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3-Jonathan, meu filho

Eu já estava inventando desculpa para isso tudo. Essas coisas só se viam em romances. Contudo lá, o protagonista era o mocinho, aqui temos o vilão da história com “H” de real.

Afastando os pensamentos, me voltei para o meu trabalho e fiz aquilo que se esperava de mim. Logo deu o horário de almoço. Desci até o restaurante três andares abaixo da onde eu estava, onde éramos conveniados. A comida era excelente, self service. Não comi muito, mais salada, pois a sensação de um caroço grosso na minha garganta era grande.

À tarde eu peguei firme no trabalho e me envolvi com a matéria. Quando deu 17:30 hrs, fiquei de olho no relógio, pois pegava Jonathan na escolinha, 18:30 hrs.

Quando deu 18:00 hrs já estava pronta para sair, peguei minha bolsa e apressei o passo, sentido aos elevadores. Apertei o botão. Graças a Deus, logo ele surgiu.

Depois de dez minutos esperando, peguei o ônibus em direção ao meu bairro, Holloway. A escolinha ficava a quatro quarteirões de meu apartamento.

Desci quase em frente. Fitei o relógio, 18:40 hrs. Era sempre assim, nunca conseguia chegar no horário certo.

Entrei na escola e fui até uma salinha onde as crianças ficavam a espera dos pais.

Jonathan quando me viu, veio correndo com a malinha nas costas, com um sorriso enorme no rosto. Eu me abaixei e o abracei. Não consegui conter as lágrimas. Droga! Geralmente eu não era assim, tão emotiva.

Eu as enxuguei antes que Jonathan visse.

—Oi, como foi tudo? Brincou bastante?

Ele mexeu a cabecinha para mim. Ele era a miniatura do pai. Cabelos negros, olhos negros, e bem grande para sua idade. Seria bem alto.

—Hoje nós vamos na vovó?

Eu neguei.

—Não. Vamos visitá-la outro dia.

Minha mãe tinha recentemente pegado um cachorro pequeno na rua. E Jonathan adorou. Agora não via a hora de ir lá para brincar com o animal.

—Amanhã?

—Amanhã! —Respondi com um sorriso. Amanhã já era quinta-feira.

—Promete?

—Mamãe promete. Agora vamos! Está esfriando. E você não quer ficar doente, quer? Se ficar, não poderá brincar com Joby.

—Vamos! —Ele disse sorrindo.

Eu peguei a mãozinha dele até a calçada. Lá tirei a mala dele das costas e a prendi no meu braço e o peguei no colo. Ele não protestou. Que bom! Assim seria mais rápido e eu não via a hora de chegar em casa. Quando comecei a andar, me lembrei do tombo na sala de Zachary

Que patético!

Afastei meus pensamentos e me concentrei no caminho, e andei com cuidado redobrado.

Logo cheguei a minha casa. Abri o portão baixo e entramos num pequeno quintal sem jardim. Coloquei Jonathan no chão e caminhamos juntos até a porta da entrada que dava diretamente na sala e a abri.

Reparei que Jonathan estava com sono, pois já coçava os olhos. Quando ele se distraiu na sala com a televisão, fui até meu quarto e tirei meu conjunto de terno e saia que eu usava e coloquei um vestido jeans folgado.

Dei banho em Jonathan e em seguida a sopa para ele. Enfrentei dificuldade, pois ele estava irritado por causa do sono.

Escovei os dentinhos dele com ele reclamando e o levei para uma caminha que ficava ao lado da minha. Ele ficou um tempo batendo os pés agitado. Eu fiquei deitada ali, esperando ele dormir. Logo seus dedinhos começaram a enrolar um pedaço da fronha com os dedos e dormiu.

Agora era hora que eu tirava para mim.

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