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Capítulo 3

Karla tinha acabado de jantar quando a campainha da porta tocou. Ela deu um pulo ao ouvir o som. Nunca tinha acontecido de alguém vir visitá-la à noite, embora, na verdade, as visitas que ela recebia fossem poucas. Com passos lentos e um pouco hesitantes, ela foi abrir a porta. A pessoa à sua frente a deixou sem palavras. John Johansson estava na varanda de sua casa e literalmente a devorava com os olhos.

- OLÁ. - Essas simples palavras a abalaram profundamente. Ela sorriu para ele e, quando o fez, percebeu que sentia sua falta. É possível que uma pessoa que você não conhece sinta falta de você?

Karla não achava que fosse possível, mas, afinal, ela ainda não sabia nada sobre o vínculo especial que a ligava inextricavelmente a John.

- OLÁ. - Seus olhos estavam grudados um no outro e nenhum deles parecia disposto a se separar.

- Eu queria... eu queria perguntar se você queria sair? - perguntou John, incapaz de encontrar fôlego para processar uma frase completa. Um Alfa de sua fama nocauteado por uma mulher. Ridículo. Ou apaixonado?

- Quando? Agora? - O sorriso de descrença que pairava nos lábios de Karla hipnotizou Juan em todos os sentidos.

- Mmm... Sim? - Parecia mais uma pergunta do que uma afirmação, mas Karla não prestou muita atenção. Ela sentiu aquela personalidade ardente dentro de si que a levou a aceitar esse pedido inesperado, a sair com esse estranho, mesmo que isso fosse contra todos os seus princípios. Entretanto, ela não o conhecia. Não sabia nada sobre ele.

- Você é um assassino, um maníaco sexual, um doente mental? - John não conseguia acreditar no que ouvia. Será que essa criatura de aparência aparentemente inocente realmente lhe fez essas perguntas? Ele não achava que isso fosse possível, especialmente porque, naquele momento, John estava pensando em todas as maneiras de tornar essa criatura celestial sua própria criatura.

- Não, por que você pergunta? - A sobrancelha de John se ergueu de forma quase não natural e inspirou medo.

- Não, eu simplesmente não conheço você, apesar de.... - Karla foi forçada a deixar a frase em suspenso, porque um fogo explodiu dentro dela no exato momento em que Juan tocou sua mão. Um suspiro frustrado escapou de seus lábios. Ela queria que aquelas mãos a tocassem em todos os lugares, não apenas nela. Entretanto, esse desejo não era apenas dela, mas ela o sentia como se fosse. Karla pensou que talvez ele tivesse um distúrbio de personalidade. Ela não o conhecia, mas se sentia como se estivesse com alguém que conhecia desde sempre.

- Certo. Vamos? - John observou todos os movimentos de Karla e, especialmente, aquele suspiro, que gelou o sangue em suas veias. Aquela mulher o havia enfeitiçado completamente. Ele era viciado nela, da mesma forma que um viciado em drogas é viciado em narcóticos. Tudo nela, cada faceta o atraía, o provocava, o excitava além da medida. Esse era o poder do vínculo.

Karla pegou a jaqueta, a bolsa com o celular e as chaves de casa, depois apagou as luzes e saiu de casa. Ela não sabia que diabos estava fazendo, o que sua cabeça estava lhe dizendo, será que estava louca?

- Não sei por que, mas sinto como se o conhecesse desde sempre. - Essa declaração deixou Karla sem palavras. Ela também se sentia da mesma forma, mas não queria dizer isso imediatamente. Primeiro, ela queria entender com quem estava lidando. Não era do feitio dela abrir-se imediatamente, revelando seus pensamentos e sentimentos. Ela preferia manter certas verdades em segredo. Eles passaram em silêncio pelo caminho que os levou até o bar onde haviam decidido ir. Mas não era um silêncio ensurdecedor, era um silêncio reconfortante. Karla pediu um milkshake de chocolate, enquanto Juan tomou um café simples. Eles permaneceram em silêncio por mais algum tempo e depois iniciaram uma conversa um tanto estranha.

- Então você é o CEO da Johansson Corporation? - Parecia mais uma afirmação do que uma pergunta real, mas John decidiu responder mesmo assim. Afinal de contas, tudo naquela noite não fazia sentido. Nada daquilo poderia ter sentido.

- Sim. E o senhor trabalha como balconista na floricultura ou é o dono dela? - John terminou o último gole de café e cruzou os braços sobre o peito, com a intenção de ouvir as palavras que a deusa dizia diante de seus olhos.

- Ela é minha. Estou com ela aberta há cinco anos. - Karla alternava seu olhar entre o guardanapo que estava rasgando lentamente e o rosto de seu interlocutor. Ela não sabia se estava assustada ou apenas curiosa demais.

- Interessante. Você gosta de flores, então? - Ele estava cada vez mais faminto por informações sobre si mesmo.

- Eu literalmente as adoro. Gosto da natureza em geral, ela me acalma. -

John estava imensamente atraído por aquela vozinha e não queria parar de ouvi-la, então fez a primeira pergunta que lhe veio à cabeça. Ele já não pensava como antes.

- Por que você decidiu abri-la? - Ele estava curioso demais, queria conhecer todas as facetas dessa mulher, porque se sentia muito atraído por ela. Karla não tinha certeza se queria revelar ao rapaz por que havia aberto aquele cantinho do paraíso, mas depois pensou que não tinha nada a esconder.

- Há cinco anos, perdi minha avó. Ela era o único parente que me restava da família. Seu nome era Ella, como a loja. - John se sentiu um verdadeiro idiota. Ele não tinha o direito de pedir o que estava pedindo. Ele tinha ido longe demais.

- Peço desculpas, não tive a intenção de trazer lembranças ruins. -

- Obrigado por sua gentileza, mas já passei por coisas piores. - O sorriso que Karla deu a Juan aqueceu seu coração, embora aquela frase quase o tenha deixado arrepiado.

- O que você quer dizer com isso? - Ela estava morrendo de curiosidade e não conseguia segurar a língua. Ela olhava para a frase, queria lê-la, identificá-la, mas não conseguia. Além disso, aquela revelação a incomodou muito.

- Digamos que eu não tive uma boa infância e adolescência. - Ela estava cansada de sempre falar de si mesma como se fosse uma pobre coitada. Quantas pessoas antes dela tiveram o mesmo destino que ela? Com certeza muitas outras, então ela era apenas uma entre muitas. Um brilho brilhou nos olhos de Karla e imediatamente impressionou Juan.

- Será que uma menina tão pequena pode ser tão forte? - Juan perguntou a ela, com as mãos tremendo de vontade de tocá-la. Ele nunca havia perdido o controle e, se isso acontecia agora, era apenas por causa dessa garota estranha. Ele a desejava como nunca havia desejado uma mulher em sua vida. E ela também era a única mulher que poderia satisfazê-lo.

- Um homem tão velho pode ser tão atraente? - Karla perguntou a ele, excessivamente maliciosa para alguém como ela. Para ser sincera, ela nem sabia quantos anos ele tinha, mas estava flertando descaradamente com ele.

Se havia uma coisa em que ela era boa, pensou John, era em ser terrivelmente sexy sem fazer nada, na verdade, aquela garota era sempre sexy, ele tinha certeza de que, mesmo com uma camiseta três vezes maior do que ela, ela seria capaz de encantá-lo e atraí-lo. No entanto, ele não tinha consciência de sua beleza.

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