Capítulo 02
Luísa Alves
Mordo o meu lábio inferior, ficando de lado no espelho a fim de encarar melhor a minha roupa. Estou usando uma calça jeans com alguns rasgos pela coxa, são detalhes mesmo, um top de renda preto que está sendo coberto por uma jaqueta de couro da mesma cor, combinando com a minha bolsa e salto no estilo coturno.
Decidi que não vou muito formal, afinal não estou competindo por uma vaga em um escritório. Quando escolhi esse look ele me parecia perfeito, o problema agora é a minha bunda que ficou muito maior do que imaginei. Devo trocar? Estou com medo que me achem muito atirada, mas sei que qualquer roupa que eu colocar vai ficar assim.
Ah, quer saber? É uma bunda, ela vai se fazer presente independente da roupa, então eles não têm outra escolha que não seja me engolir assim. Faço uma maquiagem simples, contornando os meus lábios com um batom nude. Deixo o meu cabelo solto e saí do quarto me sentindo linda, é o que importa.
Esquento um pedaço da pizza de ontem e tomo como café da manhã, aproveitando a minha própria companhia. Ao terminar escovo os dentes e saio de casa, esperando no ponto de ônibus o transporte que leva até o local do meu futuro emprego.
Com um pouco da demora de sempre, entro nele às oito e quarenta da manhã. A mansão fica na parte mais nobre da cidade e para completar a minha sorte não tem um ônibus que vá direto da minha casa, por isso tive que fazer uma baldeação e enfrentar um pouco do trânsito da cidade que nunca dorme, só então chego no meu destino.
__ Que casa discreta né?--- Debocho encarando os enormes portões se abriram, revelando um lindo e perfeito jardim.
Perto dos degraus que dá na entrada, observo uma senhora estender sua mão. Um sinal para que eu vá na sua direção e assim faço.
__ Olá querida.--- A senhora de cabelos grisalhos me comprimenta com um sorriso.--- Sou Amanda, a governanta da casa.
__ É um prazer conhecê-la Amanda, sou a Luisa.--- Respondo com o mesmo sorriso, estendendo a minha mão para lhe comprimentar.--- Vim pela vaga de babá.
__ Eu sei querida, meus chefes estão lhe esperando.--- Fala acolhedora.--- Chegou um pouquinho antes do horário, ficamos surpresos.
__ Espero que de uma forma boa.--- Falo meio nervosa.
__ Sim, claro que sim.--- Concorda enquanto vai me guiando.--- Eles gostam muito de pontualidade.
Bom, é um bom sinal. Espero que esses minutinhos conquiste alguns sinais com eles, afinal qualquer coisa vale.
Ela bate à porta e depois de uma voz grossa mandando a gente entrar, só depois que a gente abre a porta que entramos. Confesso que não estava preparada para o que iria ver, são três deuses gregos literalmente.
__ Senhores essa é a senhorita, Luisa.---Ela apresenta.
Sentado na cadeira, reconheci pelas fotos, estava o senhor Domenick Riveira. Ele aparenta ser o mais velho dos três, tendo uma barba muito bem feita, um rosto sério e o corpo de tirar qualquer pessoa de sua concentração. Em pé, atrás dele ao seu lado esquerdo estava um homem negro, aparentemente o mais novo, com o cabelo baixinho e os lábios grossos, com um físico igualmente bom. Do outro lado um homem branco, o único sem barba, com uma cara séria também. De longe eu podia perceber que ele tinha os olhos mais lindos de todos.
Uma pose de poder, muito intimidadora.
__ Pode deixar que nós apresentamos, Amanda.--- Domenick fala, trazendo-me arrepios pelo corpo todo.--- Pode se retirar, vá cuidar da pequena.
__ Sim senhor.--- Se vira.--- Boa sorte querida.---Sussurra para que apenas eu venha ouvir.
__Obrigada.--- Falo no mesmo tom, vendo ela sair.
__ Aproxime-se, Luisa.--- O que estava do lado direito fala com a voz firme.--- Garanto que não iremos te morder.
Mordo o meu lábio inferior em sinal de nervosismo. Sinto como se estivesse entrando na cova dos lobos, eles me intimidam e excitam ao mesmo tempo, tem como algo assim acontecer?
Sinto o olhar dos três sobre os meus lábios, fazendo com que eu desfaça o ato no mesmo momento. Caminho na direção deles, ficando ao lado da cadeira, escondendo o quanto que eles me provocam. São um casal de gays, nunca ficaram com mulheres e mesmo que ficassem não seriam comigo, serei a babá da filha de todos.
__Não vai se sentar?--- O mesmo que me mandou se aproximar pergunta.
__Prefiro ficar de pé.--- Declaro firme.
Se eu me sentar vai aumentar a pose deles, deixando-me ainda mais frágil perante eles, então decido por me manter de pé. Estava sentada no ônibus mesmo, então não vai me incomodar.
__ Me chamo Thomaz.--- O homem negro se apresenta.--- Meu esposo Tryler.--- Aponta para o que estava de pé também.--- E, como você deve saber, meu marido Domenick.
__É um prazer conhecê-los.--- Declaro com um sorriso simpático, disfarçando a tremedeira em minha voz.
__ Trouxe o seu currículo?--- Domenick pergunta, ignorando a minha fala.
Concordo e retiro o mesmo da pasta, entregando em suas mãos.
__Já trabalhou como babá?--- Thomaz pergunta.
__Já sim.--- Concordo com a cabeça.--- Fui demitida recentemente porque a criança que cuidava não precisava mais de uma babá. Minha antiga patroa me indicava para as suas amigas, assim sempre que tinha um evento eu cuidava, então já peguei crianças de todas as faixas etárias.
__ Isso é bom.--- Tryler e fala e todos concordam.
__Teria problema em morar na nossa casa?--- Thomaz pergunta.
__Não, já estou acostumada.--- Dou de ombros.--- Muitos pais pedem isso.
__Sua carga horária vai ser um pouco mais de oito horas.--- Domenick avisa.
__Não tem problema.--- Fala no segundo seguinte,
__Tem quanto anos, Luisa?--- Domenick,
__Vinte e dois senhor.
Ele concorda com a cabeça e não fala mais nada, apenas lê com muito cuidado o meu currículo, as cartas de recomendações que trouxe também. Os três liam tudo com muito cuidado, fazendo perguntas em alguns momentos. Ao terminarem possuem um olhar satisfeitos, parecendo conversar entre si.
Através do olhar da para perceber o quanto se amam,o quanto a conexão deles é forte, afinal se entendiam sem precisar abrir uma boca se quer.
__Vamos subir e ver como você se porta com ela!--- Tryler declara se levantando, sendo acompanhado pelos outros.
Concordo com a cabeça, segurando o sorriso. Dificilmente chego nesse nível, geralmente sou dispensada de primeiro. Isso deve significar algo bom, acho que consegui impressionar os três. Bom, se querem ver como eu me saio com a pequena é porque estão considerando me contratar, isso é fato.
Saímos do escritório e refizemos aquele caminho todo, chegando na saída subimos a escada que tem. Viramos à direita e na primeira porta já tinha um enfeite, deixando claro que aquele era o quarto da bebê. Do lado de fora, já escutamos o seu chorinho, deixando o meu coração pequeno de mais.
__O que aconteceu?--- Tyler declara preocupado, abrindo a porta.
__ Não sei senhores, ela acordou chorando e não há nada que a faça parar.--- Amanda declara visivelmente desesperada.
Os três se mostraram muito preocupados, é nítido o quanto a amam.
_ Me dê ela aqui.--- Domenick estende os braços e pega a filha.--- É o papai amor.
Fala carinhoso, nem de longe é o homem que estava a me intimidar, que agora está tentando acalmar a filha que só chora.
Ele a balança, brinca e nada faz parar, deixando á todos ainda mais desesperados.
__ Deixa eu tentar.--- pede Thomas.
__ Faz um tempo que ela tem esses choros e ninguém entende.--- Amanda explica parando ao meu lado.
__ Ela tem seis meses né?--- Pergunto desconfiada.
__ Quase oito, os sites erraram isso.--- Conta.
Concordo com a cabeça e vasculho os meus olhos pelo quarto, parando o olhar no pote de álcool em gel.
__Posso?--- Pergunto apontando para o mesmo.
Um pouco confusos, eles concordam e eu vou até o pote, passando uma quantidade em minhas mão. Ergo um pouco a manga da jaqueta, coloco a bolsa na poltrona e me aproximo da pequena, que agora estava no colo de Trayler. Pego ela no colo, aninhando bem no modo noiva, abro a sua boquinha e vejo o monte elevado na gengiva.
__O meu amor, esse dentinho ta te machucando é?--- Pergunto com a voz mais doce.
Vou com ela até o trocador e á deito ali.
__Eu acabei de trocá-la.---Anuncia Amanda.
__Eu vou fazer outra coisa.--- Explico.
Levanto a blusinha do seu pijama, tirando a calça também, deixando ela apenas com a fralda.
__ Abaixa um pouquinho a luz e aumenta o ar para que ela não sinta frio.--- Peço, passando um pouco de creme nas mãos.
Amanda vai fazer o que eu peço e os três pararam do meu lado, atentos em cada movimento meu.
Coloco as minhas mãos no centro do seu tórax, movimentando elas na direção das axilas em uma massagem. Repito esse movimento dez vezes, vendo ela diminuir um pouco o som do choro. Agora parto do tórax e vou até os ombros, na mesma quantidade da outra. Depois seguro no seu pulso como se fosse um bracelete, fazendo a mesma coisa com a outra mão, mas dessa vez no seu ombros, descendo aquela mão pelo seu braço, como se fosse uma rosca. Faço umas dez vezes em cada braço.
A pequena Ema, nesse momento, já me encara toda sorridente. Seus olhos são cinzas, extremamente lindos.
__ Agora está mais relaxada né meu amor?--- Pergunto sorrindo para ela que já fazia seus sons fofos de bebê.
Antes de continuar fazendo as massagens eu pego a chupeta e coloco na boca dela, permitindo que seja uma auxiliar na coceira que trás também.
Quando termino de fazer a massagem ela já sorria livremente.
__ Nessa idade os dentes começam a aparecer, eles incomodam a gengiva, trazendo coceira e até mesmo uma dor pequena.--- Pego ela e começo a explicar.--- É bom comprar brinquedos próprios para ela morder, ajuda na coceira. Aconselho que comprem uma luva de silicone, própria para isso, assim poderão ajudá-la quando começar a chorar.
__E isso que você acabou de fazer foi o quê?--- Tryler pergunta curioso.
__ É a massagem shantala, uma técnica usada para o relaxamento do bebê. Reduz o estresse, diminui as tensões e por consequência a dor pelo nascimento dos dentinhos.--- Explico a técnica que acabo de usar.
__ Seja o que for, parece uma mágica.--- Tryler comenta divertido, pegando a pequena que era só sorrisos para os pais.--- Olha como ela está feliz agora, nem parece que estava se acabando de chorar a poucos minutos.
__ Eu posso ensinar a vocês, caso queiram.--- Ofereço-me.--- Ou podem aprender pela internet também.
__ Não será necessário, gostaríamos que estivesse aqui da próxima vez que a nossa filha precisar.---- Thomaz é quem fala desse vez, totalmente decidido da sua decisão.
__ Isso significa que serei contratada?--- Pergunto só para ter certeza que escutei corretamente, segurando o sorriso que queria sair de meus lábios.
__ Isso significa que você está contratada.--- Domenick afirma.--- Desça comigo, assinaremos o contrato e você poderá ir para a sua casa e arrumar as suas coisas, o motorista ira te buscar a noite e amanhã você inicia.
Solto um sorriso animado, concordando com a cabeça. Não sei se fiquei semelhante a uma criança, mas estou muito feliz e animada com essa notícia. Finalmente um trabalho, finalmente!
__Até mais tarde princesinha.--- Seguro na mão da pequena, dando um beijo em sua testa como despedida, descendo as escadas para acompanhar o seu pai mais velho.
Domenick me apresenta o contrato, explica-me algumas coisas e assino o mesmo. Uma cópia dele ficou comigo, enquanto o original está com ele. Agradeço pela oportunidade e saí de sua casa com um enorme sorriso, sendo acompanhada pelo seu motorista que iria me levar em casa.
Sabe como dizem, né? Dias de lutas e dias de glória, ainda bem que agora estou nos meus de glória e irei aproveitar cada momento dele, não sou boba.