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5

Nicolás ficou imóvel por um momento, observando Aitana se afastar com seu guarda-costas. Sua mente ainda tentava processar o que havia acabado de acontecer. Aquela joia custava mais do que ele havia imaginado, e ela havia conseguido comprá-la, mesmo depois que ele se certificou de que não teria acesso a nenhuma de suas contas. Como isso era possível? De onde ela havia tirado tanto dinheiro?

Um pensamento inquietante começou a se formar em sua mente. As pistas estavam todas lá: os veículos luxuosos, os presentes caros, o cartão de crédito que Aitana havia usado. Tudo apontava para algo... ou alguém. Aitana não poderia ter feito isso sozinha. Ela precisava estar com alguém, alguém poderoso e rico. Alguém que a estivesse sustentando.

Nicolás dirigiu-se à loja de joias, com o cenho franzido e a determinação queimando em suas veias. Ao entrar, o aroma de couro e veludo o envolveu. Era um lugar exclusivo, reservado apenas para aqueles com acesso a fortunas consideráveis. Ele se aproximou do balcão onde Aitana havia estado momentos antes, e a mesma vendedora que a atendeu o recebeu com um sorriso cortês.

- Boa tarde, senhor. Em que posso ajudá-lo? - perguntou profissionalmente.

Nicolás, sem se incomodar em sorrir, tirou o telefone e mostrou uma imagem da joia que Aitana havia comprado.

- Esta peça... uma mulher acabou de comprá-la. Quero saber com qual cartão ela pagou.

A vendedora olhou para ele surpresa, embora tenha mantido a compostura.

- Sinto muito, senhor, mas não posso revelar informações confidenciais de nossos clientes - respondeu, um tanto nervosa.

Nicolás se aproximou mais do balcão, fazendo uso de sua presença intimidante. Ele era um homem acostumado a conseguir o que queria, e a situação não seria diferente.

- Escute, só quero saber se foi com um cartão dos Alarcón. Não estou pedindo nenhum detalhe pessoal, só isso.

A menção dos Alarcón fez com que a vendedora se enrijecesse. Nicolás percebeu a mudança imediata em sua expressão e soube que havia acertado em cheio. A mulher desviou o olhar, claramente desconfortável.

- Senhor, insisto que não posso revelar essa informação - disse, mas seu tom traía seu nervosismo.

Isso foi suficiente para Nicolás. Não precisava de mais confirmação. Se Aitana havia usado um cartão dos Alarcón, isso só poderia significar uma coisa: ela estava ligada de alguma forma àquela família. Mas como? Os Alarcón eram conhecidos por serem extremamente reservados, poderosos e muito ricos. Nicolás conhecia seu nome e sua influência na sociedade, mas também sabia que não havia homens jovens nessa família. Os patriarcas dos Alarcón eram homens mais velhos, todos bem estabelecidos no mundo dos negócios e da política.

A ideia de que Aitana pudesse estar envolvida com um deles era difícil de acreditar, mas tudo apontava nessa direção. Será que Aitana havia caído nas mãos de algum Alarcón mais velho em troca de luxos e conforto? Era isso que vinha acontecendo esse tempo todo?

Nicolás sentiu uma mistura de ciúmes e raiva crescer dentro dele. A ideia de que Aitana pudesse ter se unido a um desses homens mais velhos o perturbava mais do que ele gostaria de admitir. Por um momento, ele se esqueceu de que fora ele quem havia rompido o casamento, que havia deixado Aitana por outra mulher. Tudo o que sentia agora era uma necessidade insaciável de entender o que estava acontecendo e de retomar o controle da situação.

- Obrigado pelo seu tempo - disse friamente, virando-se e saindo da loja sem esperar uma resposta.

Enquanto caminhava pelo shopping, sua mente trabalhava freneticamente. Precisava investigar mais, descobrir que tipo de conexão Aitana tinha com os Alarcón. Havia algo maior em jogo ali, algo que ele não podia ignorar. Sabia que os Alarcón não eram pessoas com as quais se brincava, mas também sabia que não iria parar até descobrir a verdade.

A possibilidade de que Aitana estivesse envolvida em um relacionamento com algum deles era um golpe direto em seu orgulho. Será que ela havia encontrado uma forma de se vingar dele, de mostrar que podia seguir em frente sem sua ajuda? Ou pior, será que ela o havia substituído por alguém muito mais poderoso?

Nicolás apertou os punhos enquanto caminhava em direção à saída. Precisava ir até o fim disso. E, quando o fizesse, estaria preparado para enfrentar quem quer que estivesse por trás de Aitana.

Não conseguia tirar da cabeça a ideia de que Aitana estava envolvida com alguém da família Alarcón, e embora essa possibilidade lhe parecesse difícil de aceitar, tudo parecia se encaixar. Os presentes luxuosos, os veículos elegantes e agora o cartão de crédito dos Alarcón... Para ele, estava claro que Aitana não estava agindo sozinha. Mas, por que com eles? E por que agora?

Enquanto caminhava em direção ao estacionamento, sua mente elaborava teorias cada vez mais mirabolantes. Será que Aitana havia planejado tudo isso desde o começo? Teria se aproximado dos Alarcón como parte de uma vingança ou, pior ainda, uma estratégia para garantir um lugar em uma das famílias mais poderosas do país?

Nicolás não suportava a ideia de que ela pudesse estar em um relacionamento com um desses homens. Sabia que todos os membros masculinos da família Alarcón eram mais velhos, homens de negócios que rondavam os cinquenta anos ou mais. Não havia nenhum herdeiro jovem que pudesse ter conquistado Aitana de maneira romântica. Isso só deixava uma possibilidade: Aitana havia se tornado amante de um deles.

Um impulso sombrio o empurrou a descobrir mais. Não podia ficar com aquela incerteza. Precisava de respostas. Nicolás parou à beira do estacionamento, com o telefone na mão, e começou a discar um número que não usava há anos. Seu antigo contato no mundo da segurança privada, alguém que lhe devia vários favores. Alguém que podia obter informações sem fazer perguntas.

O telefone tocou algumas vezes antes que uma voz grave e monótona respondesse.

- Nicolás, já faz um tempo. O que você precisa?

- Informações - respondeu Nicolás diretamente. - Sobre os Alarcón. Quero saber quem são, com quem estão relacionados, seus movimentos recentes. Preciso de tudo o que você puder encontrar sobre eles, especialmente se houver alguma conexão com uma mulher chamada Aitana Ferrer.

Houve uma pausa na linha, seguida de uma leve risada.

- Os Alarcón não são o tipo de pessoas fáceis de rastrear, você sabe disso. Mas, se é importante, posso ver o que consigo. Será caro, claro.

- Não me importa o preço. Apenas consiga o que puder - replicou Nicolás, impaciente.

- Entro em contato quando tiver algo - disse a voz, antes de desligar.

Nicolás guardou o telefone no bolso do casaco e exalou lentamente. Não havia volta agora. Queria respostas, e as conseguiria, custe o que custasse.

Enquanto dirigia de volta para sua mansão, os pensamentos continuavam retumbando em sua cabeça. Aitana sempre havia sido um enigma para ele, mesmo quando estavam casados. Ela era doce e dedicada, sim, mas também havia uma força subjacente nela, uma que Nicolás havia subestimado. Talvez houvesse mais em sua história do que ele havia imaginado.

Mas agora, se ela estava envolvida com os Alarcón, as coisas ficavam muito mais complicadas. Aquela família não brincava. Eram intocáveis, poderosos, capazes de arruinar a vida de qualquer um que cruzasse seu caminho. E agora, Aitana, sua ex-esposa, estava no meio de tudo isso.

Nicolás bateu no volante com frustração. Se Aitana estava usando sua conexão com os Alarcón para avançar na sociedade, não podia se dar ao luxo de ficar de braços cruzados. Não era apenas uma questão de orgulho ferido; havia algo mais profundo que o impulsionava a agir. Talvez fosse o desejo de mostrar-lhe que não podia simplesmente sair de sua vida e prosperar sem ele. Talvez fosse o medo de que, de alguma forma, Aitana pudesse superar o que ele havia construído.

Quando finalmente chegou em casa, as luzes estavam apagadas e a mansão parecia mais fria do que nunca. Ele entrou na grande sala de estar, mas não acendeu nenhuma luz. Dirigiu-se diretamente ao bar, servindo-se de um copo de uísque e afundando-se em uma das poltronas de couro.

A mansão estava vazia, em silêncio, como havia estado desde que Aitana se foi. E, embora ele tivesse tentado preenchê-la com outras coisas, outros luxos, outros rostos, nada havia dissipado aquela sensação de vazio. O sucesso e o poder que tanto havia almejado pareciam frágeis agora, insignificantes em comparação com a confusão de emoções que o envolvia.

Nicolás bebeu um gole de uísque, deixando o licor queimar em sua garganta. Sabia que estava brincando com fogo ao tentar desenterrar informações sobre os Alarcón, mas não podia parar. Não agora. Havia perguntas demais sem resposta, suposições demais que o atormentavam.

Enquanto observava as luzes distantes da cidade da janela de sua mansão, uma resolução sombria tomou conta dele.

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