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Capítulo 2

Dudu morreu.

Ele tinha apenas seis anos e, infelizmente, havia sido diagnosticado com câncer, tendo apenas mais três meses de vida.

O acidente de carro tirou até mesmo os seus últimos meses de vida, fazendo-o morrer com arrependimentos.

Eu cuidei sozinha do funeral do meu filho.

Completamente atordoada, voltei para a casa onde eu e Lucas morávamos.

Essa casa, chamada de “casa de casamento”, na verdade, quase nunca foi visitada por Lucas.

Quando ele raramente aparecia, nossas interações sempre resultavam em desentendimentos e se tornavam experiências desagradáveis.

Com a doença de Dudu, eu e ele passamos a maior parte do tempo no hospital.

A casa foi ficando cada vez mais fria e vazia, sem nenhum traço de lar.

Agora, com Dudu morto, eu não conseguia mais ficar ali.

Peguei algumas roupas que usava com frequência e fui até o quarto infantil para recolher os pertences do meu filho.

Ao ver o quarto cheio de lembranças da vida dele, senti um nó na garganta, e as lágrimas desceram descontroladamente.

Não conseguia suportar olhar por mais tempo, então, apressadamente, juntei os pertences dele, peguei minha mala e me preparei para sair.

No entanto, assim que saí da casa, vi aquele carro esportico preto estacionado na porta.

Fiquei imóvel.

A porta do carro se abriu, e Lucas desceu, segurando Serena Lacerda nos braços, com um olhar de preocupação no rosto.

Quando ele me viu, também ficou surpreso por um momento, mas logo voltou sua atenção para Serena novamente.

Ela olhou para mim com um ar desafiante, mas com uma expressão fingida de inocência.

— Ah... irmã, acabamos de descer do avião, e eu torci o tornozelo sem querer. O hospital é muito longe, então Lucas me trouxe aqui para cuidar de mim primeiro. Você não vai ficar chateada com isso, vai? — explicou ela.

Olhei para o tornozelo levemente avermelhado de Serena e dei um sorriso sem emoção, sem sentir qualquer revolta interior.

Situações como essa haviam acontecido tantas vezes ao longo da minha vida que eu já estava acostumada.

O que realmente me importava era que Serena havia dito que eles tinham acabado de descer do avião.

Como assim? O que significava isso?

Acabaram de voltar do Polo Norte?

Acabaram de ver a aurora boreal?

Enquanto eu organizava o funeral de Dudu, vi a foto que Serena havia postado.

Sob a aurora boreal, ela e Lucas estavam de mãos dadas, abraçados.

Uma cena tão romântica.

Eu sorri, e sem perceber, lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.

Então, no dia do acidente, quando passaram de carro por mim e Dudu, estavam a caminho do aeroporto.

Lucas desapareceu para acompanhar Serena e ver a aurora boreal.

Respirei fundo, limpei as lágrimas desajeitadamente.

— Tanto faz, contanto que você esteja feliz. — disse a Serena.

Depois de dizer isso, olhei para Lucas, o homem que eu amei por mais de dez anos.

Nesse momento, tudo o que sentia por ele era ódio e desprezo.

— Lucas, tal como você queria, nós vamos nos divorciar. — Falei friamente, com cada palavra carregada de firmeza.

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