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4

Ao sair da loja, Aitana sentia uma mistura de emoções que oscilavam entre a sensação de vitória e um certo nervosismo. Tinha lidado bem com a situação com Valeria, mas as inseguranças e dúvidas ainda pesavam em seu coração. Dando alguns passos distraída pelo centro comercial, chocou-se de repente com alguém.

O impacto fez com que a sacola que carregava escorregasse de sua mão, e a caixa luxuosa com a joia rolasse alguns metros no chão. Aitana rapidamente se abaixou para pegá-la, mas outra pessoa foi mais rápida.

- Deixe-me ajudar - disse uma voz grave que ela imediatamente reconheceu.

Ao levantar os olhos, encontrou o olhar frio e penetrante de Nicolás, seu ex-marido. Sua expressão mostrava surpresa, mas também algo mais... algo que Aitana não soube identificar de imediato. Nicolás segurou a caixa por um momento, como se ponderasse seu peso e conteúdo antes de devolvê-la.

- Vejo que está indo bem, Aitana - murmurou com um sorriso cínico.

Aitana pegou a caixa, tentando manter a calma. A presença de Nicolás a perturbava mais do que gostaria de admitir. Não esperava vê-lo, muito menos naquele lugar. Sua mente se acelerou, tentando decifrar as intenções dele, mas o rosto de Nicolás era impenetrável.

- Obrigada - respondeu finalmente, esforçando-se para soar tranquila.

Nicolás, no entanto, não estava disposto a deixar o assunto acabar ali. Seu olhar desceu até a sacola da joalheria e, em seguida, voltou para Aitana, agora com uma expressão inquisitiva.

- Essa joia... Quanto custou? Dois milhões, talvez mais? Você sempre teve um gosto caro, mas depois do divórcio, pensei que as coisas mudariam para você.

Aitana sentiu o peso da insinuação por trás das palavras dele. Nicolás nunca lhe dera um centavo no divórcio, e ele sabia muito bem disso. Como poderia, então, permitir-se um luxo desses? A ideia passou rapidamente pela mente dele: ele acreditava que havia outro homem em sua vida, alguém que a estivesse sustentando.

- O que compro ou deixo de comprar já não é da sua conta, Nicolás - respondeu com firmeza, embora não estivesse tão segura quanto gostaria.

Nicolás a encarou fixamente, buscando pistas em seu rosto, tentando conectar os pontos. Lembrou-se da noite em que Aitana havia saído de casa, dos presentes caros que encontrara em sua porta e dos carros luxuosos que, segundo sua equipe de segurança, a haviam levado. Para ele, tudo fazia sentido.

"Um amante", pensou. "Foi isso que ela teve esse tempo todo." A ideia lhe causava uma mistura de ira e ciúmes, mesmo que ele fosse o responsável pelo fim do casamento. Saber que Aitana poderia ter encontrado conforto em outro homem lhe revirava o estômago.

- Então é isso? Encontrou alguém para te bancar? - perguntou com desdém. - Isso explica os presentes e os carros que vieram buscar você.

Aitana o olhou com incredulidade. Como Nicolás podia chegar a essas conclusões tão rapidamente? Ele não fazia ideia do que realmente acontecia, e ainda assim, parecia ter certeza de que ela havia seguido o mesmo caminho que ele.

- Nicolás, você não sabe do que está falando - disse com calma, tentando manter a compostura. - O que houve entre nós não tem nada a ver com o que sou agora.

Nicolás deu um passo à frente, seu olhar desafiador.

- Ah, não? Então me explique como você, depois que te deixei sem nada, pode se dar a esse luxo. Acha que sou estúpido, Aitana?

A acusação era clara, e Aitana sentiu um nó na garganta. Sabia que Nicolás jamais entenderia a verdade. Não podia revelar a existência da família Alarcón sem colocar tudo em risco. Restava apenas uma opção: manter-se calma e deixá-lo pensar o que quisesse.

- O que você acha ou deixa de achar já não é problema meu - respondeu com uma firmeza surpreendente. - Te deixei porque era o melhor para nós dois. Você não tem mais poder sobre mim, Nicolás.

As palavras dela ecoaram entre eles, e por um instante, o rosto de Nicolás mostrou surpresa e frustração. Não esperava essa força de Aitana. Mas antes que pudesse responder, uma voz atrás dele interrompeu a tensão.

- Senhora Ferrer? - Era um dos seguranças que a família Alarcón havia designado para Aitana. Observando a cena de longe, ele decidira intervir. - O carro está pronto.

Nicolás lançou um olhar de confusão para o segurança, e depois voltou-se para Aitana.

- Agora você tem seguranças? Quem você se tornou?

Aitana o encarou por um momento antes de decidir que ele não merecia uma resposta. Sem dizer mais nada, virou-se e caminhou até o carro que a esperava, deixando Nicolás parado no meio do centro comercial, com mais perguntas do que respostas.

Enquanto o carro partia, Aitana sentiu uma onda de alívio misturada com tristeza. Conseguira manter a compostura, mas as palavras de Nicolás haviam reavivado medos e dúvidas profundas. Como manteria essa fachada por tanto tempo? O que aconteceria quando a verdade finalmente viesse à tona?

Olhando pela janela, viu as ruas da cidade passarem rapidamente. Sabia que esse era apenas o início de um jogo perigoso, no qual precisava proteger a si mesma e ao seu filho. Não podia se permitir cair nas armadilhas do passado nem nas suposições alheias. Agora, mais do que nunca, precisava ser forte.

Mas em seu coração, também sabia que a luta estava apenas começando.

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