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O Sr. Rômulo

LINDA FONSECA

Que tipo de monstro é esse cara?

Que tipo de monstro é esse homem, que age da forma que ele agiu comigo? Ele me jogou no chão com tanta brutalidade, que a minha cabeça está sangrando e doendo muito, e ainda estou com a visão um pouco embaçada.

Eles me largaram na rua, como se eu fosse um saco de lixo, me pegaram com nojo e me jogaram na rua para quem sabe o carro do lixo não passa e me leva. Eu nunca vi alguém me olhar com tanto nojo como aquele homem me olhou. E eu só estava um pouco suada por ficar no sol.

Monstro!

Levantei e limpei as minhas mãos sujas de sangue em minha roupa. Agora realmente estou suja. Quando pude dar passos mais equilibrados, voltei para aquele portão. O homem de roupas formais, que estava tentando me convencer a ir embora, um subordinado do monstro que me machucou e que não quer esclarecer a morte do meu pai, vinha ali na estrada de tijolos, na direção do portão.

— Se ele não fizer nada, eu vou levar a público. Eu vou contar a todo mundo o que ele fez! Eu vou contar o que aconteceu com meu pai e também o que ele me fez agora a pouco! Esse monstro! — meus olhos embaçaram com as lágrimas. — Eu vou acabar com a vida desse monstro! Vou contar para todos sobre suas monstruosidades!

— Senhorita. — ele parou em frente ao portão, depois olhou para os seguranças que estavam de cada lado do portão e balançou a cabeça. Eles abriram o portão e eu passei a mão em meu rosto, para tirar a lágrima que descia por ele. — Entre. — ele balançou a cabeça.

— Como? — estranhei seu pedido.

Ele deu um leve sorriso e balançou a cabeça afirmando.

Mas por que ele quer que eu entre? Por que ele está me encarando dessa forma? Como se agora a pouco o seu chefe não tivesse me humilhado da pior forma possível.

— O Sr. Rômulo ordenou que entre.

— Mas ele não me dá ordens! Eu só quero justiça pelo meu pai! — senti o mundo começando a girar e a minha visão começou a ficar turva.

— Senhorita, entre. — homem de meia-idade insistiu. — O Sr. Rômulo está lhe dando uma segunda chance.

— Uma segunda chance? — repeti com repugnância e tentei conter a dor. — Uma segunda chance por que? Foi ele quem errou!

— Senhorita, entre para que seu machucado seja reparado.

— Eu não vou colaborar com este homem! — tudo se apagou na minha frente, eu pisquei os olhos, mas uma força maior me fez cair e adormecer.

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