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Capítulo 3

Lucas ficou perplexo por um momento, como se não esperasse que essas palavras saíssem da minha boca.

Afinal, esse casamento, no início, foi algo que eu só consegui por tanto suplico e lágrimas.

Ele sempre achou que eu era manipuladora, e embora tenha sido forçado a se casar comigo, me odiava profundamente.

Então, ele simplesmente não acreditava que algum dia eu diria a palavra "divórcio".

Lucas olhou para mim com desprezo e ironia.

— O que foi? Tentando fazer joguinhos agora? Antes, você usou sua mãe para tentar me chantagear. Depois, usou seu filho. E agora está se oferecendo diretamente? — Seu tom era cheio de deboche.

Lucas cresceu em minha casa desde pequeno, e minha mãe o tratava como se fosse seu próprio filho.

Depois que minha mãe morreu, preocupada em me deixar sozinha, ela pediu a Lucas que cuidasse bem de mim.

O pedido de minha mãe em seu leito de morte, aos olhos de Lucas, virou uma chantagem emocional.

Seis meses atrás, meu filho foi diagnosticado com câncer, e os médicos nos aconselharam a parar o tratamento.

Lucas, que nunca estava em casa, não via Dudu, e tudo o que ele queria era vê-lo uma última vez antes de morrer.

Até mesmo quando Dudu estava coberto de sangue, morrendo em meus braços, ele ainda dizia que amava o pai.

Mas esse filho, tão compreensivo, sensível e amoroso, aos olhos de Lucas, também se tornou uma ferramenta de chantagem emocional.

Eu e Lucas crescemos juntos, nos casamos, tivemos um filho. E passamos metade das nossas vidas assim.

Mas, para ele, em seu coração, eu era essa pessoa cruel, que usava sua própria mãe e seu filho para chantageá-lo.

As lágrimas caíram mais uma vez dos meus olhos. Teimosa, abaixei a cabeça, sem querer que eles vissem minhas lágrimas.

Ao conseguir controlar minhas emoções, levantei a cabeça novamente.

— Se é assim que você vê as coisas, não posso fazer nada — ele disse sem qualquer sentimento em minha voz. — Já que você gosta desta casa, eu vou embora. Não vou atrapalhar vocês.

Depois de dizer isso, puxei minha mala e comecei a sair.

Mas Serena, de repente, abriu a boca e disse com uma voz frágil e lamentável:

— Irmã, a culpa é toda minha. Eu não sabia que você também queria levar Lucas para ver a aurora boreal. Mas isso não é grande coisa, você não vai ficar brava por isso, vai? Ainda mais a ponto de usar o divórcio para ameaçar ele...

— Não se culpe, não é sua culpa. Eles têm todo o tempo do mundo para ver a aurora, mas você só faz vinte anos uma vez. — Lucas a consolou gentilmente.

Ao ouvir isso, não pude evitar achar a situação ridiculamente engraçada.

Mas, naquele momento, eu já tinha chegado a um ponto que não queria mais olhar para o rosto deles. Dei um passo para sair.

Subitamente, Lucas pareceu ter enlouquecido, soltou Serena, e de repente me agarrou pelo pulso,

— Marina, está contente com o seu escândalo? — ele gritou com raiva,

Antes que pudesse terminar a frase, ele viu meus olhos vermelhos e inchados, e as lágrimas em meu rosto caindo incontrolavelmente. Ficou paralisado por um instante.

— Está fazendo drama? Só porque não fui com vocês desta vez? Acha que vale a pena tudo isso por uma coisa tão pequena? — questionou ele.

Eu devia estar delirando de tanta tristeza por causa da morte de Dudu, porque naquele momento até pensei ter visto um traço de preocupação no rosto de Lucas.

— Vou pedir ao meu assistente para ajustar a minha agenda. Daqui a alguns dias, quando for seu aniversário, eu levo vocês. Está bem assim? — Lucas perguntou.

Daqui a alguns dias?

Eu realmente não sabia mais como encarar Lucas.

Foi só naquele dia que percebi o quão frio, insensível, egoísta e arrogante esse homem era.

Com um gesto brusco, soltei meu pulso da mão dele e, contive a náusea.

— Não precisa! — recusei friamente.

Por um instante, Lucas olhou para mim como se estivesse vendo uma estranha.

Por que eu não era mais a Marina que ele conhecia, aquela obediente que se rebaixava e fazia de tudo para receber o mínimo de sua atenção.

Mas logo Lucas recuperou a compostura e tentou me impedir novamente.

Serena o puxou pelo braço, com uma expressão de tristeza.

— Lucas, desculpe. A minha irmã está fazendo isso porque está brava comigo por isso. Eu sei que Dudu é uma criança travessa, adora mentir e enganar, mas não devia competir com uma criança por seu amor... — disse ela.

Fiquei abismada, imóvel no mesmo lugar.

Adora mentir e enganar?

A dor em meu coração se misturou ao ódio, e sem pensar, levantei a mão e dei um tapa forte em Serena.

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