Biblioteca
Português

Nossa babá

100.0K · Finalizado
Petite_Fleur
44
Capítulos
19.0K
Visualizações
8.0
Notas

Resumo

" __ Mesmo que passássemos o dia todo negando o que sentimos, toda noite o desejo se fazia presente, sendo tão forte quanto o amor que sentimos por ve-la ao lado de nossa filha. Respirei fundo, sentindo o ar me faltar. Finalmente eles aceitaram, finalmente! " Luisa foi na residência dos Riveiras na intenção de conseguir um emprego, de lutar pelos seus sonhos. Lá ela encontrou algo ainda maior, que sempre sonhou e nem mesmo imaginava; o amor, uma família. Mas não um amor qualquer, um poliamor.

amorromanceCEObilionário

Capítulo 01

Luísa Alves

Joguei as chaves do apartamento em cima do criado mudo, largando o meu corpo sobre o sofá.

Mais uma entrevista de emprego, mais uma esperança que não deixou de ser isso, mais um "não" bem grande, e dolorido, que recebi hoje.

Vim ao Estados Unidos acreditando que seria mais fácil, que as vagas de emprego iriam dar a volta na esquina. Alguém avisa? Me ferrei bem bonitinho, não é exatamente o que eu estava pensando, mas é fato que é bem melhor do que no Brasil. Nessa parte eu não me enganei.

Olha que não estou exigindo muito, nem mesmo aquele emprego absurdo que sei que mereço. Estou procurando uma vaga de babá, continuar na profissão que estou desde que cheguei aqui. O menino que eu cuidava cresceu, não precisa mais de babá, então eu fui demitida a um mês. Desde então não parei de correr atrás nem por um momento, mas estão me negando a vaga pela minha idade.

Bom, alguns me falaram isso, mas sei que o meu corpo me atrapalhou um pouco. Sou morena e de genética Brasileira, ou seja, eu sou gostosa para um caralho. A bunda durinha, e grande, coxas grossas, a cintura fina e os seios medianos. Vi o olhar inseguro de muitas mulheres em cima do meu corpo, assim como o de interesse de seus companheiros.

É gente, ser gostosa não é tão fácil quanto parece.

__ Boa noite gatinha.--- Luna, minha melhor amiga e colega de apartamento, declara abrindo a porta.

__ Boa noite minha vaquinha.--- Abro os meus braços na sua direção, sentindo o seu abraço apertado.

Lua, a forma carinhosa que a chamo, foi uma das primeiras pessoas que conheci assim que cheguei aqui. Foi ela quem me deu muito apoio e carinho nessa jornada, se não desisti e voltei ao meu país foi pelo apoio incondicional dessa louca.

__ Como foi a entrevista de emprego?--- Pergunta se sentando ao meu lado, repousando os seus pés em cima do criado mudo.

__ Adivinha só.--- A desafio com a sobrancelha, sabendo que a mesma já sabe a resposta.

__ Qual foi a desculpa da vez?--- Pergunta.

__ Falou que sou muito nova, mas vi que foi pelo fato do marido não ter tirado os olhos da minha bunda.--- Conto e a mesma rir.

__ Deve ser corna e nem sabe.--- Minha amiga aponta e foi impossivel não segurar a risada.

__ Mas até prefiro não ser chamada, já pensou se eu sofro assédio?--- Pontuo.--- Vou dar um chute bem gostoso nas bolas, mas sabemos que é sempre a mulher que sai como a errada, não o macho escroto.

__ Tenho que concordar com isso, essa sociedade machista nunca muda.--- Revira os seus olhos irritada.

__ Quem sabe eu não tenha mais sorte na entrevista de amanhã?--- Tento soar positiva.

__ Oremos por isso.--- Apoia.

__ Bom, vou tomar banho.--- Declaro me levantando, pegando a minha bolsa.

Beijo a sua testa e faço o caminho do meu quarto, indo direto ao meu closet. Guardo as coisas no lugar e pego uma calcinha de renda branca e uma blusa longa sem mangas na cor preta. Saio do quarto, passo na área de lavar roupa e pego a minha toalha, indo tomar o meu banho.

Retiro as minhas roupas, sentindo um alívio nos meus seios ao retirar o sutiã. Como fiquei na rua o dia todo, não consegui retirar o leite do meu peito, o que resultou no mesmo empredar e ficar bem pesadinho. A dor que dar quando isso acontece é de outro mundo. Rapidamente pego a bombinha, ignorando a dor ao retirar o máximo de leite possível.

Desde pequena tenho um problema hormonal, o que resultou na fabricação de leite materno mesmo sem ter filho. Até poderia tomar um remédio para tratar, mas não é algo que me incomode muito e posso até ajudar outras crianças doando o meu leite, por isso decidi manter.

Ao terminar, mergulho o meu corpo embaixo do chuveiro, respirando fundo. Deixo que todas as tensões do meu corpo saia junto do fluxo de água, deixando-me mais leve e tranquila. Doí saber que perdi muitos trabalhos porque os homens mal conseguem guardar o seu pau nas calças, onde é o lugar deles. Mas o que eu posso fazer com isso? Nada, nunca temos nenhuma escolha que não seja aceitar e sair. Nada que formos fazer adianta.

Aí, espero mesmo que eu consiga o de amanhã. Não suporto não ter dinheiro para comprar as minhas coisas, me mimar do jeito que mereço. Não gosto de deixar as contas do apartamento apenas para Lua, sinto-me mal com isso. Mesmo morando na casa dos meus patrões, é muito normal ter essa exigência, sempre ajudei com as contas, assim eu teria uma casa para retornar caso algo vinhesse a dar errado.

Desligo o chuveiro e pego o shampoo, passando pelos meus enormes fios pintados de loiro. Meu cabelo originalmente é moreno, mas estou sempre descolorindo para ficar aquele loiro bem branquinho, acho que combina mais comigo. Enxaguo o mesmo, passo o tonalizante para manter a cor e por último o condicionador. O segredo de ter um cabelo loiro bonito é cuidar bem dele.

Termino o meu banho e coloco a roupa que separei, estendo a toalha e deitei ao lado da minha amiga no sofá. Além de ser minha melhor amiga, Luna é a única pessoa em quem realmente confio e amo. Vim para Nova York em busca de uma vida digna, mas para esquecer tudo que tem haver com o meu passado também. Não quero nunca mais me lembrar das pessoas que me criaram, de como os meus próprios preferiram as drogas invés da filha. Eu fui só um erro, uma camisinha furada. Palavras que sempre escutava de ambos e não minha.

Desde sempre sou eu por mim mesma! Sabia que se eu quisesse mudar de vida teria que fazer isso sozinha, então cai de cabeça nos estudos, aprendi o inglês e ainda consegui passar em uma faculdade daqui. Conquistei a minha emancipação e vim embora, jurando nunca mais voltar àquele país ou às lembranças que vem com ele. Agora eu sou uma mulher de Nova York e farei o possível para me manter aqui.

Me formei em culinária, a comida é a minha paixão. Não tive a chance de exercer a minha profissão, mas estou correndo atrás dela e enquanto não acontece, cuido de crianças já que as mesmas são a minha paixão.

__O que faremos para comer?--- Pergunto.

__ Vamos pedir alguma coisa.---- Sugere.--- Estou sem vontade nenhuma de ir para a cozinha.

__ Estou sem um dólar sequer no bolso, para gastar, só tenho o dinheiro da passagem de amanhã.--- Levanto as minhas mãos tirando o meu da reta, explicando o motivo.

__ Eu pago hoje.--- Ela dá de ombros.--- Aí quando você ganhar dinheiro paga a próxima rodada.

__Aí sim.--- Concordo com a cabeça.--- Você sabe os sabores que eu gosto, escolhe ai.

Lu concorda com um aceno de cabeça, pega o seu celular e começa a ver a pizzaria que a gente sempre pede.

Aceitei que ela pagasse, não tem nada disso de orgulho. Sempre fizemos isso, uma ajudando, ou bancando o lanche, a outra quando necessário. Não temos que ter vergonha por estar desempregado, sem dinheiro, devemos sentir vergonha se você não faz nada para mudar tal situação.

__Pedi de camarão, vai vim um daqueles brotinhos doce.--- Lu comunica, colocando o celular ao seu lado.--- Tomar o meu banho também, já volto.

Concordo com a cabeça e pego o controle, zapeando pela Netflix. Acho que já vi todos os filmes, que possam me interessar, do site. Realmente não fui feita para ficar sem fazer nada, sou agitada demais para ficar o dia todo sentada. Sei que é estranho falar isso e vou negar até à morte, mas sinto falta da correria do trabalho, de chegar no final da noite cansada pelo dia, mas com a sensação de que fiz algo de útil durante o dia.

__ Perfeito.

__ Que hors é a sua entrevista amanhã?--- Pergunta.

__ Às dez da manhã. Pelo que entendi é na casal daquele empresário que não sai da televisão, por causa do relacionamento dele.--- Conto.

__ Domenick Riveira?--- Concordo com a cabeça.--- Pensei que ele contratasse por empresas.

__Contratava.--- Confirmo com um aceno de cabeça.--- Mas muitas babás maltratava as crianças, umas não conseguiam lidar com a pequena direito, os pais parece que são bem exigentes também e de outras ela nem gostava. Na verdade ela não gostou de nenhuma das últimas, parece que fazia um escândalo enorme.

__ Ela tem quantos anos?--- Pergunta.

__ Seis meses.--- Conto e a minha amiga arregala os olhos.

__ Só isso e já inferniza a vida das babás?--- Lua não esconde a sua surpresa.

__ Ela deve ter medo de fazerem as mesma coisas que as primeiras, é normal tadinha.--- Defendo a pequena antes mesmo de conhecê-la.--- É compreensível.

__ Isso é verdade amiga, todo mundo faria a mesma coisa no lugar da pequena.--- Dá de ombros.--- Fico triste por pessoas que fazem isso com crianças, parece que não tem coração.

__ Eu concordo amiga, muita judiação.

__ Mas será que ela vai gostar de você?--- Pondera.

__ Você sabe que quando o assunto é criança eu sou super paciente.--- Pontuo.--- Vou conquistar ela aos pouquinhos.

__ Você tem jeito com criança, não tem uma que não goste de você.--- Minha amiga acusa.--- Lembra da minha sobrinha? Se bobear ela gosta mais de você do que da própria mãe.

__Eu não tenho culpa disso, é um don.--- Defendo-me.--- Eu não sei? Sua irmã deve me odiar por causa disso, ela parece ser bem ciumenta.

__ Deve não amiga, ela odeia.--- Confirma.

__ A primeira pessoa que não cede aos meus encantos, triste.--- Brinco arrancando uma risada das duas.

Lua abre a sua boca, pronta para falar alguma coisa, mas é interrompida pela campainha. Ela se levanta e pega o dinheiro na carteira, abre a porta e paga a pizza, dando a tradicional gorjeta ao entregador, antes de fechar e colocar tudo na bancada da cozinha.

__ Ainda bem que chegou rápido, estava faminta.--- Declaro me levantando, ajudando ela pegar os copos e abrir as coisas.

__ Novidade será o momento em que você não estiver cheia de fome.--- Implica comigo, tirando um pedaço da pizza.

Eu, sendo bem madura como sempre, lhe dou lingua e pego um pedaço da pizza. Vamos jantando/lanchando batendo altos papos, soltando grandes risadas em meio a esses momentos. Quando nós damos por satisfeitas guardamos o que sobrou, jogamos fora o que foi preciso, e nos recolhemos para dormir.

Amanhã Lua acorda cedo para trabalhar, ela é advogada, e eu acordo cedo para a minha entrevista. Quero chegar no horário certinho para dar uma boa primeira impressão. E se tudo der certo sairei daquele lugar empregada.

Dizem que pensamentos positivos atrai coisa boas, então chegarei amanhã toda positiva. Eu preciso desse emprego, eu quero esse emprego, ele será meu!