritório.
Cheguei à cafeteria e me sentei em nosso lugar habitual, esperando que ela aparecesse, mas ela não apareceu. Decidi pegar minha comida e começar a comer enquanto esperava que ela aparecesse. Fiz exatamente isso e estava na metade da minha refeição quando Ricardo apareceu, caminhando para a mesa em que ele normalmente se sentava. Esperei que Laura também aparecesse, mas ela não apareceu. Durante todo o tempo em que comi, pude sentir os olhos de Ricardo fazendo buracos em minha cabeça, mas não lhe poupei um único olhar. Assim que terminei minha refeição, saí correndo da cafeteria e me dirigi ao elevador. Eu estava indo ver Laura em seu escritório. Ela realmente achava que poderia me evitar? Assim que cheguei ao andar dela, fui até seu próprio escritório e abri a porta com cuidado. Lá estava ela, sentada e olhando para nenhum lugar em particular. Ela não estava chorando, mas eu podia ver as lágrimas embaçando seus olhos e a expressão em seu rosto. Reconheci aquele olhar. Era um olhar de autopiedade. Ela nem sequer havia notado minha presença.
— Laura. — Eu a chamei. Quando ela se virou para me olhar, suas lágrimas finalmente caíram.