Resumo
Em meio a uma sociedade preconceituosa, Maria Júlia, uma jovem negra, humilde e sonhadora, que sempre teve uma vida difícil, porém, terá que interromper seus sonhos e assumir as funções de sua mãe na casa da família Albuquerque. Andrey Albuquerque, 27 anos, lindo e arrogante, é um dos empresários mais bem sucedido do mundo, sempre foi frio e calculista. Cresceu em uma família preconceituosa, que se acha superior pela posição e prestígio que ocupam na sociedade.Um simples olhar mudará a vida dos dois.Entre medo e esperança, ódio e amor.Será possível o amor resistir a tanto preconceito?
PRECONCEITO
Prólogo
ISABEL SILVA
—Mamãe, Mamãe, socorro!
— Fique calma Maju foi só um pesadelo, não precisar chorar meu anjo a mamãe sempre vai estar com você.
—Agora vamos levantar que preciso que você fique com a tia Nana para que a mamãe possa trabalhar.
—Quero ficar com a senhora, não me deixar lá por favorzinho , o Bielzinho sempre diz que não posso pegar nos brinquedos dele porque minhas mãozinhas são escuras, porque mamãe sou diferente dele, estou dodói?
— Você esta ótima Maju , sei que ainda não entendi , mas a mamãe vai te falar uma coisa , Deus nos fez assim porque nem tudo no mundo é igual, assim como tem o dia , também existir a noite , as cores fazem desse mundo algo mais divertido.
—Sim mamãe o Bielzinho é tão branco que parece um papel, gosto de ser assim .
Assim que terminei de dar o café da minha princesa seguimos para casa de Nana , cobrando um valor simbólico, ela vem a dois anos cuidando da Majú enquanto vou trabalhar, tive que mudar para o Rio de Janeiro, após ser renegada pela minha família quando a cinco anos atrás fui vítima de um estupro, que resultou na gravidez da melhor coisa que tenho na vida . Fecho as portas das minhas lembranças, ao chegar em frente a casa da Nana, a chamei por um bom tempo até a dona Maria sua vizinha me informar que a mesma tinha passado muito mal a noite e teve que ser hospitalizada.
Olho para minha princesa que mantém seus olhos fixos em mim, não posso deixar de ir ao trabalho dentro de dois dias será o aniversário de onze anos do primogênito dos Albuquerque e tenho muita coisa para fazer.
— Filha a tia Nana não vai poder cuidar de você hoje, então a mamãe vai te levar para o trabalho dela, mas você vai prometer que será uma boa menina e vai ficar quietinha.
— A Majú promete de dedinho mamãe que vou ficar paradinha.
Depois de quase uma hora chegamos na mansão , deixei minha princesa sentada no cantinho e dei alguns biscoitos para ela se distrair, assim poderia começar a organizar tudo. Mesmo atarefada sempre levanto o olhar para vê como a Majú estava. Saio dos meus devaneios quando uma voz conhecida me chamar, me deixando desnorteada, ele sabe que não é permitido que venha até a cozinha.
Ao me vira olho para Andrey com os olhos fixos em Majú, ela parece assustada , mas não desviar o olhar dele é como se de alguma forma já se conhecesse. Para minha surpresa em passos lentos ele caminhar até ela e estende sua mãozinha.
— Oi! me chamo Andrey Albuquerque.
— Me... Meu nome é Majú.
Nunca tinha visto ela gaguejar, ao contrário das outras crianças da sua idade , ela falar um português perfeito, desde um ano quando começou a dizer que era perita em falar e nunca mais parou .
Para meu desespero ele se sentou no chão ao lado dela , pedir que se levantasse , mas ele sempre foi um menino teimoso e faz sempre o que bem entendi. Fiquei petrificada ao ouvir a única pessoa que não esperava o chamando, tentei me mover mais minhas pernas não me obedeciam e quando levantei o olhar ela estava paralisada, olhando com fúria a imagem a sua frente, imediatamente sua voz ecoou no ambiente.
—Levante-se agora Andrey —falou em um tom grosseiro.
Olhei para às duas crianças a minha frente que estavam assustadas pela forma que ela falou, o menino permaneceu no mesmo lugar, mas logo foi puxado pelos braços.
— Nunca mais quero te ver perto dessa menina, você é um Albuquerque e não deve se misturar com pessoas inferiores a nós , agora vamos.
Sentir um nó se formando em minha garganta , olhei para minha filha que tinha o rosto coberto pelas lagrimas, pensei em ir atrás e avança em cima dessa água de arroz , mas o choque da realidade caiu sob mim, não posso deixar minha princesa passar necessidade .
Fui até ela e sentei ao seu lado, enxuguei suas lágrimas e peguei em seu rostinho e comecei a falar.
—Dedicarei a minha vida a trabalhar, nunca mais você passará por isso novamente. Você terá tudo que não me foi permitido ter e algum dia mostrará para todos que não importa as diferenças todos somos iguais.
Anos depois...
Mansão Albuquerque...
ISABEL
DOR! Durante esses últimos dias por mais que eu venha tentando agir normalmente, como se nada estivesse acontecendo está cada vez mais difícil aguentar esse desconforto que traz consigo uma dor insuportável . Tenho vivido na última semana os piores dias da minha vida, tendo que suportar tudo em silêncio para que ninguém sabia que eu não estou bem, agora mais do que nunca preciso desse emprego pois tenho fé e esperança que a minha princesa terá o seu grande sonho realizado e por ela eu preciso ser forte. Deixo meus pensamentos de lado e após pegar o pequeno balde com alguns utensílios de limpeza caminho em direção a sala, a cada passo que eu dava a dor se tornava mais intensa e as minhas pernas estavam quase sem vinda. Assim que adentrei o ambiente senti minhas pernas fraquejar me levando a cai no chão eu tentei gritar por socorro , mas uma dor muito mais forte do que eu já havia sentido antes atravessou a minha espinha ao mesmo tempo que sentir uma pontada em minha cabeça e tudo que me lembro foi da dona Helena surgindo em minha frente e em seguida uma escuridão sem fim se apoderou de todo o meu ser.