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DECISÃO

ANDREY

Acordei logo nas primeiras horas da manhã, mas ao lembrar que hoje era sábado, permanece no meu quarto até alguns minutos antes da hora do almoço. Depois que me levantei, tomei um banho e minutos depois, já arrumado, deixei o meu quarto. Caminhando pelo corredor. Uma voz suave e refinada logo chamou minha atenção. Virei, me deparando com Carolina e minha mãe, que surgiram no meu campo de visão. O perfume enjoativo dela invadiu minhas narinas, fazendo meu estômago embrulhar, e para completar, a mulher não conseguia manter a boca fechada. Seguimos em direção a sala de refeições e ao descer os degraus da escada um cheiro maravilhoso se espalhava por todo ambiente. Já acomodados a mesa, não demorou muito e Majú adentrou o ambiente. Mesmo usando aquele maldito uniforme, só de vê-la em minha frente meu pau reagiu de imediato, estava tão duro e latejante ao ponto de doer. Tive que me esforçar bastante para manter uma atitude indiferente e não deixar transparecer nenhuma reação do que estava sentindo. Fiquei observando-a, mesmo tendo uma beleza assombrosa, ela jamais chegará aos pés de Carolina, esta por sua vez, jamais despertou algum sentimento em mim a não ser o interesse que ela será a esposa que um homem na minha posição social deve ter. Depois do almoço fui direto para o meu quarto. Inquieto e com uma sensação que nunca tinha sentindo antes, não conseguia me concentrar em responder alguns e-mails pendentes. Levantei e fui em direção a janela e assim que meus olhos ficaram fixos na cena a minha frente, senti o ódio inflamando em minhas veias, uma queimação no meu peito ao olhar aquele infeliz com suas mãos em volta da cintura dela. A raiva me dominou, em passos largos deixei o ambiente e quando estava descendo a escada encontrei minha mãe. Depois de Helena Albuquerque ter feito todo um discurso sobre Carolina, enfim ela me deixou em paz. Quando não a encontrei mais no jardim, eu sabia que ela ainda estava na parada de ônibus. E no momento que nossos lábios se tocaram, minha pulsação disparou. Era como se uma onda de eletricidade tivesse atravessado todo o meu corpo, porém a vadia a minha frente, com cara de boa samaritana é igual a todos do seu nível. E se ela cogitou que seu showzinho em dá uma de ofendida iria me enganar, estava completamente enganada. Com as informações que enviei ao banco, dias atrás. Será questão de horas para mandar uma notificação sobre a cobrança pelo pagamento da dívida, já que Isabel só conseguiu o crédito junto ao banco por está trabalhando para os Albuquerque. Maria Júlia virá de livre espontânea vontade ao meu encontro. Será minha até o momento que eu assim decidir. Três dias depois... MARIA JÚLIA Cansada! É assim que me sinto depois de ter lavado dezenas de pratos, talheres, além de ter que deixar as panelas tão brilhantes ao ponto de serem confundidas com um espelho. Depois de deixar tudo arrumado e lavado toda cozinha, eu respirei fundo, aliviada. Há três dias consegui esse emprego como auxiliar de cozinha em um restaurante. O salário é inferior ao que receberia na casa dos Albuquerque, porém, até aparecer algo melhor não posso ficar parada. Não tive coragem de contar para minha mãe que deixei o emprego e muito menos sobre a proposta indecente daquele infeliz. Não é segredo para mim que ela gosta muito de Andrey Albuquerque, pois sempre se referiu a ele com muito carinho. Deixei meus pensamentos de lado quando avistei o ônibus se aproximando. Pior do que passar o dia todo lavando pratos e ter que passar horas dentro de um ônibus lotado, onde a cada parada, ao ter uma cadeira disponível o povo travar uma batalha para ver quem vai se sentar. Depois de horas que pareciam uma eternidade e já com as pernas dormentes, enfim cheguei na parada próximo a minha casa. Respirei profundamente algumas vezes. Tratei de colocar um sorriso em meu rosto e em passos largos caminhei em direção a minha casa. Senti um calafrio percorrer por todo o meu corpo, uma sensação de mau agouro pairou sobre mim, e a cada passo que eu dava meus batimentos aumentavam. No momento que abri a porta da minha casa e os meus olhos foram ao encontro a imagem a minha frente. Senti meus pulmões funcionando aos espasmos, o medo cru e agudo atravessou o meu peito e um grito de medo e desespero escapou rasgando a minha garganta. Atordoada joguei minha bolsa no chão e corri em direção a minha mãe que estava jogada no chão. Me agachei colocando a sua cabeça em meu colo. O pânico tomou conta de mim, comecei a chamar o seu nome e ela permanecia desacordada. Sua respiração estava fraca seus batimentos quase imperceptíveis e assim que meus olhos foram de encontro ao objeto em suas mãos, senti como se um soco tivesse atingido meu estômago. Levantei e fui correndo em direção à rua gritando a todo vapor por ajuda. Minutos depois... Quando chegamos ao hospital, minha mãe foi encaminhada para emergência. As lágrimas brotaram e rolaram pelo meu rosto, a cada minuto que se passava, parecia que tinham sido horas intermináveis. Levantei e comecei a andar em círculos, esperando que alguém viesse me dizer como ela estava, e quando eu já estava no limite da minha agonia o médico que a atendeu da última vez surgiu no meu campo de visão, e antes que eu tivesse qualquer reação sua voz ecoou no ambiente. — Conseguimos trazer sua mãe de volta — respirei um tanto aliviada, porém assim que novamente sua voz se fez presente o medo tomou conta de todo o meu ser. Senti uma dor opressiva no peito e logo comecei a chorar. — A sua mãe não reagiu bem aos medicamentos e nem ao tratamento. Pelos exames que fizemos, ela terá que ser operada o quanto antes, no entanto, essa cirurgia só pode ser feita em hospitais particulares e o valor é bem alto... O homem continuava falando, mais parecia que eu tinha entrado no piloto automático. Durante todos esses anos a minha mãe fez de tudo por mim, passou por várias humilhações na casa dos Albuquerque, tudo porque me colocou sempre como primeira opção em sua vida. Quem sabe a quanto tempo estava se sentindo mal, no entanto, sempre tratou de chegar em casa com um sorriso no rosto. E se hoje ela está assim, a maior culpada sou eu, não foi só o motivo de não está reagindo ao tratamento que a fez passar mal e sim aquele maldito documento que encontrei em suas mãos. Seu sonho sempre foi ter uma casa própria, vivia dizendo que além do amor, do carinho e dos valores que sempre tratou de me ensinar, esse era o bem material que sempre sonhou em deixar para mim. Sou tirada dos meus devaneios quando o homem a minha frente começa a me chamar. — Maria Júlia! A sua mãe tinha comentado que trabalhava como doméstica, acredito que diante da situação que ela se encontra seria bom você procurá-los. Suspirei em silêncio ao ouvir suas últimas palavras. Helena Albuquerque jamais moverá um dedo para ajudar a minha mãe, no entanto, ainda existe uma luz no fim do túnel, mesmo que essa me leve para uma vida de escuridão e infelicidade, porém a única coisa que importa agora é salvar a vida da pessoa mais importante da minha vida, nem que para isso eu tenha que me submeter aos caprichos daquele sádico infeliz. “Andrey Albuquerque, você terá o meu corpo, poderá me quebrar em mil pedaços. Mas, saber que minha mãe ainda está viva, me dará forças para enfrentar qualquer obstáculo.”

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