Capítulo 4 — Meu anjo da guarda
Mikhail
Cristina era indecisa e fútil, embora eu gostei muito dela, não chega a ser amor. Nada mais é que questão de interesses, ela gosta de dinheiro e eu preciso de alguém ao meu lado para manter melhor as aparências dos meus negócios.
— O que acha desse? Essa abertura lateral vai dar um charme, me deixando mais sensual e sexy. — O vestido que ela segurava era extremamente depravado e ela gosta disso, embora eu odiasse e me negasse a acompanhá-la nesses trajes.
— Acho que não precisa se mostrar tanto, sabemos que você tem belas pernas, mas não é para tanto. — Olhei firme para ela que devolveu o vestido brava, indo até um mais depravado ainda.
Meu celular estava tocando, era Carmem e eu não poderia rejeitar a chamada dela. Peguei um blazer qualquer e fui até o provador, Cristina era também invasiva e sem educação as vezes.
“Boas notícias?” Carmem sorriu do outro lado, indicando que sim.
“Ótimas! Finalmente conseguimos alguns para ocupar o cargo de administração. Ela tem ótimas referências, pelo que pude ver é muito dedicada e está disposta a se mudar o mais rápido possível. Tem ideia de quando ela poderá começar?”
“Pode cuidar de tudo para mim? Cristina está me cobrando tempo, você sabe… a gente vai se casar dentro de um mês e ela não me dá um minuto de paz. Ficarei eternamente grato a você por me ajudar mais uma vez.” Carmem estava sempre me salvando, ela e Ella eram minhas salvadoras sempre.
“Sabe que nem precisa perguntar. Próxima semana terá uma nova admiradora para as obras, sem dúvidas ela vai te surpreender também.”
“Sabe que só existe uma mulher capaz de me surpreender.” Não era mentira, Cristina está prestes a se tornar minha companheira até sabe lá quando, ela tem seus defeitos mas eu gosto dela exatamente por ela ser quem ela é.
Carmem desligou quando ouviu o grito de Cristina me chamar muito perto. As duas não se conheciam muito bem, eu preferia assim, Carmem não é o tipo de pessoa que tem muita paciência para pessoas como Cristina e eu não quero perder além da amiga, minha melhor funcionária de anos.
— Era de novo sua secretária? Ela não te dá sossego nem mesmo sabendo que está noivo? Não vai me dizer que vai atender às malditas ligações até mesmo quando a gente estiver na nossa lua de mel? — Ela me olhou, fez sua melhor cara de insatisfeita e me mostrou o vestido que tinha em mãos. — Só não desisto do jantar de hoje porque ele é importante para mim.
Ela era um furacão quando estava nervosa. Escolhi um terno qualquer e fomos pagar. Ela seguiu até o carro com sua cara emburrada, como uma criança birrenta e eu odiava quando isso acontecia. Para sua sorte, eu estava nos meus melhores dias e agradecia por ter Matthew como meu amigo, por isso hoje seria uma dia que iríamos beber depois do jantar tedioso que Cristina está me obrigando a ir com ela.
Donna
Cheguei em casa e tentei refletir sobre tudo que aconteceu antes de voltar para o hospital. Bem… Dominic é fruto de uma gravidez não planejada com um homem que eu conheci no dia da despedida de Matthew, desde então não o procurei, nunca tivemos contato algum além daquela noite e ninguém mais sabe disso além de Jess. Quando minha família sobre da gravidez, me desprezaram por acharem que o meu filho era de um vagabundo, sempre tiveram uma visão horrível sobre mim, apesar de eu nunca ter dado motivos, mas pelo simples fato da minha irmã ser o retrato da filha perfeita. Apesar de tudo isso, nunca permiti que essa energia negativa atingisse meu filho, então decidi que não queria mais contato com eles e desde então Jess, Dominic e eu somos uma família feliz.
Confusa e extremamente feliz, eu voltei ao hospital não me contendo de felicidade. Entrei no quarto e Jess estava quase dormindo na beira da cama do Dom.
— Oi… cheguei, não queria atrapalhar seu sono, mas tenho uma coisa pra te contar. — Sorri de canto a canto, vendo ela apavorada levantando devagar e sentando na poltrona.
— Você…? — Ela perguntou sorrindo e me abraçando, querendo gritar, mas não podendo. — Meu Deus, eu sabia que a vaga era sua. Estou tão feliz por você, amiga. Estou tão feliz que tenha conseguido. — Ela me apertava e sorria ao mesmo tempo. A notícia que eu tinha para lhe dar também iria lhe deixar com o coração partido, porque me deixou com o coração partido desde o primeiro momento que soube.
— É… mas a vaga inclui também ter que sair do país… — Engoli em seco quando ela se afastou dos meus braços, segurou minhas mãos e me olhou nos olhos.
— E você não vai me dizer que revirou por causa disso? Eles vão pagar tudo, não é? Essa é a oportunidade que você tem de mudar de vida, Donna. Você sabe disso. — Embora eu saiba o quão triste ela também está, Jess é a única pessoa que sabe realmente o quanto eu já sofri para ser quem eu sou hoje. Desde o momento em que fui expulsa de casa, desde o dia em que ela me acolheu em sua casa até os dias de hoje. Só ela sabe o quanto eu sempre batalhei para não me deixar faltar o essencial e o quanto eu ralo pra caramba desde que Dominic nasceu.
— Eu sei… eu aceitei, disse que não tinha objeções e que estava totalmente disposta a me mudar a partir do momento que quiserem. Eu só não faço ideia de como vai ser viver sem você, já estou sentindo sua falta. — Na hora em que já estávamos emovionadas ao ponto de chorar, o médico entrou após bater na porta, com alguns papéis em mãos.
— Boa noite, trago boas notícias sobre os exames feito hoje pela manhã. — Olhei aliviada, pois temia que fosse algo mais grave que uma virose. — Dominic estava desidratado, mas já resolvemos isso com soro e água. Preciso que o mantenha hidratado para que o caso não venha se agravar. — Ele me entregou os papéis com prescrições de algumas receitas e o papel da alta.
Agradeci, o acordei e fomos para casa com Jess. Ela estava cansada, mas ainda precisava trabalhar.
— Estou em casa para jantar com vocês hoje. Vamos jantar fora para comemorar essa maravilhosa conquista. Amo vocês. — Ela nos deixou em casa, se despediu e foi direito para o seu trabalho.