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4

Sair com meus amigos é como respirar ar fresco, especialmente depois de uma semana agitada de trabalho. Felizmente, meu turno começa às onze da manhã, então tenho muito tempo para ficar sóbrio e parecer decente quando chegar ao trabalho. Stella já está bêbada e eu Gabe muito bêbado, com certeza nenhum dos três vai dirigir hoje à noite então combinamos com ela em dividir um táxi e todos paramos na casa dela.

- Acho que devemos ir – eu rio – Stel não está mais de pé e nós... bem, sentamos... há... pouco tempo para segui-la. -

- Que horas são? - murmura a amora.

- As três. muuuuito. -

- Vou ligar imediatamente. Tenho que trabalhar amanhã. - soluça, pega o celular e chama um táxi em meio ao caos.

Com dificuldade, nos arrastamos até a saída da sala onde o táxi nos espera e sem mais delongas nos apressamos para nos alcançar. Gabe murmura o endereço, então se joga de volta no banco. Eu me pergunto como ele vai chegar lá inteiro para trabalhar amanhã. Faço um último esforço e abro o chat do Quin, então começo uma mensagem de voz: - Amor... vou parar para dormir na casa do Gabe... estou muito, muito, muito bêbado... até amanhã. Vos amo. - Tranco meu celular e me deixo embalar pela chuva que começou a bater nas janelas.

- Merda. A cabeça. Abro os olhos ao som de um gemido.

- Desligue essa coisa, Elle. Gabe murmura.

Eu alcanço a mesa de cabeceira e desligo o alarme. Esqueci de desligá-lo, então deve ser por volta das sete e meia. Levanto com meu busto e abro o chat do Quin, geralmente ele já me escreveu. Franzo a testa quando percebo que minha mensagem nem foi ouvida.

- Esse menino é um absurdo -murmuro- desde que passe uma noite fora e não acorde. -

- Você não definiu o alarme? - Stella ri, com os olhos ainda fechados.

- Sim. - Suspiro e puxo os lençóis. Ignoro a dor de cabeça latejante e pego um terno de Gabe.

- Se eu me apressar não posso fazê-lo perder um dia de trabalho. -

- Bem, boa sorte. Gabe boceja.

Eu tento chamá-lo duas vezes, mas nada, parece vazio. Aposto tudo ontem à noite que ele ficou quieto e adormeceu no sofá. No final, acho que Adam nunca conseguiu. Enquanto estou vestindo minhas calças, meu celular toca e me sento no colchão e franzo a testa quando percebo que é uma ligação de Adam. Acho que acabou, afinal.

- Oi, Adão. - bocejo

-Miranda. - a voz trêmula.

- Adão? O que acontece? - Mantenho-me firme e isso não passa despercebido pelos meus amigos. - Quin... ele... sinto muito, Miranda. Um soluço escapa de seus lábios.

- Do que você esta falando? O que aconteceu, Adão?! -

- Quem está morto, Miranda. -

- Quem está morto, Miranda. Meu celular escorrega da minha mão, caindo no chão congelado enquanto meu coração para de bater. Isso não é possível. Não pode acontecer comigo. Não meu Noah. Não.

- Miranda, o que está acontecendo? - Gabe está vindo.

Stella pega o celular e leva ao ouvido, em um nanossegundo ela cobre os lábios com a mão e depois soluça.

- Levante-se, temos que ir. - me olha

Meu olhar ainda está fixo no chão, onde o celular estava antes.

- Estela? -

- Quin... Quin está morto. - murmura.

“Oh meu Deus.” Gabe se levanta da cama e corre para algum lugar.

Meu Quin... meus olhos se enchem de lágrimas, mas nenhuma delas sai.

- Vamos lá. Gabe, eu levo o seu carro. De acordo? - Levanto-me com dificuldade e chego à porta com a loira que me abraça pelos ombros.

A pulsão é silenciosa, cheia de sofrimento. Sinto um peso no coração, como se estivesse rachado e prestes a desmoronar completamente. É normal? Coloco a mão no peito e respiro lentamente enquanto observo as pessoas andando silenciosamente do lado de fora da janela. Incrível como na vida dele ele não mudou enquanto a minha, para virar, só atendeu um telefonema. Cerca de dez minutos depois, chegamos à nossa casa: há dois carros de polícia e uma ambulância, então uma pequena multidão se aglomera ao redor. Não penso duas vezes antes de sair do carro e correr para a porta.

- Noé! - gritar

Um homem na defesa me olha confuso, então, percebendo quem eu sou, se afasta.

- Noé! - Vejo dois homens conversando mas eles param de notar minha presença, então vejo mais dois e o que se segue... o que se segue me tira o fôlego: eles estão segurando uma maca, uma maca contendo o corpo de alguém, o corpo de Noé

- Não, não, não, não. - Os soluços pesados sacodem a sala quando sinto alguém se aproximar e me abraçar.

- Por favor, não... - Eu me liberto do aperto e atiro na direção da maca.

Os dois homens param, não sei se a indiferença ou a compaixão estão pintadas em seus olhos, meus olhos estão fixos apenas na única parte visível do corpo, o belo rosto de Quin.

“Meu Deus, meu Deus.” Eu balanço minha cabeça e coloco minhas mãos no meu rosto.

-Miranda. - É Adão.

- Miranda, fique longe, por favor. - Ele me puxa em sua direção e os dois vão embora, com eles... Quin. Sussurro seu nome repetidamente enquanto vejo o corpo do meu namorado sendo carregado na ambulância e depois levado embora.

- Adão. - Eu sou Stela. O menino se afasta para que minha melhor amiga possa me abraçar.

- Ele se foi... ele me deixou. - Eu tremo soluçando.

- Meu amor. Ele balança lentamente me abraçando mais apertado.

- Se foi. - Eu repito.

- Sabes alguma coisa? - a loira olha para Adam.

- Eu não acho que este é o momento certo. Há uma necessidade de fazê-la sentar e se acalmar. Suas palavras me enchem de raiva. Calma? Acabei de perder o homem com quem pensei que começaria uma família. - É necessário - lanço a palavra virando em sua direção - que você me diga o que diabos aconteceu! - foto.

- O homem que eu amo está morto! Acabei de vê-lo sem vida e você acha que eu deveria me acalmar?! - Eu choro

- Noah está morto. Os soluços me agitam para cima e para baixo. Adam não respira, ele se aproxima e me abraça. Deixo-me chorar ainda mais, respirando com dificuldade e a vontade de gritar e destruir tudo é incontrolável.

- Senhorita… Lamento muito a sua perda. Eu sou o agente Stanford, e este, o homem falante apontando para o lado dele, é o detetive Morgan. Eu me viro na direção deles e olho para eles. Tudo isso para eles é administração normal e maldição, para mim deveria ser também, mas viver isso? É outra história. Estou acostumado a estudar criminosos, ouvir suas histórias e imaginar possíveis cenas de crime, mas não vivenciá-los, não carregar o fardo de perder uma parte de você.

- É uma situação delicada e entendemos o quanto você está emocionado, então daremos alguns dias para você se recuperar, mas... é necessário que na próxima semana você venha prestar seu depoimento na delegacia. - fala o detetive, um caderninho na mão e nada mais.

- O que eu devo falar? Acordei e descobri que meu namorado está morto? - Eu o olho direto nos olhos.

- Ela está chocada e eu entendo, então vou deixar pra lá. Tire alguns dias. - Dizendo isso, ele sai. - Mais pêsames, senhorita. - Agente Stanford acena com a cabeça antes de sair também.

- Tony, limpe toda essa multidão. Não há nada para olhar, senhores! exclama

. - Estela. - Gabe, sem fôlego, se aproxima de nós.

- Olá. Você vai ligar para o escritório de Miranda? Eu vou levar. -

- Claro, não há necessidade de perguntar. - Gabe me dá um leve beijo na testa e se afasta. - Você tem um carro? - Adão pergunta.

- Tenho que deixar as chaves com Gabe, não quero outra corrida de táxi. - Responde a loira. - Então eu vou te levar. -

- Leva-me um momento. Stella vai embora.

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