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Capítulo 4

- Não olhe para mim desse jeito, senão não responderei por meus atos. - Juan disse sem tirar os olhos dos lábios dela. Aqueles malditos lábios que ele beijaria até a morte. Ele não sabia como nem por que, mas aquela mulher pertencia a ele e ele não conseguia pensar em outra coisa a não ser os dois juntos, talvez sem que suas roupas atrapalhassem.

- As mulheres são tentadoras e astutas, você deve saber disso, afinal você já tem uma certa idade e quem disse que eu não quero levá-lo ao limite? - Continuou a perversa e travessa Karla com uma coragem e um atrevimento que nunca lhe haviam pertencido antes. Tudo isso era novo para ela, nunca havia se comportado assim com nenhum garoto, mas quando estava com Juan, algo se acendia dentro dela e a levava a provocá-lo constantemente, a ousar com um homem que podia fazer o que quisesse com ela com apenas um braço. Era como se ela se tornasse uma pessoa diferente na presença dele. Ela estava completamente viciada nele, não havia outras explicações plausíveis. No entanto, a aura dele continuava sendo um mistério para a garota de cabelos ferozes.

- Minha idade a incomoda tanto assim? - perguntou Juan, sorrindo maliciosamente em troca. Provocar Karla o deixava de bom humor e, para alguém como ele, isso era bastante estranho.

- Talvez fosse. - Karla permaneceu indecisa e acabou rindo, sem nenhuma razão válida, embora a expressão de Juan fosse suficiente.

- Eu tenho trinta anos, você está mais calmo agora? - O sorriso no rosto de John se desvaneceu por uma fração de segundo, depois voltou a ser como era antes.

- Imensamente. - A risada de Karla encheu a sala, atraindo olhares curiosos na direção deles. Ela estava feliz pela primeira vez em muito tempo. John era, sem dúvida, um homem maduro e definitivamente um pouco mais velho do que ela, mas a idade dele era tão importante? O que ela se importava com a idade dele se esse homem conseguia fazê-la se sentir bem? John era uma pessoa diferente com ela, de todos os pontos de vista. Ele estava sorrindo, feliz, educado e não parava de olhar para ela nem por um segundo.

Karla pensou que, se ele continuasse olhando para ela daquele jeito, ela certamente ficaria louca, louca por ele. Ela se sentia como se estivesse vivendo um conto de fadas. Ele é um playboy multimilionário, famoso em todo o país, e ela é uma garota como muitas outras.

Eles haviam saído do clube há algum tempo e agora estavam fazendo uma caminhada ao longo do riacho que margeava a estrada principal da cidade.

- Meu Deus, já são meias! - Com um suspiro irritado, Karla olhou do celular para seu companheiro.

- Sim... Já é tarde, eu o levo para casa. - O olhar de Juan ficou imediatamente sombrio, como se ele tivesse recebido más notícias. Karla também lamentou ter que deixá-lo, ela havia se dado incrivelmente bem com ele e não queria que esse sonho estranho acabasse, mas no dia seguinte ela tinha trabalho a fazer.

- Desculpe, Juan, eu me diverti muito esta noite. Só que amanhã tenho um dia cheio, tenho que cuidar das flores de um casamento e as noivas são incrivelmente difíceis de agradar. - A voz sinceramente apologética com que Karla se dirigiu ao grande homem despertou o coração gelado de Juan, que a observava com infinita gentileza. Eles haviam conversado tanto que nem se deram conta de que haviam chegado à casa de Karla. Embora fossem apenas dois estranhos, eles haviam tido muita química em seu primeiro passeio, se é que aquele estranho passeio poderia ser definido como tal.

- Não se preocupe, você não me deve nenhuma explicação. Eu o verei novamente. - Ele disse isso com confiança e isso fez o coração de Karla explodir de alegria e, em um acesso de felicidade, ela pulou em cima dele e o abraçou, deixando-o sem palavras, fazendo com que sua parte animal acordasse. John segurou o corpo frágil da garota vermelha junto a ele, antes de inalar seu doce perfume na curva do pescoço da garota.

Infelizmente, porém, Karla não sabia que o tempo de Juan não era exatamente rápido, longe disso. Os dois se veriam novamente após um período de tempo que ela definiria como bastante longo.

- Quero que um grupo de soldados vá até a fronteira sul e verifique que porra está acontecendo lá. - A voz impiedosa e impassível de John ecoou por toda a sala, atordoando os outros membros do conselho com seu imenso poder. O Alfa finalmente havia decidido sair de seu covil, onde estava escondido há algum tempo, e há algumas semanas ele vinha impondo a lei. A matilha nunca esteve tão agitada como agora, mas ainda não havia chegado o momento de entrar em uma guerra na qual ninguém queria lutar. Porque sabemos que não existe guerra pela paz. As guerras só trazem morte e destruição. John era um dos poucos lobisomens ainda vivos que sabia como controlar seu poder perfeitamente, mesmo durante as luas cheias. O fato de ele ter se soltado um pouco naquele momento não era coincidência, ele queria punir os outros membros do conselho de alguma forma por terem sido tão tolos. Ninguém em sua matilha deveria ser tolo, não quando uma nova guerra estava chegando.

- Como você quiser, meu Alfa. - Foi a resposta trêmula de um dos dois guardas. Aquela pobre alma tinha uma das tarefas mais árduas a fazer, ou seja, comunicar da maneira correta os desejos do líder de sua matilha aos outros guardas presentes na fronteira, caso contrário, a penalidade seria muito severa. John se recostou em sua cadeira e colocou a mão na testa. Nada estava dando certo. Essa era sua maneira de expressar sua frustração; ninguém nunca o ensinou a se comportar de maneira diferente. O verdadeiro problema, entretanto, era outro. Um inimigo nunca antes conhecido estava tentando iniciar uma guerra entre lobisomens e vampiros. Mesmo para alguém como Hrah, o rei dos vampiros, que naturalmente desconfiava dos lobisomens, o que estava acontecendo era muito estranho. Eles haviam se reunido duas semanas antes e discutido cuidadosamente o que estava acontecendo: vampiros encontrados mortos empalados, outros desaparecendo no ar; lobisomens encontrados mortos sem presas ou garras. Havia algo de macabro em tudo isso, mesmo para o rei da tortura. Hrah não conhecia nada da vida fora da tortura e da violência, mas até mesmo para ele o que estava acontecendo era demais. Tudo o que estava acontecendo na mente de John significava apenas uma coisa: quimeras. Nos tempos antigos, as quimeras eram bastiões mutantes, criados por meio de experimentos científicos, a partir da união de várias espécies sobrenaturais entre si. No século XXI, no entanto, tudo isso agora é lenda, mas os vampiros e lobisomens também deveriam ser. A cabeça de John estava tão cheia de pensamentos que parecia que iria explodir a qualquer momento.

- Quero que todos os guardas de plantão prestem a máxima atenção a todos os detalhes, mesmo os menores. Serão montadas tendas nas quais serão feitos relatórios detalhados do que acontecer durante os turnos. Agora, todos para fora e Holy Moon, façam seu trabalho! - Ele bateu com o punho na grande mesa redonda da sala de reuniões, fazendo com que várias pessoas ofegassem de medo. Os membros do conselho saíram lentamente e com medo, um por um, fazendo o que o Alfa lhes dizia. Aqueles que haviam reclamado no passado de sua ausência e de sua incapacidade de cumprir seus deveres agora se retratavam com prazer. O poder dos Alfas era mais forte do que qualquer outra coisa, mas o de John, um dos poucos Alfas de sangue puro ainda vivos, era decididamente superior.

John ficou parado por um tempo, imaginando se o que ele havia acabado de dizer estava certo ou errado. Ultimamente, ele não conseguia mais encontrar um segundo para si mesmo, estava tão ocupado lidando com todas aquelas coisas de Alfa que havia se esquecido de ser ele mesmo mais uma vez. Fazia um mês e meio que ele não via Karla e se sentia muito solitário. Ele não sabia por que essa garota tinha entrado em sua vida, mas não tinha a menor intenção de deixá-la ir embora, mas não tinha feito nada para conquistá-la. Ele estava tão ocupado cuidando de seu rebanho e dos negócios da família que não pensou em quanto tempo já havia passado. Instintivamente, ele se levantou de sua cadeira na sala de reuniões e saiu. Ele precisava vê-la ou entraria em pânico. Mais uma vez, porém, foi a Deusa da Lua que decidiu por ele. De fato, Juan sentiu dentro de si a dor de sua parceira. Karla estava em perigo e ele tinha de ir até ela. Ele começou a correr, tirou a roupa e correu, correu sem fôlego, até encontrá-la.

Fazia mais de um mês que ele não via Juan, o homem que sempre ocupava sua mente. Sem saber por que, de manhã ela acordava agitada e feliz com a simples ideia de vê-lo. Não havia um dia sequer que ela não se perguntasse pelo menos uma dúzia de vezes o que estava fazendo naquele momento. Karla acordou cedo naquela manhã, tomou o café da manhã e, uma vez concluídas as tarefas domésticas habituais, foi direto para o trabalho. No entanto, a visão que teve quando chegou ao local partiu seu coração em mil pedaços, mais do que qualquer outra coisa. Não restava nada de sua amada loja além de uma pilha de entulho. Karla mal conseguiu conter as lágrimas. Ao redor dela havia uma dúzia de pessoas. Lá estavam os bombeiros e a polícia, diante de seus olhos, fazendo seu trabalho. Ela se aproximou lentamente, controlando seus passos para tentar não cair no chão.

- Senhorita, não pode ficar aqui. - A voz fria e pragmática de um policial a despertou de sua angústia.

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